26 fevereiro 2009

Novos tempos no ABC


Conforto é o caralho! Eu quero mais é ver o jogo em pé e por entre as frestas do alambrado do Anacleto...

Acompanhar o Palmeiras no Anacleto Campanella já foi motivo de muita preocupação. Era um tempo em que só perdíamos no ABC, normalmente sem fazer gols. Vivíamos de um triunfo solitário, em 2003, um jogo decisivo pelo Paulistão, com dois gols de Thiago Gentil.

Eis que chegou o dia 25 de fevereiro de 2007 e o Palmeiras arrancou um 2 a 1 de virada, sob uma tempestade infindável. Parecia ali que tínhamos enfim superado a maldição do Anacleto. A certeza ficou mais evidente ontem, exatos dois anos depois, em especial porque caiu outro tabu: o ABC presenciou uma situação inédita, um jogo de bom nível e com muitos gols entre São Caetano e Palmeiras.

Acreditem: trata-se de uma raridade. Jogos no Anacleto sempre foram marcados por partidas arrastadas e modorrentas, na base do 1 a 0 para o Azulinho, e pelo tempo nublado ou chuvoso. E ontem, vejam só, ameaçou chover, mas fomos poupados. Afinal, já bastavam o obsceno horário das 21h50 e a arquibancada a extorsivos R$ 40.

É DIA 8!

***

ELES VIRAM O JOGO?

Da Folha de hoje, sobre o empate do Grêmio no Olímpico:

"
Em Porto Alegre, a estreia do Grêmio no Grupo 7 teve poucos lances emocionantes e o placar final, 0 a 0 com a Universidad de Chile, acabou sendo justo.”

“Poucos lances emocionantes”? Resultado justo?

Meus caros, vejam aqui os melhores lances do jogo:



É brincadeira, né?

24 fevereiro 2009

Vá ao estádio!



Flavio Prado já foi um cronista esportivo de respeito. Corriam os anos 90, tempos gloriosos da Jovem Pan AM, e a ele faziam companhia o imortal José Silvério e um Milton Neves que era então apenas um radialista em rápida – e merecida – ascensão. O tempo passou, Silvério e Neves foram para a Bandeirantes, e Prado estacionou.

Pior: caducou. A ponto de se tornar hoje um panfletário que não se cansa de repetir o mesmo bordão: “Não vá ao estádio”. Prado, que não vai aos campos já há anos, põe a culpa na violência e fica comentando jogos às quartas e domingos não com a visão que se tem a partir da cabine de transmissão, mas com base na imagem pasteurizada da TV em algum estúdio com ar-condicionado.

Trocou o estádio pelo estúdio, e a coisa vem se agravando dia após dia. De uns tempos para cá, Prado deixou de apenas culpar os “vândalos” e “bandidos” das torcidas organizadas. Agora ele ataca qualquer um que compareça a um estádio de futebol, mesmo o dito "torcedor comum". São rotineiras frases como “O cara que vai ao estádio na quarta-feira às 22h é bandido, vagabundo ou idiota”.

Sim, Prado diz isso no ar, seja na Jovem Pan, seja na TV Gazeta. E o faz naquele tom raivoso que caracteriza seu comportamento recente. É um jornalismo panfletário, coisa da pior qualidade.

Acontece que o fato de fazer tudo do estúdio já há longos anos torna o comentarista da Jovem Pan inapto para fazer qualquer recomendação, em especial porque ele já não sabe mais – se é que soube algum dia – como são as coisas nas imediações de uma praça esportiva.

Prado sofre de um problema inerente a grande parte dos principais formadores de opinião na nossa imprensa esportiva: ele comenta futebol sem ir a estádios.

É assim com alguns de seus companheiros de bancada. É assim com Juca Kfouri (que prefere ficar com a bunda no sofá vendo cinco jogos ao mesmo tempo sem perceber que não consegue assistir a nenhum por completo). É assim com Milton Neves, hoje mais um animador de auditório que jornalista.

É assim com qualquer desses apresentadores de telejornais e programas esportivos ou de variedades. É assim com grande parte dos editores de jornais impressos, revistas e portais de internet, logo aqueles a quem compete impor uma linha editorial para seus veículos. É assim, em suma, com os que têm poder de formar a opinião pública.

Eles todos não vão a estádios. Não conhecem as dificuldades para se comprar um ingresso, não entendem as dificuldades de acesso, não sofrem com os horários inadequados, tampouco com o horário vagabundo para venda dos ingressos. E nunca devem ter visto uma briga ao vivo. Falam, portanto, sobre algo que desconhecem.

E eis então que a Folha de S.Paulo do último domingo, 22 de fevereiro, trouxe um artigo de Paulo Vinicius Coelho sobre o assunto. Está aqui, com o título “Os bandidos estão vencendo”.

Informo que tenho lá minhas divergências com PVC. Mas o respeito, e isso nada tem a ver com seu time de coração, mas com o fato de ele freqüentar estádios de futebol mesmo com as tantas atividades que acumula. Discordo também de alguns pontos da coluna em questão, mas aceito as opiniões do jornalista e me sinto à vontade para destacar três pontos:


1. PVC diz que muita gente abandona os estádios, menos nós, os torcedores organizados. É verdade; já estive em jogos com 1.200 pagantes, e a grande maioria era da Mancha. O mesmo vale para um Palmeiras x SPFC no Morumbi com 1.300 torcedores: eram duas aglomerações bem definidas, uma de cada lado - e só.


2. Ele ressalta que não é possível eliminar a violência sem entender do assunto. E é, vejam só, exatamente o que acontece agora, pois colocaram na história um promotor, o tal Hossepian, que assume não ir a estádios. Bizarro.

3. Por fim, o colunista apresenta um belo argumento para relativizar a violência que alguns imaginam existir em um estádio de futebol. E é com ele que eu fecho o post:“Não, não vou dizer para você ir ou levar seu filho ao estádio. Digo apenas que eu vou.
Num sábado de sol, há um ano e meio, meu filho de sete anos e eu fomos a uma festa de aniversário. Ao descer do carro e colocar meu filho no ombro, senti um revólver na barriga e um homem estranho me segurando pelas costas.
Era um assalto em plena luz do dia.
Continuo pagando impostos e cobrando segurança. Nunca vou deixar de ir a festas de aniversário.”


***

E é também por isso que nos vemos amanhã à noite lá no ABC.


20h30 ali nas imediações do Anacleto...

19 fevereiro 2009

Blindagem garantida

A julgar pela blindagem orquestrada pela imprensa esportiva, o SPFC nem precisaria de assessoria de imprensa para evitar desgastes à sua imagem depois da confusão do último domingo. Há exceções pontuais e até surpreendentes (a FSP chegou a usar a expressão "Barril de Pólvora"), mas os esforços buscam quase sempre "tirar da reta" o estádio que o SPFC espera ver como sede da agourenta Copa-2014. No entanto, infelizmente não é só isso que está em jogo.

Eu ouvi e li tanta besteira nos últimos dias que nem saberia como ordenar as idéias todas e montar um texto decente com início, meio e fim. Assim sendo, vou jogando as coisas sem ordenamento lógico, pois o tempo é curto e os oportunistas não têm limites.

Comecemos pelo inimigo que está em evidência:

Paulo Castilho, o promotor, teve o que queria. Deu até coletiva, e tudo o que soube fazer foi disparar impropérios contra o torcedor de futebol (e não apenas o organizado). Por sinal, é curioso notar como se deu a ascensão de Castilho, o aprendiz de Capez. O cara surgiu faz três ou quatro anos, se tanto. Despontou após um Palmeiras x Santos no Palestra Itália e veio com uma pauta bem definida: atacar o nosso estádio. Castilho tem o mérito de ser coerente, pois manteve a ofensiva contra a nossa casa antes da semifinal de 2008 contra o SPFC, dias depois de deixar o estádio do Morumbi carregando uma sacola com produtos adquiridos na loja oficial do mandante. Depois fez o que fez na final do ano passado. Voltou no final do de 2008 pedindo a extinção da Mancha Verde. Na seqüência, obrigou a torcida em questão a deixar sua sede na rua Turiassu. E agora é o artífice de um ataque frontal não contra a Mancha ou qualquer torcida organizada, mas contra o torcedor de futebol neste país.

O promotor, vejam os senhores, está propondo a redução da carga de ingressos para torcidas visitantes dos atuais 10% para 5%. E ele faz isso valendo-se de uma confusão ocasionada pelos próprios mandantes, e logo na semana seguinte à desastrada tentativa de cercear a presença de torcedores do rival em um clássico que sempre foi marcado pela divisão igualitária de ingressos. A quem pode interessar tal medida?


Fato é que tudo é muito bem orquestrado, e este blog voltará ao tema "torcida única" nos próximos dias.

Por ora, vejam como Castilho e seus cúmplices derrapam na própria incoerência:

Abril de 2008. Palmeiras x SPFC no Palestra. Inconformados por terem de visitar a nossa casa, os são-paulinos jogam a culpa no Palmeiras pelo mal explicado caso do gás no vestiário. Alegação: “Cabe ao mandante garantir a segurança e prevenir distúrbios em sua praça esportiva”. Ou algo nessa linha.

Fevereiro de 2009. SPFC x SCCP no Morumbi. Os fatos estão aí: muro improvisado, bomba atirada do estacionamento, torcedores esmagados, polícia despreparada. Tudo depois de um cenário de caos criado pela própria direção do clube mandante. Mas aí não “cabe garantir a segurança e prevenir distúrbios em sua praça esportiva”?

Não, aí não vale.

E o problema não é tanto a incoerência, mas sim o fato de a imprensa amplificar o discurso oportunista. É assim que agem os veículos de comunicação, logo eles que deveriam fiscalizar e investigar um fato tão grave como o deste final de semana. Não, não se trata de preguiça. É má intenção mesmo.

Notem que o Palmeiras foi condenado antes de qualquer coisa, permanecendo assim mesmo diante de laudos técnicos e das seguidas evidências de que o gás teria partido de dentro do próprio vestiário do SPFC. A condenação, que nos levou inclusive à perda de um mando de campo, foi quase unânime.

E são logo esses sujeitos os que se prontificam a absolver o SPFC em situação bastante mais grave. Sim, é sempre mais fácil colocar a culpa nos "bandidos" das torcidas organizadas.

Mas é bom ficarmos atentos, pois há outros tantos inimigos. Há, por exemplo, um velho conhecido nosso, o senhor Marco Polo Del Nero. Vejam que agora, depois de levar Palmeiras x SCCP para Prudente de maneira arbitrária e de não contestar o mando do SPFC, ele vem agora com o papinho furado de que vai conversar com os clubes para decidir onde será o clássico do dia 29/03. Quero só ver...

Encerro aqui, pois as idéias se misturam demais. O jeito é tratar de cada coisa a seu tempo, e é assim que as coisas caminham.

Dia 29/03 chega logo mais, e será a nossa vez de visitar o Morumbi. E eu faço questão apenas de ser tratado como o inimigo! Aqui é Palestra!

17 fevereiro 2009

O vacilo que custa caro

Boca Juniors/ARG. Grupo 2. Adversários: Deportivo Táchira/VEN, Deportivo Cuenca/EQU e Guaraní/PAR.

Grêmio/BRA. Grupo 7. Adversários: Boyacá Chicó/COL, Universidad de Chile/CHI e Aurora/BOL.

San Lorenzo/ARG. Grupo 8. Adversários: Libertad/PAR, Universitário/PER e San Luis/MEX.

Grupo 6. Chivas/MEX, Lanús/ARG, Caracas/VEN e Everton/CHI.

Palmeiras. Grupo 1. Adversários: LDU/EQU, Colo Colo/CHI e Sport/BRA.

Como se vê, as disparidades são enormes na formação das chaves da Libertadores. Trata-se de uma constatação, tanto quando a de que o nosso grupo é o mais complicado de todos.


Perder no Equador para a LDU não chega a ser uma catástrofe, até porque eu visualizo a nossa classificação com 10 pontos, devidos a três vitórias em casa e um empate fora. A questão é: temos que arrancar mais um ponto na Ilha do Retiro ou em Santiago.

Sim, é claro que até nove pontos podem ser suficientes, mas aí precisamos abrir uma larga vantagem no saldo de gols.

O que se conclui disso tudo é que o problema não é perder para a LDU na estréia. O problema - e aqui chegamos ao terreno do inaceitável - foi a tenebrosa derrota sofrida para o Botafogo, no encerramento da temporada passada.

Enquanto o Cruzeiro deve passear pelo tranqüilo grupo 5, nós começamos agora a pagar o preço pelo vacilo
imperdoável do Madureira e de seus comandados.

***

É bom ver jogos de Libertadores com o espírito do torneio continental. Porrada pra todo lado, entradas criminosas, cotoveladas, o escambau. E segue o jogo...

15 fevereiro 2009

O Barril de Pólvora

Não faz um ano que o diário esportivo levou às bancas uma reportagem de capa criminosa, que criava factóides e transformava virtudes em problemas para tentar denegrir a nossa casa. A matéria era de uma precariedade enorme, e foi rebatida aqui.

Eis então que aconteceu toda a polêmica desta semana e, muito em conseqüência, a confusão pós-jogo. Eu não estava lá, evidente, e não posso acrescentar grande coisa, a não ser as colocações a seguir, baseadas em duas décadas de estádio, quase 600 jogos e bem mais de 100 clássicos na arquibancada:


1. Não se confia na PM. Eu já vi essa gente fazer absurdos sem tamanho, de tal modo que acredito mais na versão dos torcedores organizados – e faria isso mesmo se a envolvida fosse, digamos, a TTI. A questão toda é que a PM é despreparada (ou, por vezes, mal intencionada) para lidar com o público do futebol.

2. E não é que o tal de Marco Aurélio Cunha correu ao setor dos visitantes depois da confusão? Quase foi agredido, é evidente. Não é por nada, mas, como ainda não tomou a devida porrada, o sujeito agora resolveu se sentir super
-herói por qualquer coisa. Eles perderam a noção da realidade.

3. Sugiro aos editores do diário esportivo e às emissoras de TV que vasculhem seus arquivos atrás de reportagens ou imagens de brigas e confusões dentro ou nas imediações do estádio Palestra Itália. Faço isso porque sei que não existem ocorrências desse tipo na nossa casa. E é então que eu pergunto: que estádio desta capital merece com mais propriedade o título de Barril de Pólvora?

4. Por sinal, depois de tamanha polêmica ao longo desta semana, por que diabos o diário esportivo não publicou nenhuma reportagem na linha “O Barril de Pólvora”? Eis aqui um bom começo.


5. "Aqui, tudo funciona. E bem"? Ah, então tá...

***

*Destaco o relato do Craudio, testemunha da bandalheira criada pelos PMs. Não era preciso estar lá para saber o que aconteceu...
*É sempre bom voltar ao Pacaembu, como ontem. Só o que incomoda é a chuva que insiste em cair em todos os nossos jogos. Por sinal, a pedido da Portuguesa, o clássico de sábado deve ser transferido do Canindé para o Pacaembu. A confirmação deve sair amanhã.

13 fevereiro 2009

Por que disfarçar?

O que os senhores vêem abaixo, caros leitores, parece ser a capa da revista oficial do SPFC. Mas só parece. Na verdade, esta é a capa da edição 4 da revista FUT!, que é, vejam só, uma publicação do grupo Lance!:



Vejam. Leiam. Contemplem. Prestem atenção à frase que resume tudo o que eles tentam transmitir dia após dia: “Aqui, tudo funciona. E bem”. Notem que não há qualquer preocupação em disfarçar nada. Tanto não há que eles utilizam sem medo o advérbio “aqui”. Não é “lá”. É “aqui”. Parece que eles perderam a vergonha na cara.

É qualquer coisa, menos jornalismo. É manipulação barata, a mesma que esse blog denuncia com tanta veemência. E por menos jornalismo que seja, é curioso que tal aberração tenha chegado ao meu conhecimento por meio do Jornalistas&Cia., um boletim semanal enviado para assessorias de imprensa, agências de comunicação e que tais. E o texto que apresenta a revista é um primor:

A revista Fut (Grupo Lance) de março chegará às bancas nesta 5ª.feira (12/2) com uma grande reportagem de capa sobre o São Paulo FC. Até aí, nenhuma novidade. Mas, segundo o editor-chefe Klester Cavalcanti, o diferencial dessa matéria é que ela não tem foco no futebol como esporte: “É uma reportagem que poderia estar na capa de uma revista semanal como Veja ou Época ou de uma revista de economia e negócios como Exame. Ela mostra, em 12 páginas, tudo o que faz do São Paulo o clube mais vitorioso e mais bem estruturado do Brasil”. Klester diz que a matéria faz um Raio X detalhado de todos os pontos altos do clube: comissão técnica, modelo de gestão, marketing, estrutura, negócios e, claro, o talento dos jogadores, com números, gráficos, tabelas e entrevistas. “A capa mostra os três pilares do sucesso do São Paulo: jogadores (representados pelo Rogério Ceni), comissão técnica (liderada pelo Muricy Ramalho) e administração (comandada pelo Juvenal Juvêncio)”, arremata Klester.
Sim, foi isso que vocês leram: a matéria "não tem foco no futebol como esporte". E o resto fala por si só, com a ressalva de que eles se esqueceram de dizer que o diário esportivo é um dos principais anunciantes do clube do Morumbi - ou seria o contrário?

Eu encerro por aqui. Como eu gosto de "futebol como esporte", fico de encontrar os senhores amanhã, primeiro no clube e depois no Pacaembu, o estádio que é a cara desta metrópole.

11 fevereiro 2009

O clássico em Prudente: outra visão

Em nome da pluralidade de opiniões e de modo a expressar minha concordância com os argumentos do Raphaello, deixo aqui o link para o post “Alma não se compra”, que analisa sob outro ponto de vista a transferência de Palmeiras x SCCP para Presidente Prudente. Não significa um recuo na minha revolta da última semana, e eu faço questão de reiterar todas as ofensas dirigidas ao senhor Marco Polo Del Nero, pois a decisão dele é inaceitável. Mas é inegável que procedem os argumentos apresentados pelo editor do Cruz de Savóia, o que me leva a endossar a sua conclusão: chegou a hora de reparar o erro histórico cometido em 1938.

10 fevereiro 2009

Sobre elitização e cultura

Torero floreia aqui menos que o habitual e peca por uma abordagem superficial e um tanto equivocada do que deveria ser o ponto central da sua crônica de hoje. Ainda assim, a temática justifica a leitura.

***

Porra, começa agora no Sportv a transmissão, live from Cochabamba, de Aurora/BOL x Boyacá Chicó/COL. Sim, brasileiro gosta demais de futebol, mas isso já um pouco demais...

09 fevereiro 2009

Volta, Felipão!


Felipão,

Eu sei que você não volta, ao menos não agora. Mas hoje é um dia glorioso para a sua carreira, e é justo mostrar o quanto você é idolatrado por aqui.

Parece estranho dizer isso, mas é provável que você agora já tenha se dado conta do erro que cometeu ao ir para o Chelsea. Foi o grande deslize da sua carreira, diga-se, mais até do que quando dirigiu aquele desvirtuado time das Minas Gerais. A essa altura do campeonato, eu imagino, você já deve ter percebido que o time londrino se ressente exatamente de algo que é a sua maior virtude: alma.

Ser demitido do Chelsea é uma honra.

Seja bem-vindo de volta ao futebol!

08 fevereiro 2009

Tá dando gosto...


Alguém aí acha que esta criatura tentou pegar a bola?

Falar do time - e de jogadores - não é muito a praia deste blog, mas hoje não dá para fugir do assunto. Já são sete vitórias em sete jogos, 21 gols a favor e apenas quatro contra, com a liderança do campeonato nas nossas mãos mesmo com um jogo a menos. Com isso tudo, a goleada de hoje ficou até de bom tamanho para o Santos, que não triunfa contra o Palestra já há sete jogos.

E vejam que eu nem gosto muito daquilo que chamam de futebol bonito, mas dá gosto acompanhar esse time rápido e envolvente, especialmente porque a qualidade técnica se presta não a firulas idiotas, mas sim para chegar ao gol o quanto antes.

E tudo fica melhor com um cenário como o de hoje: casa cheia, festa e a chuva que caiu na medida exata. "Deixa chover, deixa molhar..."
***


*Crédito da foto: Tom Dib, do Lance!

07 fevereiro 2009

O BR-09

Saiu a tabela provisória (ainda sem as datas e horários exatos) do Campeonato Brasileiro-2009. Já dá para programar férias, caravanas e viagens pelo Brasil. De modo geral, gostei da nossa tabela, com a ressalva de que Flamengo x Palmeiras caiu em uma quarta-feira à noite. Pena. Seguem os jogos de maio até o final do ano:
10.05 dom. Palmeiras x Coritiba/PR – Palestra
17.05 dom. Internacional/RS x Palmeiras – Beira-Rio
24.05 dom. Palmeiras x SPFC/SP – Palestra
31.05 dom. Barueri/SP x Palmeiras – Arena Barueri
07.06 dom. Palmeiras x Vitória/BA – Palestra
14.06 dom. Palmeiras x Cruzeiro/MG – Palestra
21.06 dom. Atlético/PR x Palmeiras – Arena da Baixada
28.06 dom. Palmeiras x Santos/SP – Palestra
05.07 dom. Avaí/SC x Palmeiras – Ressacada
12.07 dom. Palmeiras x Náutico/PE – Palestra
15.07 qua. Flamengo/RJ x Palmeiras – Maracanã
19.07 dom. Palmeiras x Santo André/SP – Palestra
22.07 qua. Goiás/GO x Palmeiras – Serra Dourada
26.07 dom. SCCP/SP x Palmeiras – Morumbi
29.07 qua. Palmeiras x Fluminense/RJ – Palestra
02.08 dom. Sport/PE x Palmeiras – Ilha do Retiro
05.08 qua. Palmeiras x Grêmio/RS – Palestra
09.08 dom. Atlético/MG x Palmeiras – Mineirão
16.08 dom. Palmeiras x Botafogo/RJ - Palestra

19.08 qua. Coritiba/PR x Palmeiras – Couto Pereira
23.08 dom. Palmeiras x Internacional/RS – Palestra
30.08 dom. SPFC/SP x Palmeiras – Morumbi
05.09 sáb. Palmeiras x Barueri/SP – Palestra
13.09 dom. Vitória/BA x Palmeiras - Barradão
20.09 dom. Cruzeiro/MG x Palmeiras – Mineirão
27.09 dom. Palmeiras x Atlético/PR – Palestra
04.10 dom. Santos/SP x Palmeiras – Vila Belmiro
07.10 qua. Palmeiras x Avaí/SC - Palestra
10.10 sáb. Náutico/PE x Palmeiras – Aflitos
18.10 dom. Palmeiras x Flamengo/RJ - Palestra
25.10 dom. Santo André/SP x Palmeiras – Bruno José Daniel
28.10 qua. Palmeiras x Goiás/GO – Palestra
01.11 dom. Palmeiras x SCCP/SP – Palestra
08.11 dom. Fluminense/RJ x Palmeiras – Maracanã
15.11 dom. Palmeiras x Sport/PE – Palestra
22.11 dom. Grêmio/RS x Palmeiras – Olímpico
29.11 dom. Palmeiras x Atlético/MG – Palestra
06.12 dom. Botafogo/RJ x Palmeiras - Engenhão

05 fevereiro 2009

Alimentando o monstro

Direto e reto:

Leiam
aqui (ou dois posts abaixo, tanto faz) o que eu escrevi sobre o caso Muricy x imprensa.

E vejam agora o que traz o nosso amigo do
Painel FC:

"Original. A diretoria do São Paulo não vê motivo para a imprensa reclamar de Muricy Ramalho ter sido rude com repórter da ESPN Brasil no domingo. Alega que o técnico sempre foi elogiado por jornalistas pela sua autenticidade."

04 fevereiro 2009

O esporte que vendeu sua alma (2)

Imagino que os leitores deste blog não tenham o costume de ler o caderno Mais, suplemento dominical da FSP que não chega a ser exatamente popular. Mas ele costuma trazer bons ensaios, um dos quais saiu na edição do último domingo. O texto da Folha (aqui, só para assinantes) é uma versão editada do que foi publicado originalmente no London Review of Books (aqui).

Recomendo a leitura dos dois para retomar um pouco a discussão que teve início em pelo menos dois posts do início de 2008 (aqui e aqui). Sem me alongar muito, digo que fica mais fácil entender agora porque é que eu momentaneamente torço contra Felipão em sua empreitada no Reino Unido. Faço isso exatamente porque alguém como ele não pode dirigir um clube desprezível como este Chelsea.

E é por isso tudo também que eu lamento pela pivetada dos nossos dias, que se põe a vestir camisetas de Chelsea, Manchester, Inter, Milan, Barcelona, Real Madrid e outros mais como se vivêssemos não no Brasil, mas na Europa.

Enfim, os textos ficam aí para reflexão.

02 fevereiro 2009

Direto da fonte

É sabido que o estádio Moisés Lucarelli não oferece grandes confortos para o torcedor, mas há (ou deveria haver) um limite para tudo. Vejamos:

Domingo último, um sol criminoso insistia em castigar o público presente, e a temperatura girava na casa dos 35º C. Estava difícil conseguir água já do lado de fora, pois os imbecis que se pautam pelo “Estatuto do Torcedor” resolveram proibir o comércio de bebidas e alimentos nas imediações do estádio.

Até havia água lá dentro, a extorsivos R$ 2 o copo, mas só no primeiro tempo. Não demorou muito e logo não havia mais água no estádio, a não ser aquele filete que sai das nada confiáveis torneiras do banheiro – todo torcedor deveria conhecer essa parte do Moisés Lucarelli para deixar de reclamar à toa.

Fato é que a água terminou ainda na etapa inicial. Eis então que, lá pela metade do segundo tempo, o tiozinho da água surge lá embaixo, vindo das sociais. Ele se aproxima do nosso setor com o tabuleiro cheio dos tais copos descartáveis. Eu, já com o dinheiro em mãos, faço a pergunta obrigatória:

“Tá gelada?”

E o tiozinho:

“Que nada... mais quente que o sol”.

Ok. Eu já desisti ali. Mas então olhei para os copos e notei que todos tinham a mesma característica: um belo de um furo no rótulo.

Ou seja, percebendo que não havia mais água e que as pessoas tinham sede, o tiozinho deve ter coletado os copos usados pelo chão e, após enchê-los com água da torneira, fez um lacre safado. Aí, imagino eu, abriu um buraco em todos eles, o que ao menos simulava certa padronização e permitia aos incautos torcedores beber água (quente) sem rasgar o lacre improvisado.

É claro que eu não poderia deixar quieto:

“Olha, você vende a água já aberta?”

E o tiozinho, com olhar enviesado, mandou:


“É proibido vender água fechada no estádio...”

Ah sim...

01 fevereiro 2009

Coisas do futebol

Chega a ser impressionante que eu ainda me surpreenda com o futebol, mesmo com tantos e tantos anos de arquibancada nas costas. Mas acontece que um domingo como este que chega ao fim agora é daqueles dias que se mostram capazes de renovar muito do que o futebol representa para mim.

Vejam vocês que tudo conspirava para eu ficar em casa. Sol dos infernos, 35º C à sombra, dia bonito. Melhor seria ficar na piscina do clube, mas mesmo isso seria difícil, pois eu acordei naqueles dias de ressaca sem ter bebido nada na noite anterior. O inteligente então seria ficar em casa, deitado e repousando, e qualquer pessoa com bom senso faria isso. Não é o meu caso, e lá se vão 10 anos desde o último jogo perdido sem uma razão claramente proibitiva.


Qualquer pessoa com bom senso, diga-se, teria desistido de ir a Campinas muito tempo atrás, pois não dava para esperar grande coisa do nosso time reserva. Mas o bom senso que eu tenho para quase tudo na vida não sobrevive quando é contraposto ao Palmeiras. E aí, mesmo cambaleando e com dificuldades para ficar em pé, lá fui eu, acompanhado de outros amigos que têm a mesma doença.

Viajei no banco de trás do carro, deitado e tomando aquele sol horrível na cabeça. Não apenas na ida, mas também na volta, pois ele não deu trégua. Passei grande parte do jogo sentado, pois não tinha forças nem para ficar em pé, como se preza a qualquer torcedor.

As dificuldades são muitas: a distância do carro ao estádio, o calor, o cheiro insuportável deixado pelos cavalos da PM, as acomodações inadequadas lá dentro, a falta de água e alimentação decente. Estar ali na condição em que eu estava não foi nada inteligente e eu confesso que o desconforto me levou a questionar algumas vezes a validade de tamanho esforço.

Mas então acontece aquilo tudo. Três gols de Lenny, um deles nos minutos finais, e a vitória do nosso time reserva no campo de um adversário sempre complicado. É daquelas coisas que só o futebol pode proporcionar. E então até a fraqueza deixa de ser notada, pois é logo substituída por aquele sentimento único de ir ao estádio e participar da vitória do seu time na casa do rival.

Tem gente por aí que passa a vida toda sem vivenciar essa emoção. A maioria não entende o porquê de toda a nossa dedicação e alguns, pobres coitados, ainda fazem pouco disso. Eu já escrevi antes sobre esse tipo de gente, e não cabe voltar ao assunto. O importante mesmo é perceber que um dia como o de hoje permite renovar um pouco mais todo esse amor que eu sinto pelo futebol.

***


Há, em lugar de destaque no lado externo do Moisés Lucarelli, um enorme quadro com o "Estatuto do Torcedor". Tem toda a pompa, por mais que o cenário ali do lado externo do estádio da Ponte seja menos agradável a cada vez que voltamos lá. E é no mínimo curiosa a ostentação do tal estatuto quando se observa a situação à que foi submetido o palmeirense da capital que esperava ir ao interior. Basta dizer, vejam só, que os ingressos foram vendidos apenas até o meio-dia de ontem e somente em Campinas, segundo o anúncio oficial. Das duas, uma: ou o sujeito chegava lá antes desse horário, o que o levaria a perder todo o seu domingo, ou ele financiaria a máfia dos cambistas. Muito inteligente...