01 dezembro 2010

"Soccernomics"


"Soccernomics". Desconsiderem, por favor, a inadequação do título, uma vez que soccer remete à nomenclatura dos americanos para aquilo que o mundo todo conhece como futebol (soccer é o caralho!). Isso posto, cabe dizer o seguinte: estou sempre mergulhado em algum livro sobre futebol, mais ainda diante de decepções que me levam a buscar uma razão para continuar com essa dedicação absurda pelo futebol. O livro da vez é este "Soccernomics", uma obra sem paralelo na infelizmente pouca literatura que temos sobre futebol. Ao subtítulo: "Por que a Inglaterra perde, por que a Alemanha e o Brasil vencem, e por que Estados Unidos, Japão, Australia, Turquia - e até mesmo o Iraque - estão destinados a tornar-se os reis do esporte mais popular do mundo".

Instigante, não? A verdade é que ainda estou concluindo a leitura, mas, em tempos tão lamuriosos, me permito já fazer um post sobre isso, até mudar um pouco o foco e buscar algo de agradável no futebol. Não que o livro seja assim uma obra-prima (a bem da verdade, tem lá alguns capítulos bem maçantes), mas é bastante original e vale pela abordagem, pela tentativa de fazer um estudo racional do futebol (mas sem esquecer da sua essência) e pela introdução de conceitos de economia (soccer + economics, entenderam?) para avaliar o futuro do esporte no mundo. Importante: o livro não toma partido de nada, nem mesmo do tal futebol moderno que inferniza a vida de quem gosta efetivamente do esporte.

Até para espantar alguns filhotes de Juca Kfouri que invadiram o blog nos últimos dias, deixo aqui uma recomendação para o livro. É válido para todos que gostam de futebol, e pode ser encontrado em qualquer dessas grandes livrarias (há edições em Português e em Inglês).

Em linhas gerais, o livro está dividido em três grandes áreas: "Os clubes", "Os torcedores" e "Os países". É evidente que o mais interessante para mim está na segunda parte, e, mais precisamente, no capítulo "Os torcedores de futebol são polígamos? Uma crítica do Modelo Nick Hornby de Torcedor" (em tradução livre, uma vez que tenho em mãos a versão original, em Inglês). Os autores procuram avaliar quem são os torcedores como Hornby (e como eu e muitos de vocês), à luz da obra-prima "Fever Pitch", tantas e tantas vezes exaltada por este blog (procurem os posts do começo deste ano).

Para ilustrar isso tudo, me dei ao trabalho de digitar (sim, digitar) dois pequenos trechos selecionados de maneira quase aleatória:

Página 208 ("Spectators: the hard core"):

“One might carp that the sod-that-for-a-lark lor are mostly just armchair fans, and that the “real” fans tend to be Hornbys. However, it would be wrong to dismiss armchair fans as irrelevant. The overwhelming majority of soccer fans, in the sense that they hardly ever go to games. In a Mori poll in 2003, 45 percent of British adults expressed an interest in soccer. But we´ve seen that the total average weekly attendance figures of all professional clubs in England and Scotland equal only about 3 percent of the population. In other words, most of the country´s soccer fans rarely or never enter soccer stadiums”

Página 209 ("Hornbys, Clients, Spectators and Others"):

"As usual, it was Arsène Wenger who put this best. In January 2009 he gave Arsenal´s Web site an untraditional account of how he thought fandom worked. "Soccer has differente types of people coming to the game", he said. "You have the clients, who is the guy who pays one time to go to a big game and wants to be entertained. Then you have the spectator, who is the guy who comes to watch soccer. These two categories are between 40 and 60 [years old]. Then you have two other categories. The first is the supporter of the club. He supports his club and goes to as many games as he can. Then you have the fan. The fan is a guy between 15 ans 25 years old who gives all his money to his club".

16 comentários:

Anônimo disse...

Cara, não querendo abusar, mas vc poderia citar algumas bibliografias a respeito do futebol?
Obrigado
Michel

Rodrigo Barneschi disse...

Fala, Michel.
Pode deixar que eu vou fazer isso, cara. Só preciso arrumar um tempinho pra juntar tudo e publico aqui.
Valeu e abraços

Anônimo disse...

Beleza cara, desde já agradecido
Michel

Lu disse...

Vc tem algum livro bom para indicar de justiça desportiva?

Rodrigo Barneschi disse...

Lu,
Não tenho não. É um assunto que eu sinceramente preferia que não existisse. Deve haver alguma literatura sobre isso, mas eu nunca cheguei sequer perto disso.

Tio Randas disse...

Lu, entrando de sola aqui no blog do Barneschi, eu te digo que não só não existe um livro bom, como não existem leis boas, e os tribunais são execráveis! Não dá para compor uma boa obra a partir de algo que não tem um dos princípios fundamentais do direito: a Segurança Jurídica.

Barneschi, sou um fanático por livros sobre futebol, embora tão poucas coisas boas existam. Mas leio tudo, desde que o autor seja bom, inclusive aqueles "10 Mais" de outros times. Mas acho que NADA se compara a "Febre de Bola". Antes de ver o filme, eu tive o ápice da pretensão de adaptá-lo para o teatro, transmutando para os nossos anos de fila e eu meço o quanto a pessoa vale a pena em termos de dividir uma cerveja pela qualidade da história dela do dia 12 de junho de 93!

Essa metáfora que ele usa para a "fidelidade" de torcedor é magnifíca, pois diz que pode até se "divorciar" do Arsenal, mas jamais se imaginaria fazendo uma farra extraconjugal em "White Hart Lane".

Eu sou o oposto disso. Cresci em Goiânia, onde era normal ter 3 times, isso não soa como nenhum absurdo pra mim, depois peguei uma simpatia pelo Grêmio por causa do livro do Peninha, assim como o Arsenal, mas na semi final da sul americana, senti como se minha amante e minha mulher se encontrassem...

Desculpa o comentário longo, abraço!

Rodrigo Barneschi disse...

Tio Randas,
O espaço está sempre aberto, e os comentários são muito bem recebidos. Sinta-se em casa.
Concordo com você no que diz respeito aos livros sobre justiça desportiva; ela é uma aberração por si só e seria impossível produzir algo decente a partir disso. Mas é bem capaz de existir alguma obra assim.
De resto, “Febre de bola” é um manual indispensável para toda pessoa que um dia resolver seguir um time de futebol. Escrevi em janeiro um post sobre o livro (e agora coloquei o link aí no post se você quiser conferir). Além disso, durante bons três ou quatro meses todos os posts vieram acompanhados de trechos do livro (que eu fiz questão de selecionar em mais uma releitura e depois digitar um a um).
Vou depois fazer mais posts sobre livros de futebol (são poucos, mas há muita coisa boa por aí).
Valeu pelo comentário!
Abraços

Luan disse...

são pessoas como vocês que fazem o futebol viver.

AVANTI PALESTRA

Unknown disse...

Lu, Tio Randas e meu caro Barneschi

Minha monografia na faculdade foi sobre Direito Desportivo...portanto, tive que ler algumas obras que tratavam do tema como um todo, e abordando, inclusive, a (in)justiça desportiva.

Dentre as obras que usei, uma do Carlos Miguel Castex Aidar, Curso de Direito Desportivo, Ed. Ícone, é uma das mais completas no assunto...mesmo sendo ex-presidente leonor, o livro é bom e fala muito bem sobre como funciona (ou como deveria funcionar) a Justiça Desportiva.

Tem um do Álvaro Melo Filho, que dá algumas informações também. Chama Direito Desportivo Atual, Ed. Forense.

Mas sem dúvida, o melhor de todos é Direito Desportivo, do Domingos Sávio Zainaghi, Ed. LTR. O cara é o pai do Direito Desportivo.

O problema que são livros meio complicados de achar...

Mas fica a dica

Abs

Anônimo disse...
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Nespoli disse...

O Futebol vive no Forza Palestra...

ainda inconformado como os vagabundos nos tiraram a oportunidade duma final na Argentina, onde o futebol tb vive.

Abs

Lu disse...

Rafael, qual sua monografia? Título e faculdade para eu encontrar?

Sei que a justiça é falha ( para resumir), por isso mesmo que devemos buscar algo melhor!

Luigi SEP 1914 disse...

Essa é pros gambás que ficam lendo o blog:

PALMEIRAS 1x2 f.f.c.
Eu colaborei com o 100TENADA!

CHUPA gambazada filha da puta!!!

Fernando Cesarotti disse...

"Febre de Bola" é primordial, e o "Soccernomics" nem passa perto disso, mas é muito bom. Inclusive porque, apesar de tratar de economia da bola, deixa claro (como nesse trecho) que torcedores não são exatamente clientes, e que clubes de futebol não podem ser administrados como bancos (ainda que não precisa ser uma casa da Mãe Joana como foi nosso Palmeiras nos últimos tempos).

Luan disse...

alguém conhece o livro Grandes Craques do Futebol Mundial que tem o Pelé na capa e o Maradona na parte de trás do livro?
Vi esse livro em uma livraria e queria compra-lo e se alguém pudesse me dizer se ele é realmente bom ou nao eu agradeceria. Obrigado

Regis disse...

Um livro bem legal que eu indico é "Viagem ao país do futebol", do Mário Magalhães e Antônio Gaudério. ele retrata o lado folclórico do futebol, como o Peladão de Manaus (o maior campeonato de futebol amador do mundo), o coronelismo interferindo no futebol no sertão nordestino e outros causos interessantes. é claro que não chega nem perto de febre da bola. aliás, nem se pode comparar, pois a pegada é completamente oposta.

o Soccernomics eu tambem já li. é ótimo, só tem um defeito que é a "Sindrome de Folha de São Paulo", que é aquela coisa de achar que os numeros explicam qualquer coisa, inclusive o futebol, que não é ciência exata. mas gostei muito por ser um livro que nos faz observar alguns aspectos do futebol sob um novo angulo.