30 março 2012

Café-com-leite

Se você jogou futebol na rua, haverá de entender o significado da expressão. E saberá identificar também o fato de termos um jogador com esse perfil no elenco atual. Pior: um jogador que fez o clube se desdobrar para levantar os milhões necessários para sua contratação e que continua custando uma fortuna a cada 30 dias, logo o período estimado para que ele fique fora do time pela terceira vez no ano. Como todos os demais vagabundos, o camisa 10 quer ser tratado como profissional, mas não se comporta como tal. O prejuízo é imensurável. Não apenas para os cofres do clube, mas também porque deixa a ilusão de que temos um atleta diferenciado no elenco, capaz de decidir os jogos mais importantes e de levar o time às vitórias que tanto sonhamos. A verdade é que não temos. Temos, isso sim, alguém que joga bem dois ou três jogos, dá uma assistência aqui, outra ali, e se machuca quando o time mais precisa. Temos um jogador que não decide um jogo sequer desde a sua primeira passagem pelo clube e que vive de um passado superestimado. E temos, isso é o pior, um jogador com fã-clube. Pois são inúmeros aqueles que vivem a defender o camisa 10, passando a mão na sua cabeça a cada nova contusão, a cada atuação decepcionante em clássicos, a cada vez que ele deixa o time na mão. “Ninguém tem culpa de se contundir”, “Você acha que ele queria se machucar?”, “Espera só até ele voltar ao time e recuperar a forma”, “Ele é ídolo”. Vocês vão me desculpar, mas ídolo é outra coisa e eu não tenho paciência para desculpas vazias. Já me cansei de esperar por algo que não vai acontecer nunca e não quero mais ouvir argumentos furados de quem se comporta como parte de um fã-clube. Se fosse no futebol de rua, o camisa 10 seria tratado como o que efetivamente é: café-com-leite. Joga uma aqui e outra ali, faz uma firula de tempos em tempos, mas nunca aparece quando é a hora de decidir. O Palmeiras não precisa de jogador café-com-leite. E futebol é coisa séria.

29 março 2012

Cortina de fumaça

Bilheteria do Jayme Cintra, minutos antes de Paulista 0-1 Palmeiras. Não há fila. Uma fulana com uniforme laranja da FPF se aproxima de quem deseja comprar ingresso:

"Só pode passar depois de preencher o cadastro."

"Como é?"

"É, tem um cadastro para todos os que vão comprar ingresso e entrar no estádio"
, diz ela, enquanto mostra uma pranchetinha e um bloquinho com as tais fichas cadastrais.

"E o que você quer?"

"Preciso do seu RG."

"Toma aqui."

Ela começa a anotar nome, número do documento, essas coisas.

"Pronto, posso comprar o ingresso?"

"Não, preciso terminar de preencher a ficha pra você comprar."

(...)

A fulana termina de anotar tudo e entrega o papel. Ele segue direto para outra fulana, a da bilheteria. Junto com o dinheiro. Em troca, o ingresso. O papel do cadastro fica lá. Sabe-se lá o que as autoridades competentes farão com aquele monte de folhas soltas.

Outro torcedor se aproxima. Veste uma jaqueta da Mancha. A fulana da FPF se prontifica: "Você não pode comprar ingresso com essa blusa!"

"Eu vou deixar no carro antes de entrar no estádio."

"Mas não pode. Precisa fazer o cadastro, mas as organizadas estão proibidas."

"Isso não faz sentido. Eu vou tirar o jaco antes de entrar."

"Eu só estou cumprindo ordens."

Segue-se uma discussão inócua e despropositada, como inócua e despropositada é a nova determinação da entidade presidida pelo senhor Marco Polo Del Nero.

Pula para o final do jogo.

Ingresso caro (R$ 50), horário abjeto, frio e mais o cenário todo que foi construído nesta semana: o público de 4,2 mil pessoas fica dentro do esperado, portanto. Desses poucos, 700 torciam para o time da casa e os 3.500 restantes para o visitante. Diante disso, a PM, sem qualquer notificação prévia, resolve trancar os portões da arquibancada visitante após o jogo, retendo no estádio quase a totalidade do público. "Vocês vão esperar a torcida do Paulista sair", explicam os homens da lei aos torcedores que se espremem em direção à saída. "Que torcida do Pauista, cazzo? Não tem ninguém."

Silêncio. É provável que eles próprios tivessem noção do absurdo contido naquela decisão. Não ficamos assim tanto tempo lá dentro (10 minutos talvez...), mas já era mais de meia-noite e não havia risco algum de qualquer situação fora do controle do lado externo – como nunca houve, mesmo com estádio cheio e mesmo sem todo o clima de repressão em que estava envolto o duelo de ontem.

Mas vale tudo para tentar camuflar a incompetência desmedida de quem não faz ideia de como resolver o problema.

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No pequeno espaço entre a (bastante rigorosa) revista policial e a catraca, ouve-se a conversa entre duas mulheres a serviço da corporação que deveria garantir a segurança nos estádios:

“Por que aquele cara não pode entrar no estádio?”

“Porque ele está com a camisa da organizada e ela foi proibida.”

“Por quê?”

“A briga de domingo, não viu?”

“Ah...”

(...)

“Mas e aquele outro que entrou ali?”
- aponta para um cara da TUP.

“Então, eu não sei direito a diferença, mas parece que um é da organizada e o outro é da uniformizada. São coisas diferentes.”

“E como é que eu vou saber quem é quem?”

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Chegam a ser comoventes a ingenuidade e o grau de desinformação dos jornalistas esportivos que precisam cobrir assuntos relacionados a brigas de torcida. Porque eles evidentemente não sabem do que estão falando e desandam a proferir besteiras. Vejam que eu nem estou me referindo especificamente às vozes reacionárias que ficam dentro de um estúdio fechado, mas sim aos que, de tempos em tempos, vão a ‘campo’ para tratar do assunto. Havia ontem duas equipes de TV circulando pelo setor visitante do Jayme Cintra. Todas elas com foco na Mancha Verde, com seus integrantes vestindo camisa de “luto” (mas em branco, obviamente) bem atrás do gol. A afetação dos jornalistas era um troço assombroso, como que surpresos pelo fato de a Mancha estar ali mesmo com a proibição. Ao que parece, não fazem ideia do fato de termos passado boa parte dos últimos 17 anos nessa situação: proibidos de entrar com a camisa nos estádios, mas sempre lá. Foi assim também em todos os últimos oito meses até o começo de março, mas a imprensa parece ignorar isso também, como ignora todos os absurdos na investigação em curso e também o fato de termos sido vítimas e, ainda assim, punidos por levarmos tiros da PM lá em Prudente no ano passado. É degradante o que estão fazendo com a minha profissão...

28 março 2012

O despreparo das autoridades

Prezada delegada e prezado diretor do DHPP,

Eu pago o salário de vocês e, em sendo assim, sinto-me no direito de avaliar a qualidade do trabalho que vocês entregam para a sociedade. Nada pessoal, ok? É que vocês são funcionários públicos e devem satisfação à população. Em sendo assim, deixo para um amigo advogado, o Luiz Romani, a tarefa de comentar cada uma das respostas concedidas na entrevista de hoje:

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Íntegra da entrevista coletiva com Dra. Margareth Barreto, delegada, e Jorge Carlos Carrasco, diretor do DHPP:

-Quem são os cinco detidos?
Jorge: Torcedores, todos da Mancha Alviverde que estão envolvidos no confronto. Outras prisões ainda estão se encaminhando.

Ok, todo aquele que, comprovadamente, praticou um crime, deve ser punido. A Lei vale para todos. Não sabemos quais as acusações, mas, considerando a gravidade dos delitos – dois homicídios -, é de se estranhar que a polícia tenha dado prioridade em prender aqueles que tiveram um ente querido baleado ao invés do atirador.

-Algum deles é suspeito de ter efetuado o disparo?
Jorge:
Tem um deles que estava portando arma de fogo. Há testemunhas. Também foi preso. As investigações prosseguem. São vários crimes.
Margareth:
A informação é de que tem alguém armado, não sabemos quem desferiu o tiro. Na hora do confronto pode ser. A gente prossegue. Arma de fogo, não tinha o calibre pois não foram apreendias armas.

Eis aqui uma demonstração de como a polícia está completamente perdida. Abro aspas para o delegado: “um deles estava portando arma de fogo”. No entanto, a delegada diz que: “Arma de fogo, não tinha o calibre pois não foram apreendidas”. Ora, estava ou não estava portando arma de fogo? Como se afirma algo dessa proporção sem que uma única arma tenha sido apreendida? Não vou entrar no mérito se o cara estava ou não armado, mas o delegado em hipótese alguma poderia afirmar que um deles estava portando arma sendo que nada foi apreendido! Também não vou entrar no mérito da qualidade das testemunhas que, ao invés de se esconderem de uma confusão generalizada, ficaram marcando o rosto de quem estava ou não armado.

Ora, eles não sabem quem desferiu o tiro? Vamos às contas: quantos corintianos foram baleados? 0. E quantos palmeirenses? 3 ou 4. Ah... essa é fácil, palmeirenses estavam atirando em palmeirenses. Bom, para cair no papo da delegada vamos acreditar que um palmeirense armado, tentando acertar corintianos, se confundiu com as cores da camisa e errou os 4 tiros.

-Como punir? Adianta tirar a camisa das torcidas no estádio?
Jorge:
Estamos preparando um trabalho nesse sentido para identificação de todas as torcidas. Temos que catalogar esse pessoal que frequenta estádios. Vamos coibir. Estamos conversando junto à Federação Paulista de Futebol, Polícia Militar e o Ministério Público. Com certeza traremos algo novo que mantenha o controle. Algumas investigações estão em curso.

Essa resposta é de um preconceito escancarado, além disso, trata-se de mais uma ladainha, a famosa história da carochinha, cujo o resultado vai ser nulo. “Estamos preparando um trabalho nesse sentido para identificação de todas as torcidas. Temos que catalogar esse pessoal que frequenta estádios. Vamos coibir”.
1- as torcidas já estão identificadas; 2- não somos gado para ser catalogados; 3- coibir o quê? Vocês têm é que trabalhar e começar a entender o que significa ser torcedor. Como se sabe: violência gera violência.
Agora, se eu, que sou uma pessoa de bem, idônea e sem qualquer problema com a polícia, me recusarei a ser catalogado, imaginem se alguém com problemas vai se sujeitar ao cadastro... Felizmente, a Constituição Federal nos protege de ideias como essa do delegado.


-Há um corintiano também?
Jorge:
Foi preso, mas não é de mandado. Ele estava lá na Gaviões. São cinco presos com mandado e mais esse portando maconha.
Margareth:
Alguns indivíduos fugiram do estado de SP, mas já sabemos quem são. O pessoal da Mancha também assumiu o risco da emboscada acontecer. Mesmo assim, com a indicação de saírem a pé, não pediram escolta. Se arriscaram. Por isso ressalto que não há mocinhos. Geralmente tem gente que faz escolta da torcida. Temos a informação de que não havia uma arma só. Não era só um integrante da torcida armado da Mancha.

Ok, cinco mandados de prisão para aqueles que foram baleados, já falei sobre isso.
Vamos à resposta da Dra. Margareth: “O pessoal da Mancha também assumiu o risco da emboscada acontecer. Mesmo assim, com a indicação de saírem a pé, não pediram escolta. Se arriscaram.”
1- Gostaria de entender como se assume o risco de ser vítima de uma emboscada, juro que isso não entra na minha cabeça; 2- O PM alegou que estava acompanhando o pessoal da Mancha. Estava escoltando um pessoal cheio de armas e barras de ferro? Difícil crer... 3- Se o pessoal da Mancha estava armado, por que nenhum corintiano foi baleado?


-O que será feito com os computadores?
Jorge:
Os computadores estão sendo analisados agora na delegacia.

(...)

-E as armas?
Margareth:
As investigações prosseguem. Vamos tentar apreender.

Temos palmeirenses presos por porte de arma, mas nenhuma arma foi apreendida. Estranho demais... não é minha área, mas acho que um Habeas Corpus cairia bem.

-Qual a maior dificuldade na operação?
Margareth:
Existe um pacto de silêncio entre as torcidas. Não falam com a Polícia. Por isso precisamos trabalhar imagens. Eles geralmente cobram as broncas na rua. Não tem nenhum compromisso com o poder estabelecido. Eles sabem quem matou, mas muita gente não quer colaborar. Não digo que todos os organizados são pessoas que cometem crimes. Existe uma cúpula que se reúne para brigar e cometer crimes.

(...)

-São sempre os mesmos envolvidos?
Jorge:
Quem dirige uma torcida sabe o que ocorre dentro do seu âmbito. Nem o confronto eles desconheciam. Eles sabem sim, serão responsabilizados. Ainda não foram ouvidos.

Nem a polícia desconhecia, eu não desconhecia, todo mundo com o mínimo de vivência não desconhecia. Aliás, até o padeiro da padaria da esquina aqui de casa sabia que na Inajar de Souza poderia ter encrenca. A questão é: a polícia será responsabilizada?

-Alguma resolução do crime de 2011, quando um corintiano foi achado no Rio Tietê?
Jorge:
Pelo pacto do silêncio, estabelecemos a autoria. A motivação do confronto foi uma retaliação por aquela morte. A morte de 2011 ainda não tem autoria.

(...)

-Por onde investigam? Tem testemunhas?
Jorge:
Uma análise de algumas imagens.

Mas não havia testemunhas que viram os torcedores do Palmeiras com armas de fogo?

-Utilizaram rojões, ferros e paus. Dá para controlar isso?
Jorge:
Na sexta-feira foram comprados uma quantidade excessiva de rojões. Me permito não dizer quem foram, mas já identificamos.

Mais uma ideia para coibir a violência: vamos proibir a comercialização de rojões.

-Outras torcidas serão envolvidas na investigação?
Jorge:
Todas serão investigadas. Não é só Corinthians e Palmeiras, tem outras torcidas e já tivemos outros confrontos.

Nem a torcida do SCCP está sendo devidamente investigada... as outras podem ficar tranquilas.

-Existe algum galpão da Gaviões na avenida Inajar de Souza?
Jorge:
Estamos investigando.

(...)

-Estes foragidos estavam na briga?
Jorge:
Não digo foragidos, alguns que participaram do confronto que nós já temos a identificação já saíram de SP. Não estavam entre os proibidos de entrar nos estádios.

(...)

-Ficarão presos até quando?
Jorge:
Eles estão em prisão temporária. Ainda estão aqui no DHPP. Vão aonde o Distrito de prisão temporal nos permite mandar.

(...)

-Gaviões é vítima, já que só foram presos torcedores da Mancha?
Margareth:
Foi a Gaviões quem fez emboscada na Mancha, não há vítima nessa história.

Vamos lá: Quem fez a emboscada? A Gaviões. Logo, quem é a vítima? Não tem. (?) Algo está errado, alguém precisa ser vítima da emboscada!
Bom, conforme disse o PM de uma das viaturas que acompanhavam o pessoal da torcida do Palmeiras, o pessoal da Mancha caminhava – imagino que sem armas e barras de ferro, já que demonstraria negligência da PM –, quando dois ônibus da Gaviões cruzaram pelo outro sentido da avenida - portanto, no caminho contrário do estádio - e fecharam a rua, mas, segundo a delegada, não há vítima na história.

-E porque prenderam só da Mancha?
Margareth:
Já sabiam que deveriam sair sem escolta, não pediram escolta. Havia a própria escolta da torcida. Eles também são vingadores. Não estamos falando de vítimas, de nenhum Chapeuzinho Vermelho. Se precisar dão tiro, batem na Polícia. Houve um acompanhamento da Polícia Militar devido à multidão na Inajar. Eles mesmos fazem a escolta deles.

Ela falou, falou e não disse um crime que o pessoal tenha cometido. Não pedir escolta não é crime. O direito de ir e vir vale para todos, inclusive para o pessoal da Mancha.
“Se precisar dão tiro, batem na polícia”... ora bolas, eles deram tiro? Bateram na polícia? O “SE” não vale nada, para prender alguém é preciso um fato e, enquanto não mostrarem nada, vou continuar achando que as prisões foram injustas.
Mais uma vez: “Houve acompanhamento da Polícia Militar devido à multidão na Inajar”, a polícia acompanhou um monte de gente armada? Se eram muitos e armados, eram perigosos e colocavam a sociedade em risco, por que não foi pedido reforço? Negligência da PM? Como acredito na competência do PM que deu a entrevista e acho que ele não seria negligente, me parece que os palmeirenses não estavam armados...

-Como explicar lugares isolados e horários longe da hora do jogo?
Margareth:
Estas brigas tem acontecido. Os crimes tem acontecido em outros lugares da cidade. Eles marcam brigas longe. Vão a um churrasco, bebem, ingerem drogas e depois vão para o jogo. Vão para brigar pouco antes do jogo.

Foram duas brigas seguidas na Inajar, depois que todas as torcidas apontaram o local como perigoso. Fala-se muito para encobrir a incompetência. Quanto ao papo do churrasco, vou fingir que não li.

-A Mancha é da Barra Funda, o que eles faziam na Inajar?
Margareth:
Tem gente que é da Mancha e que mora na Zona Norte.

A polícia deixa a desejar, mas a imprensa... que perguntinha. A pergunta que faltou: DE ONDE SAÍRAM OS ÔNIBUS DA GAVIÕES??? TODO MUNDO SABE QUE NÃO VIERAM DA ZONA NORTE.

-Clubes tem algum papel na investigação?
Jorge:
Se necessitarmos depoimentos de dirigentes, com certeza serão chamados. Nós, junto com o departamento de Inteligência estamos criando mecanismos para mapear de perto essas torcidas. Poderemos monitorar em tempo real as torcidas.

(...)

-Sabe quem foi o autor dos disparos?
Jorge:
A Polícia não caminha com esse objetivo. Isso é uma questão de opinião pública. Toda a população de São Paulo está preocupada. Isso acontece nas portas de residências, comércios. Acredito que a população vai nos ajudar para solucionar esse horrendo crime. Se reúnem não para diversão, mas para se matar.

EU ENTENDI BEM?!?! COMO ASSIM A POLÍCIA NÃO CAMINHA COM ESSE OBJETIVO?! QUESTÃO DE OPINIÃO PÚBLICA?! A POPULAÇÃO VAI AJUDAR?!
Houve dois homicídios e a polícia não caminha atrás do(s) autor(es) dos disparos? Questão de opinião pública? Calar a opinião pública é o que fizeram ao prender o pessoal da torcida do Palmeiras, sem respeitar, inclusive, a dor de uma mãe que teve um filho assassinado.

-Isso faz com que o cidadão comum não vá nestes jogos?
Jorge:
Não posso conclamar torcedores a não torcer para o seu time de coração. Têm bandidos infiltrados nessas torcidas, posso afirmar isso. São bandidos que se infiltram em organizadas.

Quem não vai aos estádios, não vai porque não gosta e tem preguiça. A violência é só uma das inúmeras desculpas. Mais uma pergunta idiota e clichê.

-Quais medidas serão tomadas?
Jorge:
Chegou num ponto de intolerância de nós aceitarmos essa conduta. Estamos conversando com a polícia militar, ministério público. Vamos alicerçar o caminho para que isso não aconteça mais.

Nenhuma.

-Afeta na preparação para a Copa do Mundo?
Jorge:
Mais uma razão. Se seremos palco de uma Copa do Mundo, nada mais juto que, agora, com esse episódio nós possamos somar esforços para que isso não ocorra mais.

Vai aparecer alguém para vender produtos de segurança... Caros jornalistas, quem frequenta estádio, organizado ou não, caga e anda para a Copa e a seleção.

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_Jornalista que sou, preciso dizer ainda que o sujeito que redigiu essa entrevista aí é tão despreparado quanto as autoridades em questão. Porque o sujeito, além de cometer erros grotescos de concordância, tem um problema sério também com a distinção entre iniciais em caixa alta ou baixa. Bizarro, e eu não vou perder meu tempo para corrigir isso.

_Notem ainda, por favor, que o uso do termo "despreparo" foi uma opção consciente (mas não muito satisfatória).

27 março 2012

Mineirão, 30.05.2001

O jogo que valeu ao Palmeiras a classificação para a semifinal da Libertadores pelo terceiro ano seguido (1999, 2000 e 2001) é menos lembrado do que deveria. Provavelmente porque eclipsado pela eliminação em casa contra o Boca na fase seguinte, outro tanto porque disputado longe de nossos domínios, talvez até mesmo porque aquele time não era assim dos mais memoráveis. Mas foi um jogo e tanto, repleto de detalhes que só ganharam ainda mais relevância com o passar dos anos. Vejamos:

A partida aconteceu em um 30 de maio, exatos três anos depois de termos batido o Cruzeiro na final da Copa do Brasil. Cruzeiro este que, diga-se de passagem, foi um adversário dos mais insuportáveis desde a segunda metade da década de 1990. A data do jogo decisivo (30 de maio) era sintomática do que estava por vir. Querem mais? Lembro então que o técnico do outro lado era logo Luiz Felipe Scolari, o homem que nos levou à conquista da América dois anos antes e que havia deixado o clube no anterior. No nosso banco, um técnico dos mais contestados, Celso Roth, uma tentativa pouco inspirada de substituir Felipão.

Aquele Palmeiras começou o ano desacreditado. Eliminado da Copa João Havelange de 2000 pelo São Caetano e tendo perdido para o Vasco a final da Copa Mercosul naquela incrível virada no Palestra, o time fracassou de maneira retumbante no Rio-SP e capengou também no Paulistão, escapando do rebaixamento apenas algumas rodadas antes do final. Descontente com o desempenho de Marco Aurélio, a diretoria alviverde o demitiu e trouxe Roth no começo de março. Ele foi ajeitando o time aos poucos e o Palmeiras cumpriu uma campanha invejável na fase de grupos da Libertadores: cinco vitórias e um empate, tendo como adversários Cerro Porteño/PAR, Universidad de Chile/CHI e Sport Boys/PER.

Nas oitavas, veio o São Caetano, forte à época – vice-campeão nacional em 2000, repetiria a dose em 2001. Primeiro jogo, no ABC, em uma quarta-feira fria: derrota por 1 a 0. Na volta, no Palestra completamente tomado, uma ‘noite felipônica’: vitória por 1 a 0, gol do talismã Muñoz já nos minutos finais, e vaga garantida nos pênaltis: 5 a 3, com 100% de aproveitamento do nosso lado e um chute para fora do time do ABC.

Foi aí que surgiu o Cruzeiro no nosso caminho. Não apenas Felipão estava do outro lado, mas também Oséas, herói dos títulos de 1998 e 1999, era o centroavante dos caras. Para completar, outros três jogadores com passagem pelo alviverde no ano anterior tinham seguido junto com o antigo treinador: Neném, Jackson e Marcelo Ramos. Suspenso, Scolari não pôde dirigir o clube mineiro no jogo da volta, em BH. Melhor para o Palmeiras.

2001, peço que lembrem, foi aquele ano do apagão e do racionamento de energia. Partidas noturnas foram proibidas pelo Governo, e o palmeirense se acostumou a ir ao estádio no bizarro horário das 14h45 (inclusive no meio de semana). Ciente da necessidade de contar com o Palestra cheio (e com a torcida habitual), a direção do Palmeiras alugou um gerador, de tal forma que o jogo pôde acontecer à noite (não no horário desejado, mas às 19h30, por exigência da emissora de TV, a extinta PSN).

Casa cheia, mais de 30 mil pagantes, confusão na entrada, jogo tenso. Lopes, o Tigrão, abriu o placar aos 17’ do primeiro tempo. Mas aí o juiz resolveu aprontar: expulsou Magrão aos 34’. Foi o bastante para que o Cruzeiro avançasse e chegasse à virada: Oséas (40’) e Geovanni (43’), este em evidente posição de impedimento, silenciaram o Palestra. Com um a menos, a reação parecia improvável. Mas Lopes, de novo, empatou aos 17’ do segundo tempo. O 2 a 2 parecia o resultado final, até que Jorge Wagner, aos 35’, colocou os mineiros mais uma vez em vantagem. O Palestra veio abaixo quando, já nos descontos, Lopes acertou um chute indefensável de fora da área e decretou o empate em 3 a 3.

Igualdade em casa por três gols não é bom resultado em lugar algum, mas, se serve de consolo, o regulamento daquele ano ainda não fazia referência ao critério do gol marcado fora de casa. Ou seja: novo empate no Mineirão levaria a disputa para os pênaltis. Apostando nisso, quase 20 ônibus com torcedores organizados deixaram a capital paulista na madrugada de 30 de maio de 2001 em direção à capital mineira. Foram 12 longas horas de viagem, muito sufoco, histórias para toda a vida. Coisas que só uma caravana de torcida organizada proporciona.

Chegamos ao Mineirão bem cedo, ainda com o dia claro, e a PM local logo tratou de nos colocar para dentro, na geral atrás de um dos gols. Todos com fome, um dia inteiro sem comer, e o que nos esperava lá dentro não podia ser melhor: o incomparável “tropeiro do Mineirão”. Hoje extinto (coisas do futebol moderno...), o prato vinha com arroz, feijão, calabresa, ovo, bacon e farinha de mandioca, tudo muito bem temperado. O marmitex que alimentava uma pessoa custava módicos R$ 3. Não podia haver nada melhor para aquele bando de pouco mais de mil torcedores.

Alimentados, restavam ainda umas quatro horas para o encontro decisivo. Alguns dormiam no cimento da geral, outros ficavam arrumando as faixas, uns percorriam as alamedas do Mineirão à espera de algum confronto, por menor que fosse. Os quase 70 mil torcedores da casa começaram a chegar por volta de 19h. Do nosso lado, um bom público: quase quatro mil pessoas, boa parte de atleticanos que chegavam de todos os lados para empurrar o Palmeiras.

Eis aqui nossos representantes em campo: Marcos; Arce, Leonardo, Alexandre e Felipe; Fernando, Galeano, Alex e Lopes; Juninho (Basílio) e Fábio Jr. (Tuta) (Muñoz). O Cruzeiro tinha mais time. E tinha mais técnico. Mas só o Palmeiras é Palestra.

Primeiro tempo, 5 minutos: bola cruzada para a área e Alessandro, aquele do Santos, abre o placar de cabeça. O Palmeiras não se abate, segue lutando e tem um pênalti marcado em jogada de Alex logo a seguir. O camisa 10 vai para a bola. Trave. O Cruzeiro segue em vantagem, e vamos assim para o intervalo. O empate veio aos 8’ do segundo tempo: a cobrança de falta de Arce cruza toda a grande área e vai morrer na rede do goleiro André. Pouco depois é a vez de o zagueiro Cris colocar o time da casa novamente em vantagem. Mas nós tínhamos Arce na lateral-direita. Falta aos 40’ da etapa final. O paraguaio levanta para a área, Alexandre sobe mais que a zaga do Cruzeiro e cabeceia na diagonal. André não alcança. Gol! A decisão vai para os pênaltis.

Vieram os pênaltis, de novo eles. E aí nós tínhamos São Marcos, que pegou três cobranças em uma série das mais emocionantes:


Das muitas imagens que eu guardo daquela noite histórica longe de casa, fico com a da nossa saída do Mineirão, quase uma hora depois do jogo. Os torcedores locais nos esperavam no estacionamento em frente, dispostos a brigar. Mas éramos tantos, e estávamos tão embriagados pelo doce sabor da vitória, que eles apenas ficaram olhando, à espreita, enquanto a multidão verde caminhava em direção aos ônibus com bandeiras tremulando e instrumentos acima da cabeça. Ali era Palmeiras. Um jogo para sempre...

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Palmeiras 3-3 Cruzeiro, os 90 minutos:

Cruzeiro 2(3)-2(4) Palmeiras, 90 minutos + pênaltis:


Matéria pós-jogo de volta:

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*Texto meu publicado originalmente lá no Verdazzo.

A era da proibição

Agosto/2011, Presidente Prudente, horas antes de um Palmeiras x SCCP: os bravos, valorosos e destemidos homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar disparam suas armas de fogo contra um aglomerado de torcedores do Palmeiras. Dois são baleados e vão para o hospital; um encontra-se lá até hoje, nove meses depois. Resultado: a Mancha Verde é afastada dos estádios, em uma proibição que se arrastou por mais de oito meses. Nenhum dos policiais que absurdamente disparou contra a multidão foi punido.

Março/2012, São Paulo, horas antes de um SCCP x Palmeiras: os bravos, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque ignoram o potencial de confronto entre as torcidas em uma avenida da zona norte. Os tiros agora partem de torcedores do SCCP. Se lá atrás tivemos dois torcedores atingidos, o caso agora é pior: já são dois mortos. Resultado: a Mancha é novamente afastada dos campos.

É a era da proibição. Para disfarçar a incompetência das autoridades, é mais fácil proibir. Sem distinção alguma, a não ser aquela que determina que, aconteça o que acontecer, a Mancha Verde será sempre afastada dos estádios.

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_Lembro que a GdF fez o que fez no Carnaval/2012 e nada aconteceu. Lembro também que a GdF entrou em confronto com a Jovem do Santos nas imediações da Vila Belmiro e nada aconteceu. Lembro que santistas e tricolores brigaram no lado externo do Morumbi na semana anterior e nada aconteceu.

_Jornalista esportivo deveria ir ao estádio antes de escrever sobre assuntos que desconhece por completo. Nem vou aqui perder meu tempo falando sobre figuras abjetas e reacionárias como Flavio Prado, mas sim sobre o bando de maus profissionais que enche a boca para falar de brigas de torcida sem saber o que efetivamente acontece. Em uma palavra, senhores da imprensa esportiva: ARQUIBANCADA.

_Como esperado, aparecem promotores desocupados de todos os lado para proferir seus absurdos na hora da tragédia. Segue o jogo...

_E o Del Nero, hein? Ele segue se esforçando para ser o maior inimigo do torcedor de futebol neste país.

_Melhor que tudo isso que eu escrevi até agora é a análise feita pelo Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, em seu blog.

__Tendo em vista a reconhecida incompetência dos bravos, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque, que mal existe em cogitar a extinção dessa corporação?

25 março 2012

Não venceremos por acidente

Houve um tempo - e nem faz tanto tempo assim - em que jogos contra o SCCP representavam o confronto com um rival de respeito, que, bem ou mal, mantinha a sua essência. Houve. O rival que enfrentamos hoje é um mal-acabado projeto de SPFC. É um time de novos ricos, é um projeto marqueteiro, é um clube que vendeu sua alma em troca de um estádio. E aí, quando querem se dizer "povo", os caras levantam uma bandeira de multinacional que exalta não a própria história, mas sim uma campanha de marketing. Foram consumidos pelo populismo de fachada, perderam o que restava da própria essência, se venderam por muito pouco. Triste fim...

Quanto ao jogo, dois lances acidentais em um intervalo de cinco minutos serviram para definir a primeira derrota no ano. Ela viria um dia, é bem verdade, e é pior que tenha sido em um clássico. Mas, como não veio em um jogo decisivo, serve como alerta. A hora de decidir vai chegar: podemos ganhar ou perder, mas é certo que uma vitória nossa não virá por acidente.

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A sensação desta noite de domingo, depois de um dia inteiro caminhando pela zona oeste, é a mesma do último 04.12.2011. Vale, portanto, indicar os dois textos seguintes àquele domingo:


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_A pé do Palestra ao Pacaembu e do Pacaembu ao Palestra. Tudo muito tranquilo, sem preocupações, sem sequer precisarmos olhar para a gente suja do outro lado. Pena que a manhã de domingo reservou péssimas notícias para o futebol.

_Que o André siga em paz. Forza à família.

_Rivais: vocês bem que podiam caprichar mais na hora de fazer as pichações perto da nossa entrada, não? "13 anos e só um título paulista" (!)? Sério? Vocês falando em fila? Vocês querendo ostentar títulos e números? "Campeão de 2011"? Sério mesmo? É tudo o que vocês conseguem pensar? Esperava mais de vocês. E dessa vez nem teve óleo na ladeira... que decepção!

_As falhas gritantes que levaram aos dois gols do SCCP servem para evidenciar muitas das fragilidades do time atual. Já sabíamos delas, é fato, e fica o alerta para que elas não se repitam quando efetivamente estivermos brigando por algo. Mesmo com a derrota, o cenário continua o mesmo de antes.

22 março 2012

2.000 guerreiros, uma nação



Domingo, 25.03.2012. Seremos 2.000 guerreiros de alma verde na cancha municipal. Todos prontos para a guerra. À enorme nação palestrina que ficará do lado de fora, deixo a garantia de que lutaremos por vocês. Seremos a voz dos muitos milhões que gostariam de estar naquele pequeno espaço de arquibancada em meio às fileiras inimigas. Seremos poucos e bons, e lutaremos até o fim. Pela honra alviverde. Pela nossa camisa. Pela história. Pelo futebol.

A história pesa, senhores. A história nos precede, nos apresenta e nos fortalece. A história vai a campo. A história joga. A história decide. Quando surgir no gramado o alviverde imponente, junto estarão as grandes vitórias conquistadas em quase um século de história. Elas também jogam.

2.000 guerreiros de alma verde. Seremos os representantes de toda uma nação. Em alma, em espírito e na voz que haverá de se fazer ouvir na cancha municipal. Seguiremos juntos, desde a nossa casa até o Pacaembu. A pé. E assim voltaremos para a casa que construímos e que simboliza a nossa história.

Aos 11 que vão a campo, só um pedido:
"Que honrem a camisa e lutem sem parar". Nós lutaremos juntos!

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_Domingo, 12h, Turiassu x Caraibas.

_E sim, o texto aí é o mesmo do último jogo do ano passado. Eu não conseguiria escrever nada melhor. Nem precisaria.

21 março 2012

Coincidências?

Ano par. Estreia na Copa do Brasil contra um time alagoano. Vitórias por 1-0 em Maceió e 3-0 em casa. Um time do Ceará na segunda fase. Luiz Felipe Scolari no banco. Um exímio cobrador de falta resolvendo os jogos mais indigestos. Um ataque formado por um ponta-de-lança veloz e um centroavante matador. Longa série invicta. Isso tudo, senhores, é 2012. E é 1998 também. A conferir.

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Sobre a inaptidão de Tirone e o absurdo de se fazer um jogo desses fora da capital paulista, eu já escrevi além da conta. Deixe estar. Mas não posso deixar de registrar o crime por trás de um jogo como este sendo disputado às 19h30 de uma quarta-feira! Pior: em Jundiaí, a 60km da capital paulista. E logo na semana em que a emissora de TV mostrou o quanto faz questão de atrapalhar a vida do palmeirense. Sair de SP em horário de pico e pegar a estrada nem foi problema, vejam os senhores. Problema mesmo aconteceu em Jundiaí, com o trânsito completamente parado na região central e no caminho até o estádio. Nada diferente do que acontece em TODOS os jogos marcados para este horário abjeto. Mas o fato de a partida acontecer em outra cidade transformou a vida do palmeirense da capital em um inferno.

De minha parte, consegui entrar no Jayme Cintra já com o jogo em andamento, lá pelos 20 minutos da etapa inicial. E tinha gente entrando até o intervalo.

Hoje foi o dia de pegar um jogo em Jundiaí às 19h30. Na próxima quarta, será a vez de pegar um jogo na mesma cidade às 22h. Dois horários obscenos e indecentes, cada qual a seu modo.

Vocês já sabem o que eu desejo aos responsáveis...

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Os bravos, valorosos e destemidos homens da PM de Jundiaí estão entre os piores do país. Talvez porque próximos da capital, mas já no interior, são dotados de uma arrogância que só não é maior que o despreparo para trabalhar em um jogo de futebol. Em 2008, eu escrevi um post sobre o efetivo policial destacado para dar conta de um jogo absolutamente tranquilo. Mas hoje, sem o time da casa em campo, os bravos, valorosos e destemidos homens da PM foram além: resolveram que era o caso de separar as duas torcidas com aquela barreira de ferro que só se usa em grandes clássicos. Pena que não havia torcida do outro lado para justificar tamanha parafernália. Aquilo tudo só serviu mesmo para atrapalhar a vida de quem queria passar de um lado para o outro. E pensar que nós pagamos por isso tudo e pelo salário dessa gente...



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Uma pergunta depois das duas fotos:


Ingresso a R$ 20 = arquibancada cheia


Ingresso a R$ 160 (!?) = numerada vazia

Deve haver um responsável pelo ingresso da cadeira custar oito vezes mais que o de arquibancada. Deve haver. E então eu pergunto a este sujeito, de maneira muito simplória: por quê?

20 março 2012

A gestão Tirone em 4 atos

Em apenas uma semana, deparamo-nos com 4 eventos simbólicos da gestão de Arnaldo Tirone à frente da SE Palmeiras:

1. Saiu a tabela do BR/2012 e o Palmeiras terá apenas um jogo transmitido pela TV aberta durante todo o primeiro turno (o SCCP vai ficar com 11). Lembro que um ano atrás os clubes brigavam entre si e com a Rede Globo para definir como seria a distribuição de valores dos direitos de transmissão. Tirone entrou na conversa de Sanchez, cúmplice da Globo e que viria a ser depois diretor de Teixeira. Ingênuo, Tirone cedeu e fez pacto com o(s) diabo(s). Perdeu dinheiro, demonstrou fraqueza e agora temos os dividendos disso.

2. Até um ano atrás, havia um acordo entre Palmeiras e SCCP: os clássicos entre os dois clubes seriam disputados no Pacaembu, com o tobogã ficando com a torcida ‘visitante’. Tirone, que não sabe distinguir a hora de brigar e a hora de contemporizar, jogou no lixo a palavra empenhada. Por nada em troca, quebrou o acordo, deu ao SCCP apenas o setor lilás e matou o último clássico que existia em SP. Resultado: tivemos de ficar confinados no último jogo do BR/2012 e começamos agora mais uma batalha atrás de ingressos para o clássico do próximo domingo, novamente nesta situação. Tudo porque, repito, Tirone quebrou o acordo vigente entre os dois inimigos.

3. O palmeirense que quiser ver o seu time amanhã ‘em casa’ terá de encarar a estrada até Jundiaí. Às 19h30! Não me venham falar que a culpa não é dele etc. e tal. É culpa dele e dos seus. Porque o Palmeiras jamais poderia ser preterido em uma disputa com o Santos FC e porque, convenhamos, se não pudermos jogar no Pacaembu, há, em SP ou na região metropolitana, opções bem mais razoáveis para mandar o jogo. Por fim, ressalto que este episódio específico é sintomático do constante desrespeito dos senhores Arnaldo Tirone e Roberto Frizzo em relação ao torcedor do Palmeiras.

4. O filho de Tirone foi visto no Morumbi em jogo do SPFC. Não contente em ir ao jogo, o moleque resolveu que era o caso de ir até os vestiários para tirar foto com um jogador inimigo. É o filho do presidente do Palmeiras, porra! A situação toda, um vexame imensurável, demonstra que Tirone não manda em casa e que não tem o menor bom senso, pois deveria no mínimo coibir tal conduta.

Eu já disse antes: Tirone pode até não ser o pior presidente que já tivemos (porque houve certa feita um sujeito chamado Mustafá Contursi), mas ele é certamente o mais despreparado e inapto de todos os homens que já ficaram à frente do nosso clube.

19 março 2012

BR/2012, o absurdo consumado

A CBF divulgou a tabela básica do Campeonato Brasileiro/2012 em 8 de março. À época, eu publiquei aqui no blog um ensaio do que deveria ser a nossa programação para o restante do ano. Hoje, 19 de março, 11 dias depois, saiu a tabela detalhada. E os palmeirenses temos motivos de sobra para contestar o resultado, em especial porque nossa diretoria segue prejudicando o clube (e o torcedor) por pura omissão. A verdade, senhores, é que o absurdo que segue abaixo tem relação direta com a falta de respeito da direção alviverde pelo clube e pelo seu torcedor. O posterior silêncio dos senhores Tirone e Frizzo haverá de comprovar isso.

Notem, por favor, que eu não dou a menor importância para um troço chamado "transmissão de TV". No entanto, sei que isso é importante para as pessoas que não vão ao estádio, para quem mora fora e, por consequência, para a imagem do clube e também como fonte de receitas. Em sendo assim, é inaceitável e revoltante constatar que o Palmeiras não fará sequer um jogo fora de casa com transmissão da TV aberta durante todo o primeiro turno! Chega a ser criminoso!

Acompanhem comigo:

19.05 sab 18h30 Palmeiras x Portuguesa/SP – Pacaembu
27.05 dom 18h30 Grêmio/RS x Palmeiras – Olimpico
06.06 qua 19h30 Sport/PE x Palmeiras – Ilha do Retiro
09.06 sab 21h Palmeiras x Atlético/MG – Pacaembu
17.06 dom 16h Palmeiras x Vasco/RJ – Pacaembu
24.06 dom 16h SCCP/SP x Palmeiras – Pacaembu
01.07 dom 18h30 Palmeiras x Figueirense/SC – Pacaembu
07.07 sab 18h30 Ponte Preta/SP x Palmeiras – Moisés Lucarelli
15.07 dom 18h30 Palmeiras x SPFC/SP – Pacaembu?
19.07 qui 20h30 Coritiba/PR x Palmeiras – Couto Pereira
21.07 dom 16h Palmeiras x Náutico/PE – Pacaembu
26.07 qui 20h30 Palmeiras x Bahia/BA – Pacaembu
29.07 dom 18h30 Cruzeiro/MG x Palmeiras – ?
04.08 sab 18h30 Palmeiras x Internacional/RS – Pacaembu
09.08 qui 20h30 Botafogo/RJ x Palmeiras – Engenhão
12.08 dom 18h30 Fluminense/RJ x Palmeiras – Engenhão
15.08 qua 22h Palmeiras x Flamengo/RJ – Pacaembu
19.08 dom 18h30 Atlético/GO x Palmeiras – Serra Dourada
25.08 sab 18h30 Palmeiras x Santos/SP – Pacaembu

30.08 qui 21h Portuguesa/SP x Palmeiras – Canindé
02.09 dom 16h Palmeiras x Grêmio/RS – Pacaembu
06.09 qui 21h Palmeiras x Sport/PE – Pacaembu
09.09 dom 18h30 Atlético/MG x Palmeiras - ?
12.09 qua 22h Vasco/RJ x Palmeiras – São Januário
16.09 dom 16h Palmeiras x SCCP/SP – Pacaembu?
23.09 dom 18h30 Figueirense/SC x Palmeiras – Orlando Scarpelli
30.09 dom 16h Palmeiras x Ponte Preta/SP – Pacaembu
06.10 sab 16h SPFC/SP x Palmeiras – Morumbi
13.10 sab 18h30 Palmeiras x Coritiba/PR – Pacaembu
17.10 qua 22h Náutico/PE x Palmeiras – Aflitos
21.10 dom 18h30 Bahia/BA x Palmeiras – Pituaçu
24.10 qua 22h Palmeiras x Cruzeiro/MG – Pacaembu
27.10 sab 16h Internacional/RS x Palmeiras – Beira-Rio
04.11 dom 16h Palmeiras x Botafogo/RJ – Pacaembu
11.11 dom 16h Palmeiras x Fluminense/RJ – Pacaembu
18.11 dom 16h Flamengo/RJ x Palmeiras – Engenhão
25.11 dom 16h Palmeiras x Atlético/GO – ?
02.12 dom 16h Santos/SP x Palmeiras – Vila Belmiro


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_Grêmio/RS x Palmeiras (27/05), Cruzeiro/MG x Palmeiras (29/07) e Fluminense/RJ x Palmeiras (12/08) são evidentemente jogos que deveriam acontecer às 16h de domingo. Afinal, o padrão é que a partida envolvendo times grandes tenha transmissão da TV aberta, ficando o outro jogo (tipo um Coritiba/PR x SCCP/SP) para o horário seguinte. Não foi isso o que aconteceu, no entanto: o Palmeiras foi preterido em TODAS as oportunidades.

_Mas não para aí. O mesmo acontece nos jogos durante a semana: o Palmeiras foi preterido também em TODAS as oportunidades. Faremos apenas um jogo às 22h (mas aqui em SP, contra o Flamengo/RJ). Ou seja: nenhum jogo transmitido à noite para SP.

_Notem o absurdo, senhores: findas as 19 rodadas do turno, o Palmeiras terá apenas e tão somente um jogo transmitido para SP na TV aberta: o clássico contra o SCCP. Traduzindo: não teremos sequer um jogo fora sendo transmitido no horário nobre para SP.

_Muito disso tudo, senhores, tem relação com o fato de Palmeiras e SCCP jogaram quase sempre como mandantes na mesma rodada (utilizamos o mesmo estádio que os caras, porra!). Ou seja: o Pacaembu terá jogos no sábado e no domingo em uma rodada para então ficar sem jogo algum na seguinte. É brilhante, não?

_Ressuscitaram o horário das 20h30 (às quartas e às quintas). Boa notícia? É... pois fiquem sabendo que tem a parte ruim também: apesar de terem reconhecido no ano passado a excrescência de jogos disputados no sábado às 21h, eis que este horário também voltou. A exemplo do que aconteceu no ano passado, receberemos o Atlético/MG em um sábado à noite.

_Há incoerências dignas de registro na tabela da CBF: na 11ª rodada, faremos às 16h de domingo aquele que é provavelmente o nosso jogo menos importante em casa, contra o Náutico/PE. Em contrapartida, um jogo mais relevante, SCCP/SP x Portuguesa/SP, ficou para o sábado às 21h!

_Palmeiras x Internacional/RS, inicialmente marcado para 01/08 (quarta), foi empurrado junto com toda a rodada para o final de semana posterior. Resultado prático? O jogo contra o Botafogo/RJ, que seria no domingo lá no Rio, passou para uma quinta-feira.

_Aliás, vejam aí os dois jogos do Palmeiras no Rio no turno: um acontece numa quinta às 20h30; o outro em um domingo às 18h30!

_Atenção para o que eu escrevi há 11 dias: "Última rodada do primeiro turno, 25/08 (sábado) ou 26/08 (domingo): tem SCCP x SPFC e Palmeiras x SFC. Ambos no Pacaembu. Seria justo jogarmos no dia do nosso aniversário de 98 anos, mas algo me diz que a TV vai puxar o nosso jogo para o sábado. Aliás, Palmeiras e SCCP poderiam fazer um acordo com a CBF aí: nós jogamos no domingo, 26/08, em casa, contra o SPFC, e o SCCP fica com o sábado seguinte, 01/09, contra o Atlético/MG, também no Pacaembu. É questão de bom senso." Dito e feito: tá lá o nosso jogo no sábado. E é bem provável também que o SCCP fique sem jogar em casa no dia do aniversário. Ou não, e eu não sei dizer o que é pior.

Turiassu, 1840 (7)



*por Conrado Cacace, do Verdazzo.

"Cheguei à capital paulista em 1990, com 19 anos. Minha missão era fazer o cursinho e passar no vestibular, já no meio do ano. Uma de minhas primeiras preocupações, claro, foi aprender a me locomover na metrópole. Comprei um guia de ruas, e tentei entender o mapa.

Automaticamente, os primeiros pontos de interesse que meus olhos buscaram foram os estádios: Pacaembu, Morumbi, até o Canindé... e obviamente o Parque Antarctica, que era como eu chamava o Palestra. Buscava aprender como chegar aos campos onde finalmente contemplaria de corpo presente o Palmeiras, de quem só tinha a chance de ver o verdadeiro verde da camisa quando ia a Sorocaba, minha cidade, enfrentar o São Bento.

A preocupação seguinte foi aprender a andar de ônibus, conhecer as linhas que seriam as mais úteis. Reservei uma tarde apenas para fazer esse reconhecimento. A kitchenette alugada na rua Frei Caneca, perto da Peixoto Gomide, dava acesso facílimo à avenida Paulista, para onde andei por cerca de três ou quatro quarteirões, ainda sem saber exatamente para onde iria depois.

Na verdade, eu sabia. Ao chegar na Paulista, parei no primeiro ponto de ônibus e perguntei, meio que sem pensar: “Que ônibus eu pego para ir... ao Parque Antarctica?” Era óbvio que o primeiro local de minha nova cidade que eu precisava conhecer era o Palestra. E foi de Lapa 875-H que rumei pela primeira vez ao solo sagrado.

A descida na Turiassu foi inesquecível. Numa terça-feira à tarde, na cabeça de um menino recém-chegado do interior, não deveria haver nada que remetesse a uma partida de futebol. Mas a prosaica visão, logo de cara, de dezenas de varais de ambulantes cheios de camisas do Verdão me fizeram perceber que aquele lugar não era apenas um estádio de futebol. Era nosso QG. Era o lugar onde eu sempre queria ter estado na vida. Muito prazer!

Ainda sem saber o que fazer, olhava para as dependências do clube através das grades. O outro lado da Turiassu, apinhado de bares com a fachada alviverde, com nomes fazendo referência ao Palmeiras, davam uma sensação de aconchego única. Prazer intenso mesmo foi quando consegui avistar um trechinho da arquibancada, vazia, ensolarada. “É aqui!”

Pelo portão principal, havia uma passagem para a loja do clube, conhecida à época como boutique. Perguntei ao segurança se podia entrar, como se não fosse óbvio. E achei que poderia comprar minha primeira camisa oficial do Palmeiras - mas o preço era proibitivo. Consegui, depois de pechinchar, uma camisa de basquete, regata, lindíssima, com o número 6 às costas – correspondia à camisa usada pelo zagueiro Eduardo. Foi o que deu pra arrumar.

Voltei para casa feliz da vida. Teria histórias para contar aos novos colegas no dia seguinte, e aos meus amigos de minha cidade, no fim-de-semana. Mas não foi no primeiro fim-de-semana: fiquei na capital, pois a tabela apontava jogo no Palestra. E incrivelmente não consigo me lembrar do placar, nem do adversário. Só sei que estava com minha camiseta de basquete, “oficial da Adidas!”, numa espécie de transe - que voltei a experimentar por mais de 500 vezes até o fechamento do estádio em 2010, para a reconstrução."

18 março 2012

2-1. Com segurança



2-1. O placar preferido de Felipão à frente do Palmeiras. De virada, no clássico 1-0, 1-1 e 2-1 ou, como ontem, abrindo dois gols de vantagem e ainda se permitindo levar um. Foi assim que sofremos - e vencemos - tantas e tantas vezes entre 1997 e 2000. E é assim que pode ser agora também, desde, é claro, que tenhamos o que tivemos ontem: uma certa sensação de segurança.

Vejam, palestrinos: se este jogo acontecesse no ano passado (ou mesmo em 2010 ou em outros anos idos), é evidente que o Palmeiras acabaria por ceder o empate em alguma jogada fortuita: uma bola alçada para a área, um desvio na zaga, um chute de longe, qualquer coisa assim. Ontem, por mais que a Ponte Preta pressionasse, parecia claro que o time tinha condições de segurar a vantagem construída nos minutos iniciais. Não que a zaga sem o camisa 3 seja exatamente confiável, mas o clima agora parece ser outro - e é de se esperar que continue assim.

Vale notar ainda que os 2-1 não refletem exatamente o apetite ofensivo de uma equipe que teve ontem dois meias habilidosos e criativos para fazer diferença. E eles fizeram, cada qual a seu modo. Além do 10 e do 83, é justo dizer que o camisa 29 continua se destacando mesmo quando não faz gol: além de saber fazer o pivô como poucos, é extremamente ágil para transpor a fronteira entre receber a bola e finalizar (bem) para o gol.

Foi uma noite bastante agradável no Pacaembu - para um belíssimo público. Vitória apertada, mas bem construída, contra um adversário sempre perigoso. A liderança, que pode ser efêmera, não diz muita coisa. O que diz é o dia 25 que está por vir. É dia 25, senhores!

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_Fazia muitos meses que os 11 jogadores não tinham o nome cantado antes do jogo pela Mancha. A confiança voltou. Que continue assim.

_Eu esperava muito mais gente na torcida da Ponte.

15 março 2012

Eles desistiram...

Lembram-se daquele post sobre o "concurso cultural" que o SCCP resolveu lançar para decidir a "homenagem" ao principal rival? Então, eles perceberam que não teriam mesmo nada a dizer e resolveram desistir da palhaçada. Confiram o que diz o diretor de marketing do SCCP ao Blog do Menon:

 

14 março 2012

Copa do Brasil/1998

Paulo Nunes, 12’ do 1º tempo; Oséas, 44’ do 2º tempo. Não dá para esquecer os tempos dos dois gols que levaram o Palmeiras para a disputa da Libertadores/1999. Paulo Nunes marcou após cruzamento de Oseás da direita. Primeiro pau, antecipação, toque rápido para deslocar o goleiro. O de Oséas? Bom, foi tão inexplicável quanto inesquecível. E a Copa do Brasil, imagino eu, tem um significado especial para o palmeirese não apenas pelo que representou, mas pela maneira como foi conquistada.

Além de Paulo Nunes e Oséas, há outros dois personagens importantes (e quase nunca lembrados) nessa conquista: Agnaldo e Darci. Nomes marginais da nossa história. Um zagueiro esquecível e um meia obscuro foram os autores de dois gols que possibilitaram ao Palmeiras chegar àquela final. Foram eles que decidiram partidas importantes, despachando Botafogo e Santos em fases anteriores.

À campanha, senhores:

1ª fase (27.01.1998 e 01.02.1998)
CSA/AL 0-1 Palmeiras - 12.896
Zinho
Palmeiras 3-0 CSA/AL - 7.786
Arce (2) e Cléber

2ª fase (10.02.1998 e 19.02.1998)
Ceará/CE 1-1 Palmeiras - 19.123
Paulo Nunes
Palmeiras 6-0 Ceará/CE - 5.720Paulo Nunes (2), Zinho (2), Alex e Cris

Oitavas-de-final (10.03.1998 e 24.03.1998)
Botafogo/RJ 2-1 Palmeiras - 1.795 (no Maracanã)
Cris
Palmeiras 1-0 Botafogo/RJ - 10.785
Agnaldo
Na ida, em um Maracanã vazio, o time carioca saiu na frente na etapa inicial. Cris deixou o placar igual aos 13 minutos do segundo tempo, mas Zé Carlos fez mais um para o Botafogo aos 18'. A decisão veio para o Palestra, e o Palmeiras não conseguia se acertar. Jogo duro, só decidido aos 14 minutos do segundo tempo, em um cruzamento que sobrou para o desconhecido zagueiro Agnaldo bater para o gol - não encontrei imagens no YouTube (alguém aí consegue?), mas é esta a minha recordação.

Quartas-de-final (07.05.1998 e 14.05.1998)
Sport/PE 0-2 Palmeiras - 21.563
Paulo Nunes e Oséas
Palmeiras 1-1 Sport/PE - 10.575
Almir
Contra o Sport, classificação tranquila: 2 a 0 em Recife, gols da dupla de ataque, e um empate sem sustos no Palestra.

Semifinal (19.05.1998 e 23.05.1998)
Palmeiras 1-1 Santos/SP - 23.398
Oséas
Santos/SP 2-2 Palmeiras - 20.000
Oséas e Darci
Na ida, jogo tenso no Palestra. Do lado de fora, na Turiassu, o pré-jogo ficou marcado por briga entre as duas torcidas. Garrafas para todos os lados, cadeiras e mesas voando, correria, bons tempos aqueles... Em campo, tropeço. Élder abriu o placar para o visitante ainda no primeiro tempo, e Oséas foi buscar o empate na etapa final: 1 a 1. Na Vila, em partida disputada em um incomum sábado à tarde, o alvinegro marcou primeiro (com Viola, que tinha deixado o Palestra alguns meses antes), mas o Palmeiras foi buscar o empate (Oséas) e a virada (um golaço de fora da área de Darci). Aí o Santos precisaria de mais dois gols para chegar à final; só fez um, já nos descontos. Palmeiras na final!


Final (26.05.1998 e 30.05.1998)
Cruzeiro/MG 1-0 Palmeiras - 61.814
-
Palmeiras 2-0 Cruzeiro/MG - 45.237
Paulo Nunes e Oséas
O Cruzeiro, vale lembrar, estava entalado na garganta de todo palmeirense. Dois anos antes, o time da melhor campanha de toda a história do Paulistão (30-27-2-1-102-19) fora derrotado pelo clube mineiro dentro do Palestra (um 1-2 que foi o prenúncio de todas as derrotas absurdas que viriam nos 15 anos seguintes). Era a oportunidade da desforra, mas o primeiro jogo apresentou um resultado preocupante: 0-1 no Mineirão lotado, placar sempre complicado quase se tem o tal "gol fora". Desnecessário dizer que a derrota em Minas se deveu a um nome que era um verdadeiro terror para o alviverde à época: Fábio Jr. A partida de volta foi disputada no Morumbi. Sábado à tarde. Nublado. Frio até. Chuvoso em alguns momentos, em especial no início da tarde. O time que foi a campo: Velloso, Nenem, Roque Jr., Cléber e Júnior; Rogério, Galeano, Alex (Arilson) e Zinho; Paulo Nunes (Almir) e Oséas (Agnaldo). Aos 12 minutos, como já dito lá no início, Paulo Nunes abriu o placar após cruzamento de Oséas. O jogo transcorreu com uma tensão digna de mata-mata: o Palmeiras queria o segundo gol, mas sabedor de que um empate do Cruzeiro seria irreversível, mantém a cautela. Deixo-os, pois, com a descrição de Celso de Campos Jr. para o que se passou nos segundos finais: "Zinho ajeita com carinho. Minutos antes, o camisa 11 havia cobrado uma infração quase certeira, acertando o travessão. Desta vez, o chute vai para o canto esquerdo baixo de Paulo César. O goleiro cai para encaixar, mas a bola não quer ser abraçada. Molhada e marota, consegue se desvencilhar do colo do veterano, que, desesperado, engatinha para recolhê-la de volta. É quando Oséas, vindo não se sabe de onde, acerta, não se sabe como, um chute impossível, completamente sem ângulo, e aninha a bola nas redes." É CAMPEÃO!


Começou ali a arrancada para a Libertadores/1999. Primeiro título de Felipão. Coroação de uma grande campanha. Vingança por 1996. Tudo junto, com gol improvável no último minuto...

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Dá para ver os 90 minutos da final neste link. Aliás, o canal mantido por este Edvaldo Filho é extremamente 'perigoso', pois reúne os vídeos completos de boa parte dos maiores jogos da história recente do Palmeiras. Você corre o risco de entrar aí e ficar dias e mais dias sem conseguir sair.

13 março 2012

Carta aberta aos dirigentes

Coube ao grande palestrino Felipe Giocondo a tarefa de consolidar em um único (e primoroso) texto algumas das muitas reclamações constantes do torcedor (aquele que vai ao estádio) palmeirense. À luz do tratamento concedido aos que foram no domingo ao estádio Santa Cruz, a carta foi endereçada aos senhores Arnaldo Tirone e Roberto Frizzo, homens que têm deixado como principal legado o desrespeito ao palmeirense da arquibancada. Chega de escrever; vamos à carta (que obviamente ainda não foi respondida pelos dirigentes):


Presidente Arnaldo Tirone,

Como o torcedor, em muitos casos, tece críticas injustas a pessoas que nem sempre têm o poder de agir sobre a situação quero que leia este e-mail por um outro prisma. Entenda a situação e de que forma o senhor, ou seus dirigentes, podem contribuir para uma relação um pouco mais respeitável com o torcedor palmeirense.

Moro em São Paulo e fui ao jogo em Ribeirão Preto domingo. Como muitas vezes vou, como muitos outros também, para muitos jogos. Da alegria de ver o Marcos pegar 3 pênaltis em Recife em uma terça-feira a noite, à decepção de assistir a uma goleada impiedosa em Curitiba. Enfim, seguimos:

Compramos o ingresso para a partida e já ali notava-se a desorganização. Filas intermináveis para entrar no estádio. Faltava cerca de uma hora para o início da partida e havia ali, por baixo, 5 mil torcedores dos nossos. As filas proliferavam em ramificações intermináveis e encontravam-se todas no portão de acesso, o único, com 4 catracas.

O tempo passou e poucos minutos antes do início da partida a coisa estava pronta para descambar. Pouquíssima gente havia entrado, os torcedores começaram a se revoltar e muita gente, repito, MUITA GENTE, foi embora sem assistir ao Palmeiras. Com o jogo já iniciado tentei outras alternativas e consegui entrar, lá pelos 15 minutos de jogo, pelo portão das numeradas, graças a um PM que liberou todo mundo que estava ali, sabedor da catástrofe que poderia ocorrer.

Graças a Deus e à boa educação dos palmeirenses, isso não ocorreu. Mas chegamos perto. Ainda mais com a cavalaria da PM montada em meio à multidão espremida e desconsolada.

Imagine a cena. Te mando até umas fotos no anexo (são fotos do exato instante em que o juiz apitava o início da partida; pouco depois que eu te liguei, recorda-se?).

O que você poderia fazer, pode estar se perguntando agora?

A primeira coisa que um presidente que zela pelo clube e seu maior patrimônio, a torcida, faria seria: jamais assinar um regulamento que prevê apenas valor mínimo de ingresso, não o máximo. Percebe como a coisa é feita na má intenção mesmo? Menos que R$ 30 ninguém pode cobrar, mas o limite é o céu, meu amigo. R$ 90 aqui, R$ 60 em Ribeirão, sabe-se lá quanto nas finais. Todo mundo ganha, só perde o torcedor.

E isso não é nem o pior. Tem coisas ainda mais escandalosas: contra o Bragantino neste campeonato, por exemplo, o torcedor da casa poderia comprar um carnê para todos os 9 jogos em casa por pouco mais de R$90 e ainda ganhava uma camisa oficial do clube. Mas para nós, visitantes, restava os ingressos únicos de R$ 40. E veja a crueldade em saber que até o poderoso Bragantino têm carnê e o Palmeiras não.

Voltemos a Ribeirão Preto: 5 mil palmeirenses do lado de fora, com ingresso, sem conseguir acesso ao estádio. Lá a gente descobre que torcedor do time da casa, através de uma artimanha sem vergonha, pode pagar R$ 30. Fere estatuto do torcedor e tudo mais, mas não só isso: esfregam suas administrações vagabundas na cara dos torcedores de outros times, que sustentarão times e dirigentes medíocres do interior em campanhas degradantes.

Lá pelas tantas, acho que com 20 ou 25 minutos do primeiro tempo parece que liberam o portão. Entra muita gente, talvez sem nem sequer apresentar ingresso. Fizeram o correto, com atraso, mas alguém teve a decência de dar um jeito naquela bagunça.

Me pergunto o que deve estar ocorrendo agora, nos bastidores. Imagino que o Palmeiras protocolará uma reclamação oficial em relação ao tratamento dado aos seus torcedores. Penso, também, que enviaremos um ofício a FPF para que determine, desde já, o teto a ser cobrado no valor dos ingressos. Vou além: aproveitando a saída de Ricardo Teixeira e a chegada de um novo (?) presidente na CBF, um telefonema para avisar que esta putaria toda acabou e que, a partir de hoje, o torcedor vai ter ao menos um tratamento digno.

Porque pega mal lançar uma vaquinha pra contratar jogador e quando queremos a reciprocidade de dedicação e atenção, tomamos uma dessa na cara, não concorda?

Se me permite a sugestão, vou além: caso isso volte a ocorrer em qualquer um destes estádios de times com dirigentes vagabundos, ligue imediatamente para o cartola que estiver acompanhando o clube (ou o César Sampaio) e informe que o clube não deve entrar em campo enquanto seus torcedores não tiverem o tratamento adequado fora de campo. Melhor ainda seria que o senhor, na condição de presidente de um dos maiores clubes do mundo, estivesse pessoalmente no estádio. Mas, como tenho notado, ou melhor, como não tenho notado sua presença nas viagens do time, pode tocar este ponto por telefone mesmo.

Além disso, vale a recordação: o Palmeiras é um clube da capital, sediado na capital e com torcedores no Brasil inteiro. Não cola o argumento de que "os outros merecem ver o time em campo também" quando se manda um jogo pro interior - até mesmo porque, fosse por isso, jogaríamos no nordeste do país, no norte do Paraná e em inúmeras outras regiões com grande concentração de torcedores - não apenas na temível Presidente Prudente. O argumento da maior arrecadação também é pra lá de falacioso: Palmeiras e São Paulo gerou uma renda inferior a Palmeiras e São Caetano. Contra o Santos, no ano passado, em uma desesperada tentativa de arrecadar dinheiro, liberamos o tobogã inteiro para eles ao passo que para ir a Vila brigamos por 700 ingressos. Isso mesmo presidente, 700 ingressos. Ou 15 ônibus. Aliás, o senhor já tentou ir a Vila Belmiro como visitante?

Entendo que pode parecer um pedido muito difícil que o torcedor tenha o direito de assistir a um jogo do seu time. Especialmente aquele que viaja não sei quantos quilômetros para isso. As crianças que sonham em ver seus ídolos em campo e voltam desconsoladas pra casa, sem conseguir sequer acesso ao estádio. Ao pai que sacrifica uma boa parte do seu salário em ingressos e é tratado como gado. O torcedor que vai a todos os jogos do ano, inclusive naqueles que nem dirigente aparece, mas que não pode assistir a um grande clássico porque um prefeito de alguma cidade qualquer paga um lanchinho e uma cama de hotel para os jogadores.

E eu gostaria, também, que tratasse com a devida atenção da próxima vez que eu ou qualquer torcedor, vendo uma situação daquelas que ocorreu, te ligasse. Eu também preferiria nem ter seu número, nem ter a necessidade de fazer isso. Mas já que ninguém resolve nada, acho bom que saiba direto da fonte, sem intermediários.

Por falar em torcedores, estes animais sempre dispostos a sofrer pelo clube, note como são atenciosos: já hoje recebi e-mail de amigos que notaram que pelo quarto ano seguido o Palmeiras fará o último jogo do Brasileiro na condição de visitante. Aliás, no Paulista somos visitantes do Santos há 3 anos seguidos também, sabia? Note, também, que o Palmeiras enfrentará 3 rivais cariocas na sequência, que praticamente todos os mandos de Palmeiras e Corinthians coincidem (e usamos mesmo estádio, ou seja, em algum momento vamos começar a peregrinação sabe-se lá pra onde). Atenção especial a rodada 37, que pode ser decisiva.

Escute os torcedores, presidente. É disso que vive e viverá o Palmeiras, eternamente.

Atenciosamente,

Felipe Giocondo

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Fotos enviadas pelo Felipe Giocondo e pelo Anderson Luiz Saponi - que chegou ao estádio com ingresso às 14h30 e só conseguiu entrar com o jogo em andamento:



11 março 2012

À espera do dia 25



Mal começou a temporada e já foram quase 3.000km percorridos pelas estradas de São Paulo e do Mato Grosso do Sul: viagens para Prudente/MS (aqui e aqui), Bragança e Guaratinguetá. Percebi que a temporada será longa demais, provavelmente teremos mais viagens imbecis e desnecessárias pela frente e isso tudo explica o fato de eu não ter ido para Ribeirão Preto neste domingo. Mas sempre tenho amigos me representando e eis que a foto acima deve ser creditada ao grande amigo Felipe Giocondo. E é dele também a informação de que pelo menos cinco mil palmeirenses estavam do lado de fora do estádio Santa Cruz com o jogo já em andamento. Detalhe: com os devidos ingressos na mão. Detalhe adicional: ingressos que custaram ao menos R$ 60 (ou R$ 30 para os estudantes).

Além da evidente comemoração pela goleada de 6 a 2 fora de casa, devemos também festejar o fato de o Botafogo/SP estar bem perto do rebaixamento. Lamento pela história do time, pela cidade e pelo ótimo estádio Santa Cruz, mas seus dirigentes merecem isso. Cobraram um valor extorsivo pelo ingresso e ainda fizeram muita gente do nosso lado perder parte do jogo? O rebaixamento é o mínimo que se pode esperar.

Quanto ao time, entendo que há motivos de sobra para empolgação, mas prefiro ser bem cauteloso. Todos vimos o que aconteceu em Ribeirão, percebemos que Felipão parece finalmente ter conseguido montar um ótimo time e um bom elenco, mas eu quero mesmo é ver como o time vai sair nos jogos realmente decisivos. Tipo o do próximo dia 25/03. Não custa esperar.

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Alguns números e considerações necessárias:

_Os 19 jogos de invencibilidade foram construídos com 11 vitórias e 8 empates. O Palmeiras só deixou de marcar gols em duas partidas (contra São Caetano e SCCP, ambas no Pacaembu).

_No ano, são 31 gols marcados em 14 partidas. Barcos é o artilheiro, com sete gols. Maikon Leite tem quatro. Assunção, Daniel Carvalho e Artur marcaram três vezes.

_O Palmeiras não teve nenhum jogador expulso na temporada.

_É válido comparar o desempenho do time como mandante e como visitante nos jogos do Paulistão. Em casa: 7-3-4-0; fora: 6-5-1-0.

_Publiquei no final de semana o post com a provável tabela do Palmeiras no Campeonato Brasileiro/2012. Deixo aqui a indicação para que ela não se perca.

10 março 2012

BR/2012, a tabela

É evidente que nada do que está abaixo deve ser levado a sério. Os vagabundos da CBF demoram uma eternidade para divulgar a tabela do Campeonato Brasileiro/2012 e, quando o fazem, ela vem sem os dias e horários definidos. Ok, eu sei que sempre foi assim, mas é uma das coisas que eu não consigo aceitar. Muita coisa vai mudar, a Rede Globo vai aprontar das suas (em especial no segundo turno), mas ao menos sabemos a ordem dos jogos.

Levando em conta a configuração de cada rodada e os confrontos que acontecem aqui em SP, não é muito difícil determinar os jogos que ficam no domingo e os que passam para sábado. Em sendo assim, já publico a versão com os dias e horários prováveis:

19.05 sab 18h30 Palmeiras x Portuguesa/SP – Pacaembu
27.05 dom 16h Grêmio/RS x Palmeiras – Olimpico
06.06 qua 22h Sport/PE x Palmeiras – Ilha do Retiro
10.06 sab 18h30 Palmeiras x Atlético/MG – Pacaembu
17.06 dom 16h Palmeiras x Vasco/RJ – Pacaembu
24.06 dom 16h SCCP/SP x Palmeiras – Pacaembu
30.06 sab 18h30 Palmeiras x Figueirense/SC – Pacaembu
08.07 dom 18h30 Ponte Preta/SP x Palmeiras – Moisés Lucarelli
15.07 dom 16h Palmeiras x SPFC/SP – Pacaembu?
18.07 qua 19h30 Coritiba/PR x Palmeiras – Couto Pereira
21.07 sab 18h30 Palmeiras x Náutico/PE – Pacaembu
26.07 qui 21h Palmeiras x Bahia/BA – Pacaembu
29.07 dom 16h Cruzeiro/MG x Palmeiras – ?
01.08 qua 22h Palmeiras x Internacional/RS – Pacaembu
04.08 sab 18h30 Botafogo/RJ x Palmeiras – Engenhão
12.08 dom 16h Fluminense/RJ x Palmeiras – Engenhão
15.08 qua 22h Palmeiras x Flamengo/RJ – Pacaembu
19.08 dom 18h30 Atlético/GO x Palmeiras – Serra Dourada
25.08 sab 18h30 Palmeiras x Santos/SP – Pacaembu

30.08 qui 21h Portuguesa/SP x Palmeiras – Canindé
02.09 dom 16h Palmeiras x Grêmio/RS – Pacaembu
06.09 qui 21h Palmeiras x Sport/PE – Pacaembu
09.09 dom 18h30 Atlético/MG x Palmeiras - ?
12.09 qua 22h Vasco/RJ x Palmeiras – São Januário
16.09 dom 16h Palmeiras x SCCP/SP – Pacaembu?
23.09 dom 18h30 Figueirense/SC x Palmeiras – Orlando Scarpelli
30.09 dom 16h Palmeiras x Ponte Preta/SP – Pacaembu
06.10 sab 16h SPFC/SP x Palmeiras – Morumbi
13.10 sab 18h30 Palmeiras x Coritiba/PR – Pacaembu
17.10 qua 22h Náutico/PE x Palmeiras – Aflitos
21.10 dom 18h30 Bahia/BA x Palmeiras – Pituaçu
24.10 qua 22h Palmeiras x Cruzeiro/MG – Pacaembu
27.10 sab 16h Internacional/RS x Palmeiras – Beira-Rio
04.11 dom 16h Palmeiras x Botafogo/RJ – Pacaembu
11.11 dom 16h Palmeiras x Fluminense/RJ – Pacaembu
18.11 dom 16h Flamengo/RJ x Palmeiras – Engenhão
25.11 dom 16h Palmeiras x Atlético/GO – ?
02.12 dom 16h Santos/SP x Palmeiras – Vila Belmiro

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Ponderações:

_De modo geral, prevalece da primeira à última rodada a tendência de Palmeiras e SCCP como mandantes nas mesmas rodadas - e SPFC e SFC na outra. Sei lá, considerando que Palmeiras e o time da zona leste dividem o mesmo estádio (e que o Santos joga em outra cidade), não seria o caso de pensarem em uma divisão diferente?

_Por que cazzo o Palmeiras faz a última rodada como visitante pelo quarto ano seguido?

_Dois finais de semana consecutivos no Rio? E três jogos seguidos contra times cariocas?

_Não dava para colocar um dos jogos em Recife no final de semana?

_Última rodada do primeiro turno, 25/08 (sábado) ou 26/08 (domingo): tem SCCP x SPFC e Palmeiras x SFC. Ambos no Pacaembu. Seria justo jogarmos no dia do nosso aniversário de 98 anos, mas algo me diz que a TV vai puxar o nosso jogo para o sábado.

_Aliás, Palmeiras e SCCP poderiam fazer um acordo com a CBF aí: nós jogamos no domingo, 26/08, em casa, contra o SPFC, e o SCCP ficam com o sábado seguinte, 01/09, contra o Atlético/MG, também no Pacaembu. É questão de bom senso.

_Rodada 37: Palmeiras x Atlético/GO e SCCP x SFC. Diz o regulamento que os jogos dessa rodada devem acontecer no mesmo dia e horário. Ou seja: vem merda pela frente.

09 março 2012

"Abran cancha"

Sei que estou devendo a publicação da tabela do Brasileiro/2012, mas é muito grandioso o que aconteceu ontem em Buenos Aires, e eu me sinto obrigado a publicar aqui algo que atualize o que foi apresentado no post anterior. Depois vão entrar alguns vídeos e materiais aprofundados, mas, para efeitos imediatos, deixo-os com isso aqui:



Vídeo oficial:


Texto do Olé:

"El pueblo cuervo se unió en un momento delicado, pidió la vuelta a Boedo y copó la Plaza de Mayo. Hubo cerca de 100 mil hinchas que le pusieron color a las calles de la ciudad. La Promoción...

La tabla de los promedios muestra a San Lorenzo en Promoción. En lo deportivo, el club pasa por un momento complicado y en cada partido se juega gran parte de su futuro, pero los hinchas se encargan de renovar la esperanza. Si el equipo de Madelón tuviera tanta fuerza como los 100 mil hinchas que marcharon hasta Plaza de Mayo, la historia sería distinta y no habría tantos problemas...

En una nueva marcha para respaldar la Ley de Restitución Histórica del Viejo Gasómetro, los hinchas se congregaron en Plaza de Mayo para hacer oír su reclamo. Hubo color por doquier en una plaza desbordada, con bombos, banderas y cánticos de aliento permanente. Por el escenario armado para el evento desfilaron hinchas reconocidos, jugadores (como Pablo Migliore y Bernardo Romeo) y el ex manager, Héctor Veira.

Por otra parte, el principal impulsor de la marcha que reza “vamos a volver a Boedo”, Adolfo Res (historiador e hincha), explicó que “además de ser un proyecto popular, es un proyecto fundamentado por los crímenes de la última dictadura militar. Nadie debe hacerse el distraído; no hay que darle la espalda a la gente. No se puede dejar de ver esta realidad".

El predio donde se ubicaba el Gasómetro fue vendido a la cadena Carrefour, pero la sede permanece cerrada desde hace algunos meses. Por eso volvió a cobrar fuerza la idea de la vuelta. Los hinchas ya habían marchado a la Legislatura porteña y a la embajada de Francia para extender su reclamo. En uno de los peores momentos del club, los hinchas demostraron grandeza y dejaron claro que la unión hace la fuerza. Por eso, el presidente Carlos Abdo pidió tomar como “ejemplo” a la gente para sacar adelante a San Lorenzo."

06 março 2012

"El día que los hinchas juegan"




Aqui no Brasil, dois grandes clubes venderam a alma para o Estado: ganharam estádios com dinheiro e terreno públicos, e um deles desvirtuou toda uma história previamente construída. Há outros casos, mas, para efeitos imediatos, importam estes dois. A eles é válido contrapor a mobilização em curso agora em Buenos Aires, mais precisamente no sul da Capital Federal, em Boedo, casa original do Club Atletico San Lorenzo de Almagro. É por causa do terreno onde ficava antes o Viejo Gasómetro, na avenida La Plata, que a torcida do San Lorenzo vai fazer neste próximo 8 de março, na Plaza de Mayo, uma grandiosa manifestação em nome de uma reparação histórica.

Antes de tudo, a convocação, um dos vídeos de futebol mais emotivos que eu já tive o prazer de ver:


O San Lorenzo, um dos cinco grandes, chegou a ter o maior estádio da Argentina até o final dos anos 1970. Era o Viejo Gasómetro, em Boedo, periferia da cidade. Eis então que a cancha foi "tomada" pelo poder público (viram só a diferença em relação ao Brasil?) durante a ditadura que assolou o país vizinho. A explicação:
"reordenación urbana". São muitas as versões da história (recomendo esta e esta, ambas do Impedimento, e mais uma do Futebol Portenho). Fato é que o clube perdeu sua cancha para o Estado, e, contrariando todas as leis, o terreno foi entregue anos depois à iniciativa privada. O estádio foi abaixo para a construção de um Carrefour.

Mais de 30 anos se passaram, e los cuervos, apesar de terem uma nova cancha, o Nuevo Gasómetro, não desistem de lutar pela "restitución histórica". Eles querem "volver a Boedo". Não só os que viveram aqueles anos, mas as gerações mais novas também.

“La fe mueve hipermercados”, dizem. 8 de março, meus amigos: um dia para estar em Buenos Aires.

Outro vídeo chamando o torcedor para a manifestação:


"Sabemos que vamos a volver a Boedo":


A manifestação anterior levou entre 20 mil e 40 mil à Legislatura, na Plaza de Mayo, onde vai acontecer esta de 8 de março.


Este aqui, um pouco mais longo, tem um relato passional (e, claro, parcial), além de boas imagens e fotos. É um bom compilado para entender o que se passa na alma de
los cuervos:


"Les robaron un estadio
Juraran no parar hasta recuperarlo
8M, el día que los hinchas juegan
No hay gripe...
... trabajo...
... o examen que pueda deternelos
La vuelta la banca la gente
Cría cuervos
e te coparán Plaza de Mayo
8M, el día que los hinchas juegan
VOLV8MOS
La fe mueve hipermercados"

JUEVES 8MARZO 2012 18HS
PLAZA DE MAYO, BUENOS AIRES, ARGENTINA

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Obrigado ao Vitor Birer pela indicação do primeiro vídeo.

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O Nuevo Gasómetro é um dos estádios mais bonitos da Argentina. Fica em uma região perigosa, entre duas favelas, mas é um palco grandioso. Quer conhecer? Veja abaixo, em partida disputada no último final de semana, contra o Boca:


E os caras estão abrindo mão disso em nome da história.