25 julho 2012

O risco Barueri

Ainda que possa me tornar repetitivo (prefiro isso à inércia), resumo em um único post algumas das conclusões necessárias sobre os riscos assumidos pela direção da S.E. Palmeiras ao decidir mudar a sede do clube de São Paulo para Barueri, distante 30km desta capital:

-A não ser que haja alguma mudança, o Palmeiras, atual campeão da Copa do Brasil, vai completar mais de dois meses sem jogar em casa: de 24 de junho (visitante contra o SCCP) a 30 de agosto (visitante contra a Portuguesa). Ou seja: o paulistano Palmeiras, aqui fundado e muito responsável pela formação cultural da metrópole, vai se tornar visitante na sua própria cidade. É vergonhoso.

-O último jogo como mandante em SP aconteceu em uma tenebrosa noite de sábado, 9 de junho, derrota para o hoje líder Atlético/MG. A julgar pelo modus operandi dos senhores Tirone, Frizzo e demais cúmplices, as partidas do segundo turno, ainda sem local confirmado, deverão também ser disputadas no Buraco de Barueri. O Palmeiras parece disposto a assumir esta inacessível cancha como sua casa provisória, colocando à margem a parte mais expressiva da torcida, aquela que depende de transporte público.

-Em decorrência disso, o "risco Barueri" tem três vertentes:

1. Saiu recentemente um estudo sobre as médias de públicos dos principais times neste Brasileirão. O Palmeiras, com cerca de 6 mil pagantes por jogo, virou motivo de piada. Tivemos de ler muita besteira por aí, inclusive de babacas que nunca antes devem ter pisado em um estádio de futebol. Levando em conta que a média histórica do clube no Buraco de Barueri não vai além dos 7 mil torcedores por partida – e que não há assim grande interesse no decorrer do campeonato – é mais do que justo esperar que a média de público até o fim do ano seja baixíssima. Ou seja: o Palmeiras, dono de uma das quatro maiores torcidas do país, deve terminar o BR/2012 entre os lanternas no quesito arrecadação – porque, não custa lembrar, a renda da bilheteria é proporcional ao público presente.

2. O clube acabou de relançar o Avanti de maneira oportunista (foi quase venda casada) e agora, passada a euforia do título, o momento é de consolidação da plataforma, de modo a ampliar a base de associados e a receita fixa e tornar o plano uma referência para a torcida. Acontece que para trazer a torcida para perto do clube, você precisa necessariamente facilitar o acesso do torcedor ao estádio. Se, no entanto, decidem mandar os jogos em um estádio inacessível e caro (porque há uma série de custos adicionais para o torcedor), o que acontece é exatamente o contrário: tem-se o desestímulo à presença da torcida. Em curto prazo, pode-se chegar a um cenário de desmantelamento do programa. Mais uma vez.

3. Há ainda um fator mais grave, de longo prazo, relacionado à perda de identidade entre clube e torcedor. Porque vejam, senhores, que um clube de massa como o Palmeiras só pode ser assim chamado se tiver uma grande torcida entre as camadas mais populares. E, a rigor, essa identidade só se fortalece mesmo quando você tem esse torcedor na arquibancada – quem aí não se lembra da primeira vez no estádio e do sentimento ali despertado? Pois bem, ao impedir a ida ao estádio do palmeirense que mora na periferia de SP, o Palmeiras está quebrando a identidade entre o clube e a sua torcida. Ao excluir do estádio o torcedor que depende de transporte público, o Palmeiras está colocando em risco a sua condição de time de massa. E, para exemplificar tudo, eu peço que os senhores pensem em cada pai de família que gostaria de levar o moleque de cinco anos para ver o time no estádio e para garantir que ele siga o mesmo caminho. Muitos desses pais estão sendo impedidos de fazer isso por decisão única e exclusiva de Arnaldo Tirone, Roberto Frizzo e cúmplices. Eles estão matando a torcida do Palmeiras!

13 comentários:

William Cordeiro disse...

Não esta sendo repetitivo. Mas um post de completa razão.
Eu mesmo estou esperando um jogo em SP para poder levar minha irmãzinha que nunca foi ao estádio. Indiretamente estou sendo impedido de ir ao estádio. E pelo visto só poderei levar ela no jogo de despedida do Santo Marcos no final de ano. (só falta mandarem esse jogo Santo naquele buraco também).

Matheus disse...

Pra mim tanto faz ir a Barueri ou ao Pacaembu. Fui em todos os jogos em Barueri e no Pacaembu neste ano e não me importo de ir para um lado ou o outro. A única coisa que paro pra pensar é: se os jogos estivessem sendo disputados no Pacaembu, o publico seria muito melhor do que é atualmente? Acho que não.

Everaldo F. Silva disse...

As justificativas para o mando no buraco de Barueri são frágeis. Esse negócio de ficar consultando jogador é frescurinha pra legitimar superstições sem sentido. Se os incompetentes comandantes palmeirenses continuam com sua síndrome de vira-latas, que mandem o jogo no Canindé, então. Mas pelo menos essa bagaça é na capital....PQP!!!

André / Americana disse...

BARUERI NÃO! E eu quero que se fodam os "argumentos" favoráveis àquele buraco maldito.

Eu quero ressaltar sobre o item 2. Além de oportunista (calhorda), o programa continua fazendo merda. Meu cadastro continua bloqueado e os putos não respondem e-mail ou dão um suporte. Não recebi cartão, não consigo pegar meus ingressos e o valor é debitado do cartão. Uma maravilha de plano! Malditos!

Raul Martins Dias disse...

Leio a seguinte pérola no UOL: "os jogadores se dizem mais acostumados a jogar no campo de Barueri.". CARALHO, COMO ASSIM MAIS ACOSTUMADOS??????? Quando a diretoria do Palmeiras, este ano, teve a ideia de jerico de mandar os jogos em Barueri, o time ainda não havia jogado lá na atual temporada, e, em 2011, salvo engano, só pegamos o Coritiba lá - e perdemos, diga-se de passagem. Então, DE ONDE VEM ESSE COSTUME DE JOGAR EM BARUERI QUE ELES DIZEM???????

Raul Martins Dias disse...

E, quanto à sua frase "Corro o risco de me tornar repetitivo", melhor ser repetitivo do que ficar igual a um bando de bundões que não protesta, e inclusive apoia que o Palmeiras jogue em Barueri. E, sim, eu também já estou me tornando repetitivo, mas não vou sossegar enquanto não acabar essa palhaçada.

Leonardo disse...

Mais uma postagem providencial.

Concordo com todos argumentos contra Barueri e sou extremamente a favor de todos os jogos, sem exceção alguma, serem disputados na capital paulista. Não vejo motivos plausíveis para que joguemos como mandante em qualquer outra cidade.

Mas, a cada vez que vou à Arena, sinto-me mais à vontade lá. Da mesma forma que o Palestra Itália se tornou a minha segunda casa, ou o Pacaembu e até o Canindé - mesmo que provisoriamente e em intensidades bem menores -, vejo que seria possível criar uma identificação maior com a cidade vizinha.

Conquistamos lá vitórias importantíssimas na Copa do Brasil e transformamos a cancha em um verdadeiro caldeirão. Realizamos na final contra o Coritiba um espetáculo histórico.

O problema é justamente que em jogos comuns na Arena, não vejo a torcida fazer a diferença, a pressão que exercemos nem de longe lembra a fanática torcida do Palmeiras. Cinco, seis mil palmeirenses, em um jogo do Campeonato Brasileiro, é algo vergonhoso, não condiz com a nossa história.

E o que me parece é que somente nós somos capazes de ver isso. Diretoria, comissão técnica, jogadores e a imprensa, em nenhum momento demonstraram ver quão grande esta sendo a perda para o Palmeiras, sua torcida e sua história.

É algo a se lamentar. A própria torcida não demonstra forças para se manifestar e trazer o Alviverde de volta a sua cidade.

Leandro Roque disse...

Sou a favor da opinião deste blog. A postagem em questão fez uma ótima exposição dos motivos pelos quais o Palmeiras não deve mandar jogos em Barueri. É um completo absurdo que qualquer clube mande jogos fora de seu município, distanciando-se de sua torcida.
Nos cansa ver tanta babaquice dessa diretoria que não faz absolutamente nada que mereça aplausos do torcedor, o qual é desrespeitado. O Avanti até agora somente me pareceu oportunismo em função da final disputada, ao invés de uma tentativa honesta de reaproximar o torcedor, que realmente quer fazer parte deste programa, mas preciso vê-lo funcionar com sinceridade.
Para completar, é inaceitável uma sequência de jogos de um time como o Palmeiras com público de 6 ou 7 mil pessoas.

acreano disse...

é complicado,

quem só tem a opção de transporte público sabe do que eu to falando...
Moro na zona sul e já é uma desgraça pra ir e voltar...
Fico imaginando de outros lugares, eu mesmo tenho conhecidos que moram pra lá da zona leste e fica praticamente impossivel voltar pra casa e estes mesmos nao perdiam um jogo no paca!

Tento nao perder nenhum jogo, mas nao critico torcedores que costumeiramente vao ao estádio, mas por ser em barueri nao vão.

Tristeza/ódio é o meu sentimento com relação aos comandantes do futebol do verdão....

abraços

@anakan

Matheus Trunk disse...

Em agosto do ano que vem chega a Arena Palestra. Enquanto isso não acontece, se preparem: a Arena Barueri será a casa do Palmeiras. O Brasileiro será os testes. O difícil será ver o Verdão mandar os jogos da Libertadores na Arena. Se continuar o Felipão, é bem capaz disso acontecer.

Portifólio Giuliano Lascala disse...

1 ano sem casa é tão pouco ou quase nada, moro em uma cidade próxima a Ribeirão Preto, em minha cidade o Palmeiras é uma torcida gigante, porém temos a oportunidade de ver o Alviverde jogando, 1 vez ao ano, e Campeonato Paulista, quando algum time da Região está na primeira. A média de público aqui é mais de 15 mil torcedores. Quando não tem jogos aqui, gastamos horrores para ver 1 ou outro em São Paulo, e vemos. Reclamam demais, deveriam comparecer e gerar renda, renda gera elenco, e assim por vezes titulos. Titulos gera exposição que por sua vez gera torcida em grande massa.

gregory disse...

Ontem a galinhada meteu 30 mil no Pacaembu.

NADA, NAAAAAAAAADA me tira da cabeça que contra os bichas semana passada a gente colocaria mais. Porra, time vindo de um título, torcida animada, povão querendo ver o time campeão...

E SETE mil apenas??? Só ai já prova o quanto Barueri é uma MERDA de estadio.

Hoje irei e não sei como voltarei. Eu sei que em casa não dormirei [já que posso até chegar no Tucuruvi mas sair de lá pra casa nunca]. Minha esperança é encontrar algum amigo ou esperar dá a hora de trabalhar no metro.

Leandro Roque disse...

Pois é cara, só quem vive em SAMPA, depende de condução e vai trabalhar no dia seguinte sabe da inviabilidade disso. Se é no Pacaembu, se chega em qualquer lugar da cidade após o jogo, pois ainda há tempo de usar transporte público.