30 abril 2008

Sobre direitos adquiridos

Era inevitável a confusão na venda de ingressos para a segunda partida da final do Paulistão. É assim em qualquer jogo decisivo, com procura infinitamente superior à oferta. Se 20 mil pessoas foram somente ao Palestra na manhã de ontem e a quantidade de ingressos era bastante mais limitada, não se poderia esperar um cenário pacífico pelos lados da Turiassu.

Problemas há na organização da fila, que inexiste, e na impressionante falta de sintonia entre Palmeiras, historicamente inapto para vender ingressos, e BWA, que demonstra sua incompetência dia após dia.

Quem paga a conta é o torcedor, que sofre com o desencontro de informações e com o horário vagabundo das bilheterias. A divulgação incorreta dos locais de venda, um dia antes, contribuiu sobremaneira para o caos que se formou. Pior que isso só mesmo a burocracia da BWA, incapaz de perceber que o início das vendas antes das 10h poderia minimizar os problemas. Não contente, a empresa ainda atrasou em meia hora a abertura dos guichês.

De tudo isso, no entanto, o que não vou deixar passar em branco é a postura da mídia esportiva, que tenta transmitir a idéia de que as organizadas tomaram o espaço do "torcedor comum", seja lá o que for isso.

Manipulação barata, nada além disso.

Vejam vocês que a Mancha recebeu mil ingressos, de um total de 25 mil. TUP e Savóia devem ter sido contempladas com uma carga bastante inferior. Assim, temos 4% da carga para a MV e talvez mais 1% para as outras duas organizadas. É pouco, bem pouco, diante da representatividade na arquibancada.

Que fique claro: a Mancha jamais vai tomar o espaço do "torcedor comum" na arquibancada. A Mancha TEM o seu espaço na arquibancada, e isso representa um direito adquirido por toda uma história de dedicação ao Palmeiras. E, eu posso garantir, este espaço é bastante superior a mil lugares.

A questão é simples: enquanto o "torcedor comum" escolhe os jogos de acordo com uma série de fatores (compromissos pessoais, interesses momentâneos, adversário, dia, horário e situação do time), o uniformizado vai ao estádio de maneira incondicional e sempre para apoiar o time. Seja aqui, no interior ou em outros Estados.

Não há fatores limitantes para o torcedor de organizada, ao menos para aquele que vai a TODOS os jogos. Quem faz isso sabe quem é.

Na minha concepção, o cidadão que sempre marca presença adquire o direito de ir a esta final e deve, sim, ter privilégio diante da massa que resolve ir apenas porque é chegado o momento de gritar "É campeão!". Tal atitude revela indisfarçável oportunismo, comportamento esperado dos que só vão na hora da festa.

Vejamos: eu fui a 18 dos 22 jogos do Palmeiras neste Paulistão que foi quase um circo itinerante em sua primeira metade. Isso inclui todos no Palestra e no Morumbi e mais Barueri (3 vezes), Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto (2 vezes), Bragança Paulista, Jundiaí e Campinas. Só não consegui ir a Bauru (no sábado de Carnaval) e Marília, Rio Preto e Rio Claro (todos numa quarta-feira à noite). Deixei de ir não pela distância, mas sim porque temos todos de manter nossos empregos durante a semana.

E aí eu pergunto: por que eu - ou alguém com histórico parecido - deveria ficar de fora deste jogo, cedendo meu lugar para um sujeito que só agora resolve dar as caras?

Não quero defender apenas o meu lado. Defendo o dos meus amigos igualmente assíduos (eles conseguiram ingressos depois de 15 horas na fila) e também o de gente como o Ademir, sempre presente, que relata os episódios lamentáveis que o levaram a ficar sem o dele.

Sim, há os torcedores - e são a maioria - que acompanham o Palmeiras em todos os momentos, mesmo sem pertencer a uma organizada. Eu conheço dezenas e afirmo que eles têm o mesmo direito que eu ou qualquer outro mancha.

Caberia ao Palmeiras descobrir uma maneira de premiar este torcedor com a possibilidade de adquirir um carnê para toda a temporada, a exemplo do que foi feito no Setor Visa. Basta ampliar a facilidade VIP
para a arquibancada e demais setores. Não se trata de benefício, mas de direito, pois este torcedor pagaria pelos ingressos de toda a temporada nem tanto pela economia, mas sim pela garantia de poder ir a todos os jogos, como faz hoje, sem vantagem.

Feito isso, os torcedores habituais alcançariam uma necessária formalização do seu direito adquirido.

Por fim, repito: a culpa não é da organizada, que ficou com mil ingressos, todos eles devidamente pagos e necessários para a festa que não pode ser conduzida pelo "torcedor comum". Que se culpem os feudos internos, de distribuição de ingressos a conselheiros e agregados políticos, e o câncer representado pelos cambistas, mas nunca a organizada, que tem os seus méritos e os seus direitos adquiridos.

E eu sinto muitíssimo pelos torcedores assíduos que estão sem ingresso, mas não pelos outros, que resolvem aparecer agora só pela perspectiva de ver um título que deveria ser daqueles todos que ajudaram a construir esta campanha.

Você vai sempre e não conseguiu ingresso agora? Pois está errado que você perca o seu direito para quem está indo agora pela primeira vez no ano. Mas a culpa, meu caro, não é da Mancha!

***

*Peço desculpas aos que se sentirem ofendidos, mas esta é a minha opinião. Recebi, sem exageros, mais de 40 ligações entre segunda e terça. Isso para não falar na infinidade de mensagens no MSN, o que me levou a ficar offline de tudo durante umas oito horas. Gente atrás de ingresso. De todos os tipos. De amigos de arquibancada, aos quais não pude atender simplesmente por não ter ingressos sobrando, a pessoas que eu sequer imaginava que pudessem torcer pelo mesmo time que eu. Porra, e por que esses caras não apareceram antes, mas só agora?

*Não concordo com a expressão "torcedor comum". Aliás, não a entendo. Não sei do que se trata. Mas tomo por base o senso comum que se criou e o uso dado pela imprensa ao termo.

28 abril 2008

O grito preso na garganta


Agora falta muito pouco! Mas ainda falta, e o grito está preso na garganta. Depois de passarmos por Barueri (3 vezes), Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto (2 vezes), Bragança Paulista e Jundiaí, eis que chegamos a Campinas, talvez o primeiro desafio em território hostil, necessário a uma decisão fora de casa.

Veio a vitória, e com ela, a sensação de que, 18 jogos depois, faltam somente mais alguns dias e 90 minutos de futebol.

E aí, eu admito, não sei muito bem o que escrever.

Apenas - e aqui fujo do assunto - quero ter preservado o meu direito de ver o jogo como na foto de abertura do post. No alambrado, sem cadeira, sem lugar numerado, sem conforto, sem idéias de europeu.


Não dá nem para chamar isso de visão, pois quase tudo o que se avista é essa grua que mais parece um guindaste. E mais gruas, repórteres, placas de publicidade, policiais e um monte de gente que nada tem a ver com o jogo.

Mas eu não quero perder o direito de ir a um Moisés Lucarelli que oferece condições sofríveis para o torcedor. Também não quero perder a chance de ver uma final em fragmentos, esticando a cabeça para enxergar a bola que vai de lá para cá entre obstáculos sem fim.

Enquanto me for permitido, faço questão de poder deixar o estádio sem saber quem fez
o único gol da tarde.

Sim, vencemos a primeira partida da final por 1 a 0, gol de cabeça, mas ninguém parecia saber quem foi o artilheiro da partida. O que eu vi - ou quase - foi um desvio de cabeça e depois a bola na rede. "Foi o Gustavo", disse alguém, durante a comemoração.

Depois, já na estrada, vieram falar em Kléber.

E a dúvida persistiu até chegarmos a SP.

Gustavo ou Kléber, pouco importa.

No fim das contas, é isso o que vale:

26 abril 2008

Notas de arquibancada

1. Algumas vozes se levantaram contra o destino dos 2.600 ingressos verdes para o primeiro jogo da final do Paulista. Vieram, em sua maioria, para as torcidas organizadas. Diz a imprensa que o “torcedor comum” foi excluído. Deixando de lado a discussão sobre o uso deste termo, tenho a dizer que a decisão foi acertada. Vejamos: o “torcedor comum”, segundo a visão da mídia, é aquele que não vai ao estádio. Ou, reformulando, que só vai na final, “na boa”. Registre-se ainda que mesmo estes não iriam a Campinas, dada a complicação que é enfrentar a torcida da Ponte no lado externo do Moisés Lucarelli. Portanto, o fato de os ingressos terem chegado às organizadas garante a presença dos que vão apoiar o time, algo imprescindível em um decisão fora de casa. Ok, alguém virá dizer que há palmeirenses que não são da Mancha, mas que estão em TODOS os jogos e gostariam de ir a Campinas. Pois eu digo o seguinte: o cara que vai a TODOS os jogos têm contatos, faz da Turiassu a sua segunda casa e sabe muito bem como conseguir o ingresso. Até porque a Mancha não restringe a venda aos associados. Muitos amigos meus, não-organizados, compraram as entradas na própria Mancha, quinta, antes da partida contra o Sport. Fiquem tranqüilos os que não puderem ir: a torcida estará bem representada.

2. A venda de bebidas alcoólicas está proibida em todos os estádios do país. Obra de Ricardo Teixeira, aquele que deve ir aos jogos muito de vez em quando para se enfurnar em um camarote-caverna e mandar um belo de um uísque 12 anos. Mas o torcedor de arquibancada, vândalo, bandido e marginal, não pode tomar a sua cerveja em paz. Curioso notar que a tal proibição foi assinada por mais um dos tantos desocupados que resolveram fazer do futebol uma vitrine política. Depois dos promotores que vieram na trilha do Capez, temos agora os procuradores, neste caso de um tal Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União. Nome indecente, mas não tanto quanto o fato de o futebol ser mais uma vez mutilado pela ação de gente que não deve pisar em estádios porque tem nojo daquele povo que ainda (sim, ainda!) é maioria.

***

Saída para Campinas: amanhã, 11h30.

25 abril 2008

Rumo a Campinas

A impressão de que o placar terminaria com os dois zeros intactos se fez desde os primeiros minutos de jogo. Antes até, pois o pensamento de todos - torcedores e jogadores - estava voltado para Campinas e não para o duelo de ontem, talvez até mais importante.

Se o resultado contra o Sport foi péssimo, ao menos não levamos gol em casa. Fica tudo aberto, ainda que a perspectiva de buscar a vaga lá no Recife não seja muito reconfortante.

Preocupam também o fraco desempenho do time ontem, em uma noite de criatividade zero, e a contusão do Léo Lima.

Já que a concentração é toda no Paulista, o jeito é seguir em direção a Campinas na certeza de que podemos voltar com um bom resultado.

Todos com ingresso?

Saída às 11h30 de domingo.

***

1. A se lamentar a enorme incompetência da Ingresso Fácil, demonstrada ontem mais uma vez com as filas enormes que se formaram em um jogo com 16 mil pagantes (sendo que oito mil ingressos foram vendidos com antecedência). Teve gente entrando no intervalo, o que é inadmissível em se tratando de uma partida às 21h30. A diretoria alviverde mostrou-se indignada com a inaptidão da Ingresso Fácil, mas a culpa é dela também. Já passou da hora de rescindir contrato com essa empresa incompetente. Que voltem os ingressos de papel. Chega de "sistema informatizado"!


2. Tem que ser muito vagabundo para acompanhar um sorteio de arbitragem às 15h de uma quinta-feira. E o sujeito ainda me sai em todos os jornais... Vai trabalhar, Luydy!

22 abril 2008

Fábrica de factóides

Falam demais os nossos inimigos. Só esqueceram de fazer o que importa, dentro de campo, onde tudo se resolve, sem gol de mão e sem ajuda da arbitragem.

Passados dois dias da nossa incontestável vitória, temos agora o desespero para criar novos factóides, não com foco no duelo em que foram derrotados, mas sim na nossa seqüência no Paulistão e nos confrontos futuros entre os dois clubes.

É o que se pode extrair desse bizarro DVD que lançam agora e das declarações destemperadas contra o nosso estádio.


Embora não seja necessário provar nada mais quanto à segurança do Palestra Itália, nunca é demais responder a alguns dos aliados do SPFC nesta guerra eterna.

Um deles, o diário Lance! dedicou sua capa da última sexta-feira, 18 de abril, à tarefa de (tentar) mostrar que o nosso estádio não era um local seguro para o clássico. Eis a manchete de capa, com ilustração terrorista e tudo mais: “Barril de pólvora aceso”.

Dentro, oito páginas, infográfico, editorial e, claro, espaço nobre para o promotor Paulo Castilho, aquele mesmo que deixou o Morumbi, domingo retrasado, na companhia de amigos que tinham acabado de fazer compras na loja oficial do SPFC.

Por trás de uma suposta preocupação com a segurança do torcedor, o L! usa o tom de serviço de utilidade pública para defender seus interesses. Por meio de denúncias vazias, algumas das quais risíveis, o jornaleco tenta transmitir o seu recado, infelizmente tido como verdade pelas mentes menos esclarecidas: "Saiba por que o clássico deveria acontecer no estádio do SPFC".

Como a guerra não tem fim, eu faço aqui a minha parte, a título de preservar os nossos interesses e a lisura da disputa que segue sem o nosso inimigo. Os argumentos todos levantados pelo Lance! são facilmente desmontados, sem a necessidade de um grande esforço intelectual. Basta um pouco de senso crítico.

Para efeito de comparação, usarei o exemplo do estádio do Morumbi, que essa gente tenta vender como um local seguro e confortável.

‘Denúncias’ e respostas:




Observe, caro palestrino, que há (ou havia) perigosas caçambas de entulho nas proximidades do nosso estádio. Sim, paus e pedras podem servir como armas, mas o que impressiona é que, segundo dá a entender o jornaleco, as tais caçambas parecem existir apenas naquela região da cidade e não perto das mansões e prédios de alto padrão do Morumbi Assim, os trambolhos espalhados pelas ruas transversais e paralelas à Giovanni Gronchi não são caçambas. Só parecem. O mesmo vale para os objetos que poderiam ser confundidos com paus e pedras. Mais uma coisa: os muitos terrenos baldios próximos ao estádio do SPFC também são uma miragem. Assim como as praças cheias de mato e entulho (uma delas fica na parte de trás do clube). É tudo fruto da nossa imaginação fértil.


Atenção: cambistas atuam livremente no nosso estádio! Assim como os flanelinhas, que nem foram citados na matéria. Que absurdo! As coisas são bem diferentes no Morumbi, imune à ação de cambistas e flanelinhas. Aliás, tais pragas não freqüentam nenhum outro estádio, casa de show ou teatro desta cidade. Para o L!, a figura do cambista só deu certo no Palestra Itália.


Ok. Poderia haver um inconveniente aqui. Um! E não importa que a PM tenha executado seu serviço com competência, de acordo com o prometido. Segundo o L! de sexta-feira, os tumultos seriam “inevitáveis”.


Sim, há bares nas imediações do estádio Palestra Itália. Comércio legalizado, que paga impostos e tudo mais. E, vejam só, eles vendem cerveja! Que absurdo, não? Cerveja! A mesma que é vendida aos montes em qualquer clássico no Morumbi, não por estabelecimentos legalizados, mas por ambulantes, já que o local é inóspito. De um jeito ou de outro, é a mesma bebida, que, diga-se de passagem, não leva o torcedor a brigar.


O Palestra Itália é o único estádio do país cercado por dois grandes centros de compra, que garantem quase cinco mil vagas para carros. Há ainda estacionamentos amplos e a preços razoáveis nas imediações da estação Barra Funda. Na soma de tudo, devemos chegar a oito ou nove mil vagas. É, sem dúvida, um risco ao torcedor. Porque o conforto existe quando você chega àquele estádio no fim do mundo e tem o privilégio de optar por pagar R$ 30 para enfiar o carro em um terreno abandonado ou deixá-lo na rua, sem qualquer garantia de que ele estará lá após o jogo.


“CET se prepara para o caos”. O L! fez o alerta, sem que isso tenha partido dos órgãos competentes. Há, segundo o próprio texto, “inúmeras avenidas ao redor do estádio”. E aí o jornaleco tenta provar que isso, ao invés de solução, é um problema. Eu não preciso ser engenheiro de tráfego para saber que um número maior de vias de circulação facilita o fluxo de veículos e pessoas. É evidente, ainda mais quando se tem duas estações de Metrô, uma de trem e dezenas de linhas de ônibus nas redondezas. Ah, mas o trânsito é bom mesmo em um estádio que fica no meio do nada e que é servido por poucas vias de acesso. Isso explica a volta enorme que precisamos dar para chegar ao setor dos visitantes e mesmo as duas horas que se pode levar para deixar as imediações do estádio.


Diz a reportagem que os torcedores podem brigar nas estações do Metrô (são duas, de linhas diferentes) e da CPTM. Sim, podem. Não só nestes locais como em qualquer outro ponto desta metrópole. Se isso poderia acontecer no Palestra, servido por Metrô, trem e ônibus, o que dizer do estádio do Morumbi, carente de transporte público e com um longo caminho a ser percorrido a partir do centro?


Pobres moradores, afetados pela presença de vândalos e arruaceiros! O conselho é: deixem os seus bairros decadentes da zona oeste e sigam para o próspero Morumbi. Sim, existe um estádio por lá. E não há shoppings, estacionamentos ou Metrô por perto. Significa que a grande parte do público vai de carro, o que implica em trânsito efetivamente caótico. Sem estacionamento por perto, muitos destes torcedores vão estacionar na frente da sua casa ou do seu prédio. Outros tantos vão urinar no muro da sua residência. E muitos ficarão enchendo a cara e fazendo barulho enquanto você tenta descansar. Não é uma beleza o estádio do nosso rival?

18 abril 2008

Por todo este amor

Palestrino,

Depois de tanta bobagem que tivemos de ler e ouvir nas duas últimas semanas, agora a voz é toda nossa, dos 25 mil palestrinos que faremos do Palestra Itália o nosso campo de batalha.

No coração e na alma de cada um de nós, a vitória não vale somente pelo título em disputa. Vale mais, e é isso que nos diferencia.

Vale por alma, história e tradição.

Por um sentimento eterno, extremista e incondicional, de quem vai ao estádio não apenas nas horas boas, mas em todos os momentos, e não para ver e depois se dizer vitorioso, mas para levar o time à vitória, mesmo sabendo que ela pode não vir.

Podemos vencer ou perder. Faz parte do jogo. O que não entendem os nossos inimigos é que títulos e vitórias são tão efêmeros quanto a mais contundente das derrotas. De nada adianta tratar os títulos como grife.
Ao final, prevalecem a alma e o orgulho de quem luta por um ideal maior, que transcende todo e qualquer resultado.

66 anos se passaram e nossos inimigos só souberam regredir.

Com este domingo que parece não chegar nunca, vem também o espírito de 1942, tão necessário. 
Chega agora o momento de dar a resposta dentro de campo. E fora também, com a força da torcida.

Sejamos a voz de cada palestrino vivo. E de
nossos antepassados, que tanto lutaram para fazer do Palestra o que ele é hoje.

Quando o Palmeiras entrar em campo, lembremo-nos de Adalberto Mendes e de todos os guerreiros que inspiram a nossa luta de agora.

Sejamos a voz de uma nação.
Ao menos por esta tarde de domingo, tentemos esquecer de todo o resto. Domingo só importam o Palmeiras e o amor que sentimos.

É dia de lutar por todo este amor, e por ele só.

FORZA PALESTRA!

***

Domingo, 13h na Turiassu.

***

Indico também a carta do Felipe Giocondo, colunista do PTD.

Carta aos jogadores da SE Palmeiras

Os vencedores não são conhecidos e reconhecidos apenas nos títulos. Mesmo que a história teime em dar tal condição apenas a estes.

No futebol, então, não são poucas as oportunidades que batem à porta postulando a glória. Porque aqui, e quase que só exclusivamente aqui, existe algo além do momento, do favoritismo.

Existe a história.

Por isso, neste singelo recado, peço aos gloriosos atletas da lendária Sociedade Esportiva Palmeiras que joguem por mais do que um simples campeonato.

Joguem pela nossa honra, que tanto insistem em diminuir.

Pela nossa casa, sempre posta a dúvida porque, obviamente, não é um local propício aos convidados.

Por essa mesma casa que um dia, sob a máscara do patriotismo, tentaram nos roubar.

Joguem pelas barricas e chapéus empunhados que recolhiam ali dentro os níqueis que os salvariam da falência.

Batalhem em campo honrando a camisa que, sozinha, é capaz de descrever nossa maior alegria.

Joguem para que Paulo César de Oliveira, Wilson de Souza Mendonça e Armando Marques não acreditem que são capazes de destruir alegrias.

Façam do jogo um duelo, do gramado um campo de batalha e da bola o tesouro que deve ser nosso.

Joguem para que Leivinha, 37 anos depois, possa dormir tranqüilo, sabendo que finalmente houve justiça.

Vou além e sugiro que entrem em campo com a bandeira do Brasil sendo carregada entre vocês, pelos 10 brasileiros e pelo nosso 10, mais palmeirense talvez do que até quem lhes escreve.

Quando fizerem isso o capitão Adalberto Mendes saberá que sua luta jamais foi ou terá sido em vão.

Joguem por nós, pela torcida, pela identidade, pelas raízes, por esses singelos “italianinhos” que jamais duvidaram do que são capazes.

Por quem sempre, indubitavelmente, esteve ao lado em cada vitória e principalmente, em cada derrota.

Ser campeão paulista acredite, não é mais nosso maior objetivo, mesmo que ultrapassando nosso maior objetivo esta possibilidade se torne inegavelmente real.

Quando subirem ao gramado e forem aclamados por aqueles que tanto os idolatram só peço que sejam recíprocos na raça e na vontade.

E nos tragam a vitória, custe o que custar.

A Sociedade Esportiva Palmeiras não começa nem termina sua história domingo.

Mas sua história, isso sim, ganhará um capítulo protagonizado por vencedores.

Aos rivais a tristeza, aos inimigos a humilhação.

E vocês sabem bem qual deve ser a sensação do nosso adversário quando a prélio terminar.

Avanti Palestra!

Felipe Giocondo

17 abril 2008

Sobre números e 'tabus'

Não sou louco de querer desconstruir os números favoráveis ao nosso inimigo em confrontos diretos valendo títulos ou classificações desde a década de 90. Eles existem e são contundentes. Não há como negar e/ou desmerecer fatos. Mas é possível interpretá-los, na linha do que já fez o Mondo Palmeiras.

Parto do seguinte raciocínio: há palmeirenses mais jovens - e não só - que talvez não se lembrem de alguns dos confrontos ou não consigam ter uma visão geral. É possível ainda que alguém tenha se assustado com os números que a imprensa apresentou.

A seguir, faço uma breve análise de cada um dos confrontos, com as impressões de quem acompanhou no estádio 16 dos 20 jogos seguintes – não tinha idade para os mata-matas de 1992 e 1994.


Paulista/1992
Palmeiras 2 x 4 SPFC - Morumbi
SPFC 2 x 1 Palmeiras - Morumbi
O time do SPFC era o que era. O do Palmeiras só viria a ser no ano seguinte. Ainda que o Verdão houvesse goleado por 4 a 0 em março do mesmo ano, não se poderia esperar resultado diferente. Ganhou quem era (bem) melhor.

Libertadores/1994
Palmeiras 0 x 0 SPFC - Pacaembu
SPFC 2 x 1 Palmeiras - Morumbi
No primeiro jogo, Zetti pegou o que quis e o que não quis. Foi uma das atuações mais espetaculares que eu já vi de um goleiro. Veio a Copa do Mundo e o nosso inominável ex-presidente levou o elenco para Rússia e Japão sem muita lógica. Na volta, um time perdido viu Euller acertar duas jogadas de velocidade e adiar o sonho da Libertadores. Apenas 28 mil foram ao Morumbi em um domingo à tarde pós-tetra.

Rio-SP/1998
SPFC 1 x 2 Palmeiras - Pacaembu
Palmeiras 0 (2) x 1 (3) SPFC - Brinco de Ouro, Campinas
Paulo César de Oliveira, o próprio, construiu a vitória do nosso rival no jogo de volta, em Campinas. Expulsou Felipão e Zinho, este de maneira absurda, e mandou a disputa para os pênaltis.


Paulista/1998
Palmeiras 1 x 2 SPFC - Morumbi
Morumbi 3 x 1 Palmeiras - Morumbi
O Palestra vacilou demais no primeiro jogo. Teve Arce expulso, mas saiu na frente. Perdeu um pênalti com Paulo Nunes e levou a virada, com um gol aos 47 minutos da etapa final. Uma semana depois, o SPFC
 jogou o que quis e o que não quis.


Copa do Brasil/2000
SPFC 2 x 1 Palmeiras - Morumbi
Palmeiras 2 x 3 SPFC - Palestra
Um time destroçado pela perda da Libertadores foi a campo pegar o SPFC, três dias depois, no mesmo Morumbi da partida contra o Boca. O 1 x 2 foi até aceitável. Na volta, em casa, Raí jogou muito. Derrota doída, mas sem contestações.

Brasileiro/2000
Palmeiras 1 x 1 SPFC - Pacaembu
SPFC 1 x 2 Palmeiras - Morumbi
Tuta e Galeano, de virada, garantiram a vitória do Palmeiras (11º) sobre o SPFC (6º) em um campeonato-monstro.

Rio-SP/2002
SPFC 1 x 1 Palmeiras - Morumbi
Palmeiras 2 x 2 SPFC - Morumbi
O Palmeiras, com campanha muito superior na fase inicial, vencia o segundo jogo, de virada, até os minutos finais. Eis que uma bola é erguida para a área e Gustavo Nery acerta uma cabeçada improvável para empatar o jogo. Dois empates? A vaga fica com o time de melhor campanha, certo? Errado; fica com o time que tinha menos cartões amarelos ao longo da disputa. Obra de arte, a última, de Eduardo José Farah.

Superpaulistão/2002

Palmeiras 0 x 2 SPFC - Anacleto Campanella, SCS
SPFC 2 x 2 Palmeiras - Canindé
Quase ninguém viu essa disputa, desnecessária e esvaziada pela Copa do Mundo. Tanto é que os jogos foram disputados em São Caetano (5.839 pagantes) e no Canindé (6.710).

Libertadores/2005

Palmeiras 0 x 1 SPFC - Palestra
SPFC 2 x 0 Palmeiras - Morumbi
Todos sabemos como era o nosso time. O deles seria campeão meses depois. Ainda assim, chegamos a ameaçar quando estava 0 a 0 no jogo de volta - e eles tinham um a menos. Mas aí vieram dois gols no final e a desclassificação. Avançou quem tinha qualidade.

Libertadores/2006

Palmeiras 1 x 1 SPFC - Palestra
SPFC 2 x 1 Palmeiras - Morumbi
A diferença aqui era tão grande quanto a de 2005. Para piorar, o Palmeiras estava sem técnico e vinha de uma goleada (1 x 6) sofrida para o Figueirense. A classificação do nosso inimigo era dada como certa - até por nós. Mas o Verdão, na base da raça, buscou o empate em casa. E quase saiu com a vitória, tanto é que deixamos o Palestra cantando alto. Na volta, levamos um time destroçado à igualdade até os 40 minutos do segundo tempo. Um gol bastava para eliminarmos os caras. Na pior das hipóteses, iríamos aos pênaltis. No entanto, o árbitro resolveu antecipar um desses pênaltis. Desarmou um ataque palmeirense, deu o passe para o contra-ataque e, lá na frente, ainda inventou um pênalti. Em plena decisão de Libertadores!!!

Lembro ainda que batemos o SPFC em duas outras decisões, com o diferencial de que elas não tinham o formato mata-mata. Mas quase. Foram quadrangulares finais, pelo Brasileiro de 1993 e pelo Paulista de 1995, mas o nível dos demais adversários e a ordem dos jogos determinou decisões entre os dois inimigos. Vejamos:


Brasileiro/1993
Palmeiras 1 x 1 SPFC – Morumbi
SPFC 0 x 2 Palmeiras – Morumbi
A chave tinha ainda Guarani/SP e Remo/PA. O time do SPFC era muito bom, mas o nosso era melhor. No turno, gols de Leonardo e Edílson definiram a igualdade com apenas cinco minutos de jogo. No returno, Edmundo e Sampaio, com um golaço, colocaram o Verdão na final.

Paulista/1995
Palmeiras 0 x 0 SPFC – Santa Cruz, Ribeirão
SPFC 0 x 1 Palmeiras – Santa Cruz, Ribeirão
O grupo, que tinha ainda Mogi Mirim e Guarani, foi decidido com esta vitória por 1 a 0, gol de Rivaldo.
De tudo isso, dá para extrair a seguinte mensagem: o clássico Palmeiras x SPFC não registra um histórico de grandes viradas e superações. Há uma exceção aqui e outra ali, mas a regra é clara: vence o mais forte (ou o que está melhor preparado).

É um cenário bem diferente do verificado nos clássicos contra o SCCP, quando é até preferível chegar em situação pior.

Assim sendo e sem qualquer dose de arrogância, eis o que tenho a dizer: ter um time mais forte agora diz muita coisa.

***

Definição genial do blog do Falavigna:

Vamos lá: a palhaçada continua. A base da coisa é a seguinte: Paulo César de Oliveira teria interpretado a intenção de Adriano de cabecear a bola. O toque, de punho curiosamente cerrado, teria sido acidental. OK. Armando Marques acaba de ser inocentado por 71. Ele apenas interpretou que Leivinha tivesse a intenção de tocar a bola.

A cabeçada é que foi sem querer.

15 abril 2008

Da primeira à última

Já passou da hora de nos concentrarmos apenas na batalha do próximo domingo. Por isso, publico aqui meu último post contra o senhor Paulo César de Oliveira. Não vou aqui retomar os muitos erros de domingo, nem o que ele fez em Bragança, tampouco qualquer um dos outros erros decisivos cometidos por este cidadão. Poderia até falar sobre a nossa eliminação do Torneio Rio-São Paulo de 1998, também por obra deste elemento e, coincidência, contra o mesmo inimigo de agora. Mas não é o caso.

Apenas a título de curiosidade, trago ao conhecimento de vocês informações acerca do primeiro encontro entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e este sujeito. Refiro-me ao Palmeiras 2 x 1 Rio Branco pelo Campeonato Paulista de 1997. A partida foi disputada em 9 de abril do mesmo ano, uma quarta-feira, às 20h30 no estádio Palestra Itália.

Com público 5.550 pagantes e renda de R$ 32.390, o Verdão venceu de virada, com gols de Luizão (48 do 1º) e Viola (4 do 2º). Curê (5 do 1º) marcou para o time de Americana.

O Palmeiras de Márcio Araújo jogou com Velloso; Marquinhos, Sandro, Wagner e Júnior; Rogério (Sérgio Soares, 40 do 2º), Galeano, Djalminha e Rincón; Viola (Marcelo, 40 do 2º) e Luizão (Agnaldo, 14 do 2º).

O que chama atenção é o excessivo número de cartões amarelos e vermelhos em um simples jogo do Campeonato Paulista. Ao todo, o alviverde teve sete atletas amarelados: Viola (34 do 1º), Sandro (38 do 1º), Djalminha (41 do 1º), Galeano (3 do 2º), Velloso (16 do 2º), Agnaldo (27 do 2º) e Rincón (27 do 2º).

E, acreditem ou não, o grande Palmeiras teve, em casa, três jogadores expulsos diante do pequeno Rio Branco de Americana. Foram eles Djalminha (42 do 1º), Sandro (12 do 2º) e Velloso (38 do 2º).

Querem mais? Pois digo que a minha memória de estádio preserva ainda o lance em que um pênalti claro não foi anotado a nosso favor.

Não cabe discutir as expulsões, porque não tenho registros das circunstâncias de cada lance. Mas o que levo em conta é que não se poderia esperar muita coisa boa de um juiz que faz a sua estréia no Palestra Itália e expulsa três jogadores do Palmeiras em um inofensivo duelo contra um time do interior.

Desde então, ele mostrou qual era o seu negócio: aparecer. Passados 11 anos, todos sabemos de que maneira o senhor Paulo César de Oliveira é lembrado nos estádios paulistas.


A atuação de domingo bem que poderia ter sido a última.

***

Para encerrar, vejam o que traz o Painel FC de hoje:

Anfitrião.
Defensor de dois jogos no Morumbi, o promotor Paulo Castilho circulou entre o vestiário do São Paulo e o saguão guiando uma família, após o clássico. Cada um de seus amigos levava uma sacola vermelha, com o escudo do São Paulo, aparentemente com produtos do clube.

Sim, este é o homem que fez o possível e o impossível para convencer a FPF a marcar os dois duelos no Morumbi. Foi o cara que, aparentemente desocupado, não poupou esforços para questionar a segurança do Palestra Itália.

E depois ainda me dizem que não há conflito de interesses...

14 abril 2008

Casa cheia

Serão 27.645 ingressos para a batalha decisiva do próximo domingo. Casa cheia, sem limitações ou frescuras. Por mais que os preços sejam abusivos (arquibancada a R$ 40 e Visa a R$ 100), é hora de empurrar o Palmeiras rumo à vitória contra o nosso inimigo.

Enquanto isso, temos mais um texto primoroso do professor Luiz Gonzaga Beluzzo. Gostaria eu de poder escrever assim:

Filhos da Mão

Luiz Gonzaga Belluzzo

Não é a primeira vez que invocam a “mão de Deus” para explicar o desfecho de uma partida de futebol. Atribuir a Deus o uso das mãos para influir no resultado das ações humanas é temeridade que beira à blasfêmia. Veja o caro leitor o que acontece, nesse momento, com a mão- invisível. Adam Smith a imaginou à semelhança da Providência, encarregada de guiar o egoísmo dos homens na direção do melhor resultado possível para a sociedade.

A crise dos mercados financeiros parece indicar que desgraçadamente a Providência Divina não se imiscui na reprodução da vida material. Tudo indica que tampouco pretenda se intrometer no jogo da bola, esporte que os deuses dos estádios estão autorizados a praticar com os pés e com a cabeça.

Em 1971, Armando Marques, na “mão grande” ou na “mão boba”, apitou “mão-na-bola” quando Leivinha cabeceou a dita cuja para as redes do goleiro Sérgio. Na ocasião, o governador Laudo Natel, sentado no banco de reservas do São Paulo, comemorou discretamente, como cabe aos cavalheiros de Piratininga.

Na partida de ontem Adriano impulsionou com a mão a bola que sua cabeça não iria alcançar. Nas explicações de intervalo, o assim chamado Imperador, na esteira de Maradona, usou as reservas de cinismo que a sociedade contemporânea coloca a disposição dos seus súditos: o negócio é vencer ou ganhar a qualquer custo.

Também no intervalo entram em cena os comediantes, pródigos em exegeses que ridicularizam o ridículo, sobretudo quando se trata de explicar o óbvio. Falo do árbitro Paulo “não sei das quantas” e do inefável coronel Marinho. Aborrecido com o gol de mão, passei a me divertir à grande com as explicações dos dois “especialistas” em arbitragem.

Em certas derrotas, ao invés da amargura, é preciso preservar o humor. Ontem não faltou matéria-prima. Fossem os bons tempos da Atlântida, a dupla de pândegos seria convidada para contracenar com Oscarito e Grande Otelo, com chances de suplantar os dois atores nas impagáveis cenas de non-sense. Pensei melhor: contemporâneos, estariam, na verdade, aptos a pedir uma vaga nos Trapalhões. Paulo “não sei das quantas” é um PhD em trapalhadas e o coronel não faria feio como roteirista.

Não vou, aqui, execrar a pobre bandeirinha, figura patética. Ouvi insinuações do tipo “é isso que dá escalar mulher num jogo decisivo”. Bobagem machista. No jogo do returno do brasileiro de 2007, na partida contra o tricolor, o bandeira anulou o gol do Palmeiras. Até prova em contrário, tratava-se de elemento do sexo masculino, nem por isso menos inabilitado para a função.

A cidadã que ontem tentava auxiliar sua senhoria exagerou: marcou impedimento em escanteio. E mais, em rebote de Rogério Ceni, a já transtornada senhora assinalou impedimento de Diego Souza, em posição legal na hora do chute de Valdívia. Ninguém reclamou nem falou do lance. Assim como outras críticas, a crítica de arbitragem agoniza no país do futebol.

Diante das trapalhadas do chamado trio de arbitragem, sucumbi ao dúbio sentimento que a perversidade da alma humana reserva para as relações com néscios ou incapazes de todo o gênero, o conluio entre o menosprezo e a piedade. No caso, aplica-se a conhecida história do sujeito que foi mordido por um cachorro. De nada adianta brigar com o cão mordedor. Qualquer pessoa sensata deve interpelar o dono do bicho.

É verdade que, durante a Revolução Francesa, um tribunal de citoyens condenou um cachorro à morte por cumplicidade com a contra-revolução. Admiráveis e incontornáveis antepassados, os gregos julgavam e condenavam animais e seres inanimados, como pedras e similares, acusados de causar danos aos humanos. Para alívio de muitos, esses tempos passaram.

Mais do que as decisões incompetentes de Paulo “não sei das quantas” e de sua pobre auxiliar, as explicações do Diretor de Árbitros causaram danos à Federação Paulista de Futebol. O cara marcou o gol com a mão esticada, aumentando o volume do corpo.

Isso não é permitido pela regra. Intencionalidade, no caso, é irrelevante. Coronel, levante o braço e abane as mãos num gesto de adeus. Demita-se. Caia fora.

Luiz Gonzaga Belluzzo

13 abril 2008

Mais um roubo. Até quando?

2006. 3 de maio. Copa Libertadores da América. Oitavas-de-final, jogo de volta, Morumbi. Palmeiras e SPFC disputam pau a pau uma vaga na fase seguinte. Após o 1 a 1 no Palestra, novo empate em um gol, que levaria à disputa de pênaltis. Esfacelado, o alviverde segura um adversário muito superior e ainda busca o gol. 40 minutos, ataque alviverde. Em uma tabela rápida, a bola bate no árbitro e sobra para o time da casa. Nasce um contra-ataque inesperado. Júnior, do SPFC, invade a área e tromba com o palmeirense Christian. O árbitro, que dera início à jogada, aponta pênalti e garante o nosso inimigo na fase seguinte.

2007. 29 de agosto. Campeonato Brasileiro. Em caso de vitória, o Palmeiras ficaria a três pontos do líder SPFC. Tínhamos Valdívia, ao menos até que o rodízio de pancadas de jogadores adversários o tirasse de campo. Levamos um gol. E tínhamos novamente um plantel inferior. Mas fomos buscar o empate, já nos minutos finais. Max, que Deus o tenha!, aproveitou um desvio de escanteio e empurrou a bola para a rede. Gol! Menos para o bandeira, mais um a pavimentar a vantagem do SPFC.

2008. 13 de abril, hoje. Campeonato Paulista. Novo confronto valendo vaga entre os dois inimigos históricos. Gol de mão? Falta não marcada e cartão vermelho não aplicado ao único volante adversário que restou? E fica tudo por isso mesmo?

Então eu vou deixar claro: este blog não admite o argumento de que a arbitragem erra para todos os lados! Ao menos quando a parada envolve o influente time do Morumbi, as coisas não são assim. E o Palmeiras tem sido a vítima mais recorrente de toda essa palhaçada.

Ainda assim, o 2 a 1 final nos deixa em perfeitas condições de resolver tudo na nossa casa. Não há sinal mais evidente do que a maioria
ter saído em silêncio ao término da partida enquanto os nove mil palmeirenses cantávamos alto.

AGORA É NO PALESTRA!

***

OBSERVAÇÕES DO CLÁSSICO
1. 37.203 pagantes? Por que fizeram tanta força para jogar lá?

2. A PM, sempre criticada por aqui, merece elogios desta vez. O trabalho foi muito bem feito antes, durante e depois.

3. Eu até tentei, mas não consegui enxergar a suposta superioridade dos caras no jogo de hoje. Pergunto: que perigo eles levaram ao gol do Marcos - que nenhuma defesa fez - além da jogada de sempre, desta vez complementada com um toque de mão, e de um outro lance fortuito? Em contrapartida, nosso time colocou uma bola na trave e ainda obrigou o goleiro 'delas' a três difíceis defesas.

4. Tem de ser muito mau-caráter para não admitir que o gol foi marcado com a mão.

5. Entenderam agora o porquê de todas aquelas reclamações improcedentes ao final do clássico de Ribeirão Preto? O resultado veio agora, quase um mês depois.

6. Faltou uma crítica mais contundente ao senhor Paulo César de Oliveira? Pois bem, os mais próximos sabem o que eu penso deste sujeito.

11 abril 2008

Com alma e coração


Crédito: Telas Futebol/ MRito

"Tem que jogar com a alma e o coração..."
Assim prega a música que nasceu nos dois célebres confrontos da Libertadores/2006, quando a torcida palestrina foi mais aguerrida do que nunca. Tal como no domingo próximo, éramos minoria absoluta em uma terra sem leis. Guerreiros diante de uma multidão quase o tempo todo em silêncio.

Uma guerra se ganha com a alma e o coração. Foi o que sobrou em 2006, quando levamos quase à classificação um time destroçado, limitado e sem comando. Não dava para ir além, e todos sabiam. Até nós, quatro ou cinco mil insanos, que passamos o inferno para chegar àquelas cadeiras amarelas. Lutamos por uma vitória que só não veio pela interferência de um pobre diabo.

Veio uma vitória maior, daquelas que só o tempo é
capaz de transformar em vitória. Se faltou a classificação, fica eternizado o orgulho de quem lutou até o fim por um ideal.

Muita coisa mudou em dois anos. Temos hoje um time, um técnico de ponta e tudo o que é preciso para nascer um campeão.

Seremos minoria de novo, nove mil, talvez um pouco mais. É o bastante.

Vamos com a alma e o coração!

E a vitória virá...

***

DUELO DE IDÉIAS

Contrapondo-se à descontrolada carta do mandatário do SPFC, eis que temos aqui a resposta do nosso Luiz Gonzaga Belluzzo.


No Futebol, a Batalha dos Direitos
Luiz Gonzaga Belluzzo
De São Paulo (SP)

"Sou homem e nada do que é humano me é estranho." (Homo sum et nihil humani a me alienum). A sabedoria dos soberbos trata a questão humano-futebolística com desdém. Terêncio e o maior admirador de sua frase não fariam cara feia diante da polêmica travada em torno do local do segundo jogo da semifinal do Paulistão.

Avaliada sob escrutínio dos critérios e valores da vida moderna - aqueles que felizmente sobrevivem aos freqüentes soluços da barbárie - a controvérsia político-esportiva foi, no mínimo, pedagógica em seu significado. O desenvolvimento do conflito de opiniões, os pronunciamentos das autoridades, as críticas da mídia permitiram perceber que, entre o palestrinos, a questão crucial era a do reconhecimento de seus direitos. O Palmeiras nada mais fez do que assegurá-los. Ponto, parágrafo.

Fosse o gesto palmeirense interpretado como uma "vitória" na "guerra dos bastidores", alcançada com o recurso da mobilização de autoridades, não valeria a pena. Nada valeria, porque, então, a alma seria pequena. O uso secular do "cachimbo oligárquico" deixou torta a boca da turma habituada a tramar ardis nos subterrâneos da política para ganhar "fora do campo" e massacrar o direito dos adversários. Remember 1942.

Rejeitamos a "batalha dos pistolões". Travamos uma guerra de argumentos, como cabe aos humanos que aceitam as regras do debate civilizado e desimpedido, sempre admitindo que os resultados possam contrariar nossos interesses mais imediatos. A chamada "mídia palestrina" compreendeu que o direito de disputar um dos jogos da semifinal no Palestra não garante a vitória sobre o São Paulo. Apenas estabelece o princípio básico da disputa esportiva moderna: a igualdade de condições entre os competidores.

Nos sites e blogs palestrinos espalhados na Internet, em muitos deles, percebo esse espírito de resistência, a recusa à submissão diante dos poderes que não querem ser interpelados e muito menos contrariados. Não importa se tais poderes estão abrigados no aparelho de Estado ou submersos na maquinaria das grandes empresas de comunicação. As prepotências da superioridade presumida e da espetacularização midiática encontram, agora, resistência na obstinação dos blogs e sites comprometidos com o esclarecimento de seu público torcedor.

Se o assunto é futebol, certa dose de maniqueísmo é quase inevitável. Mas há que conter os exageros. A maioria, no entanto, sem as pretensões dos "eleitos do saber e da opinião", ao falar do jogo da bola e de seu clube protagoniza a luta pelo reconhecimento de sua condição de indivíduo livre e sujeito de direitos.

Há quem diga que o Brasil, ao promulgar a Constituição de 1988, entrou tardia e timidamente no clube dos países que apostaram na ampliação dos direitos e deveres da cidadania moderna. É uma avaliação equivocada. Submetidos ao longo de mais de quatro séculos, à dialética do obscurecimento, aos paradoxos grotescos que regem a vida política e as relações de poder numa sociedade de senhoritos e seus asseclas, os brasileiros começam a desenvolver a autoconsciência própria do indivíduo moderno.

10 abril 2008

JJ, o irresponsável

Juvenal Juvêncio, presidente do SPFC, reagiu indignado à confirmação do segundo jogo da semifinal para o Palestra Itália. A revolta do mandatário não faz sentido algum do ponto de vista desportivo, e não há lógica no seu discurso, senão o de contestar o direito de um adversário a exercer o seu mando de campo.

Pode ser que ele tenha ordenado a divulgação da nota oficial depois de uma de suas bebedeiras. Pode ser. Pelo sim, pelo não, temos abaixo, em um texto que eu faço questão de publicar na íntegra, mais uma demonstração de tudo o que eu defendo neste blog:


É com espanto, mas, sobretudo, com preocupação, que o São Paulo Futebol
Clube recebe a decisão da Federação Paulista de Futebol pela realização da segunda partida das semifinais no estádio Palestra Itália. Tal escolha agride o bom senso e vem contrariar de maneira frontal todos os pareceres emitidos pelo Ministério Público, que vetou a arena por considerá-la inapta para a ocasião.

Mais do que isso, optou-se na última hora por colocar em risco a segurança dos torcedores e de parte da população da cidade que vive ou transita naquela região. Pergunta-se: a quem interessa realizar uma partida de tal magnitude cercada de tantas temeridades? Anteontem, o próprio presidente da Federação, Marco Polo Del Nero, descreveu o Palestra Itália como um 'barril de pólvora'.

A própria Sociedade Esportiva Palmeiras optara para que o jogo fosse transferido para uma cidade do interior do Estado de São Paulo, por ter consciência do risco de se jogar uma decisão no Palestra Itália, principalmente pela dificuldade de separar as duas torcidas no entorno do estádio o que colocará em risco até mesmo a integridade física dos militares que lá estarão para garantia da ordem, bastando relembrar os tristes acontecimentos de um jogo Santos e Palmeiras realizado em 4 de fevereiro de 2.007, o que motivou o Cel PM Comandante Izaul Segalla Júnior a solicitar a interdição do Palestra Itália pela impossibilidade de se manter a ordem naquele local em grandes espetáculos.

Pergunta-se novamente: o que foi feito nas últimas 48 horas para que a Federação marcasse o segundo jogo para o Palestra Itália, opção que fora abandonada desde o primeiro instante? O que mudou?

A direção do São Paulo quer, assim, deixar registrada formalmente sua não-concordância com essa decisão, feita de afogadilho e movida por interesses cuja compreensão nos escapa.

Uma coisa é certa: os interesses contemplados não são os da coletividade paulistana. Acataremos, com pesar e sob protestos, esta decisão da Federação Paulista, que, no entanto, ainda tem poder e tempo hábil para modificá-la.

De acordo com o artigo 73 do 'Regulamento Geral das Competições
' da CBF o São Paulo já disponibilizou 10% da capacidade de seu Estádio para a torcida palmeirense e exigirá a mesma proporcionalidade de ingressos para a sua torcida.

Juvenal Juvêncio
Presidente


O texto é de uma irresponsabilidade sem precedentes.

Seleciono alguns trechos para réplica:

Tal escolha agride o bom senso e vem contrariar de maneira frontal todos os pareceres emitidos pelo Ministério Público, que vetou a arena por considerá-la inapta para a ocasião.
O que seria mais agressivo ao bom senso do que um time não poder mandar na sua casa um confronto decisivo? E eu sinto dizer, mas o Ministério Público está precisando de um pouco mais de trabalho e, a rigor, não tem qualquer preocupação com o interesse público.

Mais do que isso, optou-se na última hora por colocar em risco a segurança dos torcedores e de parte da população da cidade que vive ou transita naquela região.
Meu Deus! Quanta irresponsabilidade...
Como se os torcedores tivessem alguma segurança (ou conforto) na inóspita região do Morumbi. Como se as ruas ao redor não fossem um convite às brigas. Como se as poucas vias de acesso não fossem propícias a encontros. Como se os moradores do local se sentissem seguros a cada clássico que por lá é disputado. Como se houvessem muitas opções de transporte até lá. Como se a pça. Roberto Gomes Pedrosa não fosse conhecida como praça de guerra. Quanta hipocrisia...

Pergunta-se: a quem interessa realizar uma partida de tal magnitude cercada de tantas temeridades? Anteontem, o próprio presidente da Federação, Marco Polo Del Nero, descreveu o Palestra Itália como um 'barril de pólvora'.A quem mais poderia interessar senão ao Palmeiras, mandante da partida? Quanto ao Del Nero, eles que se entendam.


A própria Sociedade Esportiva Palmeiras optara para que o jogo fosse transferido para uma cidade do interior do Estado de São Paulo, por ter consciência do risco de se jogar uma decisão no Palestra Itália, principalmente pela dificuldade de separar as duas torcidas no entorno do estádio o que colocará em risco até mesmo a integridade física dos militares que lá estarão para garantia da ordem, bastando relembrar os tristes acontecimentos de um jogo Santos e Palmeiras realizado em 4 de fevereiro de 2.007, o que motivou o Cel PM Comandante Izaul Segalla Júnior a solicitar a interdição do Palestra Itália pela impossibilidade de se manter a ordem naquele local em grandes espetáculos.O que será que este cara bebeu? Temos aqui que toda a sua argumentação toma por base um único incidente, o qual encontra a devida resposta aqui neste link. Em contrapartida, deixarei, ao final do post, alguns links para reflexão.
Uma coisa é certa: os interesses contemplados não são os da coletividade paulistana. Acataremos, com pesar e sob protestos, esta decisão da Federação Paulista, que, no entanto, ainda tem poder e tempo hábil para modificá-la.Não, não estão em jogo os interesses da coletividade paulistana, seja lá o que for isso. Estão em jogo os interesses da Sociedade Esportiva Palmeiras, que lutou por seu direito de mandar na sua casa uma partida decisiva contra o seu maior inimigo. É só isso que importa.


O que deve ficar bem claro, mais do que a simples resposta ao inconformismo do nosso adversário, é que o Morumbi é uma das praças esportivas menos seguras deste país. Isso é sabido por qualquer torcedor que tenha o costume de freqüentar aquele local em tardes e noites de clássicos importantes (e não só).

Quanto ao JJ, todo esse discurso irresponsável serve apenas e tão somente para acirrar ainda mais os ânimos, isto sim um risco à segurança. Mas aí, na hora da batalha, ele se esconde no vestiário...

***

Links para reflexão (todos eles retirados da mídia palestrina):
Corintianos entram em confronto com a PM
Muita briga fora e dentro do estádio
Briga no Morumbi deixou 12 feridos
Post do Coisa Verde
Praça de guerra 1
Praça de guerra 2
Mais briga
Post do La Nostra Casa, com os links todos
Post do Observatório Verde

07 abril 2008

Del Nero e as mentiras do Morumbi

A palhaçada consumada hoje não foi construída ontem, com o festival de mentiras orquestrado pelos dirigentes adversários. O problema começa lá atrás, quando os clubes todos, Palmeiras incluso, aceitaram este regulamento que entrega à FPF logo aquilo que eles têm de mais valioso em qualquer disputa esportiva: o mando de campo.

Vejamos como é fácil desconstruir tudo o que disse Marco Polo Del Nero, o inimigo número um da S.E. Palmeiras:

1. ''Tenho informações, ainda não-oficiais, que a Polícia Militar e o Ministério Público querem o jogo no Morumbi."
Informações não-oficiais? Como pode o cara ir a uma reunião desse porte sem informações oficiais? E esta PM que supostamente teria vetado o jogo no Palestra é a mesma cujo tenente-coronel desmentiu horas depois qualquer determinação nesse sentido? É a mesma que liberou o estádio duas vezes para este mesmo clássico, mas então em decisões de Copa Libertadores da América? E também em um jogo importante do Campeonato Brasileiro? É a mesma PM que, sem o registro de qualquer incidente, garantiu a segurança de todos os que acompanhamos os últimos cinco jogos entre Palmeiras e SPFC no estádio Palestra Itália (1996, 2000, 2005, 2006 e 2007)? E, afinal, que cazzo o MP tem a ver com o assunto?


2. "Eu também quero no Morumbi."
Pronto. Era o que eu queria ouvir. Faltou, Del Nero, explicar os motivos por trás da sua incontrolável vontade.

3. "Temos de buscar o princípio de conforto para o torcedor, e o Morumbi tem isso."
Logo se vê que Del Nero não freqüenta as arquibancadas do Morumbi. Tampouco usa o transporte público para ir ao estádio. Tudo o que faz é reproduzir um discurso mentiroso, criado para defender interesses que agora ficam bem evidentes. Discurso este que se vale da propagação via imprensa e opinião pública para transformar mentiras em verdades. E aí somos obrigados a engolir a ladainha de que o estádio da zona sul oferece algum tipo de conforto. Sim, estamos falando daquele campo muito bem localizado, com seis grandes avenidas nas imediações e acesso fácil por Metrô, ônibus e trem, além de amplos e confortáveis estacionamentos. É também o estádio vizinho de dois grandes shoppings e que oferece visão privilegiada do gramado, além que permitir a compra de ingressos pela internet. Logo se vê... Mas, de tudo, o que mais me incomoda é ver Del Nero se dizer preocupado com o torcedor. Logo o sujeito que defende a elitização do futebol e que agora inventa ingressos de arquibancada a R$ 40.


4. “Pelo tamanho, amplitude, e distribuição da torcida, considero o Morumbi neutro."
Sim, muito neutro. Para começo de conversa, mandar o jogo lá significa pagar aluguel justamente para o nosso maior inimigo. E o cenário é todo dos caras. Símbolos no campo, patrocínios, placar eletrônico, locutor, sistema de som, placas de publicidade, funcionários, vestiários, acesso da torcida 'visitante' pelo lado melhor do estádio, técnico 'visitante' atrás do bandeirinha. O clima, pois, é todo do mandante. Mas há quem insista na ladainha de que o campo é neutro. Deve ser por isso que, jogando lá, ganhamos ‘delas’ 25 vezes contra 42 derrotas. E deve ser por isso também que não vencemos nenhum dos 11 últimos jogos. Tem opção mais neutra?

Não é preciso muito mais do que isso para concluir que tudo já estava armado. O esquema foi montado, em verdade, quando se propôs esse regulamento, estupidamente aceito pelos clubes. Del Nero ganhou carta branca para fazer suas politicagens baratas.

Na seqüência, o que se vê é uma exacerbação de falsos impressionismos que se tornaram fatos incontestáveis. E o que mais assusta é que ninguém da imprensa questiona a afirmação de que o Morumbi é um estádio seguro. O princípio da dúvida simplesmente inexiste na mídia esportiva, que prefere simplesmente reproduzir um discurso mentiroso, que só favorece a um lado.

E ninguém parece levar em conta o que é mais importante, ou seja, a disputa de um título. Falam em
“palco ideal” (como se o Morumbi fosse algo do tipo), mas se esquecem que estamos tratando de futebol, porra! De uma decisão!

Em meio a tudo isso, o nosso direito foi cassado pela vontade de um único elemento, o senhor Marco Polo Del Nero.

Fica, ao final de tudo, um alerta para os nossos dirigentes: é preciso ter vergonha na cara quando chegar o momento de discutir o regulamento do Campeonato Paulista de 2009.

Chega de palhaçada! Chega de Del Nero!

***

Peço desculpas pelo texto nada caprichado e amontoado de hoje. E também pela exaltação. Mas o ódio dentro de mim é tão grande nessas últimas horas que eu sou incapaz de escrever algo menos raivoso.

***

A mídia palestrina tem muito a contribuir com o tema. Como o assunto mobiliza todos nós, deixo aqui alguns links:

O Blog do SOP faz uma análise histórica.

O Forza Palestra!, do Ademir, entra na luta contra o Del Nero.


O Parmerista! entra na campanha Panetone Não.

O OV faz uma análise factual e questiona a segurança do Morumbi.


O TVV levanta os prejuízos financeiros e institucionais desta palhaçada.

***

Dêem um Control F aqui e virão referências muitas ao senhor Marco Polo Del Nero. Recomendo a leitura de todas, pois este nome precisa ficar bem gravado na mente de todos os palestrinos.

06 abril 2008

A primeira batalha


Depois do passeio em Barueri, uma vez mais debaixo de chuva, eis que temos agora mais uma guerra diante do nosso inimigo mortal. E a primeira batalha acontece na manhã desta segunda-feira, no ostensivo prédio da FPF, longe de qualquer gramado.

Batalha tão importante que bem deveria render uma transmissão televisiva, até em nome da transparência.

Como este blog já explorou o assunto à exaustão (e tudo pode ser conferido abaixo), nada mais será dito por enquanto. Até porque o tema é debatido agora por mentes pouco privilegiadas. Está saindo muita besteira da boca de gente que não coloca os pés em um estádio há tempos.

Além da corja de oportunistas dirigentes, há outros interesses nada esportivos em jogo, e eles têm muito a ver com a figura maléfica de Marco Polo Del Nero, o homem que prejudica o Palmeiras até por se dizer palmeirense.

E ainda que tenhamos desta feita a vantagem que costuma ser deles, um clássico deste porte pede apenas uma coisa: silêncio.


É GUERRA!
LUTAR! VENCER OU MORRER!

***

Crédito da foto: Luigi, o Rocky Balboa da Mooca.

05 abril 2008

A identidade com a massa

Problema maior do que o processo de elitização orquestrado por uns e outros no futebol brasileiro só mesmo a letargia de muitos dos que serão afetados por isso. Em nome de argumentos frágeis, ingênuos ou preconceituosos, há até quem apóie tais medidas.

Não é o caso deste blog, incansável na defesa dos direitos do torcedor e na preservação da arquibancada tal como ela é. Pretendo agora iniciar um debate sobre
o risco de o futebol perder identidade com as massas que o fazem um esporte popular por definição.

Antes do meu texto, do qual alguns podem estar cansados, deixo aqui um interessantíssimo preâmbulo, que serve também para dar um pouco mais de ressonância a tudo o que vem sendo dito neste espaço.

Comecemos por uma contribuição mais catedrática, de Goethe, que, uma vez na nossa pátria mãe, passou por Verona e por outras tantas cidades. O resultado é o livro “Viagem à Itália 1786 – 1788”, editado pela Cia. das Letras. Com crédito para o corintiano e companheiro de batalha Filipe, eis o que se pode retirar das páginas 48 e 49:


Verona, 16 de setembro

O anfiteatro é, pois, o primeiro monumento importante da Antigüidade que vejo, e tão bem conservado! Ao entrar e, mais ainda, ao caminhar pelo anel superior, pareceu-me estranha a visão de algo tão grande e de nada, ao mesmo tempo. Não se deve vê-lo vazio, mas repleto de gente, como ele esteve recentemente, em honra de José II e Pio VI. Diz-se que o imperador, acostumado a ver grandes massas de homens, ficou espantado. Mas apenas em tempos remotos, quando o povo era ainda mais povo do que o é agora, o anfiteatro podia produzir todo o seu efeito. Uma tal construção foi feita para que o povo contemple sua própria imponência, para que se divirta consigo próprio.

Quando algo digno de se ver tem lugar ao nível do chão e todos acorrem, os que estão mais atrás buscam de todos os modos possíveis erguer-se acima dos que estão mais à frente: as pessoas sobem em bancos, buscam barris, aproximam-se com os carros, estendem tábuas sobre eles, ocupam a colina mais próxima e, rapidamente, uma cratera se forma.

Se o espetáculo se repete com freqüência num mesmo lugar, arquibancadas são construídas para aqueles que podem pagar, e o restante da multidão se ajeita como pode. Satisfazer a essa necessidade de todos é a tarefa do arquiteto. Com arte, ele constrói uma cratera a mais simples possível, a fim de que seu adorno seja o próprio povo. Vendo-se assim reunido, este último só pode espantar-se consigo próprio; acostumado a se ver caminhando em meio à confusão, a deparar consigo próprio em meio à multidão desordenada e indisciplinada, esse animal de muitas cabeças e muitas sentenças a vagar oscilante de um lado para outro vê-se reunido num corpo nobre, fadado a formar uma unidade, unido e consolidado numa massa, na qualidade de um ente único, animado por um único espírito. A simplicidade da forma oval é perceptível da maneira mais agradável a todos os olhos, e cada cabeça fornece a medida da enormidade do todo. Vendo-se, porém, o anfiteatro assim vazio, não se tem uma medida, não se sabe se ele é grande ou pequeno.

Há que se louvar os veroneses pela conservação dessa obra. O mármore avermelhado empregado em sua construção sofre os ataques do tempo, razão pela qual os degraus vitimados pela erosão são constantemente reconstruídos um a um, e quase todos eles parecem novinhos em folha. Uma inscrição lembra um certo Hieronymus Maurigenus e o inacreditável zelo por ele dedicado ao monumento. Da muralha exterior, apenas um pedaço permanece em pé, e eu duvido que se tenha algum dia chegado a concluí-la. As abóbodas inferiores, as quais dão para a grande praça chamada Il Brà, são alugadas a artesãos, e é motivo de muita alegria ver essas arcadas mais uma vez cheias de vida.



Temos agora uma segunda referência, não necessariamente semântica à primeira. 220 anos depois, parece ser uma boa atualização. A palavra está com o Teo, em recente comentário no OV:


“Bem, fui aos dois últimos jogos (Ponte e Portuguesa) no Setor Visa. Pra conhecer e, principalmente, porque tô achando um saco essa história do Palestra Itália fatiado. Olhem o mapa de entrada, pros diversos “setores”. Mas que porra de setor? É tudo arquibancada, não é? Parece que não! Agora tem a área do Família (não sou), da Uniformizada (que eu também não sou), etc. Bom, alguém pode me falar onde posso ficar pra assistir ao jogo do Palmeiras? Sobrou algum lugar com o mínimo de decência, ou como disse o Rafael Pereira “apenas um pedaço de concreto para podermos pular e se esgoelar pelo Verdão”?

À experiência no Visa: um monte de nego reclamando, os tradicionais gritos de “senta, senta”. Irritante! E, pior, me passou a impressão de que aquele setor não deixa mais a torcida acender. Bem, paciência. Peguei uma cerveja sem álcool e fui pra mureta, minha tradicional mureta, na boca do gramado (foda-se a numeração da minha cadeira) para acompanhar o ataque (é só isso mesmo que se enxerga dali).

Tenho mais de 700 jogos no estádio, grande parte deles no Palestra. Senti saudade dos amigos passando no fosso. Da bateria no intervalo. Da meia-cerveja Antarctica (faixa azul) amarga pra kct, mas pelo menos com álcool.

Onde quero chegar? Eu sou do tipo que se a evolução e a chegada do conforto trazem necessariamente essa caretice e ‘civilidade’, eu acho que tô fora. Porque quando eu compro ingresso pro estádio, busco mais que entrada sem fila, banheiro limpo, respeito ao consumidor, etc. E também nem sei se é legal esse lance de tratar torcedor (o que torce, sofre, não o que passeia) como consumidor, pelo menos por essa ótica. Quero assegurados os meus direitos sagrados de torcedor, que aliás são bem poucos (xingar, e muito, torcedor adversário, por exemplo). Pra mim, na ida ao estádio estão implícitos: euforia, integração, comunhão, o abraço no cara que você nem conhece na hora do gol do Verdão. São coisas que não encontramos no teatro ou no Cirque du Soleil (aqui sim, quero banheiro limpo) e que importam pra mim, muito mais que a plasma no intervalo. Foi assim que eu me fiz torcedor e criei o hábito de assistir futebol. Senão, como explicar as viagens pra assistir aos jogos do meu time (fui em muitos nesse Paulista), ficar atrás do gol em estádios bizarros, não enxergar quase nada e voltar pra casa feliz pra cacete?

Ainda acho que estádio tem que ser tomado NA MAIOR parte pelo povão. Festa popular mesmo. Não curto esse lance de um pequeno setor com ingressos mais baratos.

Pessoal da Arena, não deixe nossa casa ficar um lugar chato. E não se esqueçam de mim, acho que eu mereço!

Putz, desculpem, acabou saindo um puta desabafo.”


Para fechar, mais um pouco de Goethe:

"Nada mais assustador que a ignorância em ação".

03 abril 2008

Estamos em guerra!


Imagem do site Palestrinos. Serve de inspiração.

Na seqüência do que eu havia escrito aqui, aqui e aqui, eis que temos hoje mais um recadinho do nosso inimigo no Painel FC:

Em pé de guerra. O São Paulo diz que exigirá que a FPF prove ter estádio capaz de proporcionar público e segurança compatíveis com o Morumbi. Isso se ela aceitar pedido do Palmeiras para tirar um jogo de lá, em caso de confronto nos mata-matas.

Notem a inflexão do verbo: “... diz que exigirá”.

Ao que parecem, eles julgam ter poder para isso.

Eu gostaria de entender que tipo de competição é esta em que um clube vai ao mata-mata e não pode exercer o mando de campo no seu próprio estádio ou onde quiser.

Que torneio é este em que um clube põe o dedo na cara da federação, exigindo que ela prove o que quer que seja?

Mais até: que tipo de campeonato é este em que a mesma federação se dá ao direito de escolher onde serão os jogos decisivos, em detrimento dos critérios técnicos e dos direitos adquiridos pelos clubes?

Que disputa é essa, meus caros, em que o time A pode cogitar a hipótese de jogar na sua casa os dois confrontos de um mata-mata?

Estamos em guerra, mais uma!.

À vitória!

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O advogado Jefferson Camacho, palestrino, apresenta um bom complemento a tudo o que vem sendo dito por aqui. Vale conferir o post do blog Planeta Palmeiras.

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NOTINHAS

Permito-me fazer breves comentários, que nada têm a ver com o assunto acima:

1. O Fluminense é tão pequeno que somente agora, na 49ª edição, consegue se classificar pela primeira vez para a segunda fase da Libertadores. Vai morrer logo mais;

2. Os torcedores apaixonados por Libertadores, como a imprensa tenta vender, foram apenas 25 mil ontem;


3. Pior que isso é permitir que a torcida do pequeno Sportivo Luqueño consiga se fazer ouvir nos minutos derradeiros do encontro;

4. Assim como na quarta-feira anterior, no Palmeiras 1 x 0 Portuguesa, o árbitro deu cinco minutos de acréscimos ontem no Morumbi. Justo. Tão justo quanto os do Palestra Itália. Mas a imprensa, vejam vocês, só questionou os nossos cinco minutos. Imparcial, não?