30 setembro 2008

Líder por acaso

Alguns blogs da Mídia Palestrina (cito o Cruz de Savóia, do Raphaello, e o blog do outro irmão Falavigna, o André) já deram conta de mostrar como a imprensa retratou a recém-conquistada liderança alviverde. Do jornaleco esportivo à FSP, passando por Estadão e tantos outros, são duas as mensagens: 1. O Palmeiras não chegou ao primeiro lugar por seus 50 pontos e 15 vitórias, mas porque o Inter/RS julgou que deveria ser assim; e 2. O time do Morumbi entrou de vez na briga. Ok, é verdadeira a segunda afirmação, e eu mesmo nunca descartei tal hipótese, mas a campanha midiática bem que poderia ser mais discreta.

O festival de canalhices prossegue hoje. A FSP, por exemplo, faz um enorme exercício numérico para tentar empurrar a tese de que o BR-2008 tem um líder indigno, quase que por acaso. Vejamos alguns trechos:

“Com o desempenho que o levou até o topo da tabela – está empatado com o Grêmio com 50 pontos, mas tem uma vitória a mais (15 a 14) –, o clube alviverde seria vice-campeão nos dois últimos anos e terceiro colocado nas três primeiras edições dos pontos corridos”.

O recado é claro, não acham? E eu aproveito para perguntar: percebem agora, amigos, como fazem diferença todos aqueles 12 pontos que o SPFC ganhou de presente da arbitragem no último ano? Percebem? Confiram AQUI a relação dos 12 pontos de 2007, quando os juízes erraram sempre para o mesmo lado.

A matéria da FSP aponta o porquê de termos chegado ao topo:

“A equipe gaúcha, responsável por colocar o Palmeiras na liderança após golear o Grêmio por 4 a 1...”
Pois bem, a frase acima está de acordo com o próprio título da matéria, um bizarro “Matemática desafia liderança do Palmeiras”.

Como é que é? Além de Grêmio, SPFC, Cruzeiro, Flamengo, STJD e de toda a mídia esportiva, até a matemática está contra nós? Porra, quem mais se habilita?

E eis então que chegamos ao clímax, justamente os dois primeiros parágrafos da reportagem (???). Vejamos:

“O Palmeiras alcançou a liderança do Brasileiro tendo conquistado 61,7% dos pontos que disputou em 27 rodadas. Com esse desempenho, porém, o time não ficaria com a taça em nenhuma das edições anteriores dos pontos corridos.”

E então vem o complemento:

“Nos dois anos anteriores, quando o formato atual da competição passou a ser adotado, com 20 clubes, o São Paulo faturou o bicampeonato com aproveitamentos de 68,4%, em 2006, e 67,5%, no ano passado”.
Ah, que beleza. Já que o líder atual é assim tão indigno, parece mais justo entregar logo a taça para o SPFC, que fez por merecer com a arrebatadora campanha de 2007. E fica tudo resolvido.

29 setembro 2008

Guerra fria

Preparem-se, palestrinos! A liderança é verde, mas a imprensa esportiva já está a exaltar a aproximação do SPFC. JK, por exemplo, se vangloria das previsões feitas na semana anterior e tropeça nas argumentações raivosas contra o Madureira. Não é tanto este o problema, pois é justo considerar as chances do nosso inimigo da zona sul – que terá uma tabela bastante mais amigável pela frente. A questão toda é que começou desde a semana passada a guerra fria contra o Palestra – o time e o estádio. E ela será implacável até o próximo 19 de outubro, quando a nossa casa volta a receber o SPFC.

Notinhas maldosas, denúncias vazias, as palhaçadas do STJD, provocações, insinuações, declarações de dirigentes, reportagens desinformadas ou descaradamente mal intencionadas: é bom estarmos preparados para isso tudo e muito mais. O perigo está não dentro de campo, mas fora dele, nas manobras de bastidores e na campanha midiática em favor dos caras e contra o nosso estádio.

Eis o lado bom: já que ninguém consegue matar de vez esse time-de-uma-jogada-só, nada mais justo que resolvermos a parada no confronto direto. Será quase uma final, um verdadeiro alívio para este sistema
de pontos corridos. As ameaças externas justificam todo e qualquer cuidado, é fato, mas o que realmente importa é que a parada será decidida na nossa casa, 11 contra 11 lá dentro e milhares do lado de fora.

26 setembro 2008

Em casa!

Do site oficial da CBF:


Demorou, mas veio a confirmação oficial - e mais absurdo é que um direito líquido e certo seja comemorado. Já podemos começar a preparar mais uma recepção à altura para o inimigo da zona sul.

24 setembro 2008

Grave, muito grave

Jornalista, até onde eu sei, não deve virar notícia. Milton Neves, um grande jornalista na década passada, não pensa assim. E aparece como notícia em tudo quanto é lugar, quase sempre no embalo das infantis polêmicas criadas em seu programa de TV – na rádio, felizmente, é outra história. Vejamos a mais recente presepada:

O jornalista Milton Neves foi entrevistado pelo Zero Hora. Não por algum mérito próprio, mas simplesmente porque faz questão de aparecer. Não contente, ainda reproduziu o conteúdo em seu blog. Eis aqui a reportagem e abaixo o trecho de maior destaque:
ZH – A diretoria do Grêmio critica o STJD por não ter punido Diego Souza, do Palmeiras, por um cotovelaço em Fabrício, do Cruzeiro. Está certa?
MN – É bom falar nisso. A direção precisa saber que Diego Souza será indiciado e suspenso por Paulo Schmitt (procurador-geral do STJD) por causa do meu programa. Botei 12 vezes a imagem da agressão. Quando ele for suspenso, quero ver o que irão falar.

O que temos é de uma gravidade enorme. Em uma só resposta, Neves julga (ao falar em “a imagem da agressão”), antecipa o resultado da sessão do STJD (“... será indiciado e suspenso...”) e credita isso tudo ao seu showzinho de todo domingo à noite (“... por causa do meu programa”.). E demonstra muita proximidade com o tal Schmitt, o procurador que deveria procurar o que fazer da vida.

É grave, muito grave, em especial porque Neves acaba por inserir o seu nome como protagonista do espetáculo, à medida que se diz capaz de influenciar a decisão de um tribunal que se diz soberano. E demonstra todo o seu apego ao sensacionalismo barato (“Botei 12 vezes a imagem da agressão”, dispara.).

O futebol brasileiro vai de mal a pior.

***

*Crédito para o Caio Filardi, que deixou o link nos comentários do post anterior.

22 setembro 2008

Carta aos chorões

Caros gremistas,

Eu não entendo vocês. Ao mesmo tempo em que se dizem orgulhosos da(s) história(s) que construíram, apelam tão facilmente à choradeira ao menor sinal de perigo. É estranho, pois as conquistas gremistas foram forjadas à custa de muita luta. “Não está morto quem peleia”, não é assim? Bonito, e eu até admiro a visão gaúcha de mundo, mas vocês estão se contradizendo por muito pouco. A coisa beira o desespero em alguns episódios recentes, aqueles que incluem reclamações (infundadas) contra a arbitragem, críticas à imprensa dita parcial de SP e clamor pela suspensão do nosso camisa 7. Seria isso tudo medo do fator Celso Roth?

Como a internet traz o registro das reclamações feitas aí no Sul, vou poupar os leitores deste blog de tamanho chororô. Feita a ressalva de que o Rafael Evangelista já fez uma análise bastante precisa lá no
Observatório Verde, deixo aqui breves considerações, que talvez sejam úteis para que vocês parem de pisar nos próprios ideais.

1. Arbitragem
Podem ficar tranqüilos, tricolores gaúchos: não há, entre os grandes deste país, clube mais prejudicado do que o Palmeiras. Quer dizer, até há. Mas eu garanto que, depois do historicamente roubado Atlético/MG, ninguém é tão vítima dos homens do apito como nós. Ninguém. E vocês, por sinal, já tiveram neste Brasileirão duas vitórias por 1 a 0 (Ipatinga e SPFC) que podem ser creditadas a erros clamorosos da arbitragem. Portanto, o silêncio cairia bem.
2. Imprensa parcial?Um ex-jogador do SPFC que hoje defende o Grêmio veio dizer que “o sonho da imprensa paulista é colocar o Palmeiras na liderança”. Pois bem, além de não ter esse poder, posso garantir que a mídia paulista jamais “lutaria” pelo alviverde da capital. E eu nem vou culpar o atleta, porque ele deve ainda estar acostumado aos tempos de Morumbi, onde tudo é planejado, até mesmo a
benevolência da imprensa. Há exemplos vários por aí, mas eu deixo aqui dois links, ambos do OV: enquanto o primeiro pauta-se em um revelador levantamento que compara notícias de Palmeiras e SPFC em determinado site de esportes, o segundo é uma verdadeira pérola do jornalismo esportivo.

Conscientes, politizados e inteligentes que são, vocês devem saber que não há mídia mais parcial que a gaúcha. Pouco nos afeta, mas é sempre bom, com o devido crédito ao
Coisa Verde, relembrar como se comportam os sérios jornalistas do RS:

3. Diego Souza no tribunal?
Quem diria que logo o Grêmio, defensor máximo do futebol-força, pediria a suspensão de um jogador de outro clube em um lance que nem falta foi. Logo vocês, gremistas, que idolatram craques como Dinho e Sandro Goiano. Logo o guerreiro Grêmio, vejam só. Vocês são melhores que isso.


O futebol, como vocês, gaúchos, defendem, é uma disputa de contato, dura e viril. É como eu penso também. Fica estranho, portanto, que logo vocês assumam essa atitude oportunista. O que pensará disso tudo o bom e velho Dinho? E o que pensará o autor desse texto aqui, que exalta "a glória de ter travado batalhas em campo, de ter erguido a taça não com papel laminado voando em volta, mas com sangue escorrendo pela testa." O que pensará De León?

Não percam a honra por tão pouco.
Vocês ainda estão na frente e é mais digno lutar e resolver tudo dentro de campo. A oportunidade está por vir e, como vocês gostam de dizer, não está morto quem peleia.

São Marcos, 400


Ontem, ao caminhar pelos jardins do Palestra e passar pelos bustos que homenageiam três grandes ídolos da nossa história, comecei a pensar nas adaptações que serão necessárias para erguer uma quarta estátua, a que vai eternizar o grande São Marcos. Fiz até projeções do local em que deve ficar o busto antes de seguir para a arquibancada, de onde acompanhei mais uma tarde inspirada do nosso goleiro.

É bom tê-lo em campo. É bom olhar para a nossa meta e sentir a segurança de quem tem São Marcos como guardião. E é bom ver a nossa camisa 1 (ou 12 agora) sendo honrada por um jogador que é modelo de conduta e que ama o Palmeiras tanto quanto nós.

E é bom, no meu caso em particular, ter o privilégio de poder assistir a cerca de 300 desses 400 jogos – pois é, escaparam aqueles jogos no Norte, no Sul, no Nordeste e fora do país. Muito bom crescer como torcedor na era São Marcos.

Vida longa a São Marcos!

***

E vida longa a Edmundo, outro ídolo eterno, que mais uma vez teve seu nome cantado e exaltado em um Palestra Itália que é também a sua casa. Valeu, Animal!

20 setembro 2008

Arrancada Heróica, 66



O 20 de setembro de 1942 deve ser comemorado pelo palestrino tanto quanto o 26 de agosto de 1914, se não mais. E a história deve ser passada de geração em geração, não necessariamente por estes blogs que cumprem missão tão importante, mas de pai para filho e então para o neto, como em toda família que se preza.

É preciso que os mais novos conheçam a história assim como nós. Ela deve ser transmitida sempre em sua essência, para que todo e qualquer palmeirense vivo conheça o inimigo que não faz questão de se esconder. E especialmente para que seja honrada a memória dos guerreiros palestrinos que construíram o capítulo mais glorioso dos nossos 94 anos.

Poucos têm uma história assim para contar. Poucos. E é justo manter este orgulho e sentir o doce sabor da vitória. O Palmeiras fica maior a cada 20 de setembro.

Sem mais, dois links essenciais para o dia de hoje:

Meu ódio será tua herança

O grande Raphaello voltou em grande estilo de suas férias forçadas. Mais um texto genial, a começar pelo título. Tomo a liberdade de assinar embaixo. Gostaria de ter escrito algo parecido. Obrigado.

Nasceu campeão
Jota Christianini, colaborador do TVV, nos presenteia com este texto belíssimo, já amplamente divulgado pela Mídia Palestrina.

Obrigado, Palestra!

18 setembro 2008

O tropeiro do Mineirão

Se você nunca foi ao Mineirão, ainda está em tempo de conhecê-lo na essência. Se não demorar, terá o prazer de chegar a um estádio de futebol e devorar um bem servido prato de feijão tropeiro. Nada da pipoca murcha do Palestra, do churro duro do Pacaembu ou do kibe do Morumbi; no Mineirão, serve-se um belo prato de comida. Melhor ainda: por módicos R$ 6 (era R$ 3 poucos anos atrás).

De quebra, você, nobre torcedor, pode ainda sentar-se em um banco de madeira, colocar o prato na mesa e mandar bala. Claro que a situação era melhor nos tempos em que a comida vinha em uma marmita de alumínio, mas mesmo agora, em um prato plástico, o tropeiro do Mineirão continua sendo uma iguaria imbatível para quem resolve se alimentar dentro de um estádio de futebol.

Por que estou dizendo isso?

Simples: porque o tropeiro do Mineirão tem seus dias contados. Acontece que o Magalhães Pinto também foi tomado pelo discurso ufanista da Copa-2014. Há placas alusivas ao fato dentro e fora do estádio e, pior, as pessoas falam disso com indisfarçável inocência.

Cito o exemplo de dois garotos que, assim como eu, entraram no gramado do Mineirão horas antes do jogo de domingo. Eram rapazes humildes, um atleticano e um cruzeirense, e ambos pareciam maravilhados com o fato de estarem dentro do campo. Pelo pouco que conversei com eles, não pareciam ter familiaridade com aquele ambiente – estavam ali apenas porque trabalhavam nos postos de vacinação contra a rubéola. Lá pelas tantas, um vira pro outro e pergunta: “Já imaginou estar aqui em 2014?”

Vi o sorriso no rosto dos dois e preferi não estragar a ilusão. Seria crueldade, e eles provavelmente não entenderiam o meu ceticismo.

Fato é que o Mineirão será sede da Copa, em que pesem todos os seus problemas estruturais – e são muitos. E aí eu me dei conta do seguinte: o tropeiro não resistirá.

Entre as muitas exigências do caderno de encargos de dona FIFA, certamente há restrições de ordem higiênica. Assim sendo, é certo que não permitirão a continuidade de um prato gorduroso como aquele, preparado em condições discutíveis e consumido em uma mesa velha, que solta fiapos de madeira. Não combina com o ambiente sonhado por essa gente.

Tropeiro a R$ 6? Carne de porco? Couve? Ovo? Feijão? Torresmo?

Que nada! Comida de pobre não terá espaço na Copa do Mundo. Dona FIFA há de conseguir algo melhor. Para combinar com o cenário elitista, virá um desses chefs estrelados. Aí nego inventa um prato idiota com carne de pato e algum molho agridoce ou à base de abacaxi e certamente haverá imbecis dispostos a pagar uma fortuna por isso.

Aproveitem enquanto é tempo, meus caros. O tropeiro do Mineirão logo fará parte de um passado indesejável e cultuado apenas por românticos como eu e mais alguns poucos.

***

Em nome da minha sanidade mental, tentarei não falar sobre o STJD ou sobre o procurador desocupado que uma vez mais vem encher o nosso saco. Vou aguardar o desenrolar dos fatos.

Vitória exagerada

Espero estar enganado, mas temo que a vitória de ontem possa prejudicar a caminhada alviverde no campeonato que realmente importa, o Brasileiro. Tanto a Sul-Americana não vale nada que fomos ontem apenas 2.747 pagantes – em mais de dois anos, é a primeira vez que o público fica abaixo dos 5 mil. Sim, há que se pesar o frio, o horário das 22h, o ingresso a R$ 30 e tudo mais, mas o principal é que ninguém dá a mínima para esta competição. Era melhor ter ficado ontem no 1 a 0 para seguir com a cabeça focada apenas no pentacampeonato nacional. Pena que o time do Vasco é tão fraco...

E Edmundo é sempre ídolo!

16 setembro 2008

Invasão de visitantes?

Eu felizmente estava bem longe daqui, mas parece que os flamenguistas conseguiram quase dividir o estádio do Morumbi com a torcida mandante. “Quase”, dirão os tricolores, sem compreender que o “quase” não absolve, mas condena. Como não estive aqui, tenho de me basear no que saiu na mídia. Vejamos o que diz a Folha de S.Paulo:

“Foram 29.325 pagantes, contra uma média de 12 mil no estádio em jogos são-paulinos no torneio. A torcida rubro-negra lotou seu espaço, de 10 mil lugares, e ainda tinha mais representantes em outros setores. Mas os são-paulinos foram maioria no estádio”.
Vejam só: “Mas os são-paulinos foram maioria no estádio”.

Mas?

O simples fato de um jornal admitir hipótese contrária – a maioria de visitantes – já evidencia o problema. E eu fico com ainda mais orgulho da minha torcida, que faz questão de sempre colocar ordem na nossa casa. Pena que a diretoria não vai pelo mesmo caminho.

***

Sobre amanhã à noite, no Palestra:

1. É canalha a postura da nossa diretoria, que insiste em manter o ingresso a R$ 30 mesmo para um jogo desinteressante como esse.

2. Quarta, 22h? Domingo, 18h10? A emissora de TV segue em campanha contra o torcedor no estádio!

3. Estarei no Palestra, é evidente, e torcerei pela vitória mínima. Acreditem: é melhor dizer adeus a essa porcaria o quanto antes para concentrar esforços no que realmente interessa. Boa sorte ao Vasco na Sul-americana e, depois de domingo, no Brasileirão.

15 setembro 2008

Mineirão, 0 a 1



Eu não consigo entender os cruzeirenses. Por que comparecem em número tão grande – e até fazem festa antes do jogo – se depois só sabem manter um silêncio que chega a ser constrangedor em um estádio de futebol? Repetiu-se ontem o que acontece em todas as partidas supostamente decisivas para os locais: o estádio fica cheio e a festa se insinua, mas tudo cai por terra ao som do apito inicial.

O Palmeiras teve ontem uma tarde de enorme superioridade, mais contundente do que acontece em muitas goleadas. Não vou entrar no mérito das discussões táticas, porque não é a preocupação deste blog e porque o torcedor de arquibancada (ou cadeira inferior, caso do Mineirão) normalmente fica impossibilitado de fazer análises do tipo. O que está em discussão, como sempre, é a alma.

Fato é que os torcedores do Cruzeiro fazem festa até fora do estádio, como na imensa e totalmente ocupada praça de alimentação do Mineirinho. Muita bebida e cantorias sem fim. O problema é que isso não se repete na arquibancada.

Inútil falar sobre o jogo, pois todos viram e já comentaram à exaustão. Tampouco preciso repetir que não há placar mais bonito que o 1 a 0. Nem que 0 a 1 é ainda mais poético, tanto quanto é épica uma vitória como a de ontem, com um homem a menos e na base da entrega, da raça e do chutão. Deixo isso tudo de lado para falar um pouco sobre o que mais me atrai no futebol: o ambiente.

Comecemos pelo pré-jogo, mais especificamente pelos abjetos telões do Mineirão, outra praga que os brasileiros resolveram copiar lá de fora. Há dois deles, cuja utilidade única é consumir sete ou oito mil lugares que antes pertenciam à arquibancada e à geral. E eles se prestam ainda a besteiras que deixariam orgulhoso o ‘nosso’ Del Nero:

1. A locutora, que está lá não pelos mesmos predicados do nosso speaker Galuppo, aparece no telão (com o rosto em close) a cada pronunciamento. Coisas do tipo “Utilidade pública: Proprietário do veículo Fiat Palio placa tal, comparecer imediatamente ao local de estacionamento”. E até vinham informações dos gols da rodada, mas eram poucas e inaudíveis
depois que a gente começou a cantar;

2. Os mascotes do Del Nero são coisa pequena diante do Raposão, o boneco dos caras. Lá pelas tantas, os telões passam a exibir um vídeo supostamente engraçado que se põe a retratar o cotidiano do tal boneco. Há situações constrangedoras. Exemplo: o mascote acorda na concentração e sai andando de pijama. Sim, um imbecil vestido de raposa aceitou fazer isso e mais um pouco até a sua subida triunfal ao gramado. Lá dentro, passa os 90 minutos levantando placas do tipo “Vamos cantar!” para motivar o público. Em vão;

3. Pouco antes de o time entrar em campo, a apelação: um vídeo, com edição bem tosca, traz os melhores momentos da final da Copa do Brasil 1996. O texto fala em “guerreiros celestes”, “superação” e que tais. Engraçado é notar, como já virou rotina na nossa casa, que os “guerreiros celestes” da arquibancada não eram mais do que 50. 50! Em uma final! O vídeo chegou ao fim já com os jogadores em campo e voltou a ser exibido no intervalo.

Imagino qual era o objetivo de tudo isso, mas parece que o resultado é exatamente o oposto. De minha parte, a motivação ficou ainda maior. Revi, talvez pela primeira vez em 12 anos, o lance em que Dida e outros dois azuis evitam o gol alviverde em três lances seguidos. Inacreditável! Ainda pior do que nas minhas lembranças de estádio. Acontece que aquilo só me fez querer vencer os caras ainda mais.


A Máfia Azul chegou, sem exagero, a não cantar uma única vez durante toda a etapa final. O mais curioso é que o povão, lá do outro lado, tentava puxar alguma coisa e nada de a Máfia reagir.

A bem da verdade, o único momento de relativa euforia aconteceu antes do jogo. Subiu o que eles chamam de “maior bandeirão do mundo”. Sim, era impressionante desde o momento em que eles chegaram com o pano no estádio. E foi igualmente impressionante enquanto ele subia a arquibancada. Mas só até um olhar mais atento: as duas laterais trazem a inscrição “Tenda”. Pois é, o tal bandeirão foi pago pelo patrocinador do time.

De resto, eu pretendia reproduzir aqui um pouco da alegria de ontem, mas qualquer discurso seria insignificante diante da emoção representada por uma vitória como essa. Vou guardar o desafio para o meu livro. Só digo uma coisa, pra fechar: dias como este, de uma vitória épica, reforçam o meu desprezo por todas aquelas pessoas que não entendem o que significa se doar por um clube de futebol.


AQUI É PALMEIRAS!

***

VOLTOU A UNIÃO?

Havia gente com camisa do SPFC do lado de fora do Mineirão já desde a manhã. Dentro do estádio, um sujeito mostrava a camisa dos caras lá do alto. E outras coisas do tipo transcorreram, como uniformes do Sport, do Flamengo e do Atlético/PR.

Até onde eu sei, no entanto, torcedores do SPFC e do Cruzeiro romperam a união há muito tempo. E é exatamente por isso que chama atenção o que eu registro na foto abaixo (cliquem para ampliar):

A faixa desceu devagar, meio envergonhada, ficou ali por uns cinco minutos e logo desapareceu. Foi reaparecer nas cadeiras inferiores antes de sumir de vez. Que fim levou?


***

Só mais duas fotos:
Ao fundo, o gol do 0 a 1, o inútil telão, a geral desativada e os muitos lugares que foram roubados da arquibancada (no alto, todo aquele espaço sem as cadeiras vermelhas)


E foi assim que vimos cair o tabu...

Vitória de campeão


Diego Souza, 1 a 0. E o resto eu deixo para escrever amanhã, com mais calma e sem o sono de agora, mas ainda com a alegria de empurrar o Palestra rumo a uma vitória épica em BH.

11 setembro 2008

Decisão em BH

Palmeiras x Grêmio, 34ª rodada: era a final que todos esperávamos. Mas tudo mudou com a inadmissível derrota para o Sport. Temos uma final já no próximo domingo, e não estamos preparados. Não é questão de tempo, mas de cabeça e de material humano.

Diz a lógica que voltaremos de Minas com mais uma derrota, a oitava (!) no campeonato. E aí, além de ressuscitarmos de vez o Cruzeiro, ficaremos a nove pontos do Grêmio. Nove pontos, diga-se, que mais parecerão 10 se considerarmos a desvantagem no saldo de gols.

Sei, o futebol não tem lógica e tal, mas eu já me cansei desse papo, porque essa imprevisibilidade parece jogar sempre contra o Verdão. Basta notar as trolhas que vêm à nossa casa e resolvem aprontar depois de nada terem feito no campeonato.

Vamos ao Mineirão com um cenário nada animador. De início, temos o peso dos 35 anos sem vitória lá – em jogos válidos pelo Brasileirão, que fique claro. Ficamos também sem a nossa dupla de ataque titular e temos a zaga mais deficiente do país no jogo aéreo. Há o reforço de Jeci (que não joga) e alguns retornos no meio-de-campo, mas nada compensa as ausências simultâneas de Kléber e Alex Mineiro.

A situação é tão dramática que eu passo até a acreditar na vitória. Com muita moderação, claro, mas é preciso ter esse tipo de esperança para não desistir da batalha antes da hora. E o lado bom é que, sem ataque, o Madureira pode muito bem apostar em uma retranca básica, que costuma dar certo para os lixos que resolvem encher o saco na nossa casa.

Por sinal, decidir contra o Cruzeiro fez parte da rotina alviverde entre o final da década passada e o início desta. Foram muitos os confrontos decisivos, motivo pelo qual eu decidi fazer um breve levantamento de como se comportou o Palmeiras nessas decisões.

A lista abaixo, que pode (ou não) servir de inspiração, obedece a um critério básico: são todos os jogos em que Palmeiras e Cruzeiro decidiram alguma coisa (título ou classificação – mesmo indireta) desde o início da década de 1990. Inclui não só o mata-mata tradicional, mas também os duelos válidos por quadrangulares sul-americanos em turno e returno, um sistema de disputa bastante digno, bem ao contrário dos cretinos pontos corridos. Aí vai:


Copa Libertadores 1994 – 1ª fase
Palestra: Palmeiras 2 x 0 Cruzeiro
Mineirão: Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras
Era só a primeira fase, mas não se pode negar o caráter decisivo de cada jogo em um grupo formado ainda por Boca Juniors/ARG e Vélez Sarsfield/ARG – que viria a se sagrar campeão do mundo naquele mesmo ano. O Palmeiras fez uma campanha padrão: ganhou em casa (2 a 0 no Cruzeiro, 6 a 1 no Boca e 4 a 1 no Vélez) e perdeu fora (sempre por 1 a 2, no Mineirão, na Bombonera e no Amalfitani).

Copa do Brasil 1996 - Final
Mineirão: Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras
Palestra: Palmeiras 1 x 2 Cruzeiro
Ainda sob o comando do jovem Madureira e com um time implacável até então, eis aqui a gênese mais recente de todos os fracassos inexplicáveis que se seguiram no Palestra.

Copa do Brasil 1998 – Final
Mineirão: Cruzeiro 1 x 0 Palmeiras
Morumbi: Palmeiras 2 x 0 Cruzeiro
Paulo Nunes e Oséas, com gol espírita, fizeram a doce vingança palestrina e abriram caminho para a Libertadores. E como chovia...

Campeonato Brasileiro 1998 – Quartas-de-final
Mineirão: Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras
Palestra: Palmeiras 2 x 1 Cruzeiro
Palestra: Palmeiras 2 x 3 Cruzeiro
Mais um regulamento genial. Vejamos: o Palmeiras, com campanha superior, perdeu fora e ganhou em casa pelo mesmo placar. Tudo resolvido? Que nada; os gênios da CBF previam um terceiro jogo, dando sobrevida ao time que deveria ter sido eliminado após o segundo confronto. Lá fomos nós: Müller, já nos minutos finais, cai pela ponta e cruza para Fabio Jr. desviar para o gol. Marcelo Ramos? Não, ele já tinha marcado os dois primeiros.

Copa Mercosul 1998 - Final
Mineirão: Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras
Palestra: Palmeiras 3 x 1 Cruzeiro
Palestra: Palmeiras 1 x 0 Cruzeiro
Um mês depois e mais um regulamento genial se apresenta. Novamente com melhor campanha, o Verdão perde lá por 2 a 1 e vence aqui por 3 a 1. No terceiro jogo, Arce, no rebote de uma falta cobrada por Jr. Baiano, evita nova injustiça.

Copa Mercosul 1999 – 1ª fase

Palestra: Palmeiras 2 x 2 Cruzeiro
Mineirão: Cruzeiro 3 x 0 Palmeiras
O grupo tinha ainda River Plate (3 a 3 lá e 3 a 0 aqui) e Racing Club (4 a 2 em BsAs e 7 a 0 em SP).

Copa Mercosul 1999 – Quartas-de-final
Palestra: Palmeiras 7 x 3 Cruzeiro
Mineirão: Cruzeiro 2 x 0 Palmeiras
1999 e as gloriosas noites de sexta-feira.

Copa Mercosul 2000 – 1ª fase
Palestra: Palmeiras 0 x 2 Cruzeiro
Mineirão: Cruzeiro 0 x 0 Palmeiras
A chave reunia ainda Independiente/ARG (2 a 1 em BsAs e 2 a 0 em SP) e Universidad Católica/CHI (3 a 1 lá e 1 a 1 aqui). Contra o Cruzeiro, jogos esquecíveis.

Copa dos Campeões 2000 – Quartas-de-final
João Pessoa: Palmeiras 3 x 1 Cruzeiro
Maceió: Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras
Até hoje não entendo como conseguimos vencer essa competição. Vejam: no decorrer de quatro jogos no Nordeste, nossos artilheiros foram Taddei (2), Pena (2), Asprilla e Neném.

Copa Mercosul 2000 – Quartas-de-final
Palestra: Palmeiras 3 x 2 Cruzeiro
Mineirão: Cruzeiro 1 x 2 Palmeiras
A única vitória sobre o Cruzeiro no Mineirão nos últimos 35 anos.

Copa Libertadores 2001 – Quartas-de-final
Palestra: Palmeiras 3 x 3 Cruzeiro
Mineirão: Cruzeiro 2 (4) x 2 (5) Palmeiras
Após empate aqui (3 gols de Lopes), fomos decidir a vaga em BH. Parecia improvável, mas conseguimos. Empate em dois gols (não havia ainda o critério de gols marcados fora de casa) e a vaga nos pênaltis, após uma série emocionante. Foi a minha melhor caravana, mais até do que os 4 a 2 sobre o Vasco na Libertadores de 99.

Conclusões: são 11 confrontos diretos, com 6 a 5 a nosso favor (e dois triunfos do Cruzeiro foram irrelevantes, tanto que revertidos na seqüência da mesma competição). Ao Palmeiras, coube a proeza de eliminar o inimigo de Minas em quatro competições sul-americanas em quatro anos seguidos: Mercosul 1998, Mercosul 1999, Mercosul 2000 e Libertadores 2001. O problema é que agora definimos a sorte em um único jogo no Mineirão. O retrospecto em Minas (10 jogos; 1 vitória, 3 empates e 6 derrotas) não é nada confortável.

Mas vamos pra cima! Só a vitória interessa!

***

*Chegarei em BH logo cedo, entre 9h30 e 11h. Se alguém estiver por lá logo de manhã, é só avisar e vamos juntos pro Mineirão.

10 setembro 2008

Momento multimídia

Não sei ao certo porque resolvi abrir um post com o vídeo abaixo, mas acredito, antes de tudo, que ele vale a recomendação. E é também uma boa demonstração de que as coisas acontecem na Italia assim como por aqui. E até em escala maior, porque não temos no Brasil uma estrutura ferroviária que possibilite viagens de grandes grupos de uma cidade a outra. De toda forma, o recado que fica é o seguinte: certos jornalistas desavisados – e são quase todos os da mídia esportiva – poderiam estudar um pouco o fenômeno das torcidas organizadas antes de escrever e falar besteira sobre o assunto.



Breve contextualização: o vídeo mostra a chegada de torcedores do Napoli, principal time do Sul da Itália, a Roma. É dia de Roma x Napoli no Stadio Olimpico. Não sei precisar quantos são, mas é algo na casa dos milhares. Eu até argumentava ontem com o Luigi que tanta gente assim não poderia ter vindo em um único trem, mesmo que fosse um Eurostar – que faz o trajeto Napoli-Roma em 1h30. É um comboio considerável e a polícia local certamente segurou o povo antes de liberá-los. O local da filmagem é o Roma Termini, estação central de trens e Metrô da capital italiana. Peço desculpas pela comparação esdrúxula, mas seria uma espécie de estação Sé. Fica também no centro da cidade, mas tem estrutura incomparavelmente melhor, o que inclui 29 plataformas para trens que chegam de todo o continente, shopping center, conexão ferroviária para o aeropoto, restaurantes e tudo mais o que puderem imaginar. É também a estação central para as duas linhas de Metrô da cidade.
De lá até o Stadio Olimpico, temos uma distância equivalente a oito ou 10 km. Seria interessante se o youtube tivesse ainda algum vídeo mostrando o trajeto de tanta gente da estação ao estádio, seja via Metrô e ônibus ou até mesmo a pé.

09 setembro 2008

E aí, diretoria?

Restando exatos 40 dias para o Palmeiras x SPFC do returno, a tabela do Campeonato Brasileiro permanece com uma nada inocente indefinição quanto ao local do clássico, em 19 de outubro. Podem entrar em qualquer uma, daquela que está no site da CBF à de qualquer site vagabundo, e o campo destinado ao estádio estará assim preenchido: a definir. Pois é, me parece que já passou da hora de a nossa diretoria botar as coisas em ordem e confirmar: Palmeiras x SPFC é no estádio Palestra Itália. Foi assim no ano passado, foi assim no Paulista, tem sido assim já de alguns anos para cá. E é para isso que os adversários se prepararam, tanto que destinaram à nossa torcida apenas 10% da carga de ingressos para o duelo do primeiro turno. Agora é a nossa vez, e na nossa casa. Ou é difícil tomar uma atitude?

08 setembro 2008

Nome à venda

Como nem todos têm o hábito de ler jornal, compartilho informação trazida pela Folha de S.Paulo de hoje. Do Painel FC:

Parceria ampliada
A Traffic, parceira do Palmeiras na contratação de jogadores, negocia com a WTorre, empresa que reformará o Parque Antarctica, entrar no negócio para viabilizar comercialmente a nova arena. A principal missão da empresa de marketing esportivo é negociar o “naming rights”, uma empresa que comprará o direito de colocar seu nome no estádio. A Traffic tem planos de entrar no negócio com vistas à Copa de 2014. A idéia da WTorre é construir até cinco arenas para abrigar partidas do Mundial no Brasil.


Breves comentários:

1. Isso justifica um pouco do meu "não-deslumbramento";


2. Eu devo ter nascido na época errada.

07 setembro 2008

A maldição das 18h10

26ª rodada, 21 de setembro. Seria este o dia em que poderíamos, pela primeira vez neste Campeonato Brasileiro, ir ao Palestra Itália ver o Palmeiras jogar às 16h de um domingo. Seria. Vejamos o que diz, em comunicado de 04/09, quinta, o site da CBF:

"A Diretoria de Competições da CBF divulgou nesta quinta-feira, em IMT, alteração de horário dos jogos Portuguesa x Botafogo (das 18h10 para as 16 horas) e Palmeiras x Vasco (das 16 horas para as 18h10), no dia 21 de setembro."
Motivo? O de sempre: "atender à solicitação da emissora que detém os direitos de transmissão". E eu já passo a acreditar que os caras 
conseguirão impedir o palmeirense de ir a campo no horário mais clássico do futebol.

05 setembro 2008

Sensação de liberdade

Algo positivo na noite de ontem: resolveram tirar a última grade da nossa ex-jaula. Estamos livres. E é impressionante como o estádio aumentou sem o malfadado setor das torcidas organizadas.

Mesmo sem a dupla de ataque, vou a BH. Alguém mais?

A entregada do ano

Era inevitável, como acontece ano após ano. Todos sabíamos que ela viria. Cedo ou tarde, mas viria. Ouso dizer que foi cedo demais, mas talvez seja até melhor desde agora para não nos iludirmos à toa. O que incomoda mesmo, talvez mais que a perda da invencibilidade em casa, é que tenha sido logo para o Sport e, pior, nas condições em que aconteceu.

Essa é uma daquelas noites para esquecer pra sempre. Difícil é voltar do Palestra e tentar dormir em paz. Até teria mais a escrever, mas vai sair besteira e certas coisas devem ficar no estádio mesmo.

03 setembro 2008

Carta à diretoria

Senhores diretores da S.E. Palmeiras,

Vocês nunca saberão o que é viajar um dia inteiro para ver o Palmeiras para então chegar ao estádio e não poder entrar. Tampouco saberão o que é passar horas e horas correndo atrás de um ingresso que sumiu devido ao descaso de quem deveria zelar por nossos interesses. E é certamente por isso que, em um Português chulo, claro e direto, estão cagando e andando para o torcedor palestrino.

Este blog está repleto de exemplos que comprovam tal afirmação, sendo que um deles, este último, evidencia a enorme distância que existe entre os senhores e a massa de torcedores que representam o patrimônio maior da S.E. Palmeiras.

Para início de conversa, somos obrigados a pagar R$ 30 na nossa casa por um setor popular que teve a capacidade reduzida à metade depois que os senhores resolveram inaugurar um espaço VIP.

Para complicar, é enorme o desrespeito para com o freqüentador da arquibancada, que não dispõe de qualquer mecanismo de fidelidade e só pode comprar os ingressos dois dias antes de qualquer jogo no Palestra. É um prazo por demais escasso diante das dificuldades impostas pela BWA, além de preguiçoso se considerarmos que a tabela é conhecida meses antes.

Para efeito de comparação, o acesso ao Setor Visa, por exemplo, pode ser garantido com enorme antecedência, o que inclui o duelo contra o Botafogo, no dia 7 de dezembro, válido pela última rodada. Tal benefício (ou seria direito?) não se estende ao pobre freqüentador da arquibancada, que ainda se vê obrigado a pagar R$ 30 por um pedaço de cimento atrás do gol.

Mas o que incomoda, até mais do que isso, é que eu nunca vi os senhores tomarem qualquer posição em defesa do torcedor palestrino. Sequer ouvi alguma declaração em nosso favor, mesmo que em solidariedade. É o caso do absurdo que aconteceu em Curitiba.

Vejamos: o regulamento do Campeonato Brasileiro prevê que o clube visitante tem direito a 10% do total de ingressos colocados à venda em qualquer estádio. Assim sendo, ele pode (ou deve?) repassar essa quantidade aos seus torcedores.

Pergunto: por que os senhores não tomam vergonha na cara e exigem que a cota de 10% seja enviada para venda no nosso estádio? Por que fazem pouco caso e deixam a tarefa para o adversário? Por que correm o risco de não saber se o Atlético/PR ou qualquer outro clube vai mesmo direcionar a quantidade de direito à massa palestrina? Por que permitem que os torcedores de SP, sempre presentes e atuantes, tenham de passar pelo que passamos no domingo?

De certa forma, temos uma boa resposta logo no primeiro parágrafo desta carta: os senhores não precisam comprar ingresso e não enfrentam todas as dificuldades que são impostas ao torcedor.

E então eu volto a questionar: custa observar os meus sucessivos relatos e mais outros em blogs palestrinos e no fórum da Mancha Verde para tomar alguma providência que mostre consideração para com o torcedor alviverde?

Qual é a dificuldade em solicitar ao clube mandante a remessa da cota de 10% dos ingressos para SP? Que problema pode existir em facilitar a vida de quem, como eu, vai a todos os jogos aqui em SP e também a Curitiba (e BH, Rio ou onde for) para incentivar o Palmeiras? É assim tão complicado?

Se for o caso, que admitam isso. Digam que o fato de eu ir a mais de 50 jogos por ano – e já há mais de década – não importa. Digam que não dão a mínima para a minha dedicação de comparecer a todas as partidas em casa e àquelas que forem possíveis fora daqui. Digam que não querem arcar com essa responsabilidade. Ou, se for o caso, que não faz diferença ter ou não o apoio da torcida organizada ou daqueles todos que fazem do Palestra um pesadelo para os adversários.

Seria mais digno se os senhores admitissem isso. Ou, se não for o caso, que tomem alguma providência e passem a solicitar que parte da cota de ingressos para o time visitante seja vendida na nossa casa. E, pelo amor de Deus, demonstrem ao menos um pouco de preocupação com o maior patrimônio do Palmeiras.

Se não quiserem a nossa presença, estaremos diante de um impasse: a venda de ingressos, que deveria ser facilitada e incentivada, continuará a ser um obstáculo. Mas eu posso garantir que não será suficiente para nos deixar longe da arquibancada.

É tão difícil assim ter um pouco de boa vontade?

***

Só para esclarecer: sim, eu tenho mais direito de ir ao jogo do que o sujeito que mora em Curitiba e vai uma ou duas vezes por ano. Faço questão de deixar isso bem claro, até porque já estou cansado de não ver a diretoria reconhecer a dedicação dos torcedores que estão ao lado do Palmeiras em todos os jogos e em todos os locais. O que fizeram com a Mancha no domingo foi lastimável.

Claro que o povo de Curitiba pode ir ao jogo também. Mas se a cota é de 2 mil ingressos, 500 podem ser vendidos lá, mas a maior parte (1.500) deveria vir para SP, onde fica a verdadeira torcida do Palestra.

Sobre direitos adquiridos, temos mais aqui.

01 setembro 2008

A vitória que eu não vi


Fim da linha: diretoria do Atlético/PR não cumpre acordo feito durante a semana e deixa cinco ônibus e mais 400 torcedores do lado de fora da Arena

O título deste post também poderia ser algo como “Fui e venci, mas não vi”. Foi assim que aconteceu, não só comigo, mas com muitos outros palmeirenses, de lá ou aqui de SP, e também com os mais de 200 que vieram na caravana da Mancha e foram impedidos de entrar na Arena da Baixada por um recalque da desonesta diretoria do C.A. Paranaense.

Não pretendo transformar o blog em um exaustivo relatório, mas preciso fazer um desabafo no único lugar que me cabe. Vamos lá:

Fazia muito tempo que eu desejava uma vitória como a de ontem. Era incômodo não conseguir vencer na Arena. E foi assim, com a certeza de que o tabu cairia ontem, que seguimos para Curitiba logo às 6h da manhã.

Viagem cansativa, mas chegamos cedo, pouco depois do meio-dia, para nos posicionarmos em frente à rua que dá acesso ao portão da torcida visitante. Há muitos palmeirenses na região e os ingressos, poucos, já estavam esgotados desde sexta. Duas eram as esperanças: 1. os malditos cambistas; e 2. a carga reservada para a Mancha.

Nada disso aconteceu. Foram quatro horas batalhando um ingresso ou um meio de entrar no estádio, mas apenas três de nós conseguiram – éramos sete. E só foi assim por um enorme golpe de sorte.

Acreditem: não apareceu sequer um cambista no entorno de onde fica a torcida visitante. Nenhum. Não houve nem a perspectiva de poder negociar um bilhete a R$ 100. Os vagabundos simplesmente não deram as caras, a não ser do outro lado.

E eu ainda cheguei a dar duas voltas na Arena – e por todos os bastidores do estádio –, caminhando no meio dos caras, para buscar um jeito de entrar no estádio. Lá pelas tantas, eu admitia até entrar pelo lado deles – e depois eu daria um jeito de chegar ao nosso –, mas não houve meio de entrar na Arena.

Eis que chegou a Mancha, já com 20 minutos de jogo, no exato momento em que o Palmeiras abria o marcador. Deu para ouvir só o barulho da pequena torcida que estava lá dentro. Do lado de fora, um grupo de 350 ou 400 torcedores tínhamos a carga reservada à MV como última esperança.

Os despreparados PMS locais se armaram para um confronto, mas nem havia tal possibilidade, já que os cinco ônibus que vieram de SP permaneceram fechados, sem que seus integrantes pudessem sequer abrir a janela. Os líderes da organizada até foram autorizados a passar pela barreira policial para retirar os ingressos ‘reservados’, mas retornaram com a má notícia: a diretoria do C.A.P. descumpriu o trato e não segurou a carga da Mancha.

Desolação total entre os que estavam no ônibus e entre os muitos manchistas que aguardávamos os ingressos que deveriam estar reservados, conforme acordo feito entre as diretorias dos dois clubes. Os ônibus foram embora do mesmo jeito que chegaram: tudo muito rápido, sem tempo nem para descer ou conversar com o pessoal. Um bate-e-volta literal.

Aos que ficamos, restava buscar alternativas para acompanhar o jogo. Eu até queria ficar na porta do estádio, ouvindo a manifestação da nossa torcida, mas a PM local, que já fizera besteira antes do jogo, não parecia muito disposta a segurar o bando da Fanáticos, a organizada do C.A.P., que ficou do lado de fora e pretendia se vingar do prejuízo que tivera duas horas antes do jogo.

(Por sinal, a batalha campal entre o bando dos caras e um pequeno grupo desmobilizado da nossa torcida
demonstra o total despreparo da polícia local, que nos deixou isolados até que explodisse a guerra.)

Assim sendo, a única opção foi seguir para o carro e ouvir o jogo pelo rádio. Isso a 30 metros do estádio, o que permitia ouvir as manifestações do público. Foi assim que acompanhamos toda a partida: os erros da arbitragem, o empate do time da casa, o gol de Diego Souza etc. e tal. Melancólico, para dizer o mínimo.

A situação levanta novamente uma discussão que será abordada no próximo post, sobre a necessidade de a diretoria do Palmeiras passar a defender o seu torcedor, algo que não acontece hoje.

Depois disso, mais estrada. Ruim, com aquele insuportável mar de caminhões. Muito cansaço, mas a vitória em Curitiba compensa o sofrimento. Vencemos e seguimos na captura do Grêmio enquanto o adversário desta última partida fica bem perto do lugar que, eu espero, pode ser alcançado até o final do campeonato.


***

Aos que estão por dentro da briga Mancha x TUP, deixo aqui um relato curioso do cenário que se estabeleceu antes do jogo.

O bando da Fanáticos aguarda, lá do final da rua, o momento de atacar. Um dos nossos vai conversar com um pequeno grupo de moleques, um pouco mais próximos. E eis que eles me saem com essa:

“Fica tranqüilo, que não queremos vocês. A gente quer a TUP.”

E depois:

“Mas a Império vai vir até aqui pra pegar vocês...”

Surreal.