31 agosto 2009

Um clássico e nada mais

Eu não esperava um jogo bonito ontem à tarde no Morumbi. Eu nunca espero, registre-se. Tampouco dou valor a isso, pois o que importa para mim é o resultado e, em igual medida, a entrega dos jogadores que defendem o Palestra. Só; o resto é decoração e talvez sirva aos comentaristas que resolveram que é possível falar sobre futebol sem dar as caras no estádio. São os cronistas de estúdio, e este blog dedica a todos eles um enorme desprezo.

Assim sendo, é no mínimo questionável que O Estado de S. Paulo finalize o seu texto principal sobre o clássico com a seguinte frase: "No fim deu-se bem mesmo o torcedor que ficou em casa."

Não, não é verdade. Pois os que ficaram em casa tiveram exatamente o mesmo que os comentaristas de estúdio: um espetáculo que pode não ter sido muito agradável sob o ponto de vista dos que queriam um, na falta de palavra melhor, espetáculo. Até porque o futebol não é isso mesmo, e estão no lugar errado os que esperam malabarismos, peraltices e gracejos idiotas.

O 0 a 0 não foi o melhor dos mundos, é verdade, e a falta de gols espelha isso, mas só viveram de verdade o clássico os que lá estivemos. Seja pelas provocações na arquibancada, pelos cânticos de lado a lado, pelo ódio onipresente, pelo sol das 16h, pela boa presença de público, pelo temor constante de sofrer um gol e ouvir o estrondo do outro lado - é, isso não tem preço...

Os que fomos ao Morumbi vimos tudo o que se espera de um clássico. Ficaram insatisfeitos os que preferem acreditar no que é dito pelo Estadão, pelo Flavio Prado ou por qualquer destes babacas que se põem a comentar futebol a partir da imagem pasteurizada da emissora de TV. E a cada vez que leio esse tipo de comentário fico mais satisfeito por ser um torcedor de arquibancada. Porque só vive um clássico quem faz parte dele.

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O PRIMEIRO MUNDO TRICOLOR
Com a colaboração do amigo Teo, o homem do Estatuto, eis aqui uma imagem que espelha a falta de estrutura daquele estádio que a imprensa diz ser um modelo:



Sim, R$ 40 para estacionar o carro por algumas poucas horas! É apenas reflexo do fim de mundo e da falta de estrutura que marcam o lugar que os nossos inimigos querem tanto colocar na Copa-2014.

Em situações como essa, fico até com inveja dos que são visitantes no Palestra e podem deixar o carro no shopping e ainda ficam em uma região tão central da cidade...


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Seja bem-vindo, Vagner Love!

Aliás, sobre este assunto, tomo emprestadas as palavras de PVC, em sua coluna na FSP de ontem:

Em 2004, Mustafá Contursi vendeu Vágner Love para o CSKA na semana em que o centroavante fez dois gols contra o São Paulo, numa vitória palmeirense por 2 a 1. O Palmeiras era terceiro colocado do Brasileirão, dois pontos abaixo do Figueirense, um ponto atrás da Ponte Preta. Parecia candidato à taça, desde que cumprisse requisito básico: segurar Vágner Love.

Luiz Gonzaga Belluzzo contratou Vágner Love de volta dois dias antes de um clássico contra o São Paulo. O Palmeiras era líder na sexta, com dois pontos de vantagem sobre o Goiás. Já era candidato ao título, mas com a ponta de desconfiança.

A diferença entre o Palmeiras que vendeu e o que comprou o centroavante tem nome: ambição.


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Do Painel FC de hoje:
Raiva. O promotor Paulo Castilho vai mandar ofício hoje à CBF reclamando da decisão do São Paulo de destinar mais ingressos aos torcedores do Palmeiras do que o recomendado pela polícia.

Na boa e apenas a título de curiosidade:

Qual é o problema do Castilho? O que mais ele quer da vida? E qual é a razão deste protesto? Alguém entendeu essa?

26 agosto 2009

East London, onde vive o futebol


O Reino Unido é tido pelos hipócritas da crônica esportiva como o berço do futebol moderno, este em que confortáveis cadeiras roubaram o lugar do cimento e em que se valoriza mais o bizines do que a batalha dentro de campo. Basta aparecer uma imagem de briga (ainda que recreativa) em estádios brasileiros para logo se levantar alguma voz decrépita entre os nossos jornalistas de estúdio (aqueles vagabundos que não pisam em estádios): “É um absurdo! Temos que fazer como na Inglaterra e banir estes vândalos e marginais”.
"Bla bla bla whiskas sache...", diria o Seo Cruz.

É, o futebol foi censurado em terras britânicas. Tanto fizeram que acabaram com os alambrados e os fossos, expulsaram o povão e criaram ambientes higienistas que, na maior parte dos casos, se assemelham mais a um teatro do que a um estádio.

Mas o futebol resiste. Resiste às perseguições, às tentativas de elitização, a todas as barbáries cometidas contra ele. E o torcedor, por mais que seja marginalizado, também resiste. E aí, quando surge uma oportunidade, temos uma ocorrência como esta que envolveu a torcida do West Ham no clássico contra o Millwall:



Que beleza, meus caros! O futebol também vive em East London...

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Ah, você não sabe o que aconteceu?

Pois então confira aqui, aqui e
aqui.

Parabéns, Palmeiras!

Peço desculpas aos amigos e leitores, mas as intempéries da vida corporativa não permitiram (e não permitirão) que eu escreva o texto que gostaria hoje, com a dedicação que seria esperada em um dia tão especial quanto este. Assim sendo, deixo aqui o meu parabéns e faço efusivas recomendações para os textos do Seo Cruz, do Ademir e do Beto Bovino, três amigos que souberam traduzir muito bem este sentimento enorme que temos pelo Palmeiras.

Lembrem-se: hoje tem festa!

PARABÉNS, PALMEIRAS!

24 agosto 2009

Palmeiras, 95: a festa

A festa é aberta a todos os palestrinos, mas o local estará fechado para nós. E vai até tarde...
Confirmações para o email palmeiras95anos@yahoo.com.br

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DE NOVO O CALENDÁRIO 

Não tem a ver com o tema acima, mas recomendo a leitura da seção Tendências/Debates da Folha de S.Paulo do último sábado, que dialoga com o post deste blog sobre a possível adaptação (ou submissão?) do calendário brasileiro ao europeu. Pergunta a FSP: “O Brasil deve adaptar o calendário do futebol nacional ao calendário do futebol europeu?”. São duas visões diferentes: SIM, por Delair Dumbrosck, presidente em exercício do Flamengo, e NÃO, por Marcelo Campos Pinto, diretor-executivo da Globo Esportes, o braço esportivo da emissora de TV. Vale pelo debate. Cada um que tire suas próprias conclusões.

23 agosto 2009

Guerreiros do Palestra


Foi só uma vitória, e nada garante que será tão decisiva como parece ter sido aos olhos de todos os que fomos ao estádio Palestra Itália neste sábado à noite. Mas é inevitável imaginar que pode ter sido esta a noite em que o Palmeiras reencontrou o caminho vencedor que vinha sendo traçado até algumas rodadas atrás.

Assim parece porque batemos um adversário duro, seja pela história, pela qualidade técnica atual ou por ser um concorrente direto. Porque acabamos com um jejum que já se mostrava incômodo. Porque time e torcida mostraram a sintonia que se espera quando jogamos em casa. Porque Diego Souza voltou a ser o monstro que todos conhecemos.

Mais do que tudo, parece ser assim porque esses fatores todos se apresentaram no momento exato em que se evoca algo que é por demais caro a todo palmeirense: a nossa história.

Às vésperas do aniversário de 95 anos do clube, adidas e Samsung, duas patrocinadoras oficiais do Verdão, lançam uma campanha que explica um pouco porque somos o grande Palmeiras e porque algumas agremiações vivem ou de glórias efêmeras, ou de devaneios de uma grandeza que inexiste ou de uma ostentação vazia e oportunista.

Fato é que aqui se comemora o aniversário de fundação do clube. Aqui conhecemos a nossa história e a enaltecemos, porque ela muito nos orgulha e porque defendemos com honra tudo o que se relaciona às nossas origens. Aqui temos alma. E somos guerreiros, como guerreiros foram os jogadores que defenderam as nossas cores nesta primeira batalha decisiva pelo título.

Inspirado por esse clima histórico, o Palmeiras, de azul e tendo a Cruz de Savóia como escudo, entrou em campo para o que se insinuou como uma noite especial desde antes de a bola rolar. Foi assim desde os primeiros minutos e nem mesmo a saída de Cleiton Xavier, lesionado logo aos oito minutos, quebrou o ritmo de um time que se impôs para alcançar uma vitória significativa.

O Palestra Itália foi palco então um grande jogo, por qualquer que seja a ótica, mesmo a de alguém como eu, que pouca importância dá à qualidade do que se passa no gramado. O time demonstrou a intensidade de jogos anteriores, chances foram criadas, a finalização ainda precisa melhorar, mas saíram os dois gols e a vitória ficou com quem de fato mais batalhou por ela.

É tudo uma questão de alma, como sempre.
Nossos atletas foram guerreiros dentro de campo. Honraram a Cruz de Savóia estampada no peito e fizeram acender dentro de cada palestrino a certeza de que estamos todos juntos para a próxima batalha.



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MUITAS NOTAS

A HORA DOS GUERREIROS


Sumiram os oportunistas que marcaram presença contra Grêmio e Botafogo. O público – 22.101 – foi um pouco menor, mas é melhor mesmo que seja assim. Foram, como conclamado por este blog e pelo presidente Belluzzo, apenas os guerreiros. Aos oportunistas, covardes e turistas, fica o apelo: por favor, continuem em casa!

DIEGO SOUZA, O MONSTRO


Não custa repetir: Diego Souza foi um monstro neste sábado. Sofreu o pênalti, armou todo o lance que rendeu o rebote para o segundo gol, fez duas belas jogadas que não terminaram em gol por pouco, aplicou chapéu em dose dupla nos adversários, brincou com a bola, respondeu com precisão às falácias do adversário. Como bem descrito pelos amigos Seo Cruz e Ademir, chega a lembrar o genial e inesquecível Edmundo, o ídolo anterior da camisa 7.

DIEGO SOUZA, O MONSTRO (2)


Sendo o clássico contra o SPFC o jogo seguinte, era de se esperar que o árbitro viria encomendado para tirar Diego Souza de campo - como já virou rotina. Eis então que, para nossa surpresa, após uma confusão provocada por algum atleta colorado, o árbitro apenas contemporizou. Justo. Mas eu não duvido nada que Paulo Schmitt, aquele do STJD, volte a nos infernizar.

MAIS UM...

De modo geral, gostei do estilo do (desconhecido) árbitro, que marcou poucas faltas e não deixou espaço para firulas. Mas é necessário ressaltar que o Palmeiras teve um pênalti a seu favor não anotado pela arbitragem. De novo. Poderia ter custado mais dois pontos.

VASCÃO

Foi bonito ver o Maracanã cheio daquele jeito para mais uma vitória do Vasco. Por sinal, cabe aqui registrar o parabéns atrasado pelo 111º aniversário (comemorado na sexta) do glorioso clube da Cruz de Malta.

20 agosto 2009

A hora dos guerreiros

Creio que os leitores deste blog tenham imaginado encontrar aqui mais um desabafo/protesto contra a arbitragem. Não nego que isso atrapalhou o meu sono, mas confesso estar exaurido de tantos 'erros' contra o Palmeiras e de tanta passividade por parte de nossos dirigentes. Como eu não posso dar conta do trabalho que deveria ser de outras pessoas, serei pragmático ao extremo, e isso inclui o total e completo esquecimento do jogo disputado na noite de ontem. Passemos ao que vem pela frente:

Considerando todos os outros 11 grandes clubes brasileiros, o Palmeiras leva vantagem no confronto direto diante de nove (os quatro cariocas, os dois de Minas, dois dos paulistas e mais o Grêmio). É expressivo e, embora sem o retrospecto de todos os demais confrontos, ouso dizer que nenhum outro grande clube deste país chega perto de uma campanha 9 x 2.

Acontece que os dois times contra os quais o Palmeiras está em desvantagem histórica são exatamente os nossos próximos adversários na seqüência do Campeonato Brasileiro. São também os dois concorrentes que mais ameaçam as nossas chances de título em 2009. E são as agremiações, convenhamos, contra as quais enfrentamos mais dificuldades ao longo dos tempos.

Dito isso, poderão os pessimistas evocar a catástrofe que está por tomar conta do Palestra Itália. Eu não vejo assim; para mim, o que temos agora é a oportunidade de suplantar os nossos dois concorrentes diretos e fazer as coisas seguirem o rumo que foi interrompido pelos últimos insucessos.

Temos duas finais pela frente e isso é tudo o que poderíamos querer nesses tempos em que impera a lógica dos pontos roubados.

Aos derrotistas, peço encarecidamente que fiquem em casa. Se possível, evitem até destilar o pessimismo gratuito por aí. Porque temos duas batalhas pela frente, contra Inter em casa e contra o SPFC fora e o Palmeiras precisa do nosso apoio. É hora dos guerreiros!

"Tem que jogar com a alma e o coração..."

18 agosto 2009

O mistério dos ingressos

Diz o Palmeiras, em nota veiculada pela assessoria de imprensa do clube, que foram colocados à venda 27.640 ingressos para o jogo Palmeiras 1 x 1 Botafogo. Nada a contestar, pois esta é a carga habitualmente disponibilizada nas bilheterias.

Pois bem, o que temos abaixo (em uma imagem de qualidade sofrível) é o borderô desta partida:



Os ingressos, como era de se esperar, foram todos vendidos bem antes do jogo. Alguns amigos meus ficaram do lado de fora, e isso vai acontecer enquanto não tivermos um programa de fidelidade para os torcedores que estão sempre ao lado do Palmeiras.

Pela tabela acima, os senhores podem verificar que foram devolvidos 438 ingressos de arquibancada inteira e 320 de estudante. Eu não vou abrir polêmica quanto a isso, pois suponho - e espero que não venham me desmentir - que estes foram os bilhetes destinados à torcida visitante. Por uma questão lógica e estrutural, não poderiam mesmo ser repassados aos palmeirenses e teriam de ser devolvidos.

Noto ainda que voltaram para a bilheteria 24 bilhetes de numerada coberta, e é possível que isso tenha a ver com os proprietários de cadeira cativa. Mas é apenas, de novo, suposição.

O que incomoda, no entanto, é o total de ingressos colocados à venda: 25.131. Destes, 900 foram devolvidos, o que nos leva ao público anunciado de 24.231 pagantes.

Da série "Perguntar não ofende":

Por que anunciaram a venda de 27.640 ingressos se efetivamente foram vendidos apenas 25.131? Ou o borderô está errado? Ou por que estão tomando 2.529 ingressos de arquibancada do palmeirense? Será que teremos de voltar a brigar por isso de novo?

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*O Setor Visa foi uma opção calculada: um idiota de boné branco paga o mesmo que quase três torcedores de arquibancada. Mas acabaram com a pressão no meio do campo, mataram os dois primeiros degraus do que antes era arquibancada e descaracterizaram a nossa casa. Este blog, modéstia à parte, foi o primeiro a alertar para o perigo da elitização, ainda antes da estréia do Visa. Está aqui.
O preço já está sendo pago dentro de campo.

*O Setor Visa estreou com ingressos a R$ 45 (+10%). Menos de dois anos depois, o valor já chega a R$ 80 (+10%). É só uma constatação, sem juízo de valor.

*Mais sobre o Setor Visa neste post.

*É triste fazer as contas com base no borderô e perceber que temos hoje menos de 14 mil lugares na arquibancada do Palestra.

*Este post tem a colaboração do Júnior, do Aqui é Palestra.

16 agosto 2009

Empate inaceitável

É melhor não escrever muito agora, porque aí eu poderia deixar passar muito da minha revolta com o inaceitável empate de ontem - e talvez não seja ainda o momento disso. Deixemos desta forma: o empate de ontem foi inaceitável.

Tão inaceitável quanto o fato de o Palmeiras ser outra vez prejudicado dentro da sua casa, e novamente por um bandeirinha pilantra, a exemplo do que acontecera no duelo contra o Grêmio, duas rodadas atrás. Se Muricy ainda não aprendeu como funcionam as coisas por aqui, é bom que isso aconteça rapidamente. Nos tempos de Morumbi, o assistente mandaria seguir o lance e aí viria o segundo gol do time dele; no Palestra, o filho da puta ergue a porra da bandeirinha e tudo pára.

Voltarei ao tema, mas eu não quero falar de arbitragem agora. Um pouco por estar de saco cheio disso tudo já há tempos, outro tanto porque um gol como o perdido por Diego Souza ontem inviabiliza qualquer reclamação, mas especialmente porque precisamos mudar um pouco o tom da insatisfação.


Vamos lá: a queda de rendimento do time é incontestável, mas é fato também que continuamos na liderança e ainda com vantagem sobre um dos competidores diretos – são dois os que brigam com a gente. Não me parece, portanto, o melhor momento para entrar em pânico ou protestar contra quem quer que seja.

Muita coisa vai acontecer no segundo turno, mas é bom ficarmos preparados: os primeiros jogos serão decisivos. A seqüência Inter-SPFC é a melhor maneira de o Palmeiras mostrar que vai brigar por esse título. Vamos fazer a nossa parte, como sempre. O resto é com Muricy e os jogadores que nos representam lá dentro.


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*Eu cresci me acostumando a encarar jogos contra o Botafogo como uma garantia de três pontos - aqui ou lá, tanto faz. Acontece que a coisa tomou um rumo preocupante agora: não vencemos os três últimos jogos em SP (dois empates por 1 a 1 e uma derrota por 1 a 0) e já somamos longos três anos sem vitórias (três empates e duas derrotas). É de se esperar que o confronto de 6 de dezembro representa a redenção.


*Bela vitória do Vasco na partida disputada sábado no Canindé. Tudo bem que não pudemos ver os gols da virada, pois tivemos de sair correndo rumo ao Palestra, mas o que vimos durante os 75 primeiros minutos mostrou que tudo caminha bem para o grande clube da Cruz de Malta voltar ao nosso convívio em 2010.

*Ainda sobre isso, destaque para a presença em peso da torcida vascaína: mais de cinco mil entre os 9,4 mil pagantes no Canindé.

13 agosto 2009

A batalha do calendário

A Globo é contra a adaptação do calendário brasileiro ao europeu. Ok, este blog também, tanto é assim que eu não vejo essa possibilidade como adaptação, mas como submissão. E uma submissão, diga-se, das menos justificáveis, pois o êxodo de jogadores acontecerá de um jeito ou de outro e o momento pouco importa.

O que deveria importar, no entanto, é o respeito ao que quer o torcedor. Seria importante valorizar não as idéias de 'vanguarda' de uns e outros que não pisam em um estádio há anos ou até décadas, mas sim a cultura do torcedor de futebol neste país.

Acontece que nós novamente não estamos sendo consultados. Foi assim na elaboração do Estatuto do Torcedor. Foi assim na mudança que nos atirou neste marasmo dos pontos corridos. Foi assim na proibição da venda de cervejas nos estádios. Foi assim quando resolveram acabar com a festa na arquibancada. Foi assim quando terminaram com os sanduíches de pernil e calabresa do lado de fora dos estádios.
Está sendo assim agora, no momento em que ensaiam mudar a ordem natural das coisas.

Este blog, por incrível que pareça, se coloca ao lado da Rede Globo nesta batalha que já parece perdida. Em nome do torcedor brasileiro, é o caso até de utilizar uma frase de Marcelo Campos Pinto, o diretor da Globo Esportes: "Nós poderíamos mudar o calendário se mudássemos as estações". É isso!
A Globo já perdeu a batalha dos pontos corridos. Resta agora a nossa torcida para que não perca a batalha do calendário. É com eles, e a gente - de novo - só pode torcer.

ÓDIO ETERNO AO FUTEBOL MODERNO!

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Sobre Atlético/MG 1 x 1 Palmeiras, eis aqui:

Gostei da postura do time, que se impôs no Mineirão. Já era esperado, é evidente, considerando que o Galo não tem time para brigar pelas primeiras posições e que a nossa vantagem, mesmo jogando em BH, é destacada. É fato que poderíamos ter voltado com os três pontos, mas também sem nada, e o empate fora está dentro do aceitável. O caminho é este; uma vitória no sábado coloca tudo no devido lugar.


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Tem rodada dupla no sábado:

16h: Portuguesa x Vasco, Canindé
18h30: Palmeiras x Botafogo, Palestra.

12 agosto 2009

STJD x Palmeiras: é guerra!

Relações diplomáticas. A expressão, pomposa, serve para designar o conjunto de práticas e atividades que permitem que se estabeleça a contento a relação entre países. Se transposta para o relacionamento não entre Estados, mas entre instituições ou indivíduos, é possível interpretá-la como o respeito ao bom senso e a princípios tidos como universais. Tudo pela manutenção de uma convivência pacífica e harmoniosa entre duas ou mais partes.

Faço esta pequena (e talvez desnecessária ou enfadonha) digressão para controlar um pouco os meus instintos mais primitivos contra a instituição STJD. Porque confesso aos senhores que já não sei mais o que escrever contra esta corja que já nos persegue de maneira descarada há alguns anos.

Para não me estender além deste por enquanto único palavrão, retomo o raciocínio inicial:

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) é “o órgão jurídico máximo que discute e define as legalidades do esporte no Brasil”. Por esporte, entenda-se futebol, visto que ele, o tribunal, é custeado pela CBF. Como tal, compete ao órgão denunciar e julgar casos de indisciplina e, digamos, contrariedades à moral e aos bons costumes vigentes.

A lógica é a seguinte: enquanto o STJD faz as denúncias e conduz os julgamentos, é dever de clubes e jogadores o enquadramento em certo código de conduta para evitar que isso aconteça. Ok. É de se esperar, no entanto, certa diplomacia entre as instituições.
Neste caso específico, é possível entender diplomacia como respeito aos clubes, imparcialidade e, o principal, isonomia. Não é o que acontece, ao menos não entre o tribunal e a S.E. Palmeiras.

Os leitores mais antigos devem se lembrar de pelo menos duas dezenas de posts questionando as decisões deste tribunal. Fato é que a perseguição a Diego Souza, o nosso camisa 7, tem se alongado mais do que o aceitável e já não é de agora que o ambiente fica conturbado devido às decisões do tribunal.

Acontece que o STJD e Schmitt se superaram nesta terça-feira.

Começou com a notícia de que Diego Souza será novamente julgado pelo tribunal por um lance que sequer se caracterizou como falta. Vejam, senhores, que ele tomou a bola do adversário, que caiu. Lance normal, assim definido pelo próprio zagueiro adversário. Quis, no entanto, o procurador que DS7 fosse a julgamento. Lá foi ele, em meio a tantos outros. E foi absolvido, é evidente, pois nada fez. Passou um tempo e eis que agora, em um momento providencial, com a proximidade do clássico entre SPFC e Palmeiras, Schmitt resolve recorrer.

Foi o primeiro ataque do dia, já demonstrando que a relação entre Palmeiras e STJD passa longe de qualquer diplomacia. Fosse um caso isolado e tudo bem. Mas já são incontáveis as denúncias abusivas contra nossos jogadores. Pior: depois de derrotado no julgamento, o sujeito invariavelmente entra com recurso, às vezes até mais de uma vez. É um procedimento que pode até não levar à condenação, mas que vai gerando um incômodo desgaste. Tanto é assim que o nosso meia reagiu hoje à notícia de um novo julgamento. Porque, na boa, isso já encheu o saco!

Mas não parou por aí. O dia de hoje trouxe outra notícia: o Palmeiras terá de se explicar ao STJD pela ausência de uma ambulância no gramado do estádio Palestra Itália. Incrível!

É, a meu ver, uma declaração de guerra.

***

Desta vez não foi possível conseguir a folga no trabalho e eu não poderei ir a BH. Desejo boa viagem aos irmãos que vão nos representar por lá. Teo, Beto, Júnior e tantos outros... boa sorte! E voltem com a vitória!

09 agosto 2009

Javari, onde vive o futebol


Arenas multiuso, padrão Fifa, cadeiras no lugar do cimento, futebol como bizines ou entretenimento, Copa-2014 no Brasil, calendário europeu, pontos corridos, futebol moderno. O discurso empolado dos que dizem gostar de futebol sem ir a estádios é desprezado por este blog. Não é por nada, mas isso tudo que é dito pelos deslumbrados de plantão em nada se assemelha ao futebol como eu conheço.

Porque eu não troco nenhuma moderna arena pretensamente européia por uma tarde de sábado na rua Javari, no coração da Mooca. Porque o futebol não se presta a interesses comerciais de quem vende sua alma por pouco (ou por muito, que seja). O futebol, manifestação popular por definição, não combina com as modernidades apregoadas nestes nossos tempos tão restritivos – e chatos.

O futebol vive um pouco mais enquanto existir um Clube Atlético Juventus na Mooca e enquanto o histórico estádio Conde Rodolfo Crespi resistir aos anseios de modernidade e mesmo à especulação imobiliária que tem loteado a vizinhança com enormes condomínios.

Foi um pouco sob este clima de saudosismo que pudemos aproveitar a tarde de ontem no Juventus 1 x 0 Palmeiras B, válido pela Copa Paulista/2009, torneio organizado pela FPF para manter em atividade os clubes do interior. O placar veio sob medida. O jogo em si foi ruim demais, mas isso não passa de detalhe.


Chega-se à rua Javari, depois de uma passagem pelo que restou do Cotonifício Crespi, e o clima é bucólico, quase como se não estivéssemos a tão poucos metros de importantes e movimentadas avenidas da zona leste. Na boa, velha e italianíssima Mooca, o tempo parece ter parado. E é um pouco isto que faz deste um lugar tão único.

É sintomático que o ingresso (a R$ 10/ R$ 5 para estudantes) ainda seja de papel, como era também nos grandes estádios até a primeira metade dos anos 90. Ainda mais significativo é a ausência de catracas ou de sistemas informatizados. Você passa pelo bilheteiro, ele destaca uma parte do ingresso e deposita o canhoto em uma caixa antes destinada a copos de água mineral.


Onde alguns vêem decadência e atraso, eu vejo algo que está em falta ao futebol e ao mundo: alma. Na Javari, tudo é assim. Só lá uma bola é chutada para fora do estádio e cai no quintal de uma casa, para voltar logo depois, provavelmente devolvida pelo tiozinho que, morando ali há décadas, já se acostumou à situação.


Na Javari, o alambrado tem buracos e são eles que permitem que o bandeirinha passe os 90 minutos recebendo a pressão da torcida a poucos centímetros de distância. O de ontem, um tal de Jumar Nunes Santos, sofreu como nunca...


E aí tem nego que vem me falar nas vantagens de uma arena multiuso e de cadeirinhas no lugar da arquibancada. Porra, quer mais vantagem do que um buraco no alambrado e um acesso assim privilegiado para xingar o bandeirinha safado?


Sim, é antiquado, é ultrapassado, é anacrônico, é arcaico. É tudo isso, e ainda mais. Mas é lá que vive o futebol...



***

*Registro aqui o agradecimento aos amigos e amigas que compareceram à rua Javari na tarde de ontem - o pós-jogo, com Brahmas a R$ 3,50 nos botecos da Mooca, foi tão bom quanto o jogo em si. Fica também um agradecimento especial ao amigo Luiz Pattoli, juventino que não nos deixou passar a tarde de sábado na Javari sem os tradicionais canoles que só são servidos ali.

*Informação útil sobre o jogo de ontem:
Renda: R$ 5.035,00
Público: 725 pagantes

***

Atualização relevante (às 21h)

O Júnior havia comentado sobre um curta que resume bem o pensamento dos torcedores de arquibancada: "Ódio eterno ao futebol moderno". Pois bem, em resposta a este post, recebi hoje um email do Rafael Municelli, que também mencionou este curta, idelizado por amigos dele. Percebi então que era o caso de fechar o post com um pequeno serviço, incluindo cartaz, trailer e blog do filme.

O cartaz


O trailer

O blog

ÓDIO ETERNO AO FUTEBOL MODERNO!

07 agosto 2009

Aqui é mais difícil

Eu avisei aqui que Muricy Ramalho teria de enfrentar como técnico do Palmeiras não apenas os adversários, mas também os árbitros e bandeirinhas, todos eles pilantras por definição. Como avisei também que é preciso uma atitude de choque contra estes pobres diabos de preto, sob o risco de continuarmos sendo roubados dentro de casa ano após ano. Por ora, bom seria se pelo menos o nosso treinador tivesse entendido que as coisas são diferentes para nós. 

Porque aqui a bola sobra livre para o atacante aos 49 minutos do segundo tempo e o bandeirinha nem pensa antes de levantar o seu artefato. Eu, da arquibancada, não posso afirmar nada com precisão, mas tive a nítida sensação de que a posição era legal (e foi isso o que ouvi de quem acompanhou pela TV). Sei lá qual foi a visão do auxiliar, mas o fato é que ele levantou a bandeira em todos os lances sem pensar. Todos! Não houve sequer um lançamento em profundidade ou cruzamento que não terminasse por interferência dele.

Fosse no espaço antes freqüentado por Muricy, e o jogo teria seguido, o atacante teria feito o gol (em posição legal ou não, pouco importa) e dois pontos mais seriam somados a outros tantos. 

Acontece que aqui é Palmeiras e aí o bandeira pára o nosso ataque sem fazer cerimônia. Quando não é dele o erro, eis que o juiz se encarrega do crime. Não contente em apitar uma falta duvidosa para o Grêmio, o cidadão permite que a infração seja cobrada com a bola rolando. É o lance do 1 a 1. Não que tenham sido falhas clamorosas, porque não foram. Acontece que, em casa ou fora, não temos para nós o benefício da dúvida.

J
á foram muitos os erros neste BR-09, e é apenas por isso que não temos ainda mais folga na classificação. Será preciso muito trabalho mesmo. Porque aqui é Palmeiras. Nada cai do céu, os juízes não vão com a nossa cara e nós precisamos lutar contra tudo e contra todos.

Ainda assim, senhores, não há motivos para entrarmos em crise. Tropeços em casa vão acontecer para todos os postulantes ao título e o nosso, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, se deu contra um adversário dos mais perigosos. Não deixa de ser frustrante, como é qualquer empate na nossa casa, mas pode ser encarado como um resultado normal dentro da competição. E é assim que devemos pensar. Faltam ainda 21 batalhas. Avanti, Palestra! É com a gente!
 

***

NOTAS

1
Surpreendente não foi o público (25.440), mas sim a rapidez com que se esgotaram os ingressos (ainda no meio da tarde) e o tanto de gente que ficou do lado de fora. Volto ao tema, que pode ter desdobramentos, nos próximos dias.

2
Eu não reconheceria um desfibrilador se o tivesse diante dos meus olhos, mas me parece que os dirigentes do Grêmio cometeram um erro ao afirmar que não havia um aparelho como este no gramado do Palestra. Parece. O que não parece razoável é que um deles, o presidente ou o vice, pouco importa, tenha questionado a ausência de uma ambulância no gramado. Pois é, ou o cara é desatento ao extremo para não perceber que o campo é elevado ou deu uma de JJ Scotch Whisky antes do jogo...

3
Obina por Jefferson? Foi tão mirabolante a alteração do Muricy que eu preferi nem opinar sobre. E continuo com essa disposição.

4
Foi bom ouvir de novo o nosso bom e velho speaker no Palestra. Você faz falta por lá, irmão!

5
Sábado, 15h, na rua Javari, campo histórico na "italianíssima Mooca" (por Roberto Avallone), tem o "Clássico da Polenta" (por Fernando Galuppo, o speaker): Juventus x Palmeiras-B. Imperdível. Porque o futebol ainda vive ali no portal da ZL.

05 agosto 2009

Pelo título e pela história

Os muitos erros cometidos na última década serviram para que a nossa diretoria entendesse que, contrariando figuras como Mario Gobbi, "o objetivo final do futebol não é dar dinheiro para o clube". Compreenderam os nossos dirigentes - os tempos e os caráteres claramente são outros - que um clube existe para conquistar títulos e fazer história, o que necessariamente acaba por conduzir ao objetivo dos que veem apenas cifrões no horizonte.

(Não que eu faça qualquer juízo de valor acerca dos negócios feitos pelo SCCP. Não é por aí, e eu entendo que a situação lá era diferente. Apenas mencionei o vice-presidente do rivale porque suas recentes declarações contrastam com tudo o que eu penso do futebol.)

A questão é que o Palmeiras está diante de uma oportunidade única e que não poderia mesmo ser desperdiçada. Era o caso de manter as coisas como elas são, de valorizar o guerreiro Pierre e de garantir a permanência dos craques que usam a 7 e a 10. Simples assim, e tudo o mais o que vier é lucro.

Assim sendo, é com enorme alívio que o palmeirense recebe a notícia de que Pierre fica, assim como Diego Souza e Cleiton Xavier. Demonstra força a nossa diretoria (e eu registro meu agradecimento) e bom senso os empresários da parceira. Era o que esperávamos. Agora é com o time e com a torcida!

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As informações sobre o salário de Mozart são mais uma prova da insanidade que tomou conta do Madureira. É inaceitável!

03 agosto 2009

Tabela mutante

1. A rodada do meio de semana não terá jogos disputados às 20h30, mas sim às 21h (vale para quarta e quinta). O mesmo acontece com os jogos do Inter que foram transferidos para as semanas seguintes. A pergunta é: a CBF resolveu acabar com o tradicional horário das 20h30 e esqueceu de avisar o torcedor? Mais: por que a mudança se isso não se justifica nem sob o ponto de vista da grade de TV?

1.1. Palmeiras x Grêmio, na quinta, começa às 21h.

2. Como não pôde vender seus mandos contra os grandes paulistas para Londrina/PR, Maringá/PR ou Cascavel/PR, o pequeno Santo André deve negociar este direito novamente com Ribeirão Preto. Assim, a exemplo do que aconteceu no primeiro jogo do ano, devemos enfrentar o time do ABC lá no estádio Santa Cruz.

2.1. Por que não implodem o Bruno José Daniel?

2.2. Você percebe que as coisas estão ficando perigosas quando a notícia de que vamos jogar em Ribeirão Preto vem acompanhada da seguinte reação: "Até que é perto...". Pois é, na comparação com Presidente Prudente/MS, tudo é perto. E aí os 330km de RP parecem pouca coisa, quase como se fosse uma viagem até Santos ou Campinas. Tá feia a coisa...

02 agosto 2009

Sem fazer força

O mais curioso da vitória de ontem lá no Recife é que o Palmeiras nem precisou fazer força para derrotar o Sport. Nem gol foi preciso marcar, já que o nosso adversário se encarregou de botar a bola para dentro. Vitória magra, mas suficiente para garantir os três pontos, a liderança isolada e uma certa folga na tabela. O jogo em si não merece que se perca tempo com ele; o importante é que as coisas vão ficando em seus devidos lugares: o Palmeiras na dianteira e o Sport rumo ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

Por fim, um apelo à imprensa dita especializada: por favor, nunca mais construam frases que tragam juntas as palavras Palmeiras, Sport e rivalidade. Chega a ser uma afronta, pois rivalidades existem apenas entre times do mesmo nível. Apenas entre grandes ou apenas entre pequenos.