28 agosto 2008

Sobre números e interpretações

Do Uol Esporte: "Terceira pior média de público entre os 10 primeiros irrita Palmeiras". E eu logo imagino um dirigente chegando ao Palestra Itália e dando murros na parede ao ver que 'apenas' 15 mil deram as caras em uma madrugada fria (pois às 21h50) para ver um time que ainda não consegue convencer por inteiro. Ou então um atleta esbravejando no vestiário por entender que é nossa a culpa pelos sucessivos maus resultados longe de casa.

Vamos, pois, avaliar os números e interpretações (???) da matéria, que logo apresenta a média caseira do Palestra: 14.377 pagantes. Eu diria que é razoável se observada com a frieza de quem vê os números sem pensar o cenário. Mas diria também que é ótima aos olhos de quem se esforça um pouquinho e procura entender o que acontece para chegarmos ao número em questão.

Eis que a matéria segue impunemente com as seguintes frases: "Nem mesmo a vice-liderança do Campeonato Brasileiro tem sido capaz de mover os torcedores do Palmeiras para ir ao estádio..." e "A falta de interesse dos torcedores em comparecer ao Parque Antarctica..." Sim, a matéria tenta fazer crer que não há interesse do palmeirense em ir ao campo. Logo dos palmeirenses, dá pra acreditar?

Eu não vou entrar no mérito das declarações dos jogadores, pois não costuma sair coisa boa quando esses caras se põem a falar. Deixemos de lado, por exemplo, a baboseira proferida pelo Sandro Silva. Ele tem mais é que jogar bola e não falar; simples assim.

Mas exponho aqui breves argumentos, todos relevantes para entender a média de público de 'apenas' 14.377 pagantes por jogo:

1. O Palmeiras impõe ao seu torcedor o ingresso mais caro do Brasil. Um bilhete de arquibancada sai por R$ 30 - e já chegou a R$ 40!!! - contra os R$ 20 - ou menos - cobrados pelos demais clubes.

2. Ao mesmo tempo, o setor popular, a R$ 30, foi reduzido à metade de sua capacidade após a inauguração do Setor Visa, que exige a bagatela de R$ 50.

3. Aos interessados, deixo AQUI um link que compila parte considerável dos textos deste blog sobre o tema "Elitização no futebol". Se quiser, indico também dois posts (1 e 2) do blog-irmão, do Ademir Castelari, com um interessante estudo sobre o tema.

4. Apenas um resumo do que é dito pelo Ademir: o Palmeiras, vejam só, tem um ticket médio que é quase 50% superior ao do Grêmio e que chega próximo de dobrar o que é cobrado pelo Cruzeiro. Acreditem: isso faz diferença em um país como o nosso.

5. Palmeiras e SPFC foram os dois únicos clubes a ter uma tabela regular neste BR-08. Por tabela regular, entenda-se a seguinte lógica: um jogo em casa e outro fora. Foi assim da 1ª à 19ª rodada. Ok, nada contra. Acontece que lá pelas tantas o campeonato teve duas partidas por semana. E aí coube ao clube do Morumbi jogar na sua casa durante seis finais de semana consecutivos, ao passo que o alviverde seguiu a ordem contrária: seis jogos em casa às quartas (às 21h50) ou quintas e outros seis como visitante, sempre aos domingos. Vale conferir a tabela abaixo, do Castelari:




6. Com jogos aos sábados e domingos e ingresso a R$ 20, os tricolores levaram, em média, 11.901 pessoas ao estádio. Já o alviverde, com duelos às quartas e quintas e ingresso a R$ 30, levou 14.377 pagantes. Pô, se a nossa média é "irritante", o que dizer da alcançada pelo nosso rival?

Conclusão: Nada contra usar números; pelo contrário. Mas é bem interessante interpretá-los antes de escrever bobagem.

26 agosto 2008

PALESTRA, 94!


Pacaembu, 20/09/1942: a Arrancada Heróica

Não é o caso de escrever algo novo, pois tudo seria pequeno diante do que representa este clube que completa hoje 94 anos. E seria também por demais repetitivo, já que não há demonstração de amor maior do que manter, dia após dia, este blog que, somado ao antigo, existente apenas nos meus arquivos, conta quase seis anos em defesa do Palestra. Só registro aqui, uma vez mais, o meu agradecimento.

PARABÉNS, PALESTRA/ PALMEIRAS!

21 agosto 2008

Sobre poder e alienação

O torcedor de futebol neste país não faz idéia do poder que tem em mãos. Um pouco por alienação, outro tanto pelo conformismo inerente a este povo, é notável como a grande massa não se dá conta do que poderia (ou deveria?) fazer por cada um dos grandes clubes brasileiros.

O que acontece, pois, é que reações, protestos e mobilizações, seja em que sentido forem, acabam sendo fatos isolados, de grupos organizados, quase sempre tidos como marginais pela mídia. É justificável, pois as ações normalmente se resumem a: pichações na sede do clube, invasões do centro de treinamento, agressões a jogadores, ofensas a partir da arquibancada.

São medidas defensáveis, ao menos no meu ponto de vista, mas impopulares, se levarmos em conta o comportamento reacionário da imprensa esportiva e a alienação do brasileiro médio, aquele que William Bonner bem definiu como “Homer Simpson”.

Se algum torcedor agride um jogador, mesmo que seja um daqueles bem pilantras, é certo que teremos de ouvir clichês do tipo “Essas torcidas organizadas são violentas e não representam o verdadeiro torcedor...”. Discurso feito - e dos mais chatos.

Parece, portanto, que não é este o caminho. E eu aviso agora que isso tudo acima foi um preâmbulo para chegar à notícia que motivou o post. A matéria original é do britânico The Guardian
, mas vocês podem encontrar a versão em Português em qualquer site de esportes. Eu os deixo aqui com o texto do Meio&Mensagem:

Carlsberg atende torcedores e cancela promoção

A cervejaria dinamarquesa Carlsberg, patrocinadora do Liverpool há 16 anos, arrumou uma grande confusão quando fechou uma ação de marketing promocional com o jornal britânico The Sun, para a distribuição de pints com o escudo do clube para os leitores. Centenas de torcedores do time em todo o mundo enviaram e-mails exigindo o fim do acordo, o que foi prontamente atendido pela empresa.

Explica-se: muitos torcedores do Liverpool mantêm um boicote contra o The Sun por causa da cobertura feita em 1989, há quase duas décadas, sobre a tragédia de Hillsborough, que ocasionou a morte de 96 torcedores. Na ocasião, num jogo contra o Nottingham Forest, após uma confusão da torcida, muitos acabaram asfixiados junto à grade que separava a arquibancada do campo.

Numa reportagem de capa, o periódico saiu com a manchete "A verdade", com acusações diversas, como a do roubo de carteiras do bolso das vítimas e a de que torcedores embriagados atacaram agentes de resgate enquanto tentavam salvar as vítimas. O The Sun publicou um pedido de desculpas em 2004, dizendo que "cometeu o erro mais terrível da história".

Pois bem, informo que o The Sun é um tablóide e, como tal, se presta a divulgar informações sensacionalistas. Talvez não seja prudente fazer comparações com qualquer veículo brasileiro, mas é fato que temos os palmeirenses uma relação bem conflituosa com aquele diário esportivo que, infelizmente, atua sem concorrência direta nas bancas de jornal desta metrópole.

Tampouco pretendo equiparar qualquer reportagem do jornaleco à atrocidade cometida pelo The Sun. Não é o caso, claro, mas incomoda observar a alienação e a falta de memória do torcedor brasileiro, que seria incapaz de manter um boicote como esse, para toda a vida.

Por aqui, o jornaleco esportivo manda e desmanda, trata o Palmeiras com desdém e nada – ou quase nada – acontece. As reações são localizadas, muito restritas a setores mais, digamos, resistentes. Um blog aqui, outro ali, mais um acolá.

É pouco, mesmo porque os blogueiros somos tidos como rebeldes. Há quem veja exagero em cada crítica nossa, sem perceber que o que efetivamente conta é o conjunto da obra, que acaba por construir um pensamento dominante junto à grande massa.

E aí me incomoda sobremaneira notar que há palmeirenses, muitos deles, que ainda fazem do jornaleco uma leitura diária. Pior: há aqueles que compactuam com campanhas de marketing dos caras, fazendo pouco caso de tudo o que já foi publicado contra o Palmeiras.

Não é, repito, um caso único, isolado. É o conjunto da obra, é o fato de o jornaleco continuar explorando a nossa marca e o nosso torcedor mesmo depois de tanto agir contra a instituição Palmeiras e contra o nosso estádio, por exemplo.

E aí sou obrigado a sentir inveja do feito notável conseguido pelos torcedores do Liverpool, clube que, não à toa, foi dirigido por anos e anos pelo grande Bill Shankly, o homem que deu ao mundo a frase que ilustra a abertura deste blog:

“Some people believe football is a matter of life and death
I´m very disappointed with that attitude
I can assure them it is much, much more important than that”

Muita coisa errada

Perder no Beira-Rio não é assim nenhum absurdo, e isso fica evidente se tomarmos por base o péssimo retrospecto do Palmeiras na casa do Inter. No entanto, levar 4 a 1 de um time que não ganhava de ninguém denota que tem muita coisa errada no Palestra.

E agora, depois de um revés que poderia ser considerado aceitável, é o momento de lamentar os tropeços bizarros contra, por exemplo, Goiás e Ixpór. São pontos irrecuperáveis, em especial porque jogos difíceis estão por vir.

Mas vejamos, em declarações colhidas pela Folha de S.Paulo, um pouco da gênese da goleada sofrida ontem:

De Marcos, o goleiro que faz milagres e ainda é obrigado a virar zagueiro: “Tomamos dois gols de cabeça do Índio. Era uma jogada marcada, que a gente já sabia”.

Do Madureira, que fala muito, mas se mostra incapaz de acertar o posicionamento da zaga: “A jogada do Índio combinamos desde antes do jogo. Mas erramos. Isso acontece”.
Pois é, todo mundo sabia, todo mundo estava avisado. E ninguém fez porra nenhuma. Jeci e Gladstone são patéticos, é fato. Mas a questão é: por que o Madureira insiste em manter os dois se temos o Gustavo já recuperado de contusão? E o Maurício?

***

Por mais que o time não faça por merecer, já garanti minha viagem para Belo Horizonte, em 14 de setembro. Tem cara de decisão. Se alguém quiser ir junto, é só avisar.

20 agosto 2008

A prova dos 3

Se ganhar fora de casa é o problema, eis que o Palmeiras dá início hoje a uma aterrorizante série de três jogos longe de SP (intercalando partidas no Pacaembu e no Palestra, claro). O 'aterrorizante' não é exagero, ao menos se considerarmos o retrospecto histórico no Beira-Rio, na Arena da Baixada e no Mineirão (contra o Cruzeiro).

Para começar, Beira-Rio, palco do duelo desta noite. A última vitória lá veio em 1997, mas nem deveria contar, pois foi uma situação atípica, para cumprir tabela. Recuemos então para 1994, quando Edmundo e Rivaldo calaram 37 mil colorados com uma atuação magistral. De resto, poucas alegrias. Pior: ao menos da segunda metade dos anos 90 para cá, o Palmeiras não necessariamente joga mal em Porto Alegre, mas a sorte insiste em favorecer o time da casa. Justo, mas é de se esperar que o (bom) time gaúcho não resolva acordar hoje.

Depois, Curitiba. Arena da Baixada. Nenhuma vitória e apenas um gol marcado na história recente. Jogos sempre truncados, atuações pífias, derrotas contundentes para um adversário desprezível. Acontece que agora temos Alex Mineiro do nosso lado.

Por fim, chegamos à decisão principal, a do próximo dia 14 de setembro, em BH. Batalha contra o Cruzeiro. Palco de uma enorme alegria em 2001, nas quartas-de-final da Libertadores. Mas veio nos pênaltis, depois de um 2 a 2 no tempo normal. Vitória no Mineirão diante do rival de azul? A última data de 1974. É tempo demais.

Hoje não vai dar, mas eu vou a Curitiba e a BH. Estou confiante. Se o Palmeiras passar por esses três duelos com quatro pontos – e outros nove nos jogos em casa -, eu já fico bastante satisfeito.

***

Depois disso, eis o que temos fora de casa: Náutico, Figueirense, Fluminense, Santos, Flamengo e Vitória. Em compensação, exceções feitas aos duelos caseiros contra SPFC, Grêmio e Botafogo (na última rodada), todos os demais no Palestra são bem tranqüilos.

18 agosto 2008

E o gol saiu!

Depois de tantas chances perdidas e de muitas defesas do goleiro adversário, o gol parecia impossível na noite de ontem. Talvez até fosse, mais ainda quando o árbitro resolveu expulsar o nosso lateral-direito. E quando a primeira derrota em casa parecia inevitável, eis que o time se mandou para frente, atrás de um gol que teimava em não sair. Bola pelo alto, sem muita pretensão, ao contrário das anteriores. Alex Mineiro sobe, se antecipa e estabelece a justiça no Palestra. Gol de matador. 1 a 0!

Um gol para lavar a alma, premiando a ousadia de quem resolveu buscar os três pontos mesmo com um homem a menos. Vitória importantíssima, pois mantém o Grêmio a uma distância reversível, desde que os bandeirinhas resolvam apontar os impedimentos do atacante colombiano.

Cabe dizer, ainda, que Diego Souza, em evidente progressão, jogou bem uma vez mais. O que falta, e não é de hoje, é sorte nas finalizações. Com o devido acerto – e a seqüência com Evandro –, é de se esperar que a ausência de Valdivia não seja assim tão sentida. Por fim, é bom registrar um elogio à dupla de zaga, que não sofre gols em casa pelo terceiro jogo seguido.

O desafio agora é vencer o Internacional no Beira-Rio, estádio de péssimo histórico para o Palmeiras. Uma vitória no Sul pode representar a prova definitiva de que o título está mais para a realidade do que para o sonho.

***

*Não que a Mancha esteja sempre certa, mas a TUP adora dar motivo para brigas. A se lamentar pelo ocorrido e pela constatação de que o confronto aproxima-se cada vez mais do que acontece entre RRN e TJF, expulsa ontem da Vila Belmiro.

*Só para efeito de comparação:
No Palestra: 15.210 pagantes. Renda: R$ 413.397,50.
Na Vila: 15.359 pagantes. Renda: R$ 141.599,00.

14 agosto 2008

Valdivia, Sul-americana e elitização

Quando aparece um raro tempo livre, como agora, é justo repercutir um pouco do muito de bom que tem sido dito na Mídia Palestrina (em caixa alta, observem). Vamos lá: 

Para começar, temos a fina poesia do Cruz de Savóia, que aborda o assunto Valdivia sob um ponto de vista que é, ao mesmo tempo, complementar e oposto ao meu. Texto brilhante, que eu tomo a liberdade de retalhar por aqui, tal qual um teaser:

A importância que Valdívia teve para o Palmeiras constitui uma dimensão que não podemos tanger hoje, sem o efeito colateral do tempo; dá para arriscar um palpite, apenas. Eu diria que é o jogador mais contundente que o clube teve desde o advento de Edmundo. 

(...) 

Por mais que esse blogueiro o tenha cornetado por suas atitudes recentes, vocês, leitores, saibam que não há por aqui um idiota, insensível ao talento e importância desse rapaz. Ele é ídolo - e será ídolo eterno - desses que você um dia irá lembrar quando levar seu neto ao Palestra para assistir um jogo: "Você nem imagina: o vovô vinha no campo com a sua idade e havia um 10 no Palmeiras que chutava o vento, que fazia piada com a bola enquanto jogava, que quando se cansava de rir, decidia uma partida sozinho: meu neto, você não vai ver mais algo assim..." 

(...) 

Rezo apenas para que ele vá, por mais contraditório que isso pareça... Não quero ver Valdívia forçando a barra mais tempo, não o quero ver sob os olhares desconfiados da Turma do Minduim a vida toda, pois nem ele, nem nós, merecemos nos despir do manto da idolatria. Vai, Valdívia! E vai com Deus, brilhe, assombre, torne-se imortal em outras paragens. E se o tempo for condescendente para com essa torcida que tanto te amou, volte um dia para nos dar mais um sorriso. 

De Valdivia, pulamos para a questão dos ingressos, sempre prioridade neste blog. Eis que me sinto compelido a registrar o valoroso esforço do outro Forza Palestra. Em duas partes (1 e 2), nosso amigo Ademir Castelari mostra dois absurdos: 

1. Durante cinco semanas, o Palmeiras jogou em casa sempre nos dias úteis (quartas ou quintas), à noite, deixando o nobre domingo apenas para as partidas longe de SP. Coincidência ou não, é o inverso do que aconteceu com o SPFC, o outro entre os 20 clubes deste BR-08 'premiado' com uma tabela regular (um jogo em casa e outro fora). 

2. Temos mais uma crítica fundamentada contra o processo de elitização tão prejudicial ao Palmeiras e a qualquer outro clube. Vejam, comparem e não se deixem enganar. 

Por fim, Sul-americana. E aí eu mesmo faço um breve comentário: 

Seria melhor nem participar. Mas já que estamos lá, vagabundo precisa ao menos ter dignidade para defender as nossas cores.

Sobre Valdivia e o vai-não-vai

Deu pra sentir, pelos comentários do post anterior, que o assunto Valdivia gera enorme polêmica junto à torcida. Sinto que a maior parte das opiniões (ao menos entre meus amigos) é contrária ao que eu defendo. Faz parte, é claro, mas eu gostaria aqui de expor exatamente o que eu penso sobre o tema.

Tenho enorme admiração pelo futebol do nosso camisa 10. O cara joga muito, sabe o que faz com a bola, é capaz de lances geniais e, eis o grande diferencial, tem uma visão de jogo incomum. Também tem lá as suas jogadas de efeito, os passes magistrais e as dominadas de bola que só podem ser apreciadas por quem vai ao estádio.

Sou grato a isso tudo, em especial porque vi no campo a quase totalidade dos 23 gols marcados pelo chileno com a camisa do alviverde. Mas vi também, e aqui temos um problema, grande parte dos 47 cartões amarelos que ele recebeu durante os dois últimos anos.

47! São dois para cada gol. E ele é meia, às vezes atacante.

Não me venham dizer que o cara é perseguido, tal qual um pobre coitado indefeso. Até pode ser em algumas situações, mas ele não tem o direito de se esconder sob esse estigma. E sim, ele apanha muito, é fato, mas é verdade também que comporta-se de maneira infantil, incapaz que é de evitar reclamações e exaltações desnecessárias.

Muito foi dito a esse respeito, mas o cara parece não aprender. Pior: não quer aprender. E aí tem atitudes pouco profissionais, como essa de levar o terceiro amarelo contra o Botafogo apenas para não enfrentar o Coritiba e ficar livre para antecipar sua viagem a Istambul, onde defende a seleção de seu país.

Tal postura é inadmissível em um ambiente profissional, e não pode ser tolerada, sob o risco de contaminar todo o grupo.

Para efeito de compreensão do que eu penso, no entanto, tudo isso é irrelevante. Afinal, temos agora a informação de que Valdivia pode estar arrumando as malas para defender o árabe Al Ain.

Dirão alguns que é um absurdo, que o valor é reduzido (10 milhões de euros, ao que se diz) etc. e tal. Pois é, eu até concordo. Mas o que se pode fazer quando o próprio jogador faz força para sair? Segurá-lo contra a vontade? Ah, isso não. Jogar no Palmeiras tem de ser um prazer. Se o cara faz tanta questão assim de sair, que siga em frente. E que se afunde no tal futebol árabe. Boa sorte. O Palmeiras é muito grande e continua assim com ou sem ele.

11 agosto 2008

Mais uma da BWA

Bruno Balsimelli, um dos dois irmãos da BWA/Ingresso Fácil, foi ontem ao Mesa Redonda. O tempo foi reduzido, mas suficiente para que os jornalistas da TV Gazeta advogassem em nome do torcedor, tal qual já fizera Flavio Prado na semana anterior. Desta feita, o apresentador teve a companhia de Wanderley Nogueira, de quem discordo muitas vezes, mas não agora.

Com perguntas curtas e diretas, sem a tergiversação de um senil Solera, Nogueira pressionou Balsimelli, a ponto de arrancar dele a seguinte informação: o escritório Marco Polo Del Nero Advogados Associados já prestou serviços à BWA. Não que isso represente algo errado por definição, mas serve como evidência do relacionamento que existe entre a empresa e a FPF.

Não quero entrar nos detalhes da entrevista, mas digo apenas que Balsimelli abusou do direito de fugir do assunto, apostando em informações evasivas e promessas pouco palpáveis. Jogou a culpa em “todos”, voltou a citar a violência dos torcedores (???) e tentou camuflar a incompetência latente da BWA, no que foi prontamente combatido por Flavio Prado. Uma nulidade, enfim.

Apenas para que tenhamos consciência do nível do sujeito, faz-se necessária a transcrição de ao menos uma entre as tantas obscenidades da entrevista. E ela acontece ao Flavio Prado questionar os problemas ocorridos na venda de ingressos para a final do Paulista, entre Palmeiras e Ponte Preta, no Palestra Itália. Com a palavra, Bruno Balsimelli, um dos donos da BWA:

“Palmeiras e Ponte foi um caso atípico... para começo de conversa, o jogo foi marcado para o lugar errado”.

E nada mais precisa ser dito.

***

Clipping recente da BWA neste blog:

09/08:
Do nada ao nada


04/08:
Obrigado, Mesa Redonda

29/07: E a culpa ainda é do torcedor?

28/07: Proibir por proibir

24/07: E o trabalhador, como fica?

23/07: FORA BWA, parte 3

05/07: FORA BWA, parte 2

01/07: FORA BWA, parte 1

30/04: Sobre direitos adquiridos

10 agosto 2008

Eu acredito no Roth

A derrota no Engenhão não muda em nada o que eu pensava antes do jogo. Se você é um dos palmeirenses com medo dos sete pontos que nos separam do Grêmio agora, deixo aqui o meu conselho: acreditem no fator Celso Roth.

***

Não se trata de perseguição: fica difícil aceitar mais esse cartão amarelo cretino do Valdívia. É o 9º em 15 jogos no Brasileiro. Ou, se preferirem, o 46º em 93 jogos com a camisa verde. Dá pra aceitar isso? Ele poderia muito bem segurar hoje e tomar o terceiro amarelo contra o Coritiba, já que estaria fora do duelo contra o Internacional/RS por conta de sua convocação para a seleção chilena. Agora, pode até se apresentar antes. Muito conveniente, não?

09 agosto 2008

Do nada ao nada

O Mesa Redonda fez a parte que lhe coube no último domingo, com admirável combatividade de seu apresentador Flavio Prado – deixemos de lado as divergências habituais. Eis que, alguns dias depois, a FPF anunciou a criação de uma tal Comissão Gestora de Venda de Ingresso ao Torcedor. Por trás do nome pomposo, no entanto, parece existir muito mais vontade de dar uma resposta à opinião pública do que de efetivamente resolver o caos nas bilheterias paulistanas.

Vejamos:

1. A comissão é formada apenas e tão somente por funcionários da FPF, figurinhas bem carimbadas. Parece ser uma solução bastante preguiçosa, como se o nosso amigo Del Nero não estivesse disposto a buscar “no mercado” nomes que efetivamente entendam do assunto e tenham como contribuir para o fim dos problemas;

2. Os irmãos Balsimelli, da BWA, continuam com voz ativa. Vejamos, por exemplo, como a Folha de S.Paulo repercutiu a tal comissão com um deles,
Bruno: “disse ser "maravilhoso" o fato de a FPF querer investigar o problema. Segundo ele, de origem única, os cambistas.”. O simples fato de ele abrir a boca já representa uma agressão ao torcedor. Para piorar, o sujeito lança um absurdo desses e fica tudo por isso mesmo. É preocupante.

3. A comissão busca defender os direitos do torcedor, mas não há sequer um freqüentador da arquibancada por lá.

É só o começo, claro, mas eu não consigo confiar em uma figura como Marco Polo Del Nero, claramente um inimigo do torcedor, como já demonstrado inúmeras vezes neste blog.

Algo me diz que a tal comissão, ainda sem planejamento, parte do nada para dificilmente chegar a algum lugar.

08 agosto 2008

Tudo sob controle

Ainda que seja derrotado na última rodada do turno, o Palmeiras mostrou ontem – e também em algumas outras partidas caseiras – que não é mais tão suscetível aos vexames que marcaram o clube nesta década. Os 3 a 0 contra o Vitória, contundentes e incontestáveis, mostraram que o time está maduro, quase no nível do Paulistão, e agora com boas opções no banco de reservas, a ponto de Pierre, Martinez e Léo Lima ficarem no banco todos juntos.

Se Valdivia continuar jogando como nas duas últimas apresentações e se Diego Souza tiver um pouco de sorte, os quatro pontos que nos separam do Grêmio tendem a desaparecer muito em breve. E se não for tão rápido assim, o confronto direto do returno acontece na nossa casa, o que permite manter uma distância segura.

De imediato, o que preocupa são os quatro próximos compromissos fora de casa. A começar pelo Botafogo. Não que seja assim um grande desafio, já que o Palmeiras costuma se dar bem em solo carioca, mas os caras venceram 6 de 8 duelos em casa e vêm em fase ascendente. A esperança é que o jogo acontece no Engenhão, um estádio impressionante, mas sem alma (sim, eu fiquei devendo este post).

Problemas maiores serão as três primeiras viagens do returno: Porto Alegre (Internacional/RS), Curitiba (Atlético/PR) e Belo Horizonte (Cruzeiro/MG). O retrospecto é terrível, mas é exatamente aí que o Palmeiras pode mostrar ainda mais a sua força.

De resto, Kleber está de volta domingo e Valdivia, acreditem, não levou o terceiro cartão amarelo ontem. Essa tarefa coube a Gladstone, o que permite uma zaga menos temerária contra o Botafogo.

Alguém mais vai pro Rio?

***

*18.190 pagantes. Mais um grande público, em especial se considerarmos a chuva que caiu antes e durante a partida.

07 agosto 2008

Novos tempos?

Não sei quanto a vocês, mas eu me acostumei a seguidas decepções com o Palmeiras dos anos 00. É notório: o time sempre dá um jeito de complicar as coisas quando elas já parecem estar bem encaminhadas. Foi assim em 2000, em 2001, em 2002, em 2004, em 2005, em 2007... e a lista segue, sempre no Palestra.

O jogo de hoje à noite, novamente com casa cheia, é um desses, bem propícios às derrocadas de nomes como Estevam Soares, Tite e Caio Júnior. É de se esperar, portanto, que Luxemburgo imponha uma nova mentalidade, e que o time não perca a oportunidade de fazer valer a sua casa, colocando a baianada em seu devido lugar.

Os anos todos de estádio me levam a crer que este é um jogo característico para os detestáveis tropeços em casa. O Madureira tem uma boa chance de mostrar que tudo mudou e que os tempos vitoriosos estão de volta.

19h30 no lugar de sempre.

04 agosto 2008

Obrigado, Mesa Redonda

Em meio a tantas críticas, é justo reconhecer os bons momentos da imprensa esportiva brasileira. E é por isso que registro aqui meu elogio ao Mesa Redonda Futebol Debate, que prestou ontem um enorme serviço ao torcedor de futebol neste país. Não, vocês não leram errado: o Mesa Redonda foi, ao menos em sua última edição, a mais legítima voz da arquibancada.

Vejam vocês que coube ao panfletário Flavio Prado a tarefa de pressionar a FPF por conta do total desrespeito de que é vítima o cidadão que tenta comprar ingressos para ir a estádios nesta capital. Logo ele, o homem que prega a filosofia do “Não vá ao estádio”. Eis que ontem, em confronto com Marco Polo Del Nero, inimigo da arquibancada, Prado portou-se como o mais indignado dos torcedores.

Parecia não o alterado apresentador do Mesa Redonda, mas sim o comentarista que despontou bem na Jovem Pan dos anos 90. Combativo e contundente, jogou contra a parede um atônito Del Nero, que oscilava entre a má vontade e a desinformação completa. Estou até agora surpreso com a atuação do mandatário da FPF, que parecia estar ali a passeio, sem entender nada do assunto.

Tentando esconder um problema que se agravou em 2008, Del Nero proferiu absurdos sem tamanho. Disse que o torcedor precisa de uma nova cultura; que as filas são o preço a se pagar pela “evolução” tecnológica; que a BWA está tentando melhorar o serviço; que a demora na venda se deve à violência etc. e tal. E mentiu. Muito. Alegou, por exemplo, que havia em São Paulo 16 pontos de venda, cada qual com 25 guichês abertos. Nas entrelinhas, tentou transmitir a mesma idéia da semana anterior: a culpa é do torcedor.

Eis que Flavio Prado foi para cima. Tendo centenas de e-mails do público a dar suporte, foi a voz de cada um de nós, torcedores de arquibancada. Sobrou para todos os culpados: BWA, FPF, clubes, dirigentes, PM. De uma hora para a outra, o apresentador do Mesa Redonda parecia ter sido doutrinado por este blog, pois passou a defender tudo aquilo que vem sendo dito por aqui já há tempos.

Prado citou a “incompetência da BWA” (com essas palavras), o horário vagabundo para venda dos ingressos, as falhas do sistema, o favorecimento aos cambistas, as filas que não andam, a falta de pontos de venda, os poucos guichês abertos. Vieram à tona situações comuns ao torcedor, mas que eu não imaginava serem do repertório de um jornalista que abdicou do direito (ou dever?) de ir aos campos.

Desinformado ou desonesto mesmo, pouco importa. Fato é que Del Nero mostrou um despreparo enorme. A
o final do debate, admitiu que a federação “se afastou do torcedor” e anunciou para hoje, segunda-feira, a criação de um comitê na FPF para investigar os problemas na venda de ingressos. Prometeu soluções em 30 dias e aceitou a presença da equipe da TV Gazeta junto ao tal comitê. A imprensa cumpre assim o seu papel fiscalizador.

Não que eu acredite na boa vontade do senhor Del Nero, mas fica a expectativa de que a situação mude o quanto antes. Se isso efetivamente acontecer, é justo reconhecer a influência decisiva do Mesa Redonda deste domingo, 3 de agosto de 2008.

Deixo aqui meu agradecimento por, ao menos por uma noite de domingo, não me sentir sozinho na luta pelos direitos do torcedor. Obrigado, Flavio Prado.