31 agosto 2011

Férias

Entro em férias e o blog vai junto. Fico fora de hoje até o próximo dia 22 de setembro. É por uma boa causa, mas os leitores deste blog, sabedores dos meus ideais, devem imaginar o sofrimento decorrente dos dois jogos em casa (Cruzeiro, no dia 4, e Inter, no dia 11) que eu vou perder por estar fora do país. Cai uma invencibilidade de 38 jogos e quase um ano, marca esta que teve início em outubro do ano passado, logo depois de eu voltar da viagem anterior de férias.

Percebo agora, com indisfarçado orgulho, que a única situação que me faz ficar fora do estádio quando o Palmeiras vai a campo é a minha viagem anual de férias, sempre nessa época do ano. Se consegui em 2009 o milagre de ficar 20 dias no exterior sem perder sequer um jogo em SP (as datas Fifa têm lá um sentido...), tal situação não foi possível em 2010 e agora. Sempre que perdi longas invencibilidades (a maior ultrapassou a marca das 140 partidas) foi por esse mesmo motivo: viagens de férias para bem longe.

A última vez que deixei de ir a um jogo do Palmeiras em SP estando em algum lugar da região Sudeste foi no já longínquo ano de 1999. De lá para cá, mais nada. Só mesmo as sagradas férias anuais acabam por me levar ao sofrimento antecipado que sinto agora por saber que não estarei ao lado do Palestra nos próximos dois duelos em casa.

Volto, se tudo der certo, contra o Ceará. Vai ser difícil aguentar a distância e a ausência mais do que forçada, mas é por uma causa necessária. A compensação vai se dar com caravanas para Goiânia, Porto Alegre e Salvador, todas já garantidas daqui até o fim do ano. Até lá, os senhores ficam livres das minhas insanidades.

Aproveitem e me representem. Pra cima, Palestra!

29 agosto 2011

On the road (MS, parte 4)

 

O futebol proporcionou os melhores e os piores momentos da minha vida. O sofrimento para ir a certos jogos é plenamente compensado por vitórias como a deste domingo, construída de maneira grandiosa sobre o maior rival. Foi a quarta vez em dois anos que dirigentes inescrupulosos levaram para o distante Mato Grosso do Sul o clássico da capital paulista. Foi a quarta vez em dois anos que me obrigaram a encarar 1.200 km de estrada para ver meu time em campo. Acontece que não existe outra opção quando o Palmeiras vai a campo, ainda mais contra o seu maior rival. Já são 14 anos sem perder um clássico, em uma invencibilidade que caminha para os 50 jogos. E todo sacrifício vale a pena. 

Em casa quase 24 horas depois do início da jornada, após uma viagem absurdamente cansativa, eis o momento de dividir a alegria por mais uma tarde gloriosa, de uma vitória consistente e incontestável no clássico que mais importa. Como eu havia dito no post anterior, um domingo como este último é o que justifica toda a aventura para viajar até o inferno (na distância e na temperatura) só para defender uma bandeira. 

Já descrevi tantas e tantas vezes a sensação de viajar até muito longe só para empurrar o time à vitória, mas não custa relembrar com um texto deste blog que eu julgo definitivo: "É o sentimento de um guerreiro que vai para uma batalha distante e retorna para casa com o inimigo a seus pés. Ninguém pode tirar isso do coração. É ir, vencer, representar todos os amigos e os guerreiros de arquibancada e voltar sabendo que será recebido como um vencedor." 

Depois de ter jogado melhor que o rival em todos os últimos encontros, enfim veio a vitória. Não houve juiz mal intencionado ou acidente de percurso capaz de impedir o triunfo alviverde, reduzindo um pouco do desajuste na tabela de classificação e colocando o Palmeiras de novo na briga. Vitória 121. 

Obrigado a todos os amigos que encararam a estrada ao meu lado. Obrigado ao Palmeiras por mais esta tarde gloriosa. Obrigado, Felipão! O futebol vive na arquibancada... 

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Como aconteceu em três dos quatro clássicos disputados no MS, a torcida alviverde foi maioria. E como aconteceu em todos os outros jogos, a festa em verde e branco ofuscou qualquer tentativa que viesse do outro lado. Com os mosaicos, as faixas, os balões, aquilo tudo que a Mancha sabe fazer tão bem. 

E houve um diferencial importante hoje: a manifestação contra Ricardo Teixeira. Primeiro no mosaico e depois com pequenas faixas. Se ainda é pouco, ao menos foi uma primeira iniciativa com viés político e em defesa do futebol. Porque os protestos não devem com hashtags, mas sim no estádio. É lá que as torcidas se fazem presentes e é lá que devem se posicionar. 

A pergunta é: houve alguma interferência 'superior' para que a organizada do outro lado descumprisse o trato inicial? A organizada também vendeu sua alma, a exemplo do que já fez o clube?

 

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Presidente Prudente continua sendo uma cidade maldita. Sempre será. E que calor é aquele, cazzo? Eu entendo que isso aconteça em março, no verão... mas, porra, no inverno.

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Vou esperar as notícias se confirmarem para publicar comentários mais contundentes contra os bravos, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque, mas a versão que corria na arquibancada do Prudentão é que a PM teria baleado os dois manchas antes do jogo. E teria feito isso por total despreparo, uma vez que não estão acostumados a lidar com um clássico desses e com eventuais confrontos do lado externo. O que disseram também, já durante o jogo, é que um dos nossos não teria resistido. Não encontrei tal versão na imprensa ainda. 

Uma coisa, no entanto, é certa: todo e qualquer incidente em Prudente ou no caminho de ida e de volta deve ser atribuído aos senhores Arnaldo Tirone e Roberto Frizzo. 

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A foto que abre este post é do grande Marco Bressan, o Teo. Aguardo as demais de quem estava lá.

26 agosto 2011

Palestra, 97!

Parabéns ao Campeão do Século XX. Parabéns ao clube que tem a mais bela trajetória entre todos os clubes brasileiros. Parabéns ao clube que não precisa esconder nenhum episódio de sua história. Parabéns ao clube que conhece e tem orgulho de sua origem. Parabéns ao clube que defendeu sua casa contra a invasão do inimigo eterno. Parabéns ao clube que já renasceu campeão. Parabéns ao clube que nunca teve ajuda da arbitragem para vencer. Parabéns ao clube que tem os juízes como inimigos - ainda que seja enorme o prejuízo, a dignidade nos precede e vale mais que qualquer coisa. Parabéns ao clube que tem uma torcida que precisa lutar contra todas as outras e também contra gente de dentro. Parabéns ao clube que sabe cair de pé e com honra mesmo nas mais sofridas derrotas. Parabéns ao clube que não conta com a complacência da mídia esportiva vendida. Parabéns ao clube que construiu um estádio com o dinheiro e o suor da sua gente. Parabéns ao clube que não vende a sua alma. Parabéns ao clube que não precisa sugar o dinheiro do povo. Parabéns ao clube que não compactua com pilantragens do poder público. Parabéns ao clube que não muda o seu discurso e que não diz ser o que não é. Parabéns ao clube que é Italia e Brasil ao mesmo tempo. Parabéns ao clube que tanto complica a minha vida e que parece se tornar ainda maior e mais importante a cada vez que faz isso. Parabéns ao clube que me deu mais tristezas que alegrias, mas que tem nessas últimas a compensação por tudo de ruim que já aconteceu e que ainda possa vir a acontecer. Parabéns ao clube que consegue se superar a cada ano na arte das derrotas impossíveis e, que mesmo diante disso tudo, ainda vê crescer a dedicação e o amor de quem o sustenta. Parabéns ao clube que me proporcionou os melhores (e os piores) momentos da minha vida. Parabéns ao clube que me deu os melhores amigos que eu poderia ter. Parabéns ao clube que moldou muito da minha personalidade e que me faz ser alguém melhor, disposto a tudo para defender uma causa e uma bandeira. Parabéns ao clube que me fez entender que só se vive o futebol a partir da arquibancada.

Parabéns, gigante Palmeiras!

O fator Jumar

Libertadores/2009. O Palmeiras foi eliminado pelo "gol qualificado" após empates com o Nacional/URU: 1 a 1 no Palestra e 0 a 0 no Centenario de Montevideo. À época, assim que voltei do Uruguay, escrevi um post destacando o "fator Jumar" como decisivo para a eliminação. Sim, porque na ida, no Palestra, o Palmeiras abriu o placar com Diego Souza e só não chegou ao segundo gol porque o Madureira resolveu recuar o time com a entrada da criatura Jumar: o time se fechou de maneira errada, atraiu o Nacional e tomou o empate em uma jogada fortuita. A eliminação aconteceu ali. 

Sul-Americana/2011. A criatura Jumar estava agora do outro lado, no Vasco. E foi dele, em uma jogada absolutamente impossível, o gol que decretou a injusta eliminação alviverde do torneio continental. Sim, porque o Palmeiras foi descaradamente roubado em São Januário (o nosso "gol qualificado" nos foi tirado pela arbitragem), levou dois gols ao acaso do Vasco e, uma vez jogando em casa, encurralou o adversário, merecendo não só os três gols que efetivamente marcou, mas outros mais. Não há muito o que reclamar do time nessa eliminação. Porque os atletas que foram a campo não mereceram o 0-2 da ida e encaixaram uma partida magistral na volta, com direito a belos gols, bolas na trave e muita entrega. 

A criatura Jumar se fez presente em 2009 e em 2011. Sempre do lado errado. E há coisas que só acontecem mesmo com o Palmeiras... 

Há eliminações que só poderiam mesmo ser protagonizadas pelo Palmeiras. Nos últimos 20 anos, participei de todas elas, sempre na arquibancada, e cada uma deixa um sentimento diferente. Dor, revolta, tristeza, inconformismo, indignação, desolação... sei lá qual é a sensação desta última. Colocando todas em perspectiva, vejo três fatores que se repetem: 

(1) a arbitragem sempre atua contra o Palmeiras. Seja contra o Vasco, contra o Boca, contra o SPFC ou mesmo contra o Ipatinga. Nunca houve um "erro" a nosso favor; o "erro" acontece sempre para o mesmo lado - o outro. 

(2) a sorte nunca está do nosso lado. É bola na trave, é uma contusão fora de hora, é uma falha do zagueiro. Sempre contra o Palmeiras. 

(3) com raras exceções - Coritiba/2011 ou Sport/2008, por exemplo -, a eliminação nunca acontece de maneira contundente, com uma sonora goleada ou com derrotas lá e aqui. O Palmeiras sempre cai no sufoco, no limite, lutando até o último minuto, normalmente na base do desespero. Ou cai nos pênaltis ou no gol "fora de casa" (foi assim contra o Nacional/URU na Libertadores/2009, foi assim contra o Goiás/GO na Sul-Americana/2010, foi assim agora). Tudo para tornar o sofrimento ainda maior. 

Mas a verdade mesmo é que as eliminações vão se acumulando ano após ano, e parece cada vez mais difícil mudar este cenário onde tudo parece dar errado para o Palmeiras. 

Até quando teremos um Jumar no nosso caminho? 

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_Uma breve comparação para mostrar o quanto a nossa diretoria "gosta" do torcedor palestrino: o SPFC cobrou ontem R$ 10 pela arquibancada; os senhores Tirone e Frizzo insistiram hoje nos R$ 30 pelo mesmo setor.

_O senhor Heber Roberto Lopes nem influenciou no resultado hoje, mas ele é o árbitro mais irritante entre todos os que estão em atividade.

_O post sobre os 97 anos fica para mais tarde.

24 agosto 2011

Tirone-Frizzo, o legado

Legado da dupla Tirone-Frizzo em poucos meses de mandato: 

_Jogos transferidos para o Canindé, sob o falso argumento de economia com o aluguel do estádio. Resultado: desconforto para o torcedor e milhares de pessoas para fora da cancha por falta de ingresso. Não houve sequer um pronunciamento sobre o assunto. 

_Um come-e-dorme foi emprestado para o Avaí e, ainda que esteja defendendo outro clube, continua custando R$ 173 mil mensais aos cofres do clube. 

_Declarações constrangedoras, contratações frustradas e exposição indevida de profissionais do clube, em especial de alguém como Luiz Felipe Scolari. 

_Omissão no episódio da escalação do bandido do apito para o clássico entre Palmeiras e SCCP, pela semifinal do Paulistão. Deu no que deu... 

_Quebra do acordo com o SCCP na semifinal do Paulistão. Mais do que a canalhice, foi o episódio que marcou o fim definitivo dos clássicos paulistas. E vamos tomar o troco (com justiça) logo na última rodada do Brasileiro. Ou seja: eles fizeram a merda, e nós vamos pagar por isso. 

_Como se não bastasse isso, o clássico seguinte, este do próximo domingo, foi marcado para Presidente Prudente por pura ganância. E aí, já sabendo de que teremos apenas 5% dos ingressos no returno, a dupla destinou 41% dos ingressos para o outro lado. 

_Antes disso, no clássico contra o Santos, a dupla Tirone-Frizzo cedeu o tobogã para a torcida do Santos FC, em uma clara afronta contra os palmeirenses que tanto sofremos quando precisamos jogar na Baixada. 

_Mais uma omissão: ficaram quietos os dois putos e aí o clássico seguinte ao roubo do Paulistão terá a arbitragem do irmão do árbitro que nos roubou naquela ocasião e em tantas outras vezes.

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Ouvi ontem a entrevista do senhor Roberto Frizzo para a Rádio Bandeirantes. O sujeito é um despreparado. Confrontado pelos jornalistas Leandro Quesada e Alexandre Praetzel sobre o o clássico em Prudente, nosso dirigente não conseguiu expor sequer um argumento decente. Passou vergonha.

23 agosto 2011

Caravana para Prudente/MS

Estamos tentando fechar um ônibus para a viagem até Presidente Prudente/MS no domingo. Saída às 4h de Perdizes. Ônibus executivo, quase leito, com TV e o cazzo. O preço vai depender do total de pessoas que confirmarem; deve ficar entre R$ 100 e R$ 160. O prazo para resposta é amanhã cedo. Quem fecha?

Favor mandar email para forza.palestra@yahoo.com.br

Lembrete importante: é PALMEIRAS x SCCP!

22 agosto 2011

O país do futebol? (31)

O maldito "futebol moderno" avança por todos os flancos, e a resistência é cada vez mais necessária. Mas aqui, no dito "país do futebol", a alienação prevalece; o exército de João Sorrisão ganha adeptos a cada dia, com imbecis de todos os tipos, e cabe ao torcedor de verdade a tarefa de combatê-los.

O capítulo 30 foi um dos mais necessários desta série "O país do futebol?" porque mostrou exemplos de resistência pelo mundo. Vieram mais sugestões pontuais e alguns episódios recentes mostraram que é preciso ser ainda mais incisivo nesta guerra.

Se por aqui nego se submete ao marketing predatório (notem que a justificativa da Geração Winning Eleven para "escolher" seus times do exterior tem a ver sempre com jogadores e nunca com a torcida) e faz gracinha para aparecer na TV em vez de protestar contra ela, lá fora os protestos são constantes, bem organizados e bem executados. Se necessário for, podem ser até truculentos.

Este capítulo será diferente de todos os outros. Depois de alguns vídeos, vou abrir uma exceção e colocar fotos que são importantes para entender a diferença de mentalidade entre os brasileirinhos e os torcedores de países onde efetivamente vive o futebol.

Vídeo 1: Os velhotes da Uefa não devem ter gostado da mensagem da torcida do pequeno Viktoria Plzeň, da República Tcheca, visitante no jogo contra o Copenhagen, pela fase preliminar da Uefa Champions League 2011/2012.


Vídeo 2: No Brasil, um imbecil como Arnaldo Tirone se vende pelas migalhas de um vilarejo do Mato Grosso do Sul e a coisa fica por isso mesmo. Na Lituânia, a torcida do FBK Kaunas, da cidade de Kaunas, não aceitou que a diretoria do clube fizesse o mesmo. Vale conferir aqui a história toda; seria um bom modelo a ser seguido por aqui.


Vídeo 3: Sei que este vídeo é muito parecido com os que apareceram no capítulo anterior, mas estamos em guerra, e não dá para esmorecer. É como diz uma faixa comum entre os ultras italianos: "Tolleranza Zero Al Calcio Moderno".


Vídeo 4: A torcida do Liverpool, comprado por um grupo de investidores americanos, também faz a sua parte:


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Foto 1: Protesto da torcida do Milan contra o futebol moderno.


Foto 2: A torcida do Acadêmica de Coimbra, de Portugal, protesta contra os horários absurdos impostos pela TV. A faixa no alto ilustra bem a presença de alguns torcedores no sofá, logo abaixo.


Foto 3: Eles não resistiram e foram ao jogo. Mas o recado ficou.


Foto 4: Na Italia, resolveram marcar jogos no horário do almoço. Logo na Italia, vejam que absurdo! A torcida do Bologna deixou o seu recado: "O futebol moderno envenena também o almoço".


Foto 5: A torcida do Genoa também se manifesta contra as partidas na hora do almoço. Notem o prato e os talheres, além da faixa logo acima: "Querem famílias e crianças no estádio? Que pena... neste momento eles estão comendo"

Não dá pra ler na foto, mas uma das faixas da parte inferior traz a seguinte mensagem: "O futebol moderno deveria aprender os bons modos: não se come vendo TV"

Foto 6:
Os ultras do Avellino, um dos poucos times de verde da Italia, protestam contra as partidas aos sábados:


Foto 7: Se aqui no Brasil os poucos jogos da seleção local são um evento social para que alienados apareçam na TV, lá na Italia o amor à pátria ainda prevalece. Eis uma boa imagem de protesto contra o futebol moderno antes de partida disputada em Genova:


Fotos 8, 9, 10 e 11: Se o problema aqui é a Rede Globo, lá na Italia é a Sky. E aí todas as próximas fotos fazem referência à Sky, com trocadilhos diversos.

Foto 8: Torcida da Internazionale. Schifo = nojo.


Foto 9:
Catania, na Sicilia. A mesma mensagem.


Foto 10: Mais uma do Avellino, agora contra a Sky.


Foto 11:
Ultras da Roma no Olimpico. Agora o trocadilho envolve a palavra "schiavi" ("escravo").


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_Este capítulo só foi possível graças às colaborações enviadas pelo Gabriel Manetta Marquezin. Os méritos são dele.

21 agosto 2011

18 jogos e uma década

O roteiro que eu havia apresentado durante a semana aconteceu tal e qual o previsto na tarde deste domingo no Morumbi: o Palmeiras jogou melhor novamente, dominou as ações, pressionou, criou grandes chances... mas aí a defesa falhou, veio o gol do SPFC, a sorte acompanhou o goleiro de hóquei o tempo todo e o máximo que conseguimos fazer foi arrancar um empate.

E o empate não foi bom, diga-se de passagem, não só por ampliar para cinco o total de jogos sem vitória e por nos manter longe das primeiras posições, mas essencialmente porque oficializa a humilhação a que somos submetidos por quem deveria zelar por um Palmeiras forte: acabamos de completar 10 anos sem uma vitória sequer contra o SPFC no estádio da zona sul.

Pela 18ª vez seguida, tivemos de deixar o Morumbi sem os três pontos. É uma sensação muito incômoda, e toda vez que subimos a Giovanni Gronchi depois do jogo é preciso carregar todo o peso dos fracassos anteriores.

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_Ao promotor:
Você foi ao jogo com a Mancha. Pelo menos eu o vi chegando nos ônibus junto com a diretoria ali na Giovanni. Você entrou no estádio junto com a torcida, fez toda aquela encenação de costume e, dizem, ficou o tempo todo com a Mancha na arquibancada. A pergunta é: que providências o senhor vai tomar tendo em vista a bomba caseira que foi atirada pela torcida adversária na nossa direção?

_Ainda sobre este assunto: o que não estaria dizendo agora a nossa imprensa esportiva, em especial o Lance! "Barril de Pólvora", se tal situação tivesse acontecido no bom e velho Palestra Italia?

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_O que precisa ser feito para os bravos, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque aprenderem o ofício que já deveriam conhecer faz tempo?

_E o buffet infantil ganhou agora uma piscina de plástico. É uma das coisas mais grotescas que já foram inventadas em um estádio de futebol.

_Aliás, não dá pra levar a sério uma estádio com buffet infantil, academia, livraria e bar - que não pode vender cerveja!

_Palmeirense da capital que não foi ao jogo hoje por opção perde o direito de reclamar do time e até da diretoria.

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_Boa coluna de Ugo Giorgetti no Estadão de hoje: Famiglia

19 agosto 2011

O roteiro de sempre

Domingo tem Clássico do Ódio no Morumbi. Estejam certos de uma coisa: perderemos. Vamos atingir uma marca vergonhosa: 10 anos sem vitória na casa do inimigo. O roteiro já é conhecido: podemos até jogar bem e fazer por merecer a vitória, mas a falta de sorte, a incompetência de nossos atacantes ou mesmo mais algum erro da arbitragem haverão de determinar mais uma partida sem os três pontos no estádio da zona sul.

Já são 17 jogos consecutivos com empate ou derrota. Pensei algumas vezes antes de tornar públicos esses dados, mas a verdade é que eles já são públicos. E eu não tenho responsabilidade alguma sobre isso, uma vez que fiz a minha parte marcando presença no Morumbi em cada um deles (e em todos os anteriores). 

A seguir, a campanha do Palmeiras em duelos contra o dono da casa em duas décadas distintas: de 1992 a 2001 e de 2002 até agora. Notem que o primeiro período foi marcado por uma campanha até aceitável (pois todas as partidas acontecem fora de casa), mas depois descambamos para uma trajetória terrível: vencemos três jogos seguidos (2000, 2001 e 2002) e empatamos dois; aí vieram mais 15 jogos sem qualquer resultado positivo.

_Campanha entre 1992 e 2001 26 jogos; 8 vitórias, 5 empates e 13 derrotas 
08.03.1992 - SPFC 0 x 4 Palmeiras - 20.947 - Brasileiro 
09.08.1992 - SPFC 1 x 0 Palmeiras - 11.867 - Paulista 
01.11.1992 - SPFC 0 x 3 Palmeiras - 29.964 - Paulista 
05.12.1992 - SPFC 4 x 2 Palmeiras - 90.688 - Paulista 
20.12.1992 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 110.887 - Paulista 
14.03.1993 - SPFC 0 x 0 Palmeiras - 96.340 - Paulista 
18.04.1993 - SPFC 2 x 0 Palmeiras - 51.319 - Paulista 
21.11.1993 - SPFC 1 x 1 Palmeiras - 55.262 - Brasileiro 
04.12.1993 - SPFC 0 x 2 Palmeiras - 60.322 - Brasileiro 
27.02.1994 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 54.234 - Paulista 
01.05.1994 - SPFC 2 x 3 Palmeiras - 58.431 - Paulista 
24.07.1994 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 28.647 - Libertadores 
30.10.1994 - SPFC 2 x 2 Palmeiras - 25.120 - Brasileiro 
29.03.1997 - SPFC 0 x 1 Palmeiras - 23.729 - Paulista 
25.05.1997 - SPFC 4 x 1 Palmeiras - 34.975 - Paulista 
07.09.1997 - SPFC 0 x 2 Palmeiras - 17.343 - Brasileiro 
19.04.1998 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 55.194 - Paulista 
25.04.1998 - SPFC 3 x 1 Palmeiras - 42.917 - Paulista 
18.04.1999 - SPFC 4 x 4 Palmeiras - 31.045 - Paulista 
09.05.1999 - SPFC 5 x 1 Palmeiras - 18.234 - Paulista 
03.10.1999 - SPFC 0 x 0 Palmeiras - 27.344 - Brasileiro 
12.03.2000 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 17.484 - Paulista 
24.06.2000 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 19.982 - Copa do Brasil 
02.09.2000 - SPFC 3 x 0 Palmeiras - 1.337 - Brasileiro 
30.11.2000 - SPFC 1 x 2 Palmeiras - 32.009 - Brasileiro 
06.10.2001 - SPFC 0 x 1 Palmeiras - 20.753 - Brasileiro 

_Campanha entre 2002 e 2011 18 jogos; 1 vitória, 6 empates e 11 derrotas 
20.03.2002 - SPFC 2 x 4 Palmeiras - 49.842 - Rio-SP 
21.04.2002 - SPFC 1 x 1 Palmeiras - 29.467 - Rio-SP 
27.04.2002 - SPFC 2 x 2 Palmeiras - 24.124 - Rio-SP 
02.10.2004 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 12.501 - Brasileiro 
20.02.2005 - SPFC 3 x 0 Palmeiras - 36.832 - Paulista 
25.05.2005 - SPFC 2 x 0 Palmeiras - 60.343 - Libertadores 
04.08.2005 - SPFC 3 x 3 Palmeiras - 14.810 - Brasileiro 
05.02.2006 - SPFC 4 x 2 Palmeiras - 30.970 - Paulista 
03.05.2006 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 55.080 - Libertadores 
24.05.2006 - SPFC 4 x 1 Palmeiras - 7.861 - Brasileiro 
01.04.2007 - SPFC 3 x 1 Palmeiras - 25.936 - Paulista 
27.05.2007 - SPFC 0 x 0 Palmeiras - 20.873 - Brasileiro 
13.04.2008 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 37.203 - Paulista 
13.07.2008 - SPFC 2 x 1 Palmeiras - 22.235 - Brasileiro 
28.03.2009 - SPFC 1 x 0 Palmeiras - 18.289 - Paulista 
30.08.2009 - SPFC 0 x 0 Palmeiras - 41.083 - Brasileiro 
26.05.2010 - SPFC 1 x 0 Palmeiras - 15.522 - Brasileiro 
28.02.2011 - SPFC 1 x 1 Palmeiras - 26.238 - Paulista 

É humilhante! É vexatório! É revoltante! Cada uma dessas 17 partidas tem uma história diferente, mas com um elemento em comum. O Palmeiras até joga bem, pressiona, insiste, luta, batalha. Mas parece haver uma maldição: nossos atacantes não conseguem executar a função básica e aí vem um Washington ou qualquer merda do tipo e encontra um gol. Ou então vem algum filho da puta de preto e resolve a parada. 

E eu sou capaz de lembrar de cada um dessas vezes, sempre subindo desolado a Giovanni depois empates ou derrotas sem sentido. 

Domingo será igual. Eu não alimento mais esperanças. Só sei que estarei lá, ao lado do Palmeiras. Porque já faz tempo que só a torcida entra em campo.

Ao Morumbi! Até domingo!

Uma noite de Portuguesa

Nenhum outro time é tão prejudicado pela arbitragem quanto o Palmeiras. Nenhum. Os erros se sucedem rodada após rodada, e são cada vez mais acintosos e grotescos - contra grandes ou pequenos, sem distinção. O filho da puta desta noite de quinta-feira fez o serviço completo: ao não expulsar um vagabundo do Bahia, permitiu que ele provocasse o terceiro amarelo do camisa 10 e ainda marcasse o gol de empate em completa e inaceitável posição de impedimento. Um crime - que só acontece contra o Palmeiras.

É sintomático de um clube abandonado, vitimado por um câncer que não para de crescer. A corja de aproveitadores que parasita o Palmeiras está disposto a afastar do clube qualquer chance de um caminho vitorioso. Seguem consumindo o clube por dentro, e parecem até se multiplicar. Não há paz.

Vivemos diante do Bahia uma noite de Portuguesa - a começar pelo estádio. Aliás, temos vivido seguidamente, já há alguns anos, dias e noites de Portuguesa. Dentro e fora de campo. É a bola que não entra (foram três na trave!), o 7 que perde um gol absurdo já nos descontos, o goleiro adversário que resolve sempre fechar o gol contra a gente, é o juiz disposto a roubar, a perseguição contra alguns de nossos jogadores, a pressão intermitente a partir da arquibancada, a paz que não existe faz anos.

Foi uma noite de Portuguesa. Mais uma. E, como se necessário fosse, nossos dirigentes ainda fazem questão de lembrar disso ao insistirem em levar nossos jogos para o Canindé - já não vencemos o primeiro jogo lá contra o Grêmio e agora de novo; vão esperar a primeira derrota para desistir disso, é?

De cinco em cinco minutos - e com intervalo ainda menor a partir dos 40 minutos do segundo tempo -, uma vinheta irritante servia como introdução para a velha locutora do Canindé: "Departamento de Comunicações da Lusa informa..." Pronto! Era o lembrete de que estávamos em uma cancha que não está à altura da nossa história e da nossa torcida.

Na saída, consumado o desastre, a imagem dos protestos da organizada atrás do gol me fez lembrar o que levou à construção de um alambrado mais alto ali na saída para os vestiários.

Fazia muito tempo que não deixava o estádio tão irritado e com tanto ódio. É o acúmulo de frustrações e de crises criadas não pelos rivais, mas por gente de dentro do próprio Palmeiras.

17 agosto 2011

Geração Winning Eleven (6)

Estamos em guerra contra o futebol moderno. De um lado, nós, torcedores, aqueles que frequentamos a arquibancada e entendemos e respeitamos o futebol; do outro, uma massa heterogênea e disforme, que vai dos velhos sujos que comandam o futebol no mundo a uma infinidade de adolescentes imberbes e alienados, incapazes que são de formular uma argumentação com um mínimo de lógica. É a luta de quem entende o futebol como a mais pura manifestação popular do mundo contra os idiotas que pensam que um perfil no Twitter pode ser equiparado a uma torcida. De um lado, o futebol como manifestação cultural e como esporte do povo; de outro, o Fair Play e o João Sorrisão. De um lado, o esporte como guerra; do outro, os que veem o futebol como um entretenimento. É uma luta que não admite concessões.

A batalha aqui travada começou contra um perfil específico, mas o problema é muito maior. Uma rápida pesquisa permite identificar centenas de perfis dedicados a clubes europeus, de bastardos britânicos (ou de qualquer outro país) que se imaginam torcedores de futebol. Alguns clubes, os que mais investem no marketing predatório, têm até mais de um perfil criado por filhotes de Tiago Leifert, e eles chegam a travar discussões públicas sobre o nada.

Percebi então que não é o caso de focar apenas naquele primeiro perfil, mas no conjunto da "obra". São todos alienados, e é possível identificar nos posicionamentos, nas preocupações e nas publicações o mesmo discurso vazio e artificial.

Devo confessar que um dos objetivos de todos os posts da Geração Winning Eleven era buscar argumentos contrários do outro lado. A essência de um debate é expor os argumentos, receber contra-argumentos e, a partir daí, ratificar ou mudar a opinião. Porque eu poderia, depois de tudo o que escrevi, perceber que existe vida inteligente do outro lado e até aprender alguma coisa a partir disso.

Não há vida inteligente do outro lado.

Há, isso sim, uma geração perdida e sem princípios. Há um bando de alienados que não consegue articular um pensamento minimamente compreensível. Há um bando de nerds criados em condomínios fechados que nunca antes pisaram em uma arquibancada e, por isso, se entregam ao marketing predatório de clubes de futebol que venderam a alma em nome do “bizines”. Há um bando de imbecis que confunde “clube de futebol” e “marca global”. Há uma geração inteira de nerds incapaz de compreender o futebol em sua plenitude. Há uma massa que ousa equiparar “futebol” e “música”.

Como tudo o que vem dessa gente, as tentativas de elaborar um discurso são ou risíveis, ou constrangedoras ou simplesmente incompreensíveis. Confiram aqui e aqui, no próprio texto e nos comentários. Desta última vez, no entanto, o embate direto foi bem mais reduzido, uma vez que os babacas do outro lado, sem argumentação, apelavam para saídas covardes do tipo “vamos ignorar...” ou “não tô nem ligando”. Típico de gente que não tem como defender a própria alienação. Típico de gente que não consegue sustentar o próprio discurso.

Aqui e ali, no entanto, recolhi algumas tentativas de defesa, mas percebi que nenhuma delas merece ser levada a sério. Os argumentos todos são de uma fragilidade intelectual e de uma inconsistência que merecem ser expostos publicamente, de modo a comprovar o que existe por trás dessa Geração Winning Eleven. Deixo-os com alguns exemplos:









Isso tudo veio do Twitter. Dá pra levar a sério?

Tem um blog, no entanto, que se esmerou mais ainda na arte da alienação. Eis aqui e, em um recorte necessário, logo abaixo. Atenção para o trecho em negrito:

"O Campeonato Inglês cresceu muito no país e tem tomado espaço do próprio futebol brasileiro, que, convenhamos, está cada vez mais decadente. Os jogos sonolentos no Brasileirão fazem o telespectador migrar para a Premier League, que dificilmente você vê um jogo ruim. Não precisa estar no estádio para viver o futebol. A tecnologia permite que você veja até na palma da sua mão uma partida do seu time. E muitas vezes a emoção está maior assistindo dentro de casa ou fazendo um churrasco com os amigos do que propriamente dentro do estádio. Só porque os torcedores estão longe do seu time não significa que ele não vive o futebol. E a questão de dinheiro? A Arsenal Brasil pode ir em todos os jogos do Arsenal no Emirates Stadium? Obviamente que não."

É mais que constrangedor. É infantil. É ingênuo. Parece uma criança escrevendo. Pelo que vi, é obra de um estudante de jornalismo. Pobre jornalismo... A criatura ainda não foi instruída na arte da argumentação. O texto é de uma fragilidade discursiva sem precedentes. Ok, o cara ainda vai evoluir nesse quesito, mas precisa saber com quem está falando antes de querer ditar regras.

Meus argumentos continuam aí. Todos intactos.

O futebol só existe na arquibancada, só é torcedor quem vai a estádio, e os cidadãos que escrevem as atrocidades acima (houve um, no último post, que escreveu a palavra “morrece” - do verbo "morrer") são meros instrumentos de manipulação para o avanço do futebol moderno. São consumidores a serviço de marqueteiros de marcas globais. São a Geração Winning Eleven.

É legítimo querer se posicionar. Mas é preciso ter argumentos para isso. É preciso saber construir um discurso minimamente razoável. Do contrário, a vergonha é ainda maior.

Seguimos em frente.
À arquibancada, torcedores. Tem jogo amanhã e domingo.

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Geração Winning Eleven (1)

Geração Winning Eleven (2)

Geração Winning Eleven (3)

Geração Winning Eleven (4)

Geração Winning Eleven (5)

16 agosto 2011

Febre de bola, o retorno

Em 26.01.2010, este blog trouxe o post "Febre de bola", de modo a homenagear A obra-prima da literatura sobre futebol: "Fever Pitch", do grande Nick Hornby. Durante os quatro meses seguintes, todos os posts - cerca de 75 - vieram acompanhados de um trecho selecionado do livro. Sem entrar em detalhes sobre o momento atual, republico a seguir alguns dos trechos mais relevantes:

Página 135: "Vou ao futebol por um monte de razões, mas não para me divertir, e quando olho em torno num sábado e vejo aqueles rostos tristes e apavorados, vejo que outros sentem a mesma coisa. Para o torcedor apaixonado, o futebol-espetáculo existe da mesma forma que aquelas árvores que tombam no meio da selva: você presume que é algo que acontece, mas não tem como apreciar a coisa"

Página 131: “Mas não foi o futebol que fascinou Jonathan. Foi a violência. Por toda a nossa volta havia gente brigando – no Lado Norte, na Ponta do Relógio, na Arquibancada Inferior Leste, na Superior Oeste. A cada poucos minutos um enorme clarão se abria em algum ponto na intrincada tessitura de cabeças sobre as arquibancadas, enquanto a polícia separava facções em guerra, e meu irmãozinho ficava fora de si de empolgação; virava-se a toda hora para olhar para mim, com o rosto brilhando de alegria incrédula. “Isso é incrível”, dizia sem parar.”

Página 45: "Um dos gols do West Brom foi marcado - por consenso - em clamoroso impedimento, instigando a torcida a invadir o campo, coisa que por sua vez fez com que o estádio do Leeds fosse interditado pelos primeiros jogos da temporada seguinte. "A torcida se rebelou e tem todo o direito de fazer isso", foi a memorável declaração de Barry Davies no programa Partida do Dia naquela noite; bons tempos aqueles em que os comentaristas de tevê encorajavam energicamente os tumultos, em vez de vir com argumentos pomposos em prol da volta do serviço militar obrigatório."

Página 17: "Afinal, o futebol é um ótimo jogo e tudo mais, mas o que diferencia aqueles que se satisfazem com meia dúzia de jogos por temporada - assistindo às grandes partidas e se afastando das peladas, numa postura certamente sensata - daqueles que se sentem obrigados a comparecer a todos? Para que viajar de Londres a Plymouth numa quarta-feira, sacrificando um feriado precioso, para ver um jogo cujo resultado já foi efetivamente decidido na primeira partida em Highbury? E se esta teoria do ato de torcer como terapia estiver perto da verdade, que inferno estará enterrado no subconsciente das pessoas que vão aos jogos da Taça Leyland DAF? Talvez seja melhor nem sabermos."

Página 65: "Quando o nosso time perde em Wembley, pensamos nos colegas de trabalho e de escola que teremos de encarar na manhã de segunda-feira, e no delírio que acaba de nos ser negado; nessa hora parece inconcebível que nos permitamos um dia voltar a ficar tão vulneráveis. Eu sentia que não tinha coragem para ser torcedor de futebol. Como eu podia sequer pensar em passar aquilo novamente? Será que ia passar o resto da vida indo a Wembley a cada três ou quatro anos e acabar me sentindo daquele jeito?

Páginas 199 e 200:"Porque seja qual for a boate, peça ou filme a que você for, seja qual for o concerto que você ouça ou o restaurante onde você coma, a vida estará acontecendo em outros lugares na sua ausência, como sempre acontece; mas quando estou em Highbury vendo jogos como esse, sinto que o resto do mundo parou e está reunido do lado de fora dos portões, esperando para ouvir o placar final."

Página 163: "A namorada que tentara, e não conseguira, me fazer voltar à razão na manhã seguinte à partida com o Villa foi comigo ao jogo com o Watford, na primeira experiência dela com o futebol ao vivo. De certa forma, foi uma introdução ridícula: havia menos de 20 mil pessoas no estádio, e a maioria dos que se encontravam lá havia ido apenas para registrar sua reprovação a tudo o que ocorrera. (Eu pertencia à outra categoria: aqueles que estavam lá porque sempre estavam lá.)"

Páginas 76 e 77: "Os grandes clubes parecem ter se cansado das suas torcidas, e sob certo aspecto quem pode culpá-los? Jovens trabalhadores e homens de classe média baixa trazem consigo problemas complicados e ocasionalmente perturbadores; os diretores e presidentes podem argumentar que eles tiveram sua chance e a desperdiçaram, e que as famílias de classe média - o novo público-alvo - não só irão se comportar bem, como pagar muito mais para fazê-lo.
Esse argumento ignora questões básicas que envolvem responsabilidade, justiça e o papel que os clubes têm ou não a representar nas suas comunidades. Mas mesmo sem essas questões, parece-me haver uma falha fatal nesse raciocínio. O prazer que um estádio de futebol pode proporcionar é, em parte, uma mistura do vicário com o parasítico, porque a não ser que a pessoa poste-se no Lado Norte, no Kop ou na Ponta Stretford, fica dependendo dos outros para que a atmosfera seja criada; e a atmosfera é um dos ingredientes cruciais da experiência futebolística. Essas torcidas imensas são tão vitais para os clubes quanto os jogadores, não só porque seus membros são eloquentes no seu apoio, não só porque fornecem aos clubes grandes somas de dinheiro (embora esses fatores não deixem de ser importantes), mas porque sem as torcidas ninguém se daria ao trabalho de ir ao jogo.
O Arsenal, o Manchester United e todo o resto têm a impressão de que as pessoas pagam para ver Paul Merson e Ryan Giggs, e é claro que elas fazem isso. Mas muita gente - o pessoal das cadeiras que custam vinte libras, e os caras dos camarotes-executivos - também paga para ver a torcida que foi lá ver Paul Merson (ou para escutar a torcida gritar com ele). Quem iria comprar um camarote-executivo se o estádio estivesse cheio de executivos? O clube vendia os camarotes incluindo a atmosfera de graça, de modo que o Lado Norte gerava tanta renda quanto qualquer um dos jogadores. Mas quem irá fazer o barulho agora? Será que a garatoda suburbana de classe média ainda virá com suas mamães e papais se o barulho tiver de ser feito por eles mesmos? Ou será que se sentirão tapeados? Porque a realidade é que os clubes estão lhes vendendo ingressos para um espetáculo no qual a atração principal foi afastada para dar lugar a eles.
Mais uma coisa sobre o tipo de plateia que o futebol resolveu atrair: os clubes vão ter de garantir a qualidade, garantir que não haverá anos de vacas magras, porque o novo público não tolerará fracassos. Essas pessoas não são do tipo que irá ver o time jogar contra o Wimbledon em março, estando em décimo primeiro lugar na Primeira Divisão e fora de todas as disputas de títulos. Por que deveriam ir? Elas têm muitas outras coisas para fazer. Portanto, Arsenal... nada de escritas perdedoras de 17 anos de duração, feito aquela entre 1953 e 1970, certo? Nada de ficar flertando com o rebaixamento, feito em 1975 e 1976, nem nada de meia década sem sequer chegar a uma final, feito a que nós tivemos entre 1981 e 1987. Nós, fregueses de caderno, aturamos tudo isso, e pelo menos 20 mil de nós aparecíamos lá por pior que o time jogasse (e às vezes jogava muito, muito mal mesmo); mas essa turma nova... não tenho tanta certeza assim."

Página 24: "Naqueles estágios iniciais minha relação com o Arsenal era de natureza estritamente pessoal: o time só existia quando eu estava no estádio (não me recordo de ter ficado excepcionalmente acabrunhado pelos resultados ruins fora de casa). No que me dizia respeito, se o time ganhasse os jogos que eu via por 5 a 0 e perdesse o resto por 10 a 0 a temporada seria boa."

Página 237: "Mas novamente trata-se daquele negócio de estar no centro do mundo: depois do jogo fomos para casa sabendo que aquilo que tínhamos visto, ao vivo, fora o momento esportivo mais significativo daquela tarde, um momento que seria debatido por semanas, meses, que chegaria ao noticiário, e sobre o qual todos nos perguntariam no trabalho segunda-feira de manhã. De modo que no final é preciso reconhecer o privilégio que foi estar ali e ver todos aqueles homens adultos bancando os idiotas na frente de 35 mil pessoas; eu não teria perdido aquilo por nada desse mundo."

Páginas 212 e 213: "Familiares e amigos sabem, após longos anos de experiência frustrante, que a tabela de compromissos sempre tem a última palavra em qualquer combinação; compreendem, ou pelo menos aceitam, que batizados, casamentos ou reuniões de qualquer tipo, que em outras famílias teriam precedência inquestionável, só podem ser marcados após consulta prévia. De modo que o futebol é considerado uma certa deficiência que tem de ser levada em conta. Se eu vivesse numa cadeira de rodas, ninguém do meu círculo íntimo organizaria nada num apartamento de cobertura; portanto, por que alguém planejaria algo para as tardes de sábado no inverno?
(...)
De modo que já houve convites de casamento que eu tive - com relutância, mas de forma inevitável - de recusar, embora sempre tomando o cuidado de providenciar uma desculpa socialmente aceitável que envolvesse problemas familiares ou dificuldades no trabalho; pois "Jogo em casa contra o Sheffield United" é considerada uma explicação inadequada em situações como essas.
(...)
E além disso há as imprevisíveis decisões de taça, as partidas remarcadas no meio da semana e os jogos transferidos de sábado para domingo em cima da hora a fim de se adequarem aos horários das televisões, de modo que tenho que recusar convites que conflitem com compromissos em potencial, bem como aqueles que conflitem com compromissos reais."


Páginas 186 e 187: “Uma coisa que tenho certeza acerca do ato de torcer é o seguinte: não se trata de um prazer vicário, apesar de todas as aparências indicarem o contrário, e quem diz que prefere jogar a assistir não percebe o principal. O futebol é um contexto no qual assistir se torna jogar – não no sentido aeróbico, porque assistir a um jogo até não poder mais, beber no final e comer batata frita a caminho de casa são coisas que provavelmente não lhe farão muito bem na receita de Jane Fonda, da mesma maneira que ofegar para cima e para baixo num gramado supostamente faz. Mas quando há alguma espécie de triunfo, o prazer não é irradiado dos jogadores para fora até nos atingir no fundo da arquibancada em forma pálida e reduzida; nosso prazer não é uma versão aguada do prazer do time, embora sejam eles que marquem os gols e subam os degraus de Wembley para cumprimentar a princesa Diana. A felicidade que demonstramos em ocasiões como essa não é uma celebração de boa sorte dos outros, mas da nossa própria; e quando ocorre uma derrota desastrosa, a tristeza que nos engolfa é, na realidade, autopiedade, e quem quiser compreender como o futebol é encarado tem de perceber isso acima de tudo. Os jogadores são meros representantes nossos, escolhidos pelo técnico em vez de eleito por nós, mas ainda assim representantes nossos; e às vezes, se você olhar com atenção, conseguirá até ver as varetas que os unem e as maçanetas laterais que nos permitem movimentá-los. Eu faço parte do clube, assim como o clube faz parte de mim; e digo isso com plena consciência de que o clube me explora, desconsidera minhas opiniões e me trata mal em várias ocasiões, de modo que meu sentimento de ligação orgânica não se baseia numa compreensão equivocada, confusa e sentimental dos mecanismos do futebol profissional. Essa vitória em Wembley pertenceu a mim tão completamente quanto pertenceu a Charlie Nicholas ou a George Graham (será que Nicholas, que foi dispensado por Graham logo no início da temporada seguinte, e depois vendido, recorda aquela tarde com tanto carinho?), e me esforcei por ela tanto quanto eles. A única diferença entre mim e eles é que eu já investi mais horas, mais anos, mais décadas do que eles, de modo que compreendi melhor aquela tarde e tive uma percepção mais agradável de por que o sol ainda brilha quando lembro dela.”

Páginas 69 e 70: "Aprendi certas coisas com o futebol. Muito do meu conhecimento de lugares na Grã-Bretanha e na Europa não vem da escola, mas de jogos fora de casa e das páginas de esportes, e o hooliganismo me deu ao mesmo tempo gosto pela sociologia e um certo grau de experiência com pesquisa prática. Aprendi o valor de investir tempo e dinheiro em coisas que eu não posso controlar, e de pertencer a uma comunidade com cujas aspirações me identifico de forma completa e acrítica."

Página 26: "Pela primeira vez, de repente, tomei consciência de todos os torcedores do Swindon sentados ao nosso redor com aqueles sotaques horrorosos do oeste, aquela alegria inocentemente absurda, aquela incredulidade delirante. Eu nunca cruzara com torcedores adversários antes, e senti um asco deles que nunca sentira por estranhos."

Página 44: "... e contentando-me em vez disso com um sorriso beatífico que era compreendido tanto pelos professores quanto pelos garotos. Para eles eu era o Arsenal e tinha direito àquele beatitude triunfal.
Mas eu, na verdade, não achava isso. Fizera por merecer aquele sofrimento todo contra o Swindon, mas não contribuíra para o triunfo da Dobradinha da mesma forma, a não ser que você contasse como contribuição cerca de uma dúzia de jogos da Liga, um paletó de escola soterrado por escudos de lapela e um quarto coberto por fotografias de revistas. Os outros, aqueles que haviam conseguido ingressos para a final e ficado cinco horas na fila em Tottenham, tinham mais a dizer sobre a Dobradinha do que eu."


Página 115: "Mas aí Alan Sunderland meteu o pé na bola e enfiou-a lá dentro, bem dentro daquele gol ali na nossa frente, e me vi gritando - não "Sim", "Gol" ou qualquer dos outros barulhos que como de costume vêm à minha garganta nessas horas - mas só um barulho, "AAAARRRRGGGGHHHH", um barulho nascido de felicidade absoluta e descrença atônita, e subitamente havia pessoas naquelas arquibancadas de concreto de novo, mas elas estavam olhando uma por cima das outras, ensandecidas e com os olhos esbugalhados. Brian, o garoto americano, olhou para mim, sorriu polidamente e tentou encontrar as próprias mãos naquele caos ali embaixo, a fim de erguê-las e aplaudir com entusiasmo que desconfiei que ele não estava sentindo.
Atravessei os exames finais flutuando, como se tivesse sido anestesiado com uma droga benigna e indutora à idiotice. Alguns dos meus colegas de estudo, doentes de insônia e apreensão, ficaram perplexos com o meu humor; outros, os torcedores de futebol, compreenderam e ficaram com inveja."

Páginas 107 e 109: "Meus companheiros naquela tarde eram sujeitos de meia-idade já trintões e quarentões, afáveis e de boa índole, que simplesmente não tinham a menor concepção da importância daquela tarde para o restante de nós. Para eles aquilo era um dia de folga, uma coisa divertida para se fazer numa tarde de sábado; se alguma vez eu os reencontrasse, acho que não conseguiriam se lembrar do placar do jogo, nem de quem marcou o gol (passaram o intervalo falando de futricas no trabalho), e de certo modo, fiquei com inveja daquela indiferença.
(...)
... para eles, aquilo era realmente apenas um jogo, e provavelmente me fez até bem passar um tempo com gente que se comportava, em tudo e por tudo, como se o futebol fosse um espetáculo divertido feito o rúgbi, o golfe ou o críquete. É claro que não é nada disso, mas foi interessante e instrutivo passar pelo menos uma tarde com gente que acreditava que fosse."


Páginas 110 e 111: "Sei que sou particularmente idiota quanto a rituais, e sempre fui assim, desde que comecei a ir a partidas de futebol, mas também sei que não estou sozinho nisso. Lembro que quando mais novo tinha de levar a Highbury um pedaço de massinha de modelar, de adesivo ou de outra besteira qualquer, que eu ficava puxando e repuxando nervosamente a tarde toda (eu já era um fumante antes de ter idade suficiente para fumar); lembro também que tinha de comprar o programa no mesmo vendedor de programas, e que tinha de entrar no estádio pela mesma catraca.
(...)
Investimos horas a cada dia, meses a cada ano, anos a cada vida em algo sobre o qual não temos controle algum; é de espantar, então, que fiquemos reduzidos a liturgias engenhosas - porém bizarras - criadas para nos dar a ilusão de que somos poderosos apesar de tudo, tal como fazem todas as outras comunidades primitivas quando deparam com um mistério profundo e aparentemente impenetrável."


Página 153: "Desde que conheci Pete em 1984, perdi menos de meia dúzia de jogos do Arsenal em sete anos (quatro naquele primeiro ano, todos ligados ao caos contínuo da minha vida pessoal, e nenhum em quatro temporadas), e compareci a mais jogos fora do que jamais fizera antes. E embora existam torcedores que não perdem um só jogo há décadas, seja em casa ou fora, eu teria ficado atônito com a minha atual ficha de comparecimento se tivesse tomado conhecimento dela em, digamos, 1975, quando fiquei adulto por alguns meses e parei de ir, ou até em 1983, quando meu relacionamento com o clube era polido e cordial, mas distante. Pete me empurrou da borda do abismo, e às vezes não sei se devo agradecer-lhe por isso ou não."

Página 214: "O que imagino que aconteceria comigo se eu não fosse a Higubury certa noite e perdesse um jogo que talvez fosse crucial no resultado final da disputa do campeonato, mas que dificilmente prometeria um espetáculo imperdível? A resposta, acho eu, é esta: tenho medo de no jogo seguinte, o que vier depois do que eu perder, não conseguir entender alguma coisa que esteja acontecendo, como um refrão qualquer ou a antipatia do público para com um dos jogadores; pois assim o lugar que eu mais conheço no mundo, o único local fora da minha própria casa onde sinto que me encaixo absoluta e inquestionavelmente, terá se tornado alienígena para mim. Perdi o jogo contra o Coventry em 1989, mas estava no exterior na época. E embora a primeira dessas ausências tenha parecido estranha, o fato de estar a várias centenas de quilômetros do estádio aliviou o pânico e tornou-o tolerável; a única vez que já estivera em outro bairro de Londres enquanto o Arsenal jogava em casa (eu estava na fila dos ingressos para o Skytrain de Freddie Laker em Victoria quando derrotamos o QPR por 5 a 1 em setembro de 1978, e minha lembrança tanto do placar quanto do adversário é bastante significativa), senti um nervosismo desconfortável."

Páginas 73, 74 e 75: “A posição que eu escolhera – bem no centro, nos degraus do meio – indicava tanto uma certa empolgação (na maioria dos estádios o barulho começa no centro da arquibancada de casa e se irradia para fora; as laterais e as cadeiras só entram no coro nos momentos de grande entusiasmo) quanto um certo grau de cautela (no centro e lá embaixo não era lugar para um estreante temeroso).(...)
O momento em que atravessei a catraca do Lado Norte é o único que recordo de ter conscientemente agarrado um touro pelos chifres. Meu único rito de passagem, portanto, significou ficar em pé num pedaço de concreto, e não em outro; mas o fato de ter me obrigado a fazer algo que eu só queria fazer pela metade, e de tudo dar certo... foi algo importante para mim.
(...)Adorei aquilo lá, é claro. Adorei as diversas categorias de barulho: o barulho ritualístico e formal quando os jogadores entraram em campo (com os nomes dos jogadores entoados um de cada vez, começando pelo favorito, até ele acenar em resposta); o clamor amorfo e espontâneo quando algo empolgante acontecia em campo; o vigor renovado do refrão após um gol ou um período prolongado de ataque. (E até ali, entre homens mais jovens e menos alienados, ouviam-se aqueles resmungos futebolísticos quando as coisas estavam indo mal.) Depois do pânico inicial, comecei a amar aquela movimentação, o jeito com que eu era lançado em direção ao campo e depois sugado para trás novamente. E adorei o anonimato: eu não seria, afinal, denunciado. Passei os 17 anos seguintes lá.”


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Querem saber de uma coisa? Nick Hornby não deve estar gostando nada do que está acontecendo...

15 agosto 2011

Geração Winning Eleven (5)

Esta série nasceu sem a pretensão de ser uma série. Deveria ser apenas mais um post contra o futebol moderno, por ocasião de manifestações alienadas de uma meia dúzia de imbecis que se julgam torcedores do Arsenal/ING aqui no Brasil. Eis aqui. Acontece que o tema se mostrou mais produtivo que o esperado e vieram outros capítulos. O primeiro, no entanto, me parece definitivo.

Acontece que os sujeitos que ofendem o futebol ao se proclamarem torcedores de um time que sequer podem ver no estádio seguem aprontando. Já tivemos, eles e eu, alguns debates via Twitter. O despreparo das criaturas é comovente, mas a coisa toda ficou ainda mais vexatória para eles com uma matéria veiculada recentemente pela ESPN Brasil. O vídeo não está disponível no YouTube, mas vocês podem conferir neste link.

Respeito bastante a ESPN Brasil. Mas desta vez os caras tropeçaram feio: a matéria não faz sentido algum (três pessoas reunidas em um bar representam uma torcida?), os tipos aí apresentados não têm ideia do que estão falando e a temática toda é ofensiva ao que se entende por cultura de arquibancada.

As justificativas são risíveis. Risíveis. E constrangedoras. Eu poderia aqui me debruçar sobre cada frase proferida pelas criaturas aí presentes, mas vou me contentar com uma só, em que um dos tipos responde o que o fez escolher o Arsenal:

"Acompanhando a transmissão..."

Se o sujeito começa a explicar a sua relação com o time por meio da palavra "transmissão", já não preciso dizer mais nada.

Deixo-os agora com a coluna publicada no jornal Agora SP no último sábado (13/08) pelo meu amigo Adriano Pessini, para quem a arquibancada é também a única ligação possível entre um clube e seus torcedores:



Nada contra o Arsenal. Pelo contrário, uma vez que Nick Hornby entregou ao mundo um verdadeiro manifesto sobre o significado de ser torcedor. E é no mínimo curioso que esta meia dúzia (meia dúzia mesmo? Eu só vi três no vídeo) venha querer se proclamar parte da torcida do Arsenal mesmo em um país tão distante e por motivos tão torpes e frágeis. Não são torcedores de porra nenhuma. São apenas consumidores idiotas de uma marca.

Dirá algum defensor dos sujeitos: "Ah, mas o próprio clube londrino reconhece essa Arsenal Brasil como uma torcida oficial...". Nada disso. O Arsenal reconhece estes elementos aí como mais alguns consumidores idiotas ao redor do mundo. O Arsenal os reconhece como um pequeno grupelho disposto a ampliar o alcance de uma marca que se pretende global e como um instrumento de manobra para vender mais algumas camisetas em países distantes.

São chineses sem time, tailandeses deslumbrados com jogadores que são mais "estrelas" que atletas, brasileirinhos idiotas que bem poderiam jogar videogame com Tiago Leifert. Este último, repito, já teria sido espancado em praça pública se este fosse um país sério.

Se Nick Hornby tomasse conhecimento da existência desse tipo de gente, é provável que reagisse da mesma maneira como eu faço agora e sempre. E isso se aplica à verdadeira torcida do Arsenal, aquela que antes passava as tardes de sábado ou domingo em Highbury e agora faz isso no Emirates. E o nome da cancha aqui faz toda a diferença...

14 agosto 2011

Números e mais números

São quatro jogos sem vitória e três sem marcar um gol sequer. O camisa 30 fez toda aquela palhaçada e, na volta, já acumula sete jogos sem balançar a rede e sem jogar porra nenhuma (e isso não mudou nem com a 25). O camisa 10, aquele que é idolatrado pela torcida sem motivo para tanto, já completou mais de um ano sem fazer nada em troca da fortuna que custou e continua custando. O camisa 7 mostrou ser no máximo um bom reserva, alçado à condição de grande reforço apenas por causa da carência da nossa torcida. E tem mais um monte de tranqueira: o 29 que nunca poderia ter vestido a nossa camisa, o 18 que não acerta um cruzamento, o 21 que, sejamos justos, é o menos culpado por estar lá. E assim os números ruins vão se acumulando, dia após dia, jogo após jogo.

Para completar, o come-e-dorme vagabundo que vestia a 99 leva mensalmente R$ 173 mil do Palmeiras para defender outro time (a fonte, pouco confiável, é a FSP - enquanto não houver desmentido da nossa diretoria, esta é a informação). Qual é a solução dos vagabundos Tirone e Frizzo? Simples: mandam um clássico para o Mato Grosso do Sul e obrigam o palmeirense a ver seu time no Canindé por uma economia que, se realmente existir, não cobre 5% do salário mensal do ex-camisa 99.

É preciso repetir, palmeirenses: nossa diretoria está pagando R$ 173 mil mensais para que um vagabundo defenda um clube que disputa o mesmo campeonato que o Palmeiras.

E, para finalizar, faltam apenas 22 rodadas para o fim do modorrento, abjeto e desprezível Campeonato Brasileiro de pontos corridos...

12 agosto 2011

"La Doce", o livro

Estou sempre lendo algum livro sobre futebol, por mais que eles sejam poucos e nem sempre tão bons. Falta literatura sobre o esporte (em especial aqui no Brasil) e então eu procuro sempre divulgar com destaque as boas obras que surgem. É o caso de um livro que ainda nem foi lançado no Brasil - só na Argentina: "La Doce - La verdadera historia de la barra brava de Boca".



Deixando de lado a antipatia que certamente nos opõe à hinchada do Boca, é uma obra imperdível para quem gosta do futebol de verdade, aquele que se vive a partir da arquibancada. O livro tem o mérito de avançar para além do simples relato das brigas de torcida e mesmo da ascensão de La Doce no futebol argentino. A coisa lá é muito mais complexa do que por aqui e, de maneira um tanto secundária, o autor relata também um pouco da história de outras hinchadas: Los Borrachos del Tablón, La Guardia Imperial, Buteler etc.

Entendo que a melhor maneira de divulgar um livro é por meio de alguns trechos relevantes. É o que faço abaixo:

Páginas 8 e 9: "Hoy, ochenta y cinco años después, se entiendem mucho mejor las palabras que Rafael di Zeo, el actual jefe de La Doce en prisión, enarbolaba como bandera: "¿Vos te creés que conmigo preso la violencia se va a terminar? ¿Vos te creés que si nos juntam a todos en una plaza y nos matan, la violencia se va a terminar? No, no se va a terminar nunca. ¿Sabés por qué? Porque esto es una escuela. Es herencia, herencia y herencia. Viene desde 1931, cuando los de River ya cobraban a manos de La Doce. Y seguirá por siempre. Porque el fútbol es así. La violencia no la generamos nosostros, sólo sucede. Está ahí, en el fútbol. La Policía arma un operativo de seguridad para que no pase nada. Pero cuando falla y se encuentran dos barras, sucede. Y eso no se va a terminar jamás."

Página 33: "Poco después de las tres de la tarde, el Abuelo abandonaba la Comisaría 24 y rumbeaba hacia la cancha a la cabeza de La Doce. Quince minutos antes del comienzo del partido apareció en el centro del paravalanchas destinado a la jefatura de la barra. El "Dale Bo" retumbó como nunca. La Doce havia cambiado de manos."

Página 63: "Otro echo, pocos meses después, posicionaria a Di Zeo en un lugar más importante. El 19 de octubre de ese año, Boca recibía a Racing por la Supercopa que después terminaría ganando frente a Independiente. La Guardia Imperial, sabiendo que la gente de la Isla Maciel y La Boca ya no íba, como demonstración de poder decidió ir caminando hasta la Bombonera por el viejo Puente Pueyrredón. Enterado, Di Zeo armó, junto a Querida y Manzanita, un grupo de choque para ir a buscar los de Racing. Hubo tiros al aire y en la retirada, al verse ampliamente superados, algunos de los hinchas de Racing se tiraron al Riachuelo. Si bien rápidamente intervino en la Comisaría 30, la batalla estaba ganada. Tanto que una semana más tarde, durante el partido revancha en Avellaneda, La Doce sacó unos cuantos salvavidas en la tribuna y estrenó la canción "olelé, olalá, no crucen el puente si no saben nadar""

Página 65: "Lo cierto es que el 6 de junio de ese año, cuarenta integrantes de la barra tomaron un vuelo desde Ezeiza directo havia la península. El equipaje era un monumento al exceso: treinta bombos, treinta y cinco redoblantes y varias banderas de tamaño importante hicieron colapsar la bodega del avión."

Este aqui é importante:

Página 41: "Por entonces, La Doce tenía amistad con Chacarita, Argentinos y San Lorenzo (esta última nacida en una relación incipiente entre Nené, capo de la barra del Ciclón, y el Abuelo, gestada por la gente de Chaca). A fines del 82 Barritta diferenciaba claramente los bandos de amigos y enemigos. Y decidió empezar a cobrarse cuentas para extender, cual emperador, su reinado a todo el fútbol. El primer objetivo era el Negro Thompson, jefe de la barra de Quilmes..."

Aí eu pergunto: qual foi a torcida que veio ao Palestra e estendeu uma faixa que dizia "Nunca hicimos amistads"?

11 agosto 2011

É muito pouco

A CBF divulgou, sem maiores explicações, a "nova padronização de horários" dos jogos do Campeonato Brasileiro. Houve quem comemorasse, em especial pelo fim dos jogos às 21h de sábado. Eu entendo que é muito pouco. 

Vejamos: 

Sábado, 21h: foi uma aberração inventada este ano. Mas não pensem que a revogação se deu devido aos estádios vazios; o que deve ter pesado aqui foi a baixa audiência do PPV - porque ninguém fica em casa no sábado à noite. Portanto, não diz muita coisa. 

Sábado e domingo, das 18h30 para 18h: e daí? O horário de sábado às 16h continua sepultado por tempo indeterminado e esta meia hora a menos não chega a fazer grande diferença. 

Meio de semana: prosseguem o maior de todos os crimes, o horário das 22h da madrugada de quarta, e também a aberração das 19h30 de quarta-feira. O único decente, 20h30, continua sendo ignorado. 

Enquanto os horários de jogos foram determinados pela emissora maldita, nada vai mudar. Que morram todos os responsáveis! 

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Ainda sobre a emissora de TV, cabe divulgar a mais recente empreitada dos que representam a família Marinho: eles agora resolveram bloquear sinais de celulares em estádios de futebol. Confiram aqui.

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Queria entender qual é a lógica de emprestar um vagabundo para um time pequeno e continuar pagando parte do salário do sujeito. Deve ser a mesma lógica estúpida que leva a nossa direção a desrespeitar a torcida jogo após jogo.

10 agosto 2011

Respeito zero

Já escrevi antes um post com o título acima. Ele vem repetido porque não há outra expressão que dê conta de traduzir o tratamento destinado pela diretoria do Palmeiras ao seu torcedor. Transcrevo a seguir depoimentos de palmeirenses que ou não puderam entrar no Canindé no sábado ou presenciaram gente voltando para casa devido à mesquinharia dos senhores Tirone e Frizzo:

“Caro fratello Barneschi, cheguei atrasado... e pude ver mais de 5 mil pessoas para fora do estádio, por baixo. Eram famílias inteiras voltando para o cazzo do Shopping D, sem ingresso! Muita gente mesmo, coisa de lotar uma rua inteira... muita gente aglomerada na Churrascaria que fica abaixo das arquibancadas tentando ver o jogo pelas TV`s.”
(Emerson Favaro)

“Sobre o Canindé, a saída do estádio foi o retrato da merda feita. A Rua Azurita - única saída que estava aberta - se tornou um inferno. Demorei meia hora pra sair. Porra, não tô querendo conforto, mas fecharam uma saída e foderam com tudo. A diretoria subestima a torcida demais.”
(Rafael Kuvasney Marcolin)

“Também vi bastante gente sem ingresso indo embora. Amadorismo puro um jogo como este no Canindé.”
(Gustavo Moraes)

“também cheguei atrasado, e na passarela sobre o Tietê cheguei a cogitar que alguma merda tivesse ocorrido...a proporção era de 3 torcedores voltando para cada um que ia ao Canindé....muita, mas MUITA gente ficou de fora da cancha...
(Gabriel Manetta Marquezin)

“Eu estava lá na porta, com a minha esposa e não conseguimos entrar. Chegamos antes das cinco horas e os poucos cambistas que ainda tinham ingressos já ofereciam os ultimos a R$ 80 arquibancada. Eu cheguei a perguntar a um guarda se havia alguma outra bilheteria aberta e fiquei espantando que o mesmo nos informou que deveriamos procurar com os cambistas, como se a pratica fosse legal. O clube perdeu a oportunidade de arrecadar com a venda de ingressos e nós, juntamente com uma multidão de torcedores, perdemos a oportunidade de assistir ao jogo.”
(Carlos Batistini Neto)

“dava para sentir que o jogo encheria, se fosse no Pacaembu-25 mil fácil, pois bem, não tinha comprado antecipadamente, e cheguei no Tamancão às 5h15 da tarde, o movimento era imenso e na rua AZurita, onde tem as galinhadas, o inferno era total, as bilheterias estavam fechadas e só ingresso de 150, na minha frente um cmbista vendendo ingresso de meia-15- por 50 paus, pensei um pouquinho e peguei, consegui entrar, pois não pediram a carteirinha, se pedissem-estava fudido- e voltari pa casa como em uma vez em 1982-num torneio pré copa do mundo-ganho pelo América RJ, pois bem tanta divagção, para dizer o seguinte: a diretoria nos humilha, por favor chega de Canindé, pelo que senti mais de 5 mil pessoas ficaram pra fora”
(Edsino IV Centenário)

“Sai de Valinhos pela manhã, cheguei no Palestra Itália antes de abrir os guichês e só passei nervoso. Tinha uma fila de uns 10 minutos e até as 12h não parava de chegar gente. As vendedoras não devem ter braço nem cérebro, ou eu devo ser muito cagado... não tinha troco! Fiquei bebendo a tarde toda no alviverde e então fui terminar de beber no estádio dos padeiros. Cheguei até que cedo (devia ser 15h), e não tinha mais ingresso. Nem os nossos amigos cambistas tinham... tava escasso. Muito movimento, muitas famílias chegando em cima da hora e voltando para casa.”
(Ivan)

“Eu fui ao estádio e voltei por falta de ingresso. Os cambistas chegaram a me oferecer ingresso por 70 pilas, mas como abomino essa prática eu recusei. Gostaria de ter visto ao menos um jogo no canindé, porém acho que devo manter minha posição de enquanto for tratado como idiota pela diretoria do Palmeiras, me ausentar dos jogos.”
(Elver Pierre)

A íntegra de todos esses depoimentos pode ser conferida nos comentários do post sobre o jogo de sábado. Como eu escrevi antes, o simples fato de UM palmeirense ficar para fora do estádio devido ao fim dos ingressos de arquibancada já seria suficiente para uma manifestação da nossa diretoria, um pedido de desculpas ou qualquer coisa assim. Mas foram muitos os que ficaram de fora. Centenas, milhares, vai saber. Muitos.

Prevalece o silêncio. Ninguém da nossa diretoria se manifestou. Nenhum veículo de comunicação atentou para o fato. Nenhum. Há espaço para todo tipo de palhaçada no nosso "jornalismo esportivo", mas ninguém se preocupa com o que efetivamente importa: o torcedor de arquibancada.

O prejuízo do Palmeiras é enorme pela renda que deixou de ser arrecadada no sábado e incalculável se considerarmos o sentimento da multidão que não pôde entrar.

Qual é a resposta dos senhores Tirone e Frizzo?

Simples: como se não bastasse Prudente/MS, levaram para o Canindé mais um jogo nosso, contra o Bahia, no próximo dia 18.

É uma afronta!

09 agosto 2011

O país do futebol? (30)



Um capítulo sem times ou países específicos. Se aqui no Brasil vagabundo leva cartaz alienado para ser filmado pela maldita Rede Globo e se jogador se dispõe a fazer papel de idiota, lá fora as torcidas protestam contra o "futebol moderno". Tem a ver com o nível cultural, tem a ver com a decência do povo, tem a ver com a capacidade se revoltar contra quem é inimigo do esporte.

O marketing está acabando com o futebol. Mas não só; também os empresários vagabundos, os dirigentes inescrupulosos, o Padrão Fifa, os times itinerantes, os palhaços que se dizem jornalistas, o naming rights, a TV, os lugares numerados, os camarotes corporativos, a repressão, o processo de idiotização, a síndrome do politicamente correto, a elitização, o bizines, o Fair Play...

Por aqui, alienação. Lá fora, protestos.

Ao menos eles tentam resistir.

Vídeo 1: "Libertà per gli ultras"


Vídeo 2: "They used to call it the people game..."


Vídeo 3: Protestos por toda a Europa.


Vídeo 4: Só o que importa é o torcedor de arquibancada.


Vídeo 5: A resistência dos ultras do Sporting de Portugal.


Vídeo 6: A Polônia tem algumas das melhores torcidas da Europa (recomendo os capítulos 1, 6 e 15). O vídeo abaixo mostra a união dos ultras locais contra o futebol moderno:


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Crédito para o Caio Filardi, que me enviou o vídeo do Sporting.

07 agosto 2011

Diretoria x torcida

15.762 pagantes. Foi o maior público do Palmeiras em jogos disputados no Canindé desde 1º de maio de 1996, 15 anos atrás, quando inexplicáveis 21.960 pessoas pagaram para ver Portuguesa 1 x 2 Palmeiras. A julgar pelo tamanho da torcida que habitualmente frequenta o estádio e pelas limitações que são impostas em 'clássicos' da Lusa contra os outros grandes, este foi provavelmente o maior público do Canindé na última década.

Quase 16 mil foram ontem à cancha da Lusa e este pode ser considerado o público máximo do estádio, uma vez que não cabia mais ninguém na arquibancada e que os lugares que restam são inacessíveis, pois vendidos a abusivos e injustificáveis R$ 150.

Teve palmeirense que ficou pra fora do Canindé ontem à noite. Parece que faltou ingresso - dizem que as bilheterias estavam fechadas já antes do jogo começar. Não sei quantos não puderam entrar, mas se fosse um único palmeirense do lado de fora já estaria consumado o desrespeito contra a torcida, uma vez que o jogo contra o Grêmio deveria ser realizado no estádio municipal, a exemplo de todos os outros com o mando do Palmeiras.

Por pura mesquinharia, o jogo foi para o Canindé. Os quase 16 mil pagantes proporcionaram uma arrecadação de R$ 440 mil. Se fosse no Pacaembu, teríamos pelo menos 20 mil torcedores, com renda próxima dos R$ 600 mil. Cairia por terra a argumentaçao frágil e mentirosa dos senhores Tirone, Frizzo e do Prado.

Estes senhores não têm ideia do que é a torcida do Palmeiras. Eles desconhecem o tamanho da massa alviverde e é exatamente por isso que nos obrigam a jogar em um estádio que não está à altura da nossa história e da nossa torcida.

É inadmissível que um único torcedor seja impedido de ver o Palmeiras jogar por causa da ganância dos senhores Tirone e Frizzo - o que dizer dos muitos que parecem ter ficado de fora ontem?

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_O empate sem gols contra o Grêmio evidencia aquilo que todos já sabíamos: vamos brigar no máximo por uma vaga na Libertadores. O time parece entregue à sina dos últimos anos, de sempre faltar algum detalhe para alcançar vitórias decisivas. Enquanto isso, os rivais vencem em casa e fora.

_Alguma pessoa consegue apresentar um argumento, qualquer que seja, que dê conta de explicar por que cazzo a numerada do Canindé custa R$ 150?

05 agosto 2011

Prudente nunca mais!

Arnaldo Tirone é um despreparado. Assim como ele, são despreparados todos os responsáveis por levarem o Clássico da capital paulista para a distante, inóspita Presidente Prudente: o prefeito local, os empresários cúmplices deste crime, a criatura Del Nero e todos os que participaram de alguma forma desta decisão abjeta.

O ódio deste blog por esta cidade foi exposto em diversos outros posts: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e mais aqui.

Já me obrigaram a viajar até o inferno para ver Palmeiras x SCCP três vezes seguidas em 2009. Pensei que nunca mais teria de voltar àquele lugar. Parece que me enganei.

E o ódio só faz crescer. Que Arnaldo Tirone e todos os seus cúmplices saibam que são responsáveis por um crime - mais um! - contra a história do maior clássico deste país. Que Tirone, Sergio do Prado ("Teremos a oportunidade de receber mais e gastar menos. Foi a proposta mais vantajosa") e todos os que se vendem por meia dúzia de moedas tenham o que merecem qualquer dia desses.

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Depois de tudo o que já escrevi contra aquele lugar, sinto-me incapaz de produzir qualquer material novo. Deixo o link, portanto, o post "PRUDENTE NUNCA MAIS!", de 2 de novembro de 2009!

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Depois, com mais tempo e talvez com a cabeça mais fria, eu volto para falar do jogo, de Prudente e de outros assuntos. Mas o desabafo era mais do que necessário. Se alguém me obriga a ficar 24 horas na estrada e ainda me toma algumas centenas de reais no ano, é mais do que justo que eu não fique calado.