20 maio 2013

Turiassu, 1840 (17)























“Chiicoo Laaang viiaaado/ Chiicoo Laaang viiaaado”* 

Eu não me surpreenderia se alguém dissesse que Chico Lang (que fim levou?) nunca antes pisou no bom, velho e eterno Palestra Italia. Sabem como é, Lang pertence à categoria dos jornalistas de estúdio, aqueles que não vão a campo. Mas, não se sabe quando, como ou porquê, um belo dia a torcida começou a “perseguir” o pobre homem.

Lembrar carinhosamente* dele depois de cada jogo, na travessia da arquibancada à Turiassu, fazia parte de um ritual quase religioso. Não era um canto a esmo, em qualquer parte do trajeto; o coro era entoado bem abaixo das cabines de TV, ali quando se cruzava a fronteira entre as numeradas descoberta (cujos bancos nunca tiveram números) e coberta. “Chicoo Laaang viaaaado/ Chicoo Laaang viaaaado”.

Não bastava gritar. Era preciso erguer o olhar, em direção às cabines, como se possível fosse a presença do jornalista da TV Gazeta por lá. Se a coisa para alguns era tida como uma ofensa mesmo, daquelas que você brada do fundo do peito, com ódio indisfarçado, imagino que a maior parte fazia isso por puro deboche.

Porque Chico Lang, sejamos honestos com ele, nunca passou de um palhaço. Fazia lá suas graças na Mesa Redonda (bons tempos aqueles de Avallone, Lang, Solera, Marcio Bernardes etc.), não falava coisa com coisa, era um personagem. Ruim, é verdade, mas um personagem. E, provavelmente por ficar inventando palpites sem propósito e por sempre defender o SCCP (algo que fazia de maneira tão despudorada que nem se podia levar a sério), ficou marcado na história do nosso estádio com esse canto que hoje não teria espaço*.

Fato é que, em meio àquele mar de gente se deslocando por entre as sagradas alamedas do Palestra, Chico Lang era também um personagem. Alguém que talvez nunca tenha dado as caras por lá, mas que era lembrado como se fosse um de nós. Era uma razão a mais para sorrir depois das vitórias, com uma entonação de sarcasmo mais evidente, ou para desanuviar depois das derrotas, com o grito saindo um pouco mais baixinho, mas estranhamente mais prolongado.

###

_A foto que abre o post é do palestrino George Barros.

_Já tivemos boas colaborações de alguns amigos para esta série e eu gostaria de reiterar que o blog está aberto para receber novos textos. Se estiverem dentro do padrão da série e do blog, serão publicados.

*Sem julgamentos, sem problematizações, por favor. Estou apenas relatando que este era o canto direcionado ao jornalista da TV Gazeta. Certo ou errado, assim eram as coisas e eu estou apenas relatando o ocorrido.

24 comentários:

Anônimo disse...

Me lembro de um jogo de libertadores, onde o Palmeiras foi naquela noite (infelizmente) eliminado, não me recordo contra quem, talvez mais pra frente faça um esforço para me lembrar. O Chico apareceu na janelinha da cabine, com olhar de deboche. Olhando para todos nós passando por ali debaixo. O grito, foi esse mesmo... Chico Laaang viaadooo.

Unknown disse...

Cada vez que leio um texto sobre o Palestra me emociono, não porque fui em muitos jogos (porque realmente não fui, me recordo de dois somente!!), mas porque bastou um jogo para eu me apaixonar por aquele lugar que influenciou e muito meu amor pelo S.E.P, pela atmosfera criada em cada hoje.

César SEP disse...

Caramba, você desenterrou essa... nem lembrava mais desse grito, que era entoado toda vez no fosso do Palestra. O Chico Lang é viado, isso é fato

revoltado com a estagnação Palmeirense disse...

não quero ser chato não cara, mas veja:

em 1996, quando conquistamos nosso penultimo campeonato paulista, tinhamos 21 titulos contra os mesmos 21 dos fdp alvinegros. Hoje, 17 anos depois, já são 27 dos caras contra 22 nosso

é de foder...

Em 1994, quando conquistamos o 4° titulo brasileiro (sem contar os reconhecidos por favor), os caras tinham apenas 1 e nós 4. Hoje, 19 anos depois, os fdp tem 5 e nós 4

é pra dar cabeçada na parede...

Querem contar os brasileiros reconhecidos em 2010??. Beleza.

Em 1994, quando conquistamos o nosso 8° titulo brasileiro, os caras tinham apenas 1....UM TITULO. Hoje eles tem 5, tiraram um diferença que era de 7, baixando para tres apenas

mataram o Palmeiras e não sabemos!!!

Insanna disse...

Hahahaha... bem lembrado... chico lang viado...

Tenho uma história também pra contar...
Eu fui sócio do Palestra quando vivia em SP... numa tarde de jogo eu estava tomando uma latinha de cerveja, comprada na cantina do clube, sentado nos bancos ao lado dos gloriosos bustos de fiume, junqueira e ademir, quando vejo entrando pelo portão principal o Sr. Flávio Prado, com sua pastinha de trabalho a tiracolo... ao lembrar quantas palavras nefastas sempre foram proferidas por esse cidadão contra o Palestra e sua torcida, e ao vê-lo entrando tranquilamente na nossa casa, não pude me conter: mandei um: "aí flávio prado, você é sãopaulino, seu cuzão!!!" ele me olhou, abaixou a cabeça e saiu andando de fininho... scemo bastardo...

Saluti

Insanna

Waldemar disse...

Em 1992, jogo Palmeiras 1x2 Vasco, estava eu nas cadeiras quando um sujeito sentado ao meu lado virou para trás e vociferou tudo o que tinha direito contra Chico Lang, que estava nas tribunas de imprensa e teve que ouvir tudo calado. Quem estava ao lado deitou no chão e riu. Um dos momentos mais hilários que presenciei em estádios.

O outro, ainda em 1992, mas com outro personagem, em Palmeiras 3x0 Goiás, foi quando a torcida do Palmeiras, em unissono, entoou 1, 2, 3, 4, 5 mil, queremos que o Avallone vá para a ...

Um salve para todas as grandes histórias do velho Palestra!!!


Waldemar

Rodrigo Amato disse...

Simplesmente sensacional! Outro dia me vi gritando isso na saída do Pacaembu e poucos me acompanharam... logo pensei "O Palestra está morrendo..." mas ainda tenho esperanças de que com a volta da nossa casa, reformada é verdade, possamos voltar a ter este tipo de prazer indescritível, que só quem já presenciou sabe o que é!
Comentei com um amigo outro dia que esse era um tema interessante para esta coluna, mas faltou tempo (leia-se paciência) e talento para um texto tão bom quanto este!

Abs

conrado disse...

Barneschi, um jornalista da velha guarda (não é o Avallone, qualquer dia te falo qual) me garantiu que ele na verdade é palmeirense, que o Chico Lang gambá da Gazeta nao passa de um personagem.

Na hora me pareceu verdade, mas é bem dificil de acreditar. Enfim...

Anônimo disse...

Estudei na Cásper Líbero e, por ficar no mesmo prédio da Gazeta, já o encontrei algumas vezes entre 2003 e 2006. E a real é que ele era exatamente isso: um personagem.

Fora do estúdio, era um cara meio tímido, que adorava falar de futebol, mas não achava mesmo que o Curintia ganharia todas. Tive a chance de dizer a ele o quão homenageado ele era a cada jogo e ele me disse que foi apenas uma única vez ao Palestra, para nunca mais.

Bela lembrança, meu caro!

SAMIR KELVIN disse...

Esses dias fizemos um protesto pela manutenção do basquete , em frente a entrada da Turiaçu do Estadio.Inclusive o Galuppo estava,
E pra cobrir o protesto uma equipe da Gazeta estava la.

E quando eles ia começar a filmar , todos nós começamos cantar esse coro !
Tinha um do grupo , que ainda falou
- É pra não perder a Tradição ! haha

E sobre colaborar com o Blog , eu num tenho tanta qualidade em escrever como você, mas no dia da nossa eliminação da Libertadores , eu escrevi no meu Facebook , um texto que mostrou o que eu sentia ,muito inspirado no que voce escreve.

ai vou deixar o link aqui ,caso voce queira ler!

É Nós Barneschi !

http://www.facebook.com/samirkelvin.oficial/posts/493724317365299

Anônimo disse...

Olá Barneschi.. me lembro algumas vezes de presenciar esse belissimo coro. Certa vez, se eu não me engano após um Palmeiras e Mogi Mirim, nas fases semifinais do paulista de 92, o Chico Lang apareceu na cabine durante o coro e ainda fez um gesto pedindo para que as pessoas manerassem.. e aí que o coro aumentou ainda mais, obviamente. Abraços parabéns pelo site

Rodrigo Amato disse...

E ainda tinham as derivações, como o "Chico lambeeeeee... meu saaaacoooo!" hahahaha

Bruno Zanetti disse...

Esse eh um dos canticos mais classicos de todos. Me lembro de que apos algum tempo o tal Caca Rossetti comecou com a mesma onde desse curintianiamo ignobil e qdo de aquela pausa na musica.do chico lang eu logo lancei um: Caca Rossetti, vem ca faze boqueti!!" hauhuahuahua a galera rachou!!! Kkkkk. Valeu pelo sempre excelente site! Abs e Vai Palestra!!

Anônimo disse...

Frequento o Parque Antarctica desde a época que não havia torcida organizada, apenas torcida uniformizada. E, uniformizada com a a camisa do time. E como era difícil adquirir um exemplar! Grandes tempos, tempos heróicos! Nunca perdi o prazer e alegria de frequentar o mais lindo estádio que havia em São Paulo: nosso glorioso Jardim Suspenso! Um orgulho! Acreditem, eu assisti um Palmeiras e SCCP em pleno Parque Antarctica e ainda não havia divisão entre as torcidas! Lembro-me que nesta noite -acho que foi o último Derby no nosso estádio - alguém deu um tiro no meio da arquibancada. Confusão, tumulto, mas ninguém saiu ferido e todos voltaram, seguros e íntegros, para casa. E, acreditem, éramos dois amigos palestrinos e dois amigos gambás ( ainda não havia essa denominação...) que, assistiram ao jogo, sentados, lado a lado, no cimentão...Que tempos!! Que saudades!! Desculpem, mas não sou velho e trata-se apenas de um relato de uma lembrança feliz! Anos mais tarde, participava, com muito entusiasmo do corinho dedicado ao Chico Lang, na saída do estádio... São muitas as histórias desse pedaço sagrado de solo! Não vejo ma hora de voltarmos a torcer pelo nosso time na nossa casa...Só assim, o Palmeiras recobrará a sua força e tradição! Forza, avanti Palestra!

Anônimo disse...

Precisa inventar coros para a Globo... esse câncer que está tentando acabar com a competitividade do futebol brasileiro.

Anônimo disse...

Barneschi,fugindo um pouco sobre o tema desse post,tem uma coisa que me intriga. Você é esquerdista ou direitista ?
Abraço e parabéns !

Bruno Furlaneto disse...

Saudades de casa...

Léo Souza disse...

Eu lembro que a primeira vez que fui ao Palestra foi em 98, Palmeiras e Vasco, eu tinha 9 anos.
Um dos primeiros gritos que cantei no estádio foi "ão ão ão pau na bunda do Luizão".. hahaha. E no final do jogo, com o coro pro Chico Lang eu virei e perguntei pra minha mãe "quem era Chico Mendes".. hahahahah

Unknown disse...

Barneschi,essa formação do mesa redonda q vc citou é aque mais me lembro,não era nenhuma maravilha mas pelo menos tratava o futebol com seriedade e sem frescurinhas e matérias com babacas jogando video game,assim como qualquer programa de tempos atrás,o Globo Esporte era apresentado de forma simples e objetiva,e a Band era o canal do esporte,o pré jogo da Band(principalmente em dia de clássicos)era perfeito te deixava com frio na barriga antes dos jogos,hj em dia,as duas se abraçam numa cobertura tosca e boboca sobre o futebol e ainda vomitam regrinhas padrões do futebol moderno

Perto dos vagabundos q temos hj em dia no jornalismo esportivo o Chico Lang é apenas um ser folclórico e inofensivo

Rafael Teixeira disse...

Relato bacana anônimo da velha escola.

Luan disse...

e as novas camisas? simplesmente maravilhosas! agora sim acertaram

Gabriel Teixeira disse...

E que tal o "Doutor, eu não me engano, filho da puta é corinthiano"

joao mateus disse...

Barneschi veja só que merda http://trivela.uol.com.br/europa/por-causa-da-familia-uefa-espetaculo-na-final-da-lc-e-prejudicado conseguiram estragar uma decisão de campeonato histórica onde duas equipes lutaram muito para chegar até ela superando dois times modinhas nas semifinais .

Anônimo disse...

Chico Lammmmmbe Meuuu pauuuuuu, Chicoo Lambeeee meu pauuuu