31 maio 2007

Jogos perdidos

Domingo tem jogo. Aqui. Mas o fim de semana se aproxima sem aquela expectativa que antecede cada ida ao estádio. Estranho pensar que eu não estarei no Parque com o Palmeiras em campo. Isso aconteceu uma única vez nos seis anos e meio entre março de 1999 e outubro de 2005.

Vai acontecer agora de novo. Não uma, mas duas vezes. Nos 13 dias em que estarei fora do país, o estrago vai ser maior do que o observado ao longo de oito anos. Dói só de pensar.

Poderia (deveria?) culpar o sr. Virgílio Elisio e os demais responsáveis pela tabela do Brasileirão deste ano. Dois (ótimos) jogos seguidos em casa? Justamente durante a minha viagem? Não poderia ser o contrário, os dois fora? Ou só um em casa? Como podem ter feito isso?

O fato é que fizeram. Contra Cruzeiro e Botafogo, não estarei lá. A sensação é por demais estranha. Se antes eu havia perdido um único jogo em 243, chegarei agora às três ausências em um total de 245. De 0.41% para 1.22%.


Deixarei de ver um Palmeiras x Botafogo no estádio pela primeira vez desde 1998 e um Palmeiras x Cruzeiro pela primeira vez desde 1994. Mas não tinha jeito de ser diferente. Difícil vai ser acompanhar à distância. Acompanhar não; imaginar. É o que farei. Não consigo me ver longe do Parque enquanto o Palmeiras joga. Serão quatro horas de sofrimento à distância. Em oito anos, a segunda vez. E a terceira.

Volto logo depois para mais alguns anos de invencibilidade.

Aos que ficam, boa sorte. Conquistem os seis pontos por mim.

28 maio 2007

Melhor esquecer

De notável no clássico de ontem, apenas a maioria verde e o despreparo da PM na praça. Deve ter autoridade treinando arremesso à distância com as bombas de pimenta. E é só; o jogo não merece mais do que isso. Melhor esquecer.

25 maio 2007

Avisos rápidos

1. Domingo, 14h, na praça.

2. Não haverá venda de ingressos na hora. Comprem antes.

3. 5 de agosto, Fluminense x Palmeiras no Maraca. Vamos na sexta-feira, no mesmo esquema do último. O que importa: já estamos fechando isso; tem de ser com antecedência. Alguém mais tá a fim?

24 maio 2007

Obra pública

Painel FC de hoje. Nota principal.

Obra pública
No projeto do Morumbi para a Copa de 2014, que o São Paulo leva hoje a José Serra, as obras mais caras correm por conta da prefeitura e do governo estadual. São um estacionamento, com parte das vagas subterrânea, uma praça sobre a garagem, em terreno do município, e um trem para ligar essa área ao estádio, por uma ponte. O clube não fez orçamento, mas sugere uma parceria público-privada para desonerar os cofres públicos. Os são-paulinos se eximem de investir porque o estacionamento servirá ao metrô.

É...

As copas

Libertadores
Apesar da campanha 10-2-0, o Santos não me convence. Nem o time, nem a torcida, que às vezes é mais passiva do que a do SPFC. O Grêmio, aos trancos e barrancos, chega mais forte, sempre copeiro, com cara de campeão. Além das voltas de Lucas e Diego Souza, tem o Olimpico e a torcida. E decide fora, o que é vantagem neste sistema que privilegia os gols fora de casa. Se o Boca não passar hoje, o campeão sai deste confronto brasileiro.

Champions League
Com 12 títulos europeus em campo, qualquer resultado seria justo. Melhor para o time que tem hoje o melhor do mundo.

23 maio 2007

Tempo perdido

Brevíssimo desabafo: chega a ser desrespeitoso obrigar as pessoas a trabalharem entre 15h45 e 17h45 de hoje, enquanto Milan e Liverpool fazem simplesmente o jogo mais importante do ano. Algo precisa ser revisto neste mundo corporativo.

21 maio 2007

Romário, 1.000



Meus filhos muito provavelmente ficarão cansados de ouvir o pai repetir esta mesma e orgulhosa frase: "Eu vi Romário jogar". Ficarão livres, no entanto, de ouvir "Eu vi o gol mil do Romário". Sorte deles, azar meu.

Se não pude acompanhar este momento histórico lá em São Januário, resta-me o privilégio de ter presenciado, segundo minhas contas, 39 gols do Baixinho em estádios de futebol. Não é pouco, ainda mais se considerarmos que ele nunca jogou aqui em SP.

Destes 39, não pude comemorar a maioria.

Romário sempre adorou balançar as redes contra o Palmeiras - foram 22 vezes, um recorde entre os times de fora do Rio.

Não constitui demérito algum; pelo contrário.

Romário é simplesmente o maior atacante que o mundo viu entre as décadas de 90 e 00.

O Baixinho é gênio, um deus para os que o têm como ídolo.

Não poucas vezes, simplesmente deixei de assistir ao jogo para ver a movimentação dele em campo. Só outros dois jogadores me fizeram agir dessa forma: Edmundo, o 7, e Evair, o 9.

Acontece que o Baixinho conseguiu isso tudo sem nunca ter vestido a camisa do clube que eu amo.

Tudo o que for dito aqui significa muito pouco diante do que ele representa para o futebol.

Mais fácil agradecer.

Por cada um dos 1.000 gols.

Mesmo aqueles que eu nunca pude comemorar.

Obrigado, Romário!

Pra cima!

Quase 20 mil acompanharam a jornada titubeante do Palmeiras na tarde de ontem. Nos primorosos 45 minutos iniciais, saíram dois gols e outros tantos se perderam. Valdivia, que parece ter aprendido a fazer gols, e Michael foram as melhores figuras em campo. A etapa final, no entanto, merece ser esquecida. Ou lembrada, para não mais se repetir. O Verdão parou de jogar. Pra complicar, bandeirinha e juiz resolveram fazer lambança. E a gente quase se complica de novo.

Em outros tempos, ouso dizer que viria o empate do adversário. Uma bola espirrada na área, um gol aos 43' do segundo tempo, dois pontos no lixo. E estaríamos agora lamentando a oportunidade perdida. Não foi assim. Seguimos na ponta. Vamos pra cima!

"Domingo, vai ter um joguinho aí, ô, ô, ô..."

18 maio 2007

Pra fechar!

A foto abaixo, com o devido crédito, encerra toda e qualquer discussão sobre o que aconteceu no domingo:

Ainda o Maraca

Aos poucos, é possível deixar de lado os momentos de pânico da noite do último domingo para abordar assuntos, digamos, mais sossegados.

Quero, ainda, escrever sobre o Maracanã.

Se o último post foi dedicado às cadeiras azuis que mataram a geral, este trata de todas as demais, verdes, amarelas e brancas. E mais.

Sou contra as cadeiras, todas elas.

Se as do Maracanã cumprem bem o papel de dar uma aparência uniforme ao Maior do Mundo, há a contrapartida: nada é mais bonito do que a uniformidade cinza-cimento das tradicionais arquibancadas.

Mais bonito, mais barato e, acima de tudo, mais confortável.

Aliás, é fácil notar porque a capacidade despencou: há um espaço de uns 12cm entre uma cadeirinha e outra. 12 cm! Entre cada cadeira! São milhares de pessoas impossibilitadas de entrar no Maior do Mundo.

Pra piorar, as cadeiras do Maracanã têm uma capacidade impar de acumular sujeira.

De longe não se pode notar. Mas, de perto, é aquela aparência melada, suja, nojenta...

Até entendo que aquele jogo de domingo era o quarto nos últimos cinco dias e tal, mas era uma sujeira já impregnada.

Querem mesmo receber uma Copa do Mundo por aqui?

Então precisam limpar aquilo.

E também o lado externo do Mário Filho, completamente abandonado.

Fiquei bastante mal impressionado com o estado de conservação da rampa da Uerj e das imediações da estação de Metrô que dá acesso ao estádio. Lixo acumulado, cheiro de urina, a marquise com a pintura descascada. Um desleixo total. Não deve ser muito diferente do que acontece do lado do Bellini.

Um pouco de limpeza não faria mal...

16 maio 2007

Liberdade zero

As cadeiras azuis do Maracanã dão ao estádio um ar mais moderno, europeu até. A visão que se tem de dentro do campo, por exemplo, não deve ser muito diferente daquela que se tem a partir do gramado de um Estádio Olimpico de Munique, por exemplo. Admito: existe uma certa beleza naquela uniformidade de assentos coloridos.

Mas, ao mesmo tempo em que trazem esta nova referência visual, as cadeiras azuis do Mário Filho evidenciam a morte da geral e, o pior, de tudo o que ela representa.

Domingo conheci os tais assentos da platéia inferior (platéia?).

São até simpáticas.

Por alguns bons momentos, admiti a presença delas.

O placar eletrônico do Maracanã se encarregou de desfazer a impressão inicial. Sem meias palavras:

Suderj informa
Torcedor das cadeiras
azuis, platéia inferior:
Por favor, para sua
segurança e conforto,

assista ao jogo sentado.

Então eu percebi que os policiais não só permaneciam à frente das cadeiras, como agiam com firmeza a cada vez que um rebelde torcedor ousava tirar a bunda da cadeira.

Sim, amigos, é proibido ver o jogo de pé.

Como se não bastasse terem revogado o sagrado direito de arremessar chinelos e copos d'água no gramado, agora proibem o órfão geraldino de ficar em pé?

Não demora muito e logo aquelas placas comuns em jogos de tênis serão colocadas à beira do gramado: "O futebol exige silêncio".

Gritar "Gol!"?

Será proibido.

Para nosso conforto e segurança.

15 maio 2007

Uma vitória de Palmeiras


O Palmeiras jogou e venceu como o gigante que é.

Vitória maiúscula, digna de nossas tradições.

O palco e o adversário da estréia não poderiam ser mais apropriados.


É de se lamentar, no entanto, que as lembranças pós-jogo sejam agora mais fortes que as do 4 a 2 que nos dão tanta esperança.

Talvez por isso não cabe entrar em detalhes do jogo.

O que importa é estar aqui.

Domingo tem mais, em casa e em paz.

11 maio 2007

O Brasileiro vem aí

Chega ao fim este interminável e insuportável mês de férias.

Estréia em grande estilo, no templo maior do futebol mundial, contra um dos melhores rivais que temos. Jogo sempre de risco, rivalidade e tal. Mas o que interessa é voltar aos campos. E ainda aproveitar o fim de semana em solo sagrado.

Tô na expectativa para o Brasileiro. Mesmo sem um 9, acredito que podemos fazer um papel razoável.

Título?

Aí não. Só se tivessemos um 9.

De resto - e como estamos razoavelmente bem servidos -, dá, com um pouco de sorte e sem os malditos e estúpidos empates em casa, para buscar uma vaga na Libertadores.

Ao final de 38 jogos, meu palpite é:

17 vitórias
11 empates
10 derrotas

Com 62 pontos, dá!

Vamos pro Rio!

07 maio 2007

Que graça tem?

O Man United levou o título inglês da temporada 2006/2007 ontem.

Perguntas e respostas:

1. Qual foi o jogo do título?
Arsenal 1 x 1 Chelsea

2. Quem fez o(s) gol(s)?
Gilberto Silva (Arsenal), de pênalti.

3. Quem foi o herói da conquista?
Lehmann, com uma defesa fantástica já nos descontos.

4. Qual lance ficará marcado na memória dos torcedores?
Considerando que o Manchester nem estava em campo, nenhum.


Ser campeão sem jogar?

Que falta faz uma final...

04 maio 2007

Alma Castelhana



Ouvi, não apenas de um gremista na última quarta, perguntas com este tom: "Mas, cara, o que é essa torcida que não enche o estádio e que não canta em jogo de Libertadores?".

Eram os tipos mais diversos, de gente que veio de Porto Alegre a outros que moram por aqui mesmo. Da SRG, da Jovem, mas, em sua maioria, da Geral do Grêmio, sem identificação por camisa de organizada.

O inconformismo dava o tom.

Para uma torcida guerreira, como a do Grêmio, é inconcebível a postura dos torcedores do SPFC. Tanto quanto é para nós.

Comecei então a conversar sobre a torcida do Grêmio, mais especificamente sobre esta nova fase, assumidamente argentina. Um deles foi direto: “Nós aprendemos, não acha? Cara, o que era a torcida do Grêmio antes? Que respeito a gente tinha? Agora é isso que você vê em todo jogo lá no Olímpico...”

E aí, depois de toda essa embromação, chego ao que interessa:

O que é a torcida do Grêmio hoje se não a mais vibrante do país? Mais do que a nossa, mais do que a do SCCP, mais que a do Galo...

Aos que discordam, recomendo acompanhar o próximo jogo.

Isso se deve exclusivamente à atitude castelhana, algo que vem desde 2005, o ano do ressurgimento gremista.

A torcida do GFBPA deixou de ser brasileira para se tornar argentina.

Cânticos com palavras em espanhol, letras elaboradas, nada de copiar os adversários. Faixas penduradas em qualquer pedaço de muro ou grade, instrumentos de percussão diferenciados, avalanche. Massa uniforme, mesmo jeito de movimentar os braços, disposição. E o essencial: apoio incondicional.

Na última quarta, foram oito músicas durante os 90 e poucos minutos de jogo; nenhuma foi repetida. Além de sair com a roupa impregnada da urina que vinha lá do alto, ganhei uma bela dor no joelho direito, sacrificado que foi por pular sozinho enquanto o esquerdo ficava apoiado na parte alta dos bancos da geral.

Isso tudo será amplificado na próxima quarta-feira em Porto Alegre.

Cabe observar e aprender.


***

VÍDEOS E SITES

Recomendo, só para começar:

Geral do Grêmio

Alma Castelhana





01 maio 2007

1º de maio. 1994

Devo muito do que sou hoje àquela tarde de domingo, 1º de maio de 1994. Não necessariamente pelo que significou a vitória diante do SPFC, mas pelos reflexos dela para um então adolescente de 13 anos.

Tudo o que eu mais queria era poder estar no Morumbi naquele feriado. Mas não tinha idade – tampouco dinheiro – para confrontar meu pai e dar as caras no estádio assim sem mais nem menos.

Fui então para o interior, meio que obrigado.

De lá acompanhei, pelas ondas da rádio, a virada (3 a 2) que praticamente assegurou ao Verdão o título paulista daquele ano.

Enquanto todos se divertiam na piscina ou no campo do futebol, eu me trancafiei no carro, cujo toca-fitas (sim, estamos falando de 13 anos atrás!) era meu único contato com o clássico decisivo.

Meus olhos eram os de José Silvério e dos demais integrantes da equipe esportiva da saudosa Jovem Pan.

Não poucas vezes, culpei meu pai por estar ali, em um sítio de Indaiatuba, e não no estádio então ocupado por 58.341 torcedores.

Hoje o entendo.

Mas não naquele domingo.

Especialmente antes do jogo, na comoção pela morte de Ayrton Senna, e nos minutos finais do segundo tempo, quando Maurílio e Evair se encarregaram de colocar tudo em ordem.

(Breve interrupção: Maurílio, atacante apenas esforçado para a época, seria hoje um bom titular, não acham?)
Ali, no momento em que a bola cobrada por Evair terminou na rede, nasceu uma certeza: jamais, em hipótese alguma e fosse qual fosse o motivo, eu voltaria a ficar de fora do estádio em uma decisão que envolvesse o Palmeiras.

Ok, isso até aconteceu em uma das finais do Brasileiro de 94, mas eu era ainda um adolescente e pouca coisa havia mudado nos sete meses que se seguiram.

Mas foi só essa vez.

E a promessa de não perder nenhuma decisão ficou até pequena diante dos quase 500 jogos que me trouxeram até a pessoa que eu sou hoje.

Como quase tudo em minha vida, devo agradecer ao meu pai.

Obrigado!