29 julho 2010

Ah, o Estatuto do Torcedor...


Aprovaram aí uma série de mudanças no tal Estatuto do Torcedor e enfiaram isso tudo na rotina do torcedor de futebol sem pedir licença. Muita gente veio falar sobre o assunto nos últimos dias: promotores de justiça (sempre eles), dirigentes de clubes e de federações, ministros, senadores, deputados, historiadores (!), sociólogos, jornalistas de todas as áreas possíveis, vagabundos de todos os tipos. Até mesmo o major Marinho (pra mim, ele será sempre major) foi resgatado de sua posição de burocrata do Del Nero e apareceu em rede nacional como especialista em segurança nos estádios. As emissoras de TV, é claro, foram revirar seus arquivos para encher a programação de imagens de brigas envolvendo torcidas organizadas (e eu pude me rever e rever alguns amigos também), como se a violência fosse o problema maior do esporte.

Muita gente falou sobre o assunto, e a porra da reformulação do Estatuto ganhou caráter de um marco civilizatório. Só quem não fala nessa história toda é o torcedor, pois nunca somos consultados neste país quando se trata de pensar nos nossos direitos. Só o que fazem é impor restrições, determinar proibições e impedir manifestações que sempre fizeram parte da cultura popular do futebol.

O tal Estatuto foi elaborado em 2003 sem que fosse consultado o torcedor. A reformulação agora sancionada pelo presidente aconteceu também sem que perguntassem ao frequentador de estádio o que ele quer, o que ele pensa, o que ele propõe. Fazem a lei com base nas opiniões de pulhas que não devem pisar no cimento da arquibancada há décadas. Criam regras e punições sem consultar logo o maior interessado. Determinam o que pode e o que não pode ser feito sem levar em conta a cultura do futebol e as necessidades do torcedor.

Não pesquisam, não perguntam, não avaliam o que pode ser melhorado. Não sabem quais são nossas prioridades, anseios e propostas de melhoria. Simplesmente criam normas que não condizem com a realidade, aumentam a repressão, usam o Padrão Fifa e a Copa de 2014 como um escudo para encobrir a nulidade de um discurso vazio e hipócrita.

Estatuto do Torcedor?

Obrigado e enfiem no cu! O torcedor faz as suas próprias leis. Não precisamos de burocratas sujos para determinar o que podemos ou não podemos fazer. O futebol e o torcedor vão resistir.

***

Ainda sobre isso, dois posts na mesma linha:

15.01.2009: Estatuto de qual torcedor?

16.01.2001: Ainda o tal Estatuto

5 comentários:

Daniel disse...

boa mano!
falou tudo!!!!

Luiz disse...

É meu caro, daqui a pouco o Tenis vai ter mais barulho que o futebol.

Craudio disse...

A morte do futebol agora é prevista na lei. E a gente, que falava de 2014, estávamos errados.

Rodrigo Barneschi disse...

Em tempo: o banner que está no início do post é obra do japonês aí de cima, o @craudio99. Fica aqui o crédito um tanto tardio, mas ainda válido.

Anônimo disse...

parabens barneschi!!!!!