"O Palmeiras não será refém do ano de seu centenário. Pode escrever isso: eu não vou fazer loucuras para ter um time capaz de ganhar tudo. (...) É preciso ter uma gestão muito austera para colocar o Palmeiras nos trilhos de novo"
Paulo Nobre, presidente da SE Palmeiras
Vibra o exército da austeridade a cada pronunciamento que exalte o rompimento da gestão atual com a premissa básica da Sociedade Esportiva Palmeiras: vencer.
Seguimos com o presidente, em uma frase emblemática:
"Não importam os títulos; importa ser palmeirense"
...
Falemos, pois, sobre um clube tradicional e dono de uma torcida de respeito bem aqui perto desta capital. A cidade é Campinas. O clube, a Ponte Preta. Ostenta a agremiação campineira uma marca muito particular: em 113 anos de vida, nunca comemorou um título. Sua torcida, pequena, é bem mais ativa que a de muitos grandes, mas se acostumou, provavelmente por falta de opção, a um horizonte sem conquistas; à Ponte Preta, basta existir.
No que depender de Paulo Nobre, o mandatário empossado do Campeão do Século, é este o futuro do Palmeiras. É, afinal, o que se pode depreender de seu pronunciamento durante o jantar do 99º aniversário do clube. O discurso, conformista, perdedor e derrotista, é o que se espera de um clube pequeno: "esqueçam os títulos".
Daí então que se comemora o "balanço no azul" enquanto, dentro de campo, o Palmeiras abdica de sua vocação vitoriosa. Daí que se exalta a austeridade enquanto a camisa alviverde é desrespeitada diante de um pequeno e nojento rival. Daí então que se apela para um discurso pretensamente profissional enquanto o time, fraco e sem comando, é engolido por um adversário inexpressivo.
Porque, no limite, senhores, é tudo questão da imagem que se pretende transmitir. É tudo questão de ambição, de aspiração, de querer ser Palmeiras (de verdade, e não no discurso marqueteiro). Na falta disso tudo, o resultado, cedo ou tarde, viria.
Se me permitem, vou resumir a derrota (e o fim prematuro do ano de 2013) em três fatores, eles todos diretamente vinculados à postura pusilânime da gestão ora à frente do Palmeiras:
-O time
É fraco. Mas há, entre os austeros e covardes correligionários dessa gestão, aqueles que comemoram cada vitória sobre Icasas, Oestes e BOAs (ops, aqui não deu) como se fossem elas sintomáticas de um time à altura das nossas tradições. "O balanço está no azul e o time está ganhando", diziam. Sei dizer agora que chegou ao fim a única competição que poderia nos levar à Libertadores no ano do centenário. Não se trata "apenas" da derrota esportiva; é também, para usar o vocabulário dos puxa-sacos aspirantes a economistas, a perda de uma "receita" importante. O time que aí está já era reconhecidamente fraco e mostrou, na primeira vez em que foi exigido, ser medroso também. Quanto ao treinador, provou ser inapto para o Palmeiras: errou na estratégia do início ao fim.
-A arbitragem
Não, não vou aqui dizer que perdemos para a arbitragem. O Atlético/PR fez uma partida notável e foi buscar a vitória com a contundência que se esperaria de um grande contra um pequeno - e não o contrário. O resultado foi justíssimo. Acontece, e isso não pode passar em branco, que o segundo gol do time da casa foi anotado na sequência de um lance em que o possível empate do Palmeiras foi impedido por um erro da arbitragem. Não apenas aí há contestações a fazer, mas em todas as situações duvidosas em que decidiram (árbitro e assistentes) a favor do time paranaense. O meu ponto é o seguinte: o Palmeiras foi prejudicado pela arbitragem no ano passado contra o mesmo adversário (mas buscou a classificação mesmo assim) e voltou a ser prejudicado agora em 2013. Isso tudo não aconteceria se tivéssemos uma direção contundente, hábil nos bastidores e que, em vez do discurso derrotista, buscasse defender o Palmeiras contra tudo e contra todos.
-A TV
Busca-se desesperadamente, sabe-se lá com que métodos, um patrocinador para a camisa. Seria a (segunda) mais importante receita do clube. Daí que o Palmeiras chega a uma decisão fora de casa e é preterido pela emissora de TV em detrimento de um jogo - para a mesma praça - do SCCP contra um adversário inexistente. Por que, eu me pergunto, uma empresa se interessaria em expor sua marca na camisa de um clube que não aparece? Por que, eu pergunto ao nobre presidente, uma marca se disporia a investir em uma instituição que abdica descaradamente da disputa por títulos? Por que colocaria dinheiro uma empresa em um clube que vive mendigando por aí ("não temos dinheiro...")? E, ao final de tudo, por que a emissora de TV deveria transmitir o jogo de um time que declaradamente não busca ser campeão?
Mais uma eliminação vergonhosa. Mais um duro golpe na dignidade palestrina. Menos uma marca para ostentar. Menos seis noites de decisão e muita luta. Não que isso seja novidade ou exclusividade dessa gestão austera, mas agora, sem a aspiração de ser campeão, o Palmeiras já cai no escuro mesmo, sem que sua torcida possa sequer acompanhar a derrocada pela TV aberta.
...
*ROI: return on investment. É o retorno que se tem a partir de um investimento. Vale para o mundo em que vivem os nossos dirigentes e seus covardes correligionários. Mas vale também para o futebol. Simples, muito simples.
Elenco2
Há 4 horas